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Noiva Fantasma

Pov- Olívia.

Olívia - O dia do casamento chegou, envolvendo a manhã com uma névoa densa. Meus pais insistiram em seguir com o plano de me tornar a noiva fantasma de Henry Sinclair, mesmo com sua morte. A ideia era que eu me casasse com ele simbolicamente, apenas para que, juridicamente, eu pudesse herdar sua fortuna e assim libertar nossa família das garras dos Sinclair. O que era estranho , parecia que eu estava sendo oferecida de bandeja , isso me matava de raiva , sabia disso , sabia como poderia ser cruel e sabia que isso me atormentar ia sempre que pensasse sobre o assunto.

Através da janela, observava a carruagem à frente, pronta para me levar até a mansão Sinclair. Vesti o vestido branco, que parecia tão belo e tão macabro ao mesmo tempo. Minha expressão refletia o tormento em meu coração. Minha mãe sorria como se estivesse realizando um sonho enquanto eu ainda estava aqui me lamentando por ter voltado para o vilarejo depois de tantos anos.

Mãe -Olívia, querida, nós precisamos fazer isso - disse minha mãe com tristeza em sua voz. - você está linda , Henry iria adorar te ver assim , meu amor , é meu orgulho.

Eu a encarei, os olhos marejados de lágrimas. Ainda é difícil para mim acreditar que tudo isso estava acontecendo por culpa dos meus pais, ainda não entendo porque e o motivo deles estarem pagando tributos para família Sinclair. Eu não esperava que isso pudesse acontecer, não esperava que eles pudessem fazer uma coisa tão horrível assim comigo, me entregar para me tornar uma noiva fantasma, me casar com um homem que já havia falecido.

Olívia - Mas pai disse que é a única forma de nos libertarmos da influência dos Sinclair. Eu não quero fazer isso, mãe, mas todas as outras opções parecem tão limitadas. - falei olhando para meu reflexo pensando em tudo o que eu fiz para chegar até aqui , me lembro de uma vez estar em cima de uma laranjeira e Henry se aproximou, me pegou com cuidado e me colocou no chão , disse que moças bonitas não deviam se machucar, desde então meu pai ficou de olho em mim para que isso não ocorresse outra vez.

Minha mãe se aproximou, segurou minhas mãos com ternura. Eu podia ver que nesse momento ela ainda acreditava nas tradições desse lugar, quase como se a própria família Sinclair tivesse feito uma lavagem cerebral em todos que estavam nesse vilarejo, eu sei que eles eram criadores e praticamente os donos desse lugar mas isso não significa que eles pudessem praticamente obrigar as pessoas a fazer apenas o que eles querem.

Mãe - Eu entendo sua aflição, minha filha. Mas nós não temos escolha. Vamos fazer isso juntas, e depois, encontraremos um jeito de desfazer o casamento e devolver tudo o que herdarmos dos Sinclair. - Eu sabia que isso era mentira, por mais que eu queria acreditar na minha mãe, mas eu sabia que aquilo era mentira porque sabia que ela sempre vai seguir as tradições porque era isso que ela acreditava que seria a verdade, então é nesse segundo que eu sabia que não havia volta, eu iria me tornar uma noiva fantasma querendo ou não isso era o que mais estava me assustando, saber que eu não tinha ninguém por mim nesse momento. - minha Olívia, eu sei que você vai amar o que está acontecendo, você vai ser tão feliz ainda, você vai se tornar praticamente a dona do vilarejo.

As palavras dela penetraram em meu coração, e eu soube que ela estava errada. Era uma maneira momentânea de alcançar a liberdade que tanto desejávamos. Pelo menos era isso que estava acontecendo na cabeça dela, porque tudo que eu queria nesse momento era correr para o mais longe que pudesse, não imaginava o que podia acontecer a partir de agora, não imaginava que voltando para o vilarejo para ver os meus pais iria fazer da minha vida um pesadelo.

