Capítulo 3
Na volta para casa, Solange hesitou por um bom tempo, mas acabou mandando uma mensagem para Walter no WhatsApp, com quem não havia contatado por esse meio nos últimos três anos.

"Tio Walter... Podemos fingir que o que aconteceu esta noite não aconteceu? Eu realmente bebi demais e entrei no quarto errado."

Ela esperou por muito tempo, mas Walter não respondeu.

Solange franziu a testa e enviou uma mensagem com um ponto de interrogação.

No entanto, assim que a mensagem foi enviada, apareceu uma nova informação na frente.

"O outro lado ativou a verificação de amigos, você ainda não é amigo dele..."

Solange apertou os lábios, ele deve ter deletado seu WhatsApp, provavelmente não queria mais falar sobre o assunto.

Pensando nisso, Solange finalmente se sentiu aliviada, ao chegar em casa, já eram mais de seis da manhã, quando abriu a porta, viu Yago sentado no sofá.

Ao ouvir a porta se abrir, ele virou a cabeça rapidamente, seus olhos estavam vermelhos de não dormir:

- Esposa, onde você estava ontem à noite? Eu te liguei várias vezes, por que você não atendeu?

Yago se levantou rapidamente e caminhou em direção a ela, tentando segurar sua mão, mas Solange o evitou.

Ele hesitou por um momento, mas antes que pudesse falar, Solange disse friamente:

- Você pode ficar fora a noite toda, por que eu não posso?

Solange geralmente era muito amigável, os dois estiveram juntos por oito anos e quase nunca discutiram, mas esta foi a primeira vez que ela falou com ele nesse tom frio.

Percebendo que algo estava errado com seu humor e seus olhos um pouco inchados, Yago piscou, suas mãos penduradas ao lado do corpo se apertaram lentamente:

- Você sabe, não é?

Sua voz era calma, sem altos e baixos, parecendo já esperar por esse dia.

Observando sua aparência sem culpa, as emoções que Solange havia reprimido finalmente explodiram.

Ela levantou sua bolsa e a jogou nele, seus olhos vermelhos como os de uma louca.

Toda a bondade que ele tinha para com ela e os momentos felizes que compartilharam foram destruídos no momento em que ela o viu fazendo sexo com outra mulher na noite anterior, impossíveis de serem reconstruídos.

- Yago, como você pode fazer algo tão repugnante?! Se você não me ama mais, poderíamos nos divorciar, por que você teve que fazer isso comigo?!

Ela pensou que entre eles nunca poderia haver uma amante, mas a realidade lhe deu um tapa forte, acordando ela das ilusões que ele havia criado, transformando seu amor ainda intenso nele em uma piada.

Vendo os olhos vermelhos dela, Yago sentiu um aperto no peito e agarrou a mão dela, trazendo ela para perto:

- Sol, me desculpe...

Solange o empurrou com força, tentando sorrir, mas as lágrimas continuavam a cair:

- Não toque em mim com essas mãos nojentas! - Solange fez uma pausa antes de continuar. - É tão difícil ser fiel? Depois de nos casarmos, não é como se eu não tivesse encontrado homens atraentes, ou como se nenhum homem tivesse me cortejado, mas eu nunca ultrapassei os limites. Eu consegui, por que você não pode?

Vendo o desapontamento e a raiva em seus olhos, Yago apertou os punhos e disse:

- Sol, eu só amo você... Foi um acidente com ela...

Suas palavras pareceram tão fracas que Solange achou ridículas e repulsivas.

- Pelo que você diz, eu também poderia encontrar um homem para fazer sexo e depois te dizer que foi um acidente. Meu corpo pode ter traído, mas no coração só existe você, certo?

Um brilho frio passou pelos olhos de Yago, e ele disse lentamente:

- Se você ousar, eu mato você e aquele homem juntos na cama.

Confrontada com seu olhar frio e desprovido de qualquer calor, Solange sentiu o coração gelar.

Então, ela percebeu que ele também sabia que a traição era imperdoável, mas mesmo assim ele a traiu.

Ela respirou profundamente e disse lentamente:

- Você ainda se lembra do que eu te disse quando você me pediu em casamento?

Ela afirmou que se um dia ele a traísse, ela não perdoaria, apenas o deixaria.

A expressão de Yago mudou:

- Eu não vou permitir que você me deixe!

Solange enxugou as lágrimas do canto dos olhos, encarando-o com sarcasmo e um traço de ódio e respondeu:

- Independente de você concordar ou não, eu já decidi. Eu quero o divórcio, você não merece o meu perdão.

Após dizer isso, ela passou por ele e subiu as escadas, indiferente à reação de Yago.

Yago permaneceu olhando para as costas dela, seus olhos repletos de sombras.

De volta ao quarto, Solange foi diretamente para o banheiro tomar um banho, incapaz de suportar o odor do álcool.

Enquanto passava o sabonete, ela observou a marca vermelha em seu peito e hesitou por um instante.

Imagens de mãos deslizando por seu corpo surgiram involuntariamente em sua mente, fazendo ela franzir o cenho.

Ela esfregou a área com a toalha várias vezes, até que tudo ao redor se tornasse vermelho, como se assim pudesse apagar as marcas deixadas em seu corpo.

Saindo do banho e entrando no quarto, Solange viu Yago sentado na cama, com a cabeça baixa, perdido em pensamentos.

Ela franziu o cenho, decidida a ignorá-lo como se ele não estivesse lá.

De qualquer forma, eles logo estariam divorciados.

Ao ouvir os passos, Yago levantou a cabeça e viu Solange envolta em uma toalha de banho.

Seus cabelos ainda úmidos caíam sobre as costas, pingando água, enquanto suas bochechas, coradas pelo calor do banho, pareciam rosas recém-florescidas prontas para serem colhidas, exalando um aroma sedutor.

A toalha cobria apenas o necessário, deixando à mostra suas longas e pálidas pernas, provocando imaginações.

A respiração de Yago se tornou mais pesada instantaneamente, seu olhar fixado em Solange, incapaz de se desviar.

Solange não percebeu sua mudança, caminhando até o guarda-roupa para pegar um pijama quando de repente sentiu um par de braços envolvendo ela por trás.

- Sol... - Sua voz rouca, carregada de um desejo indisfarçável.

Enquanto Solange estava no andar de baixo, Yago pensava em como fazê-la mudar de ideia.

No fim, a única ideia que lhe ocorreu para manter Solange ao seu lado era ter um filho com ela.

Ele subiu as escadas com essa intenção, planejando conversar calmamente, mas ao ver Solange saindo do banho, perdeu um pouco o controle.

Se fosse antes, essa versão de Yago a teria emocionado, mas agora Solange apenas sentia nojo.

Ela se virou e o empurrou, seus olhos cheios de repulsa:

- Não me toque, eu sinto nojo.

Yago ficou ferido por sua reação, segurando sua mão com firmeza, ele disse:

- Você não sempre quis ter um filho? Vamos ter um agora, que tal?

Ao ver sua expressão como se fosse óbvio, Solange se soltou:

- Isso era antes, talvez eu tenha filhos no futuro, mas definitivamente não será com você.

Essas palavras enfureceram Yago, que a agarrou pelo braço e a jogou na cama, se deitando sobre ela:

- Repita isso!

Seus olhos ardiam de raiva, mas Solange não se importava:

- Eu posso repetir quantas vezes for necessário, agora só de te ver eu sinto nojo, prefiro morrer a ter um filho seu.

Antes que pudesse terminar, Yago a beijou violentamente.
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