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Capítulo Dois - 1

Parte 1...

“Ama-se pelo cheiro,

pelo mistério,

pela paz que o outro lhe dá,

ou pelo tormento que provoca.

verdadeiro amor

é aquele que permanece sempre,

se a ele damos tudo

ou se lhe recusamos tudo. ...

Quem encontrar na vida

verdadeiro amor,

deve escondê-lo,

longe do mundo,

como um tesouro”

* Desconheço a autoria.

Ela já sabia que os pais estavam de acordo com o velho Joseph, mas descer e ver que ele estava sentado na poltrona de seu pai, que ninguém mais poderia, foi até ridículo. Nem sua mãe sentava ali, a não ser em raras ocasiões.

O tamanho da influência dele era até feio de ver. Seu pai nunca deixava outra pessoa sentar ali e agora lá estava o homem, se apoderando. O poder de se ter dinheiro mais do que o outro. Se podia fazer o que quisesse.

Como ele queria fazer com ela.

_ Ah, aí está ela - Joseph disse _ Demorou para sair da cama.

Era só o que lhe faltava. Ele nem mesmo era seu marido ainda e já fazia críticas. Tudo nesse homem a imcomodava. 

_ Bem, é que não me sentia muito bem hoje de manhã e decidi esticar um pouco.

Ela fez uma cara de desagrado, mas ao ver a expressão de seu pai, teve que completar.

_ Me desculpe se demorei - tentou fingir estar mesmo preocupada com isso.

O velho abriu um sorriso nojento, se sentindo poderoso. Ela sentiu vontade de enfiar as unhas na cara dele e gritar que não se casaria com ele nem morta. Seria maravilhoso e ele merecia.

Depois de uns minutos de conversa em que ela deixou que apenas eles falassem, Greta avisou sua mãe de que o almoço estava pronto na sala de refeições.

E de novo ela viu o poder do velho Joseph, ao sentar na cadeira que era de seu pai, na ponta da mesa. Já estava ficando até ridículo isso. Realmente ela tinha que tomar uma atitude.

Ele não parava de olhar para ela, que de propósito sentou ao lado da mãe. Joseph ergueu a taça.

_ Quero brindar à minha linda e jovem noiva. Estou ansioso por nosso matrimônio - sorriu _ Espero que nossos filhos sejam lindos como ela.

O modo cheio de ironia e inverdades causou um arrepio nela. Estava claro que ele pensava que estava tudo certo e que em breve teria total poder sobre sua vida. Infeliz e ridículo, era assim que o via. Seu coração disparou e ela sentiu um pouco de tontura. Segurou na cadeira para não cair. Seus pais nem notaram seu mal estar diante do brinde.

E porque notariam? Esse brinde seria até normal se fosse um relacionamento que tivesse começado das formas comuns, com duas pessoas se conhecendo e sentindo atração pelo outro, por suas ideias e gostos. Agora era bem de outra forma.

Seu pai ainda fez coro com o velho, erguendo a taça e fazendo um brinde também, desejando muita felicidade ao casal.

Que casal? Ele não era seu noivo real. Ela não o tinha escolhido. Parecia que tudo era uma grande piada de sua família. Estavam só enchendo a paciência dela com essa história besta, talvez para se divertir ou para lhe dar algum castigo. Mas que depois de um tempo, tudo voltaria ao normal e ela nunca mais teria que ficar ao lado desse velho desagradável.

O modo como ele a olhava era como se ela fosse mesmo apenas uma peça a ser comprada. Tipo um sapato na vitrine e a pessoa analisa se vale o preço ou não. Era assim que estava se sentindo.

_ A comida está perfeita - ele elogiu.

Sua mãe sorriu e agradeceu. Como se tivesse sido ela quem a preparara. Tinham empregados para isso e a cozinheira era excelente. Sua mãe nunca cozinhou, nem mesmo ferveu água para fazer um chá. Acostumada a ter muitos empregados para a servir, quase não entrava na cozinha, a não ser para dar ordens.

Essa era a maior parte da vida diária dela. Ficar fiscalizando o serviço dos empregados na casa e ela mesma mal sabia fazer algo. De vez em quando se aventurava em algum tipo de bordado que depois era esquecido de lado na cesta de linhas e agulhas.

Com certeza ela se casando com o velho Joseph teria muitos empregados. Seriam mais escravos, coitados. Diante do que via e do pouco que sabia, o homem só queria tudo do bom e do melhor, sempre mandando e exigindo dos outros. E com ela seria assim também.

Apertou o tecido fino do vestido. Sentiu uma leve pontada na testa e apertou os olhos, fazendo drama. Queria causar uma impressão de que precisava se ausentar da companhia deles.

_ Me desculpem, mas preciso deitar um pouco - deixou o guardanapo em cima da mesa e levantou _ Eu não me sinto bem.

Ela viu que o homem fechou o semblante.

_ De novo? - fez uma cara feia _ Precisa se cuidar mais. Não quero uma esposa doente - se inclinou para a frente _ E você ainda nem ouviu a novidade. Tenho uma declaração a fazer. É algo importante.

Ela engoliu em seco ao ver seu sorriso frio.

_ Semana que vem será nosso casamento - ele anunciou _ Você será minha mulher e irá se mudar para minha casa imediatamente - sorriu se recostando na cadeira.

Isso foi um baque em seu coração e seu corpo sentiu rápido. Ela ficou pálida e tonta.

_ Mas eu... Eu não posso me...

Antes de terminar a frase, acabou perdendo os sentidos e seu corpo caiu ao chão, fazendo um barulho pesado quando sua cabeça bateu no piso de madeira. Foi uma reação imediata ao susto de ouvir isso.

_ Oh, meu Deus! - Lucy gritou e levantou para ajudar a filha _ Rápido, façam algo - abanou seu rosto.

_ Greta! - o pai dela gritou.

Seu pai ergueu sua cabeça e bateu em seu rosto duas vezes para que despertasse. Greta entrou na sala correndo e arregalou os olhos ao ver a cena.

_ Não fique aí parada como tonta, menina - Arnald disse _ Traga logo os sais para ajudar a acordá-la.

_ Sim, senhor.

Ela voltou rapidamente, preocupada. Seu pai a sacudiu e passou o frasquinho na frente de seu nariz algumas vezes até que ela despertou com um puxão de ar fundo e tossiu pelo cheiro forte.

_ O que houve? - ela perguntou meio tonta ainda.

_ A senhorita desmaiou - Greta respondeu.

_ Saia! - seu pai ordenou de modo rude para a empregada.

Greta se afastou. O senhor Rogan nem mesmo se levantou da cadeira para ajudar. Só ficou observando a movimentação deles.

_ Mamãe... Eu não posso me casar com ele - disse baixinho enquanto a mãe a ajudava _ Não vou conseguir... Eu não tenho como fazer isso...

_ Cale-se! Já disse que vai se casar e pronto - ela apertou seu braço, falando entre dentes _ É o que seu pai quer e será o que vai fazer. Não quero um pio mais sobre isso.

Ela percebeu nesse momento que nada poderia ser feito. Nem sua mãe iria intervir. A cara de satisfação do homem era clara enquanto olhava para ela, bebericando sua bebida e nem se mexeu da cadeira para ajudar sua futura esposa.

Isso lhe mostrava mais uma vez que tinha que tomar uma atitude, qualquer uma.

Seu futuro só dependia dela. E mais ninguém se importava se seria feliz ou não.

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