Jonas OliveiraLá estava eu, sentado na varanda da fazenda, olhando o horizonte tingido pelo pôr do sol. A vida havia sido um turbilhão de emoções e dificuldades, mas ali, naquele momento, senti uma estranha sensação de paz. Era como se o universo estivesse me dando uma trégua. Luana saiu da casa com duas xícaras de chá. Seus passos eram leves, quase silenciosos, mas eu conseguia sentir sua presença antes mesmo de vê-la.— Trouxe um chá pra gente, Jonas. — disse ela, com um sorriso suave nos lábios.Aceitei a xícara, deixando o calor do chá aquecer minhas mãos. Ficamos em silêncio por um momento, apenas apreciando a companhia um do outro. O silêncio entre nós não era desconfortável; era uma trégua bem-vinda, um espaço para respirar.— Sabe, Luana — comecei, depois de um gole do chá —, tem sido difícil encontrar motivos para seguir em frente, mas desde que você chegou, sinto que algo mudou.Ela me olhou, seus olhos castanhos refletindo a luz dourada do sol poente. Havia uma profundidad
Luana DutraAcordei cedo naquela manhã, antes mesmo do sol começar a despontar no horizonte. O ar fresco da madrugada me despertava, e eu sabia que precisava aproveitar ao máximo aquelas horas de tranquilidade antes que a rotina da fazenda começasse. Vesti minhas roupas de trabalho, calcei minhas botas e saí silenciosamente, tentando não fazer barulho ao fechar a porta.Caminhei até o estábulo, sentindo o orvalho nas folhas de grama roçar meus tornozelos. O som suave dos animais acordando me fez sorrir. A vida na fazenda tinha um ritmo próprio, um compasso tranquilo que me dava paz. Porém, nos últimos dias, algo parecia fora de sintonia. Pequenos incidentes estavam ocorrendo, e eu não podia ignorar a sensação de que alguém estava sabotando nossos esforços.Enquanto cuidava dos cavalos, ouvi passos atrás de mim. Virei-me e vi Jonas se aproximando, com a expressão séria.— Bom dia, Luana. — disse ele, tentando esconder a preocupação na voz.— Bom dia, Jonas. Está tudo bem?Ele suspirou,
Jonas OliveiraAcordei com o canto dos galos, o sol ainda tímido no horizonte. Hoje era o grande dia, o festival de colheita. Fazia anos que a comunidade não se reunia para celebrar algo em grande estilo. Sentia um frio na barriga, uma mistura de ansiedade e expectativa. Vesti minha camisa xadrez, calcei as botas e desci as escadas da casa grande.A cozinha já estava em alvoroço. Dona Lourdes, a cozinheira, estava a mil com as panelas, assando bolos e preparando quitutes. Luana estava ao lado dela, ajudando com as tortas de maçã. Ela parecia tão concentrada e serena, o que sempre trazia um ar de paz para o ambiente.— Luana, tudo pronto por aqui? — perguntei, tentando disfarçar a apreensão.— Quase tudo, Jonas. Dona Lourdes é uma mestre, em breve estará tudo no ponto. — respondeu ela com um sorriso que sempre me acalmava.Fui até o celeiro, onde os outros empregados da fazenda já estavam cuidando dos últimos detalhes. As mesas foram montadas, as cadeiras arrumadas em volta do palco im
Luana DutraO sol já começava a se pôr quando notei a agitação na área das vacas. Uma delas, a Morena, estava prestes a parir. Apressada, corri até a casa principal para avisar Jonas. Ele estava na varanda, limpando algumas ferramentas.— Jonas, a Morena está prestes a ter o bezerro! — disse, ofegante.Ele levantou os olhos, a preocupação evidente no rosto. Deixando tudo de lado, veio na minha direção.— Vamos, não temos tempo a perder.Voltamos juntos para o estábulo, onde a Morena estava deitada, claramente em desconforto. O céu alaranjado começava a se transformar em tons de roxo e azul, e a noite se aproximava rapidamente. Senti um arrepio percorrer minha espinha. Não sabia exatamente se era pela situação ou pela presença de Jonas ao meu lado.— Trouxe as luvas e os equipamentos, Luana? — perguntou ele, enquanto colocava os itens sobre uma mesa improvisada.— Estão aqui. — respondi, estendendo-lhe um par de luvas.A Morena soltou um gemido alto. Nunca havia visto um parto de perto