Seguimos até a carruagem, onde meu pai já aguardava. Ele segurou a porta, esperando que eu entrasse. Eu hesitei por um momento, respirando fundo e me preparando para enfrentar o desconhecido. Então, coloquei um pé na carruagem e, com um último olhar para minha casa, entrei.

Eu podia ouvir o povo do vilarejo cantaram lá uma música em couro como se estivessem felizes, não era dia, a noite já havia caído sobre o vilarejo e as luzes amarelas faziam com que eu pudesse olhar para as casas antigas, todos eles estavam com velas nas mãos na rua feliz e cantando como se estivessem comemorando que uma moça do vilarejo iria se casar com alguém da família Sinclar.

Sentada na carruagem, o silêncio pesado era quebrado apenas pelo som dos cascos dos cavalos no chão de pedra. Eu estava cercada por um mar de emoções conflitantes. Tristeza, raiva e uma resolução incansável batalhavam dentro de mim. Não havia como pensar no que podia ser a partir de agora, mas eu sabia que as coisas não iriam ser fáceis, eu tenho certeza de que a maioria das coisas que vão acontecer na minha vida era triste e dolorosa a partir desse momento.

Pai- eu sei que tudo não é como você imaginava, sei que estudou para ser uma médica e salvar vidas, mas eu quero que você possa pensar em um futuro melhor minha filha, eu cuidei tão bem de você para ser uma dama, para ser amada e reverenciada como deve ser- virei meu rosto banhado em lágrimas olhando para o meu pai quando ele se aproximou um pouco e limpou com a ponta dos dedos não querendo sujar a maquiagem - você será a senhora Sinclair e todos deverão saber disso.

Olivia - Eu não quero entrar naquela família e o senhor sabe disso, sabe que eu não estou compactuando com as tradições do vilarejo há muitos anos e por isso fui embora daqui - apenas se recostou novamente na poltrona enquanto os cavalos estavam batendo os cascos no chão de pedra tão antigo quanto vilarejo- Eu amo o senhor e amo a minha mãe, já não era o suficiente para vocês?

Pai- existem tradições a seguir Olívia - ele falou como se fosse coisa mais óbvia do mundo para mim e fosse a verdade nua e crua, ele acreditava nesta realidade como se ainda estivéssemos vivendo no século 19 igual ele acreditava na lua apenas porque olhava para ela e via no céu , e o meu desejo de não me casar, não era válido para ele - toda e qualquer moça do vilarejo desejaria estar no seu lugar minha filha, se casar com alguém da família Sinclair é algo a ser venerado por aqui e você sabe disso meu bem, Será que não percebe o bem que nós estamos te fazendo ?- qualquer moça do vilarejo desejaria estar no seu lugar.

Olívia - qualquer moça do vilarejo iria desejar estar no meu lugar para se casar com alguém vivo! - isso fez com que meu pai pudesse ficar em silêncio novamente como se tudo que eu pudesse estar falando agora fosse apenas um insulto e que eu fosse apenas uma ingrata, acho que foi por isso que ele me tirou de dentro da mansão Sinclair, para que eu não pudesse desfazer o acordo que eles fizeram. - Henry Sinclair está morto, eu vou ter que me casar com alguém que não está vivo e ter tudo aquilo que era dele, entenda meu pai, não sou uma filha ingrata, se ele estivesse vivo, eu poderia me casar com ele, mas isso é repudioso , profanar o corpo de alguém apenas para realizar uma tradição banida da França a dois séculos atrás é pecado e sabem disso todos nesse vilarejo sabem disso.

Pai- Basta! - isso fez com que eu pudesse falar a minha boca, meu pai nunca levantou a voz para mim e ele não iria fazer isso agora, mas eu podia perceber a entonação da sua voz e saber quando ele não estava nem um pouco feliz e sinceramente eu apenas fechei meus olhos com força desejando que isso pudesse terminar aqui fosse apenas um pesadelo, que eu poderia acordar a qualquer momento e ainda estaria no meu dormitório na faculdade. - você vai se casar com Henry Sinclair e não terá discussão sobre isso.

