Kaira está aliviada por ver o seu pai, ela treme em seu peito, enquanto chora por tudo que está acontecendo, sem saber que ele a entregou aquele homem que todos chamam de Fera, todos o temem, mesmo tendo seu corpo frágil, pois seu dinheiro supre todas as suas necessidades, ele sempre tem o que quer e pune quem ousa o desafiar.
– Você está aí! – Diz o homem se aproximando com a mão sangrando. – Venha comigo, você vai me arrumar um problema. – Diz ele ríspido.– Fique longe de mim. – Grita ela abraçada ao seu pai, atraindo atenção dos pedestres. – Papai, me leve para casa.– Filhinha, fique calma. Você tem que ir com esse homem, ele é o motorista do teu marido. – Quando Caio termina de falar, o corpo de Kaira fica mole e ela vai perdendo o sentido, tentando se convencer que não ouviu aquilo. – Kaira! – Diz ele assustado pegando-a no colo.– Sr. Zimmermann, pode me entregar ela, eu vou levá-la para mansão, o Sr. Keller deve estar muito estressado, ele não gosta de atrasos e sua filha causou bastantes dificuldades essa manhã. – Diz o motorista olhando para a sua mão.– Eu a levo até o seu carro. Ela só está assustada, ela vai aprender a se comportar e se adaptar a sua nova vida. – Diz Caio observando o rosto frágil da filha.– Tudo bem, me acompanhe. – O homem caminha de volta ao hotel e vai para o estacionamento seguido de Caio, Kaira recupera os sentidos antes que seu pai coloque-a no carro.– Nãooo, me solta, me solta. Não faça isso comigo, você é meu pai. – Grita desesperada ao avistar o carro.– Fique calma princesa, fique calma, eu te disse que o Sr. Keller escolheu a minha filhinha como esposa, fique calma, faça isso pela família. – Diz ele beijando a testa da filha.– Isso é mentira, me diga que é mentira? Me solta. – Grita desesperada se debatendo no colo do pai, enquanto tenta se soltar. – Me solta, eu vou voltar para a casa.– Você não voltará a lugar nenhum, você vai para a casa do seu marido, cale a boca e cumpra o seu papel, você já foi dele ontem a noite. – Grita seu pai de volta, ela fica em silêncio e engole em seco o que acabou de ouvir, tudo que ela consegue sentir é uma imensa dor na alma, por ser usada e não se lembrar de nada.– Vocês me drogaram? – Questiona ela sentindo as lágrimas escorrerem, enquanto seu coração está em pedaços, o pai dela fica em silêncio e ela confirma que sim. – Depois de tantos anos, sem me servir uma xícara de chá, quando enfim voltou a fazer, foi apenas para me desgraçar. – Ela fecha os olhos bem apertados, sentindo o peso daquele ato, enquanto seu pai a coloca no carro. – Você morreu para mim! – Diz ela encarando-o limpando suas lágrimas, ele b**e à porta.– Me desculpa por ela, Kaira tem a personalidade difícil da mãe, uma boa surra vai ensiná-la, igual ensinava a mãe dela. Diga isso ao Sr. Keller. Tenha um bom dia. – Ele retira-se sobre o olhar do motorista.O motorista entra no carro e tranca as portas, para que Kaira não possa fugir, assim que eles saíram daquele estacionamento, ela suspira tentando aceitar tudo aquilo.– Vou levar a senhora até a sua casa, o Sr. Keller está te aguardando, já estamos muito atrasados, você terá que se desculpar com ele, senão desejas ser punida. – Diz ele dando partida no carro, enquanto observa o olhar dela pelo retrovisor, é um olhar vazio como se ela não tivesse vida.– Me desculpar? Eu não sou casada, que loucura é essa, eu tenho um namorado em Londres, vocês são doentes? – Questiona ela.