Jonas OliveiraA viagem estava marcada para o início do verão. Fazia tempo que não via minha família toda reunida, então misturava-se um misto de ansiedade e nostalgia no meu peito. A última vez que todos se encontraram, as coisas não terminaram tão bem. Havia mágoas não resolvidas, palavras não ditas e silêncios carregados de significados.Parti cedo, deixando a fazenda sob os cuidados de Luana. Ela estava se saindo bem e confiava que tudo ficaria em ordem na minha ausência. A viagem até a casa dos meus tios foi tranquila, com paisagens familiares passando pela janela do carro. Quando cheguei, fui recebido com abraços calorosos e sorrisos sinceros, o que trouxe uma sensação de pertencimento.— Jonas! Quanto tempo! — minha tia Clara me envolveu em um abraço apertado, e pude sentir o cheiro de lavanda que sempre me lembrava dela.— Tia Clara, que bom te ver! — retribuí o abraço, sentindo a familiaridade aconchegante.A casa estava cheia. Meus primos corriam pelo quintal, e pude ouvir o
Luana DutraEstava um dia quente na fazenda. O sol brilhava intensamente, espalhando seu calor por cada centímetro do campo. Enxuguei o suor da testa com o dorso da mão, ajustando o chapéu de palha para proteger o rosto. Jonas caminhava ao meu lado, com um ar tranquilo e experiente que eu ainda estava aprendendo a decifrar.— Hoje vou te mostrar como preparar a terra para o plantio. — ele disse, quebrando o silêncio que pairava entre nós. Seus olhos, que geralmente pareciam distantes, estavam cheios de determinação.Eu assenti, sentindo uma mistura de ansiedade e curiosidade. Não fazia muito tempo que eu havia chegado aqui, fugindo de um passado que preferia esquecer. Encontrar um lugar onde me sentisse útil era mais do que um alívio; era uma redenção. Jonas, com sua paciência e sabedoria, parecia ser a chave para essa transformação.Ele se abaixou e pegou um punhado de terra, deixando-a escorrer entre os dedos.— A terra é a base de tudo, Luana. Se não cuidarmos bem dela, nada do que
Acordei com o sol batendo no meu rosto e um nó na garganta. Há dias venho tentando ignorar o que sinto, mas hoje, ao abrir os olhos e lembrar do sorriso de Jonas, percebi que não dá mais para fugir. Estou apaixonada por ele. Sentir isso é como carregar um segredo que pode explodir a qualquer momento. Preciso disfarçar, esconder, continuar a rotina como se nada estivesse acontecendo.Desci para a cozinha e comecei a preparar o café. A cafeteira soltava seu aroma reconfortante enquanto eu mexia nos armários procurando a xícara favorita de Jonas. Ouvi passos leves atrás de mim.— Bom dia, Luana. — disse ele com sua voz rouca de sono.Me virei rapidamente, sentindo minhas bochechas queimarem.— Bom dia, Jonas. Dormiu bem?Ele sorriu, e aquele sorriso... Ah, aquele sorriso me desarmava completamente.— Dormi sim. E você?— Bem também. — menti. Passei a noite toda pensando nele, virando de um lado para o outro na cama.Ele se aproximou, pegou a xícara que eu segurava e nossos dedos se tocar
A tempestade veio sem aviso. Os primeiros pingos caíram como se o céu estivesse rasgando, e logo estávamos no meio de um aguaceiro. Eu e Jonas estávamos tentando recolher os animais para dentro do estábulo quando a chuva nos alcançou. Em segundos, estávamos ensopados.Corremos até o abrigo, rindo como duas crianças. Os relâmpagos cortavam o céu, seguidos por estrondos que faziam o chão tremer. Ao nos vermos finalmente protegidos, rimos ainda mais. Senti a água escorrendo pelo meu rosto, pingando do cabelo e encharcando minhas roupas.— Isso foi insano! — eu disse, tentando tirar a água dos olhos.Jonas sorriu, seus dentes brilhando na penumbra do estábulo. Ele estava tão encharcado quanto eu, sua camisa colada ao corpo, delineando cada músculo. Tentei não olhar, mas era impossível. Engoli em seco, sentindo um calor inesperado subir pelo meu corpo.— É, parece que a gente não vai secar tão cedo. — ele respondeu, tirando a camisa molhada. O gesto foi casual, entretanto fiquei sem palavr