Ele colocou a colher de volta no prato, se virando para sair disse:
- Agora coma, se quiser se manter viva. Ele disse saindo da tenda.Percebendo a teimosia de Rosana ele resolveu sair da tenda para que ela ficasse à vontade e pudesse comer sossegada.Rosana estava com muita fome, ele pode vê-la comendo pela sombra projetada na parede da tenda, ele riu sozinho, ela era bonita, selvagem e tinha personalidade, ele gostou disso.Ele deu uma volta pelo destacamento e ficou muito irritado com aquela bagunça, tudo destruído.Ele foi até a tenda dos soldados e muitos estavam bêbados jogados em meio a sujeira – O que acontece aqui? Vocês são uma vergonha para o império! Ele disse em voz alta.Os homens levantaram, alguns cambaleando, e se colocaram em formação.- Hoje vocês não dormirão, quero isso aqui limpo e quando terminarem aqui passarão para o pátio e em silencio não quero ouvir um pio, ao amanhecer quero tudo pronto e impecável! Foi isso que vocês aprenderam? Onde está seu superior?- Não sabemos senhor. Responderam em uníssono.- Comecem. Ele disse e saiu imediatamente.Quando ele voltou para a tenda Rosana não estava mais lá. “Onde esta mulher foi naquele estado”?Ele passou a mão na testa num ato de desespero, estava cansado e desde que chegou não teve um minuto de sossego.Ele saiu rápido da tenda a procura da mulher, os soldados estavam limpando a bagunça que tinham feito, ela não passaria por eles.Yuri teve que usar sua inteligência e sua experiência para descobrir por onde procurar a garota fujona, ele não queria dar alarde para os outros soldados.Rosana saiu descalça, suas costas ardiam um pouco, embora os curativos feitos por Yuri terem sidos muito bons.Ela aproveitou que Yuri havia saído, ela ouviu quando ele gritou com os soldados, ela viu a oportunidade de fugir, ela viu os soldados no pátio então, ela foi para o outro lado entrando no pomar de pêssegos.Ela corria, na medida do possível, se esgueirando entre as pequenas árvores, pisava com cuidado nas folhas para não fazer ruídos.Quando ela já tinha andado um tanto, meio sem rumo, estava muito escuro, ela ouviu passos pesados, ela parou e se agachou debaixo de um pessegueiro.Os pessegueiros estavam todos floridos, as flores exalavam seu perfume a noite. O aroma fresco e levemente adocicado, traziam a Rosana doces lembranças de sua infância, quando seus pais ainda eram vivos e mesmo depois quando ainda tinha seus avós.Rosana era diferente, ela não se conformava com a miséria que seu povo vivia, mesmo trabalhando duro todos os dias.Ela ficou quietinha, mas seu coração parecia querer saltar pela boca, a sensação que ela tinha era que qualquer um poderia ouvi-lo bater.Yuri tentou pensar como a garota, qual seria o melhor caminho para não ser pega assim, ele com seus passos maiores e mais rápidos a alcançaria com facilidade.Ele andou um pouco escutou um pequeno barulho, ele caminhou mais uns passos o barulho parou, ele prestou atenção e então parou, um tempo depois o barulho recomeçou, ele esperou um pouco e identificou a direção, correu por entre os pessegueiros e, como esperado, achou a fujona.- Me solte! Ela gritava esperneando.- Cale-se! Você é muito idiota! Onde você pensa que vai numa escuridão dessas e machucada ? Ele disse bravo.- Não é da sua conta! Ela disse tentando se soltar dele.- Isso é verdade! Não é da minha conta, mas enquanto você estiver sob minha custódia sou responsável por sua vida. Ele disse fazendo esforço para mantê-la presa em seus braços.- Ninguém é responsável por mim, sou dona da minha vida! Ela disse ofegante.- Mesmo? Você trabalha todos os dias o dia todo, e fica apenas com vinte por cento do que produz e acha que você é dona da sua vida?- Eu... eu.. Rosana não sabia o que dizer, o que ele disse era verdade, eles não eram donos de suas vidas, as vezes nem de seus filhos.Quando olheiros do governo vinham a aldeia se gostassem de alguma criança ou jovem o levava, não se sabe ao certo para onde nem mesmo para fazer o que, mesmo que as famílias não aceitassem, ainda assim os levavam.Na maioria das vezes a família preferia acreditar que era o melhor para o filho ou filha, que teriam uma vida melhor, mas o fato era que nunca mais voltavam a aldeia e nem se ouvia falar deles.Ela mesma já teve que se esconder muitas vezes quando os agentes chegavam, aquele casebre que ela passou a noite no dia em que fugia, era seu esconderijo.