– Vocês se casaram ontem, você pertence ao Sr. Keller. – Quando para no sinal, após ouvir aquelas palavras Kaira se desespera e tenta abrir as portas de todas as formas, ela começa chutar, dar t***s e gritar desesperada.– Me ajudem, por favor, eu estou sendo sequestrada, me ajudem. – Diz ela enchendo a janela de t***s em meio aos seus gritos de desespero, chamando atenção dos pedestres. – Por favor, alguém me tira daqui, liguem para a polícia, socorro. – Mesmo com a atenção voltada para si, nenhum pedestre ousou a ajudá-la, pois todos sabem que aquele Rolls-Royce Phantom, pertence à Fera de Lucerna.– Senhora Keller, ninguém vai te ajudar, seu marido é temido e influente em toda Lucerna, não seja uma mulher desobediente, estou te dando um conselho que facilitará a sua vida, siga as ordens e você ficará bem. – Ele fala num tom ameno. – Você é uma dama, por isso foi escolhida como esposa do Sr. Keller, por favor se mantenha como tal. – Kaira o observa, ela para de tentar escapar e vai o resto do caminho chorando baixinho.A casa de campo da família Keller fica um pouco afastada do centro de Lucerna, então é uma viagem um pouco longa, quando enfim eles chegam na propriedade o motorista abre os vidros, pois acha que ela vai gostar da paisagem, a propriedade está cheia de árvores frutíferas e diversos tipos de flores, Kaira observa o lugar e fica impressionada com aquilo, quando eles se aproximam da casa, ela coloca a cabeça para fora do carro e observa a enorme mansão que tem uma construção medieval, aquela casa parece um castelo e ela sente que seu algoz irá prendê-la numa masmorra. O motorista desce do carro e vai abrir a porta para Kaira a tirando de seus pensamentos, quando ela desce do carro o homem que está parado em frente a janela do segundo andar fica observando-a, ela sentiu um arrepio como se alguém estivesse encarando-a, ela leva o seu olhar pelas janelas daquele castelo, até chegar ao lugar que estavam observando-a, tudo que ela vê é a cortina se fechando.– Me acompanhe, senhora Keller. – Diz o homem caminhando até a entrada da porta, ela o segue, quando ele abre a porta o hall de entrada da visão a uma enorme sala que tem uma longa escadaria. – Entre por favor. – Assim que ela entra, ela escuta o barulho da porta se fechando atrás de si, ela fecha os olhos imaginando o seu fim.– O que eu devo fazer agora? – Questiona ela com a voz trêmula, antes que o motorista responda, ela enxerga o homem no topo da escada, com seus cabelos perfeitamente arrumados, olhos pretos, que lembram a escuridão, a mesma escuridão da noite passada, ele não tira o olhar dela, trazendo as mesmas sensações que ela sentiu horas antes, os calafrios dominam o seu corpo, enquanto ela observa aquele homem alto e musculoso, com a postura impecável e um olhar que a faz tremer descendo lentamente as escadas. Quando ele se aproxima e para em sua frente, a respiração dela está tão acelerada e o coração batendo forte, ele pega sua mão e dá um leve beijo em cumprimento, se portando como um cavalheiro.– Bem-vinda a sua casa, Sra. Keller. – Diz ele exibindo seu sorriso encantador.Kaira sente-se intimidada com aquele homem parado na sua frente, mesmo que ele esteja sendo gentil, ela suspira e rapidamente puxa sua mão que ele segura.– Você parece desconfortável Sra. Keller, algum problema? – Questiona o homem sem tirar o olhar dela.– Você pode parar de me chamar de Sra. Keller, eu sou Kaira Zimmermann, eu não sou casada, eu não aceitaria algo assim! – Diz ela num tom firme, escondendo o seu medo. O homem olha para a governanta que entende o que ele quer e vai até o escritório.– Sr. Jasper, obrigado por trazê-la, eu cuido de tudo, você já pode ir. – Diz ele dispensando o motorista. – Permita-me apresentar-me, eu me chamo Levi Schneider, sou advogado do seu marido, cuido de todos os negócios dele e o ajudo na sua vida particular. – Quando ela vai abrir a boca, ela observa a mulher entregar um envelope a ele, Levi a observa e em silêncio, abre o envelope retirando o documento de dentro. – Corrija-me se eu estiver errado, essa não é sua assinatura? Você estava co
