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5- Sob minha custódia sou responsável por sua vida.

Ele colocou a colher de volta no prato, se virando para sair disse:

- Agora coma, se quiser se manter viva. Ele disse saindo da tenda.

Percebendo a teimosia de Rosana ele resolveu sair da tenda para que ela ficasse à vontade e pudesse comer sossegada.

Rosana estava com muita fome, ele pode vê-la comendo pela sombra projetada na parede da tenda, ele riu sozinho, ela era bonita, selvagem e tinha personalidade, ele gostou disso.

Ele deu uma volta pelo destacamento e ficou muito irritado com aquela bagunça, tudo destruído.

Ele foi até a tenda dos soldados e muitos estavam bêbados jogados em meio a sujeira – O que acontece aqui? Vocês são uma vergonha para o império! Ele disse em voz alta.

Os homens levantaram, alguns cambaleando, e se colocaram em formação.

- Hoje vocês não dormirão, quero isso aqui limpo e quando terminarem aqui passarão para o pátio e em silencio não quero ouvir um pio, ao amanhecer quero tudo pronto e impecável! Foi isso que vocês aprenderam? Onde está seu superior?

- Não sabemos senhor. Responderam em uníssono.

- Comecem. Ele disse e saiu imediatamente.

Quando ele voltou para a tenda Rosana não estava mais lá. “Onde esta mulher foi naquele estado”?

Ele passou a mão na testa num ato de desespero, estava cansado e desde que chegou não teve um minuto de sossego.

Ele saiu rápido da tenda a procura da mulher, os soldados estavam limpando a bagunça que tinham feito, ela não passaria por eles.

Yuri teve que usar sua inteligência e sua experiência para descobrir por onde procurar a garota fujona, ele não queria dar alarde para os outros soldados.

Rosana saiu descalça, suas costas ardiam um pouco, embora os curativos feitos por Yuri terem sidos muito bons.

Ela aproveitou que Yuri havia saído, ela ouviu quando ele gritou com os soldados, ela viu a oportunidade de fugir, ela viu os soldados no pátio então, ela foi para o outro lado entrando no pomar de pêssegos.

Ela corria, na medida do possível, se esgueirando entre as pequenas árvores, pisava com cuidado nas folhas para não fazer ruídos.

Quando ela já tinha andado um tanto, meio sem rumo, estava muito escuro, ela ouviu passos pesados, ela parou e se agachou debaixo de um pessegueiro.

Os pessegueiros estavam todos floridos, as flores exalavam seu perfume a noite. O aroma fresco e levemente adocicado, traziam a Rosana doces lembranças de sua infância, quando seus pais ainda eram vivos e mesmo depois quando ainda tinha seus avós.

Rosana era diferente, ela não se conformava com a miséria que seu povo vivia, mesmo trabalhando duro todos os dias.

Ela ficou quietinha, mas seu coração parecia querer saltar pela boca, a sensação que ela tinha era que qualquer um poderia ouvi-lo bater.

Yuri tentou pensar como a garota, qual seria o melhor caminho para não ser pega assim, ele com seus passos maiores e mais rápidos a alcançaria com facilidade.

Ele andou um pouco escutou um pequeno barulho, ele caminhou mais uns passos o barulho parou, ele prestou atenção e então parou, um tempo depois o barulho recomeçou, ele esperou um pouco e identificou a direção, correu por entre os pessegueiros e, como esperado, achou a fujona.

- Me solte! Ela gritava esperneando.

- Cale-se! Você é muito idiota! Onde você pensa que vai numa escuridão dessas e machucada ? Ele disse bravo.

- Não é da sua conta! Ela disse tentando se soltar dele.

- Isso é verdade! Não é da minha conta, mas enquanto você estiver sob minha custódia sou responsável por sua vida. Ele disse fazendo esforço para mantê-la presa em seus braços.

- Ninguém é responsável por mim, sou dona da minha vida! Ela disse ofegante.

- Mesmo? Você trabalha todos os dias o dia todo, e fica apenas com vinte por cento do que produz e acha que você é dona da sua vida?

- Eu... eu.. Rosana não sabia o que dizer, o que ele disse era verdade, eles não eram donos de suas vidas, as vezes nem de seus filhos.

Quando olheiros do governo vinham a aldeia se gostassem de alguma criança ou jovem o levava, não se sabe ao certo para onde nem mesmo para fazer o que, mesmo que as famílias não aceitassem, ainda assim os levavam.

Na maioria das vezes a família preferia acreditar que era o melhor para o filho ou filha, que teriam uma vida melhor, mas o fato era que nunca mais voltavam a aldeia e nem se ouvia falar deles.

Ela mesma já teve que se esconder muitas vezes quando os agentes chegavam, aquele casebre que ela passou a noite no dia em que fugia, era seu esconderijo.

- Você não tem o que dizer, não é? Ele disse de forma um pouco arrogante.

Ela não disse nada, se sentia cansada e humilhada, apenas parou de se debater.

Ele afrouxou os braços para testar se ela não estava jogando com ele, quando ele viu que ela não tentou correr então ele a soltou.

Yuri era alto e seus cabelos pretos e lisos, seus olhos rasos. Ele era forte pois sempre treinava, sua pele era cor de trigo, ele estava levemente bronzeado, seus braços e tórax eram fortes.

Rosana, talvez, teria até se apaixonado por ele se se encontrassem em outra situação.

Yuri tinha reparado na beleza de Rosana, ela era branca apesar de trabalhar na lavoura, seus cabelos longos abaixo da cintura, muito lisos e negros como a noite.

Os olhos dela eram exóticos eram amendoados e eram marrons um mel avermelhado. Ele ficou pensando que mistura deveria ter os pais dela para ela sair assim.

Os dois caminharam em silencio para o destacamento, ela um pouco na frente e ele logo atrás vigiando-a. ele não confiava nela.

Ao chegar ele disse a ela mostrando a tenda. –Vá se deitar, você precisa descansar, amanhã levarei você de volta para sua aldeia.

Ela entrou calada de cabeça baixa, realmente estava exausta.

Yuri esperou que ela entrasse, foi até seu jipe pegou uma rede e armou na porta da tenda, ele tambem estava exausto.

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