- Você não tem o que dizer, não é? Ele disse de forma um pouco arrogante.Ela não disse nada, se sentia cansada e humilhada, apenas parou de se debater.Ele afrouxou os braços para testar se ela não estava jogando com ele, quando ele viu que ela não tentou correr então ele a soltou.Yuri era alto e seus cabelos pretos e lisos, seus olhos rasos. Ele era forte pois sempre treinava, sua pele era cor de trigo, ele estava levemente bronzeado, seus braços e tórax eram fortes.Rosana, talvez, teria até se apaixonado por ele se se encontrassem em outra situação.Yuri tinha reparado na beleza de Rosana, ela era branca apesar de trabalhar na lavoura, seus cabelos longos abaixo da cintura, muito lisos e negros como a noite.Os olhos dela eram exóticos eram amendoados e eram marrons um mel avermelhado. Ele ficou pensando que mistura deveria ter os pais dela para ela sair assim.Os dois caminharam em silencio para o destacamento, ela um pouco na frente e ele logo atrás vigiando-a. ele não confiava nela.Ao chegar ele disse a ela mostrando a tenda. –Vá se deitar, você precisa descansar, amanhã levarei você de volta para sua aldeia.Ela entrou calada de cabeça baixa, realmente estava exausta.Yuri esperou que ela entrasse, foi até seu jipe pegou uma rede e armou na porta da tenda, ele tambem estava exausto.Raoni estava deitado no banco de um caminhão quando viu as duas pessoas chegar, sua inveja, há muito guardada, estava a flor da pele. Há muito tempo ele se incomodava com Yuri, ele era bom, mas será que o bastante para ser tão jovem e já ser Marechal? Tinha algo a mais? E porque ele se achava superior e diferente dos outros? Rosana deitou e ficou pensando no que Yuri disse, ela nem sabia o nome dele, só sabia sua patente, ele tinha razão desde muito nova ela também pensava assim. Ela adormeceu. Yuri também acabou pegando no sono, mas acordou muito antes de Rosana. Ele foi até a cozinha e preparou o café, e pediu a camareira para preparar a agua com as ervas para tratar as feridas de Rosana. Depois ele foi tomar um banho, com as confusões do dia anterior ele não havia tomado banho, Yuri tinha hábitos muito diferentes dos militares, nem sempre ele foi militar, ele serviu porque todo homem em sua província tem que servir, mesmo que seja alguém de posses e até o filho do imperador.
Ela deu a camisa para ele e pegou o cantil, ela se inclinou como ele fez, mas quando ela inclinou o cantil a agua caiu no rosto dela, que se afogou e molhou seu colo. Yuri não pode deixar de perceber seu lindo colo molhado, mas também achou graça do acesso de tosse da garota. - Beba no bico. Ele disse. Ela olhou para ele, como quem diz, mas o cantil é seu. - Beba estou dizendo. Ele disse insistiu.Ele ficou a observando, que envergonhada colocava delicadamente os lábios rosados na boca do cantil. O estomago dele se encolheu neste momento e pensamentos não tão puros passou por sua mente. Os dois seguiram calados, cada um com suas recordações. Ela com a imagem dele tomando a agua, a regata evidenciava seus músculos e o quando ele levantou a cabeça para beber a agua, no gargalo, seu maxilar perfeito ficou ainda mais evidente. Ele enquanto dirigia sem propósito ficou imaginando aquele vestido fino molhado, evidenciando as curvas dos seios dela, seus delicados lábios tocando o cant
Ela olhou para ele, derrotada e entrou, mas para sua surpresa ele entrou logo depois dela. -Tire seu vestido e se enrole na toalha. Ele disse se virando de costas para ela. Ela se assustou quando ouviu as ordens dele, depois ela entendeu que era para que ele pudesse fazer o curativo em suas costas. Ela sentiu um frio em sua barriga enquanto se despia, seu coração estava acelerado, mas não era só ela que estava experimentando sensações novas, Yuri também nunca tinha ficado tão próximo de uma mulher nua assim. -Terminei. Ela disse timidamente sentada sobre uma espécie de saco de dormir sobre um alambrado de madeira. Ele se virou pegou uma toalha se secou e tirou sua camisa que estava molhada, ele colocou uma camiseta, ele pegou o balsamo e aplicou nas costas de Rosana – Já está bem melhor. Ele disse subindo a atoalha para cobrir as costas dela. -Vou me virar e você coloque a camisa, está frio. Ele se virou e se ajeitou perto da porta da barraca em um saco de lonas. Quando Rosana
