No início da noite Kaira está em seu quarto, alheia de todos os planos da sua família, ela está conversando com sua melhor amiga Lucy Moon pelo messenger.
“ Lucy, não acredito que você está participando disso.” – Kaira acha estranho todo alvoroço que as solteiras estão fazendo, para se casarem com um desconhecido e o que mais assustada ela são os motivos. – “ Tipo, eu não me importo que ele tenha uma doença, sempre achei cruel a forma que se referem a ele.” – Kaira planeja ser médica e uma das possíveis áreas de atuação que ela se interessa é a cirurgia plástica. – “ Casar com alguém desconhecido já é bizarro o suficiente, mas imaginar que a escolhida planeja engravidar, esperando a morte do pai do seu filho, para ser herdeira de tudo, é nojento.” – Ela não consegue se convencer que isso é aceitável.“ Eu sei, mas convenhamos um casamento por contrato, onde no final você será a dona de tudo, a mulher mais rica desta cidade, é realmente atraente.” – Responde Lucy sonhando em ser a escolhida. – “ Você realmente vai ficar fora disso?”“ Mesmo se eu quisesse, não poderia o Sr. Keller pediu pelas filhas mais bonitas e minha família escolheu a minha linda irmã Norabel.” – Ela responde rindo. – “ Não existe dinheiro no mundo que compraria minha paz de espírito, eu gosto da minha vida livre e, além disso em breve eu irei para Inglaterra conhecer o meu amado.” – É possível ver o brilho no olhar dela, ela abre uma foto e observa o homem loiro de olhos verdes esmeraldas, sorriso com os dentes tão brancos que são capazes de iluminar um ambiente, seu físico é atlético, o homem da foto é Flinn Bennett, um famoso advogado em Londres, Kaira e ele estão num relacionamento a distância há 1 ano.“ De novo falando desse tal Flinn, se ele te ama como diz, por que não vem te ver?” – Responde Lucy com desdém, pois sua amiga suspira por esse desconhecido. – “ Você está sendo uma mulher idiota, quase 19 anos, virgem, com um namorado que nunca viu pessoalmente, ele deve sempre dormir no meio das pernas de alguém.” – Lucy não acredita em relacionamentos a distância.“ Para de ser maldosa, nosso amor é sincero, vai muito além do físico, você não entenderia.” – Ela escuta as batidas na porta. – “ Amiga, preciso ir, alguém b**e na minha porta. Te amo.” – Ela levanta-se e vai até à porta.– Filha, como você está? – Ela olha o horário no seu relógio de pulso, levanta a sobrancelha perguntando-se o que seu pai faz ali. – Senti saudades de quando tomávamos chá juntos e falávamos sobre a mamãe, ela faz uma falta não é? – Ele observa a emoção no olhar dela e o quanto ela segura-se para aquelas lágrimas não caírem. – Trouxe para você! – Ele estende a xícara na direção dela, que continua paralisada segurando a porta, ela sorri e aceita.– Obrigada papai. Ela realmente faz muita falta, eu gostaria tanto de vê-la novamente, nem sonhar com ela eu consigo. – Diz ela com lágrimas escorrendo, falar sobre sua mãe é sempre doloroso, ela dá leves assopradas no chá e começa a beber. – Entre, fique à vontade. Eu estou bem e o senhor como está? – Ela fecha a porta para eles terem privacidade, fazia tempo que seu pai não a procurava.– Estou bem, hoje eu vou entregar a minha filha para o Sr. Keller, ele a escolheu. – Ele diz com uma leve tristeza na voz. – E agora, não sei se estou confortável com isso. – Ele observa ela beber o chá com gosto.– Então ele a escolheu! Não me surpreendo, Norabel é linda, o senhor sabe que não concordo com isso. Se está com dúvidas papai, não faça isso, não entregue a sua menina para um desconhecido. – Logo que termina de falar, ela começa a se sentir tonta e deixa a xícara cair no chão se quebrando em vários pedaços, ela leva a mão a cômoda e antes de apagar ela sussurra. – Papai, me ajuda. – Caio a segura nos braços, antes que ela atinja o chão, ele a coloca na cama.