Alejandro González
Sempre falam para não reagir em assalto, mas como sempre fiz luta e sempre me senti um cara fisicamente preparado, não pensei duas vezes. Mas quando vi aquela arma sendo engatilhada para mim, por segundos eu tive a certeza que seria meu fim. Eles me bateram sem dó e quando achei que iria morrer, mas uma maluca apareceu do nada no local, e quando eu consegui levantar o rosto e olhar para ela vi que ela estava petrificada e por frações de segundos tive dó dela, que foi parar no lugar errado e estava com cara de que não sabia o que fazer e que iria morrer junto comigo.
Para minha surpresa, ela olha para mim e seu olhar queimou o meu, parecia de um “anjo” que tinha vindo pra não me deixar morrer sozinho. De repente ela deu uma levantada de perna por cima do cara, num golpe, acho que de capoeira, ou outra luta qualquer e vi que a arma dele foi parar longe. Sem perder tempo ela deu um chute no meio das pernas do cara e eu juntei a pouca força que ainda tinha e lutei com os idiotas que me seguravam, e de repente ecoa no ar um som de tiro, fecho os olhos e eu só penso: “ Ferrou, o maldito bandido matou ela”.
Quando olhei para ela, vi a maluca com a arma na mão apontando para os bandidos que estavam comigo enquanto o bandido chefe gritava de dor, segurando sua perna, que ela tinha atingido.
— Levem esse maldito daqui, se não eu mato os três. — A louca grita ofegante e levemente tremendo.
Os caras por impulso tentam se aproximar, mas ela atira novamente, próximo a cabeça do bandido, demonstrando que tem excelente pontaria.
— Me tirem daqui agora. — O bandido-chefe grita e os outros obedecem.
Olhei pra ela e pensei: “Quem é essa... Maluca? Ou será que é um Anjo? Não, ela parecia ser um tipo de heroína de filme, feito a mulher Maravilha!!
Pelo menos pra mim, era o que ela era.
***
Quando entendi que os bandidos fugiram meu corpo caiu no chão e a dor tomou conta de mim, porque os filhos da puta tinham me machucado bastante.
A moça se aproxima rapidamente, coloca minha cabeça em seu colo e nesse momento eu consigo olhar para ela de verdade. Nesse momento uma corrente elétrica passa pelo meu corpo e eu tenho uma sensação estranha, como se a conhecesse. Como num impulso perguntei se ela era louca e como protesto ela logo respondeu atrevida.
— Salvo sua vida e você ainda reclama? — Achei graça do jeito atrevido dela, mas logo o sorriso foi substituído por um gemido de dor, que ela logo percebeu.
— Vamos preciso levar você para o hospital, eles bateram muito em você. — Pedi seu telefone para chamar o meu motorista e segurança e logo eles chegaram e me levaram para o hospital mesmo eu dizendo que não precisava.
Não gosto de hospital, mas não sei porque a presença daquela moça que me salvou, me
transmitia uma calma que eu nunca tinha experimentado.
***
Isabelle Matos
Os seguranças chegaram, colocaram-no rapidamente num carro preto e ele segurou minha mão firme e eu não tive coragem de largar. Entrei junto com ele e seguimos até um hospital particular de primeira linha, perto do hotel.
Quando chegou ele já foi logo sendo atendido, e sendo minuciosamente examinado. Deram um sedativo forte para ele, pois visivelmente ele estava sentindo muita dor, e parecia ter quebrado o nariz e costelas.
Fico na recepção esperando por quase 2 horas, e finalmente o médico aparece e diz que ele não tinha quebrado nada e que ficaria em observação até amanhã, devido às dores e também por precaução.
Perguntei se podia vê-lo, mas logo ele foi dizendo que ele estava bastante sedado e que só acordaria amanhã.