Enquanto observava a paisagem passando velozmente pela janela, comecei a me lamentar pela situação em que me encontrava. Eu era uma noiva fantasma, destinada a se casar com um homem morto. Um casamento baseado em mentiras e tradições deturpadas. Eu sentia que estava perdendo uma parte de mim mesma, deixando para trás minha liberdade e minhas aspirações.  Estava deixando para trás tudo aquilo que eu havia lutado para conquistar e o legado que eu nem pude construir.

Meus pensamentos foram interrompidos quando a carruagem parou abruptamente em frente à mansão Sinclair. Eu sabia que meu destino estava logo naqueles portões e que precisava enfrentar o que estava por vir. Olhei para o meu pai e ele simplesmente ajeitou a roupa que ele provavelmente lutou para conseguir comprar apenas para estar fazendo parte dessa tradição, o pai deve entregar a moça para a próxima família e então ele iria embora e provavelmente não iria nem participar deste casamento assombrado.

Ao descer da carruagem, fui recebida por Arthur Sinclair, que me aguardava com um sorriso sutil, mas de olhos curiosos.

Arthur- Olívia, lamento sinceramente por essa situação. Eu sei que é difícil para você, mas estamos lutando pela nossa própria sobrevivência -  disse Arthur, parecendo genunimente certo daquilo que eles estavam fazendo e sinceramente eu não fazia ideia de quanto tempo poderia durar nesse lugar porque eu estava me sentindo como se fosse apenas um objeto a ser trocado.

Olívia - Não posso negar que é difícil para mim, Arthur - respondi, tentando manter minha voz firme. - Mas espero que possamos encontrar uma maneira de desfazer tudo isso quando tudo estiver resolvido.

Ele apenas apertou um pouco o olhar quando se aproximou e fez com que eu pudesse levantar uma sobrancelha e olhar para o seu rosto, provavelmente eu acho que era a única pessoa desse vilarejo inteiro que desafiava a ira dos Sinclair.

Arthur- vai ver que o que está fazendo vai ser vantajoso não apenas para você mas para seus pais também, se você deixar de ser um pouco egoísta, vai ver o bem que nós estamos fazendo a seus pais e a esse vilarejo - sinceramente eu podia ver o egoísmo e a ganância, mas eu não era avarenta e muito menos egoísta eu não era uma pessoa egoísta apenas porque queria Liberdade e ele sabia disso. - vamos Olívia.

Levaram-me até uma sala na mansão, onde me prepararam para o casamento simbólico. Fui vestida como uma noiva, com um véu que cobria meu rosto e uma sensação de sufocamento me invadia. Não conseguia me olhar no espelho, pois não reconhecia a mulher que me olhava de volta. Não havia brilho nenhum nos meus olhos e eu sabia que não havia nenhum traço de felicidade , sabia que tudo o que me restava era apenas sofrimento e dor.

Saber o destino que basicamente poderia acontecer comigo a partir de agora era doloroso, eu não estava esperando nada, pelo menos tinha certeza absoluta de quem não havia ninguém para me machucar, eu não tinha mentido quando disse para o meu pai que se Henry estivesse vivo, não poderia nem mesmo decidir, ele era um homem muito bonito e Gentil comigo quando estava no vilarejo , Com certeza eu poderia me casar com ele se estivesse vivo, mas não há felicidade em um casamento onde o marido já está morto, Não existe felicidade nem mesmo simbólica e muito menos explicação para essas tradições horríveis.

Enquanto caminhava pelo corredor em direção à sala de cerimônia, lamentações silenciosas preenchiam minha mente. Eu me sentia como uma boneca nas mãos de personagens doentios. Mas eu não seria derrotada. A chama de minha força e determinação estava longe de se apagar.

E assim, com passos hesitantes, me aproximei do que seria o meu casamento com um homem falecido. No fundo, porém, eu sabia que a verdadeira batalha estava apenas começando. Eu estava preparada para lutar pela minha liberdade, custasse o que custasse. E nada nem ninguém poderia me impedir de alcançá-la...

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