Depois de um trecho, os solavancos do carro na estrada de chão, fizeram com que Rosana acordasse . Com uma baita dor de cabeça, ela se endireitou e perguntou: - Onde estou? - Comigo, onde mais? Não posso tirar os olhos de você que já se mete em confusão. Ele disse sério enquanto dirigia olhando de soslaio para ela. - Eu? Fui atacada pelos seus soldados, desde que vocês apareceram minha vida se tornou um caos. Ela disse brava. - Não são meus soldados, se fossem não estariam mais vivos para contar a história. E sabe você é muito ingrata e grosseira. Ele disse também irritado com a teimosia dela. - Pare o carro. Ela disse. Ele parou o carro ela desceu. - Onde você acha que está? Entre no carro! Ele disse de forma autoritária. - Não sou seus subordinados você não manda em mim! Ela disse batendo o pé e seguindo para o lado oposto que estavam indo. - É verdade se fosse meu subordinado te dava uma lição, apesar que se fosse minha mulher eu também poderia te dar uma lição. Ele a alc
Ele ainda disse: -Acrescente mais três trocas de roupas intimas e por favor coloque estes três pares de sapatos e estas duas sandálias. Ele disse escolhendo cuidadosamente. - Sapatos? Rosana perguntou. - Sim, não posso sair por ai com uma mulher descalça, não é? Foi só então que Rosana olhou para seus pés e realmente ela só andava descalço, ela só tinha um par de sandálias simples que usava no natal e no seu aniversário. A senhora os observava atenta. - Ela não vai experimentar os sapatos e vestidos? A senhora perguntou, para dissipar o clima entre os dois, que agora era estranho. - Se ela quiser? Mas tenho certeza que vai servir. Ele disse despreocupado, e de fato depois constatou-se que serviram perfeitamente. - Para que tudo isso? Eu não tenho nem onde guardar. Ela disse puxando a manga da camisa dele. Ele ficou pensativo –Hum é verdade também acrescente uma mala feminina por favor. - Marechal eu não preciso disso tudo. - Tudo bem, cancele a compra a partir de hoje se qu
Raoni estava com seus dias contados, ele pediu para seu soldado investigar o que realmente havia acontecido e ele queria ir lá e resolver as coisas pessoalmente com ele, mas teve que deixar o imperador e o encarregado de segurança fazer seu papel. O dia estava despontando quando Yuri acordou com os raios do sol passando pelas copas das arvores, ele olhou para o horizonte, aquela província tinha paisagens lindas, ele olhou pro lado e Rosana ainda dormia em seu ombro “realmente linda” ele pensou. O sol incomodou os olhos de Rosana, ela fez uma careta e se virou, mas acabou por esbarrar na porta do jipe então, ela percebeu que não estava em uma cama. - Bom dia. Yuri disse. - Bom dia. Ela respondeu esfregando os olhos ainda com um pouco de sono. - Vamos seguir. Ele pegou sua bolsa na parte de trás do carro e deu a ela um pacotinho de papel com uns biscoitos, de farinha de arroz, dentro. - Obrigada. Ela agradeceu com um sorriso acanhado. – Você quer um? Ela perguntou estendendo um bi
Aqui na aldeia muitos dos homens a desejam, não sei o que veem nela, eu gostaria muito que os agentes a tivesse levado. - Ela sempre fugia, se eles a tivessem visto certamente a teriam levado. - Mas ainda acho que ela dorme com o oficial, não sei o que ele vê nela, tão insosa. Yuri estava farto de ouvir as mulheres jogando conversa fora e ainda destilando veneno contra Rosana que saia cedo e ia para a roça plantar e colher muito mais do ela precisava para viver, ou seja, enquanto ela trabalhava para ajuda-los eles falavam mal dela pelas costas. Yuri pigarreou, elas se assustaram. -Marechal. Elas disseram juntas se curvando quando o viram passar. - Voces não tem trabalho? Ele perguntou, indicando que ele as havia ouvido. Ele seguiu seu caminho e elas ficaram lá paradas Raoni tentou abusar de Rosana, ele já desconfiava, tanto que relatou abusos por parte dele quando mandou as informações sobre ele e sua tropa para o imperador, mas não citou abuso sexual, pois não tinha provas. Ma
Yuri parou a colher no ar e a voltou para o prato. –Não sou, porque? -É que eu pensei... Deixa bobagens minha. Ela disse colocando outra colherada na boca. - Você quer saber se tenho alguma mulher em meu país? Ele perguntou. - Esqueça. Ela disse com o rosto queimando como se fossem duas brasas. - Não tenho, eu vivi no estrangeiro por algum tempo retornei agora, por conta da invasão. Ele disse de forma natural. - É mesmo? Você vivia em outro país, bom agora voce também está em outro país. Ela disse. - É verdade, mas é diferente eu estava na Inglaterra, é um povo muito diferente do meu e do seu. - E lá você tinha uma namorada? Ela perguntou. - Você está interessada na minha vida amorosa? Ele perguntou curioso, para saber o porquê das perguntas. - Esqueça não é nada. Ela disse apressadamente. - Sim eu tive, tenho vinte e oito anos. Mas me diga e você? - Eu o que? Ela perguntou sabendo perfeitamente do que ele estava perguntando, mas ela fingiu não entender. - Não me enrole! N