Levi segue pressionando seu corpo sobre o de Kaira, enquanto ela a encara com um olhar curioso, esperando uma resposta.– Era eu o quê? – Questiona ele se fazendo de desentendido, ela deixa as lágrimas escorrerem com um misto de sentimentos.– Como você teve coragem? Você não sabe o que fez. Que tipo de homem é você? – Diz ela fechando seus olhos em negação. – Por que fez isso comigo?– Do que você está falando? – Ele segue se fazendo de desentendido, quanto mais ela sofrer, mais satisfeito ele ficará.– Vo-cê, você me estuprou. – A voz dela sai baixinho, cheia de dor e tristeza. – Você é louca? – Questiona ele num tom ríspido se mostrando ofendido.– Você é um monstro, um monstro, você me estuprou, seu nojento, saia de cima de mim, estuprador. – Grita ela desesperada chorando, ele coloca a mão na boca dela para que ela pare de gritar, com raiva ela morde a mão dele o empurra e sai do quarto correndo.– Porra! – Diz ele passando a mão na marca da mordida que ela deixou em sua mão, el
Kaira entra na sala descalça com a cabeça baixa, escondendo seu desânimo.– Sra. Keller! – Diz Levi observando-a, ela suspira e levanta a cabeça ficando sem jeito ao avistar o homem que a observa e feliz em ver a mulher. – Esse é Adolph Karps advogado do Sr. Keller e Briana Moore, a melhor estilista dessa cidade, segundo Adolph. – Kaira sorri, pois ela já conhece Briana, ela se aproxima e abraça-a.– Que bom ver você, eu não sabia que você tinha sido a escolhida. – Diz Briana ao abraçar a amiga.– Muito menos eu, simplesmente me trouxeram para cá e ainda nem conheci o meu adorável marido, ele é um otário que não sai do quarto para me encarar. – Levi e Adolph trocam olhares com a fala dela. – O que você faz aqui?– Eu vim pegar tuas medidas, Sra. Keller. – Responde ela o mais formal possível.– Por qual motivo?– Seu marido otário, quer que você seja uma mulher bem vestida, você não trouxe nada e duvido muito que tivesse algo a altura. – Diz Levi encarando-a. – Adolph vamos até o escri
Levi para em frente a porta dela e dessa vez ele decide bater na porta.– Sra. Doertz, me deixe em paz, diga aquele homem que eu não vou descer! – Diz ela colocando seu rosto entre os travesseiros.– Sra. Keller, eu posso entrar? – Diz ele encostado na porta, ela senta-se na cama.– Não, eu quero ficar sozinha.– Não me obrigue a ser rude com você, permita-me entrar. – Ela fica em silêncio e ele tenta abrir a porta, mas dessa vez ela trancou. – Sra. Keller, abra a droga da porta, um chute e eu derrubo essa merda, então abra agora. – Ela suspira, caminha até a porta e a abre, ficando na frente não permitindo a entrada dele.– O que você quer? – Questiona ela cruzando os braços.– Você está me chateando, qual é a sua hein?– Vá conversar com o seu chefe, diga a ele que a esposa dele está te chateando, o que é algo que o senhor advogado de ego gigante, não pode aceitar. – Responde ela tentando fechar a porta, mas ele coloca o pé. – Droga, me deixa em paz. – Diz ela se afastando da porta.