– Me desculpa filhinha. – Ele dá um beijo na testa dela segurando as lágrimas, quando ele sai do quarto Norabel e Magdalena estão do lado de fora. – Ela está pronta. – É tudo que ele diz indo para o seu escritório, ele acabou de drogar a sua filha para entregar a Fera de Lucerna.As duas mulheres entram no quarto e vestem Kaira com uma lingerie vermelha, completando com uma cinta liga, elas vestem ela num vestido curto, decotado e muito justo em seu corpo, marcando as suas curvas, colocam um salto alto vermelho, soltam os cabelos dela e fazem uma maquiagem ousada. Durante todo o processo Kaira acorda várias vezes desorientada, tendo alguns flashes do que está acontecendo, sem poder fugir. Após deixarem ela pronta, Magdalena sorri satisfeita.– Essa ordinária estragou meus planos, era para você assumir esse lugar, você deveria ser a Bela que iria domar aquela fera. – Magdalena está visivelmente irritada, enquanto Norabel agradece por não ser escolhida.– Eu sou boa demais para um homem deformado como ele, um inválido, que vida eu teria mamãe? Vamos usufruir de toda a fortuna dele, por meio dessa idiota. – Diz ela sorrindo com desdém observando a irmã. – Vou chamar o papai, eu já assinei os documentos, está na hora de deixarmos essa vadiazinha no hotel.Norabel sai do quarto cantarolando vitoriosa, entregar a sua irmã foi muito fácil, ela não pretende sofrer retaliação nas mãos daquele monstro, ele jamais terá sua vingança contra ela, ela gargalha ao lembrar-se de todo o dinheiro que arrancou dele e todos os presentes caríssimos que ele lhe deu.– Aquele deformado me mimava como ninguém, agora minha adorável irmã arcará com a ira dele. – Gargalha ela entrando no escritório. – Papai, podemos ir, ela está pronta.– Tudo bem, vamos cuidar disso. – Ele levanta-se e entrega o envelope com o contrato assinado para Norabel e vai até o quarto, observa a filha desacordada vestida como uma prostituta, antes que o seu remorso o domine, ele a pega no colo e vai para o carro.Mãe e filha o seguem em silêncio, Kaira durante todo o caminho acordava e voltava a apagar.– Papai, o que está fazendo? – Questiona ela com a voz falhando, tentando se manter acordada, ela sente que está delirando. – Por favor papai, me ajuda.– Cala boca sua vadia, fique quieta. – Diz Magdalena a sacudindo para ela voltar a apagar.Quando eles chegam no hotel, Kaira está acordada, mas ela está muito confusa e tonta com as altas doses de sedativos que ela recebeu. Caio não conseguiu descer do carro, então foram Norabel e Magdalena que a arrastaram até o quarto da cobertura e usaram a chave que estava com o contrato para abri-la.– O que está acontecendo? – Questiona ela assustada. Magdalena abre a porta, enquanto Norabel debocha da irmã.– Foi um prazer te conhecer maninha, aceite o inferno na sua vida, pois é tudo que você ganhará. Tenha uma boa noite de núpcias com a sua Fera, querida Bela. – Diz ela empurrando-a para dentro do quarto que está tomado pela escuridão, ela j**a o contrato em Kaira e b**e a porta trancando e saindo dali com seu sorriso maldoso, seguida pela sua mãe.– Então você chegou. – Diz o homem com sua voz rouca e grossa, ele está no canto do quarto, apenas sua silhueta é visível, Kaira se assusta e sente todo o seu corpo arrepiar com aquela voz, ela dá vários passos para trás, até sentir seu corpo cair sobre a cama, a sua última visão antes de apagar é da sombra daquele desconhecido.O homem sentado no escuro, têm sua aparência refletida apenas quando os trovões e relâmpagos lá fora invadem o quarto atravessando a cortina da janela aberta, ele fica imóvel observando Kaira que parece estar em transe, ela não consegue manter os seus olhos por muito tempo abertos, mas cada vez que ela enxerga aquela silhueta a observando como um predador na imensidão escura daquele quarto o seu corpo se arrepia e o medo a domina, as lágrimas escorrem dos seus olhos, enquanto ela luta para tentar se mover, mas seu corpo não obedece. Sua respiração acelera quando ela enxerga o homem levantar-se e a cada passo que ele dá, os trovões e relâmpagos lá fora, deixam aquele momento mais assustador. Ele para na ponta da cama, a observando de cima, quando a claridade atinge o seu rosto, ela fica com medo do sorriso assustador que ele sustenta nos lábios.