O motorista que não saia do meu lado, disse que ficaria a noite com ele e eu me senti tentada a ficar, mas quando ia me oferecer, uma moça chegou me esnobando, e me olhando de baixo para cima, dando uma de muito preocupada e dona do pedaço, mandando eu ir embora que ela ia ficar com ele.
A coisa metida, foi logo se apresentando como Ingrid, sei lá o que… Um nojo de mulher, e pensei logo: “Deve ser namorada dele.” Metida, nojenta, mas feia ela não é!
***
Me despedir do motorista dele, que é um senhor muito educado e quando ia saindo, ele se prontificou a me levar para o meu hotel. Achei melhor negar, aquele homem lindo poderia precisar dele. Peguei um táxi em frente ao hospital e fui embora.
Ao chegar no hotel, percebi que se passava das 22:00 e eu ainda tinha trabalho para fazer, pois no outro dia eu tinha a reunião com o possível cliente novo às 09 horas da manhã.
Eu estava exausta, meu corpo doía devido ao estresse e estava com muita fome, mas como não tinha escolha, pedi um jantar no quarto, tomei um banho quente, abri meu notebook e comecei a trabalhar.
Confesso que fiquei pensando no cara dos olhos lindos e penetrante boa parte da noite.
Eu tinha uma sensação que conhecia aquele homem de algum lugar, mas no fundo eu sabia que isso era impossível… E porque o olhar dele estava mexendo tanto comigo?
Mas uma vez, tentei afastar meus pensamentos sem cabimento e volto a focar no trabalho… Quando fui dormir, vi que passava das 02 horas da manhã e eu estava morta de cansada.
***
Acordei muito agitada e quando vi já era quase 08 horas da manhã, e eu estou atrasada. Pulei da cama, tomei banho, me arrumei, desci e tomei só um café, chegando em cima da hora da reunião.
Apesar de todos os contratempos, a reunião foi mais tranquila do que eu imaginava, porque os diretores gostaram da proposta e diga-se de passagem eu sou muito boa em apresentações e defender os projetos que acredito. Fizemos algumas alterações no contrato e marcamos a assinatura dele para depois do almoço, depois que o departamento jurídico analisassem. Saí daquela reunião com a sensação deliciosa de que eu realmente sou boa no que faço.
A tarde assinamos o contrato e com ele em mãos, eu não me controlei e tirei uma foto para enviar para o idiota do meu chefe, junto com uma bela mensagem.
Mensagem para Marco:
“Boa tarde chefe, segue a cópia do contrato que fechei com o cliente em potencial e uma foto também para validar a minha competência.
PS: Como pode ver, estou de calça social, a saia lápis fica muito melhor em você, que acho que com certeza está precisando desses tipos de artifícios. Eu apenas preciso da minha competência.
Mandei a mensagem e fico olhando para a tela do celular e pensando: “Sempre tive um temperamento forte e sinto que não consigo respeitar quem eu não admiro e isso infelizmente já estava acontecendo com os diretores da empresa que eu me dediquei por tanto tempo.
Um bipe soou e vi que Marcos tinha mandando a resposta da mensagem:
“Parabéns Isabelle! Não duvido da sua capacidade!”
Sorri e vi que ele no minimo estava sendo aconselhado a não escrever nenhuma das gracinhas que fala para mim, porque sabe que eu posso processá-lo.
E eu processaria sim, porque seu machismo chega a ser indecente.