Na manhã seguinte, quando Kaira acorda já passavam das 10h da manhã, ela fica um pouco na cama se perguntando como chegou até ali, afinal sua última lembrança da noite passada é ela sentada na frente da porta do quarto de seu marido. Ela levanta-se e vai até o banheiro fazer sua higiene pessoal e quando sai do quarto fica surpresa com todas as coisas em frente a sua porta, tem diversas araras de roupas, sapatos, acessórios e joias, ela começa a mexer nas roupas procurando o celular que sua amiga disse que mandaria.– Sra. Keller, bom dia. – Diz Anabela se aproximando.– Sra. Doertz, bom dia.– A senhora não precisa se preocupar, eu vou arrumar todas essas coisas do seu closet.– Não se incomode eu mesma faço. – Responde ela sem pensar.– De maneira nenhuma, o Sr. Keller me mata se eu permitir.– Para isso ele tem que sair do quarto, o que já ficou claro que ele não pretende fazer tão cedo. Ele não é capaz nem de abrir a boca para mandar eu parar de bater na porta dele.– Sra. Keller,
Na mansão, Kaira observou os funcionários trabalhando fazendo as mudanças que ela ordenou, mesmo que o ambiente ainda pareça sem vida, devido aos móveis escuros, ela fica satisfeita em ver a claridade entrar no ambiente.– Sra. Doertz, onde fica o escritório? – Questiona ela, a governanta fica desconfortável, pois sabe que Levi não gosta que entrem lá sem sua autorização, mas leva Kaira até o local.– É aqui senhora. – Diz ela parando em frente a uma enorme porta dupla.– Muito obrigada, você já pode se retirar, eu te chamo se precisar. – Diz ela abrindo as portas, o escritório é enorme e bem iluminado diferente do restante da casa, ela avista o notebook em cima da mesa e caminha até ele desejando que não tenha senha. – Que maravilha. – Diz ela ao perceber que não tem senha, aquele notebook não tem um arquivo sequer salvo nele, como se fosse um equipamento novo, ela não liga e se conecta em suas contas sem perder tempo, ela manda uma mensagem para sua amiga Lucy.“ Lucy, você está por
Kaira não consegue controlar sua respiração acelerada sobre o olhar intimidador de Levi, ele a pega no colo e coloca-a na mesa, mantendo o olhar dela, na mesma altura que o seu, deixando ela presa entre seus braços, apoiando suas mãos na mesa.– O que você pensa que está fazendo? Acha mesmo que pode entrar aqui, nesse escritório, mexer no que não é teu e ainda usar para enganar o seu marido? – Questiona ele num tom calmo, diferente do seu olhar, ela tenta sair e ele pressiona o corpo dela, fazendo ela ficar sentada ali. – Você não vai a lugar nenhum.– Você quer me largar, quem você pensa que é? – Questiona ela, controlando seu medo, tentando se afastar.– Então você quer os toques e os beijos de outro homem? Tudo bem, eu posso providenciar isso a você. – Diz ele tocando levemente a coxa esquerda dela. – Vejo que você gostou dessa roupa, por que continua com ela? – Diz ele subindo levemente sua mão, ela agarra a mãe dele o impedindo. – Não senhora, foi você que pediu. – Diz ele agarra
Levi sai do escritório e começa a reparar que as cortinas foram trocadas, ele vai para a sala de estar.– Sra. Doertz, venha até aqui! – Grita ele.– Senhor! – Diz ela entrando apressada na sala.– Que merda é essa? Por que está tudo aberto, com essas cortinas claras? – Questiona ele observando-a.– Foi por ordem da Sra. Keller, ela mandou trocar tudo, eu disse para esperar o senhor, mas ela não me ouviu. – Diz ela de cabeça baixa.– Olhe para mim, Sra. Doertz, ela é a dona da casa, você fará tudo que ela mandar, sem questionar, mesmo que o Sr. Keller ou eu, não estejamos aqui. Nunca mais contrarie ela.– Tudo bem senhor, me desculpa.– Não vamos almoçar em casa hoje, vou levar a senhora ao médico e vamos almoçar no centro da cidade. Ela tomou café?– Sim, senhor.– Ótimo, você pode sair!– Com licença. – Diz ela saindo aliviada da presença daquele homem, todos ali não sabem quem temer, mas visto que eles nunca viram o Sr. Keller, eles temem mais o Sr. Schneider.Ele anda pela sala obs