– Enfim, achei você! – Ao ouvir aquelas palavras Kaira tenta manter o seu olhar na figura parada na sua frente aproveitando os pequenos flashes
Kaira está aliviada por ver o seu pai, ela treme em seu peito, enquanto chora por tudo que está acontecendo, sem saber que ele a entregou aquele homem que todos chamam de Fera, todos o temem, mesmo tendo seu corpo frágil, pois seu dinheiro supre todas as suas necessidades, ele sempre tem o que quer e pune quem ousa o desafiar.– Você está aí! – Diz o homem se aproximando com a mão sangrando. – Venha comigo, você vai me arrumar um problema. – Diz ele ríspido.– Fique longe de mim. – Grita ela abraçada ao seu pai, atraindo atenção dos pedestres. – Papai, me leve para casa.– Filhinha, fique calma. Você tem que ir com esse homem, ele é o motorista do teu marido. – Quando Caio termina de falar, o corpo de Kaira fica mole e ela vai perdendo o sentido, tentando se convencer que não ouviu aquilo. – Kaira! – Diz ele assustado pegando-a no colo.– Sr. Zimmermann, pode me entregar ela, eu vou levá-la para mansão, o Sr. Keller deve estar muito estressado, ele não gosta de atrasos e sua filha cau
Kaira sente-se intimidada com aquele homem parado na sua frente, mesmo que ele esteja sendo gentil, ela suspira e rapidamente puxa sua mão que ele segura.– Você parece desconfortável Sra. Keller, algum problema? – Questiona o homem sem tirar o olhar dela.– Você pode parar de me chamar de Sra. Keller, eu sou Kaira Zimmermann, eu não sou casada, eu não aceitaria algo assim! – Diz ela num tom firme, escondendo o seu medo. O homem olha para a governanta que entende o que ele quer e vai até o escritório.– Sr. Jasper, obrigado por trazê-la, eu cuido de tudo, você já pode ir. – Diz ele dispensando o motorista. – Permita-me apresentar-me, eu me chamo Levi Schneider, sou advogado do seu marido, cuido de todos os negócios dele e o ajudo na sua vida particular. – Quando ela vai abrir a boca, ela observa a mulher entregar um envelope a ele, Levi a observa e em silêncio, abre o envelope retirando o documento de dentro. – Corrija-me se eu estiver errado, essa não é sua assinatura? Você estava co
Levi segue pressionando seu corpo sobre o de Kaira, enquanto ela a encara com um olhar curioso, esperando uma resposta.– Era eu o quê? – Questiona ele se fazendo de desentendido, ela deixa as lágrimas escorrerem com um misto de sentimentos.– Como você teve coragem? Você não sabe o que fez. Que tipo de homem é você? – Diz ela fechando seus olhos em negação. – Por que fez isso comigo?– Do que você está falando? – Ele segue se fazendo de desentendido, quanto mais ela sofrer, mais satisfeito ele ficará.– Vo-cê, você me estuprou. – A voz dela sai baixinho, cheia de dor e tristeza. – Você é louca? – Questiona ele num tom ríspido se mostrando ofendido.– Você é um monstro, um monstro, você me estuprou, seu nojento, saia de cima de mim, estuprador. – Grita ela desesperada chorando, ele coloca a mão na boca dela para que ela pare de gritar, com raiva ela morde a mão dele o empurra e sai do quarto correndo.– Porra! – Diz ele passando a mão na marca da mordida que ela deixou em sua mão, el