***
Alejandro GonzálezAcordei no hospital com dores por todo o corpo e uma leve confusão mental. Olhei ao meu redor, tentando organizar as memórias do que havia acontecido. Assim que meus olhos se ajustaram à luz do quarto, vi que uma mulher estava sentada ao meu lado, dormindo em uma cadeira. Por um instante, pensei que fosse a "mulher maravilha" que me ajudara, mas ao focar melhor, percebi que era Ingrid. Um suspiro de descontentamento escapou antes mesmo que eu pudesse contê-lo.— Porra, era tudo que eu não queria agora — murmurei para mim mesmo. Quem teve a brilhante ideia de avisar Ingrid que eu estava no hospital certamente seria demitido.Tentei me levantar devagar, mas a camisola de hospital e os movimentos limitados fizeram barulho o suficiente para acordá-la. Assim que abriu os olhos, sua voz melosa me atingiu imediatamente.— Oi, belo adormecido! Passei a noite toda velando seu sono. Como você está? — disse, sorrindo.— Eu vi você roncando — retruquei, sem pensar muito. Ela fi
Gustavo MorettiIsabelle viajou a trabalho para o Rio de Janeiro e ainda não nos falamos. Não sei porque mas estou angustiado. Às vezes eu odeio essa preocupação que tenho com ela. Mandei um milhão de mensagens e depois de muito insistir eu consigo falar com ela e fui convencido de que estava tudo bem, senti-me aliviado. Combinamos que eu a pegaria no aeroporto em São Paulo no outro dia e seguiríamos juntos para Campo Verde.O avião pousou em São Paulo e, como combinado, já a aguardava. Fizemos um lanche rápido e pegamos a estrada rumo a Campo Verde. O silêncio nos acompanhou por alguns minutos. Esperei que ela começasse a falar sobre a viagem, mas nada. Ela estava calada, com um ar desconfiado, e eu precisava pressioná-la.— Não enrola, Isabelle. Fala logo o que houve.— Se eu disser que não aconteceu nada demais, você não vai acreditar, vai? — respondeu, desconfiada.— Claro que não. Fala logo.— Acho que desta vez eu vou para o céu. — Ela sorriu, mas algo no tom dela não me parecia
Alejandro González Depois de cinco dias da viagem louca que fiz ao Rio de Janeiro e que quase me custou a vida, finalmente estou de volta a São Paulo. Mal tenho tempo de respirar antes de organizar minha próxima viagem – uma ida rápida a Nova York. Há compromissos que não posso adiar e preciso retornar ao Brasil em poucos dias. Entre esses compromissos, está a conversa séria que preciso ter com Miguel.Miguel está se perdendo naquele emprego medíocre como diretor de agência bancária. Pelo amor de Deus, ele estudou em Harvard, é extremamente competente e talentoso. Não consigo aceitar que ele se contente com tão pouco numa cidade pequena e com um trabalho que limita seu potencial.Preciso convencê-lo a ser meu diretor, meu braço direito. Oferecerei até uma participação societária, se for necessário. Quero meu “irmão” comigo, e isso é uma questão de honra. Quando fizemos pós-graduação juntos em Londres, tínhamos um plano. De repente, tudo mudou. Ele conheceu a Carla, ele engravidou e e
Alejandro GonzálezCheguei ao meu apartamento em Nova York por volta das 19 horas, exausto. Depois de um banho longo e relaxante, preparei uma dose de uísque e me sentei no sofá para ouvir as mensagens na caixa postal.De repente, uma voz familiar interrompeu minha concentração:— Boa noite, Alejandro...Quase derrubei o copo e engasguei. Ponderei, surpreso:— Porra, é a maluca, com voz de anjo!Continuei ouvindo a mensagem:— Boa noite, Alejandro, aqui é Isabelle, a maluca que salva vidas. Fiquei lisonjeada com sua delicadeza. Gostaria de agradecer os lindos presentes — realmente, não precisava. Você é muito gentil. Muito obrigada pelo carinho e atenção. Tenha uma boa noite.Ouvi a mensagem umas duas vezes, incapaz de controlar meu fascínio. Sua voz tinha algo hipnotizante. Em um instante de devaneio, imaginei-a sussurrando safadezas ao pé do meu ouvido. Sacudi a cabeça, tentando afastar os pensamentos, e quando me estabilizei, peguei o telefone. No Brasil, já deveria ser umas dez da
Isabelle MattosGaby é a menina mais iluminada e especial do planeta. Inteligente, amável e feliz, possui uma percepção emocional fora do normal. Miguel e Carla sempre foram muito unidos. O que parecia um amor de verão revelou-se um encontro de almas, porque desde o princípio Miguel escolheu amá-la de maneira simples e intensa.A chegada de Gaby foi um acalento ao coração deles, especialmente após a perda devastadora do primeiro filho ainda bebê. Há momentos em que pensei que o relacionamento deles não sobreviveria, mas o amor deles mostrou-se verdadeiro e resiliente. Gaby veio como um raio de luz, trazendo alegria para todos nós.Eu e Gustavo somos padrinhos dela, e o aniversário de Gaby é coisa seríssima. Ai de nó
Alejandro GonzálezMiguel e Carla sempre gostaram de reunir os amigos em casa. Em uma cidade do interior, as amizades costumam ser de longa data, e com eles não era diferente. Toda vez que estou na companhia deles, sou tomado por lembranças da infância e da adolescência. Minha mãe estava viva naquela época, e vínhamos muito ao Brasil. Ela e o pai de Miguel eram melhores amigos, desde a infância. Minha mãe, aliás, era madrinha dele e sempre fez questão de participar da educação de Miguel, garantindo que ele tivesse oportunidades semelhantes às que eu tinha.Eles também nos incentivavam a sermos como irmãos. O pai de Miguel era uma das melhores pessoas que já conheci. Sempre admirei a maneira como ele cuidava da família, e, de certa forma, invejei isso. Quando olho para Miguel, vejo o reflexo do homem que o criou.Naquela noite, Gustavo também estava presente. Ele é amigo de infância de Miguel e alguém com quem sempre me dei bem. Um verdadeiro camarada para viagens, festas e, claro, um
Isabelle MatosMesmo sem gostar de ser obrigada a viajar, ir ao Rio de Janeiro não parecia tão ruim assim. Após sair de uma reunião com um cliente — já passava das 18 horas, mas o céu ainda estava claro — decidi pegar um táxi. No entanto, pedi para descer algumas quadras antes do hotel. Queria caminhar um pouco. O fim de tarde estava agradável, e eu precisava organizar meus pensamentos.Enquanto caminhava, perdida em meus devaneios, ouvi um grito abafado vindo de uma ruazinha lateral. Não pensei, apenas agi. Virei na direção do som, movida por um impulso que logo se mostrou um grande erro.Assim que entrei na rua, vi a cena e me arrependi instantaneamente. Um homem alto, visivelmente machucado, estava sendo segurado por dois rapazes. Um terceiro, mais agressivo, segurava uma pistola apontada para ele. Meu coração gelou.Tentei sair dali discretamente, mas meu salto entrou em um buraco no asfalto, quebrando e fazendo um barulho alto. O homem armado virou-se abruptamente, com os olhos f
Dias antesIsabelle Mattos— Marcos, você só pode estar brincando comigo! Viajar agora? Eu não posso assumir mais um projeto no seu lugar. Estou lotada de trabalho! Tenho três projetos em finalização e quatro em andamento que precisam de acompanhamento. E, me desculpe, mas você deveria estar à frente de todos eles, pois essa é a sua função.Marcos me olha contrariado, mas não me intimido. Sustento o olhar, firme, enquanto sinto a frustração crescente de ter que assumir responsabilidades alheias. Trabalhar com dois chefes idiotas, numa empresa tão machista, está me levando ao limite.Pela terceira vez, fui vetada de uma promoção, sempre com desculpas esfarrapadas. No fundo, sei o verdadeiro motivo: sou mulher. O mais revoltante é que eles são promovidos às custas do meu trabalho e do das outras mulheres aqui. Estou saturada.— Não adianta reclamar, Isa. Eu estou muito ocupado, e não tem ninguém melhor do que você para encantar um cliente em potencial e acalmar outro que esteja desconte