Kaira entra na sala descalça com a cabeça baixa, escondendo seu desânimo.– Sra. Keller! – Diz Levi observando-a, ela suspira e levanta a cabeça ficando sem jeito ao avistar o homem que a observa e feliz em ver a mulher. – Esse é Adolph Karps advogado do Sr. Keller e Briana Moore, a melhor estilista dessa cidade, segundo Adolph. – Kaira sorri, pois ela já conhece Briana, ela se aproxima e abraça-a.– Que bom ver você, eu não sabia que você tinha sido a escolhida. – Diz Briana ao abraçar a amiga.– Muito menos eu, simplesmente me trouxeram para cá e ainda nem conheci o meu adorável marido, ele é um otário que não sai do quarto para me encarar. – Levi e Adolph trocam olhares com a fala dela. – O que você faz aqui?– Eu vim pegar tuas medidas, Sra. Keller. – Responde ela o mais formal possível.– Por qual motivo?– Seu marido otário, quer que você seja uma mulher bem vestida, você não trouxe nada e duvido muito que tivesse algo a altura. – Diz Levi encarando-a. – Adolph vamos até o escri
Levi para em frente a porta dela e dessa vez ele decide bater na porta.– Sra. Doertz, me deixe em paz, diga aquele homem que eu não vou descer! – Diz ela colocando seu rosto entre os travesseiros.– Sra. Keller, eu posso entrar? – Diz ele encostado na porta, ela senta-se na cama.– Não, eu quero ficar sozinha.– Não me obrigue a ser rude com você, permita-me entrar. – Ela fica em silêncio e ele tenta abrir a porta, mas dessa vez ela trancou. – Sra. Keller, abra a droga da porta, um chute e eu derrubo essa merda, então abra agora. – Ela suspira, caminha até a porta e a abre, ficando na frente não permitindo a entrada dele.– O que você quer? – Questiona ela cruzando os braços.– Você está me chateando, qual é a sua hein?– Vá conversar com o seu chefe, diga a ele que a esposa dele está te chateando, o que é algo que o senhor advogado de ego gigante, não pode aceitar. – Responde ela tentando fechar a porta, mas ele coloca o pé. – Droga, me deixa em paz. – Diz ela se afastando da porta.
Na manhã seguinte, quando Kaira acorda já passavam das 10h da manhã, ela fica um pouco na cama se perguntando como chegou até ali, afinal sua última lembrança da noite passada é ela sentada na frente da porta do quarto de seu marido. Ela levanta-se e vai até o banheiro fazer sua higiene pessoal e quando sai do quarto fica surpresa com todas as coisas em frente a sua porta, tem diversas araras de roupas, sapatos, acessórios e joias, ela começa a mexer nas roupas procurando o celular que sua amiga disse que mandaria.– Sra. Keller, bom dia. – Diz Anabela se aproximando.– Sra. Doertz, bom dia.– A senhora não precisa se preocupar, eu vou arrumar todas essas coisas do seu closet.– Não se incomode eu mesma faço. – Responde ela sem pensar.– De maneira nenhuma, o Sr. Keller me mata se eu permitir.– Para isso ele tem que sair do quarto, o que já ficou claro que ele não pretende fazer tão cedo. Ele não é capaz nem de abrir a boca para mandar eu parar de bater na porta dele.– Sra. Keller,
Na mansão, Kaira observou os funcionários trabalhando fazendo as mudanças que ela ordenou, mesmo que o ambiente ainda pareça sem vida, devido aos móveis escuros, ela fica satisfeita em ver a claridade entrar no ambiente.– Sra. Doertz, onde fica o escritório? – Questiona ela, a governanta fica desconfortável, pois sabe que Levi não gosta que entrem lá sem sua autorização, mas leva Kaira até o local.– É aqui senhora. – Diz ela parando em frente a uma enorme porta dupla.– Muito obrigada, você já pode se retirar, eu te chamo se precisar. – Diz ela abrindo as portas, o escritório é enorme e bem iluminado diferente do restante da casa, ela avista o notebook em cima da mesa e caminha até ele desejando que não tenha senha. – Que maravilha. – Diz ela ao perceber que não tem senha, aquele notebook não tem um arquivo sequer salvo nele, como se fosse um equipamento novo, ela não liga e se conecta em suas contas sem perder tempo, ela manda uma mensagem para sua amiga Lucy.“ Lucy, você está por