Ava. Encarei a porta mais uma vez, sentindo a duvida me corroer por dentro. Eu estava tentando manter o controle e me manter aqui dentro — depois de ter sido impedida por um dos seguranças. Nada de praia, nada de areia e nada de Nikolai. Mudei o canal novamente sentindo falta da programação americana. Meus pensamentos percorreram quilômetros até chegarem a minha família. O que eles estariam fazendo? Um barulho na fechadura me deixou em alerta, me levantei e parei de frente para a porta. Nikolai abriu a porta rapidamente, com a sua habitual cara de poucos amigos, a diferença era o sangue que cobria todo o seu corpo. Dei um grito baixo e me aproximei, sendo afastada pelo mesmo. — O sangue não é meu, e está tudo bem. — Ele disse, segurando minhas mãos. — Você se machucou? — Fiz bico. Niko revirou os olhos e respirou fundo, seus olhos encararam a varanda por alguns segundos e depois voltaram para mim. — Podemos falar sobre isso outra hora? — Ele passou a mão nos cabe
Capítulo 03 "Travar uma guerra contra o seu próprio sangue é trabalhoso, destrutivo e as vezes... inevitável!" — Nikolai Nikolai. — Eu estava com saudades. — Lindsay abraçou Ava. — Eu também. — Ava sorriu. — Perdi muita coisa? — Na verdade, você voltou para o inferno. — Ela fez uma careta. — Estamos sendo postos em constante vigilância pela guerra. Respirei fundo, eu não gostava do fato de Ava se envolver demais nesse mundo. Ela não precisava saber dessas merdas. Tínhamos acabado de chegar de miami, as cenas de Gregório morto ainda rondavam a minha cabeça, mas eu tentava ignora-las, uma a uma. Era difícil, mas precisava ser superado. Um dia, eu não faria mais o jogo sujo. — Eu tenho que sair. — Avisei. — Mas vocês acabaram de chegar.— Lindsay fez bico. — Trabalho, Lindsay, trabalho. — Fiz uma careta. — Volto para o jantar. Depositei um beijo na testa de Lindsay e dei um beijo demorado em Ava, antes de sair da casa e entrar no meu carro. Me aconcheguei no
Nikolai.Meu celular tocou ao meu lado e eu me levantei preguiçosamente, procurando-o pela mesa de cabeceira. O peguei entre os dedos e deslizei o dedo na tela, o levando ao ouvido:— Alô.— Acorda Bela adormecida. — A voz de Dimitry ecoou na minha cabeça.— O que você quer? — me virei para Ava, vendo-a dormir calmamente.— Bom, senhor estressadinho, eu marquei a reunião com o Conselho. — avisou. — Vladmir está em uma viagem com Petra.— Ótimo, qual será o horário? — perguntei.Passei os dedos pelos cabelos de Ava, enrolando-os nos meus dedos, formando cachos desgrenhados.— As três. — ele respondeu. — esteja lá, vou levar o Mikhail.— Ótimo. Preciso ir. — Falei, desligando.Passei os dedos pelos ombros de Ava, descendo até que encontrasse a sua cintura e a empurrei para trás, fazendo com que seu corpo se deitasse na cama. Subi em cima da mesma, distribuindo beijos por todo o seu rosto e pescoço.Os olhos de Ava se abriram devagar, ela piscou algumas vezes. Seus olhos focaram em mim e
Nikola.A brisa fresca bateu contra o meu rosto e eu encarei a lápide intacta da minha mãe. As flores o cercavam, junto com alguns quadros posicionados.Me ajoelhei ao seu lado e encostei a testa nele, sentindo a tensão me tomar por dentro. Eu sentia que estava traindo o meu sangue.Tudo podia ter sido diferente, mamãe.As lágrimas vieram a tona, mas as segurei, prendendo o ar e encarando o céu. Alguns pássaros passaram por ele, piando a alegrando o céu, enquanto o sol batia fraco sobre a grama verde.Uma borboleta azul se aproximou e pousou na minha mão, a encarei por alguns segundos, antes que ela batesse as asas e pousasse no meu ombro. Ela me rodeou uma última vez, antes de pousar sobre a lápide e permanecer ali.Fui tomado pela nostalgia, e sorri. Ela estava comigo, eu sabia disso. Ela estava me dizendo que estava tudo bem.— Nikolai. — Minha mãe me gritou e eu nadei até a borda da piscina.Ela segurava uma bandeija entre os dedos, e posicionou na mesa.— Venha comer, querido. —
Nikolai.A porta rangeu, a luz se alastrou pela sala — iluminada por uma única lâmpada amarela, a silhueta de duas pessoas atravessaram a porta e pararam na minha frente.Dimitry abriu um sorriso debochado e apoiou as mãos na cintura, Mikhail enfiou as duas mãos no bolso e se encolheu um pouco. Eu o entendia, foi assim que eu me senti na primeira vez que pisei aqui, sufocado.A sala não era um dos lugares mais confortáveis, o teto descascava um pouco, e um cabo apoiava o projetor — apontado para a parede. Uma grande mesa de madeira maciça ficava em seu centro, os riscos de faca mostravam que já havia sido muito usada — o meu próprio nome havia sido escrito em algum lugar com um canivete, enquanto Vladmir falava com os outros.As paredes eram pintadas de preto, mantendo o ambiente escuro e se não fosse pelo aparelho ar-condicionado, não teríamos uma saída — ou entrada — de ar. O piso liso do chão era preto, algumas partes rachavam aos poucos, enquanto outras permaneciam intactas.As po
Nikolai.As duas mãos de Ava rodearam o seu corpo frágil em sinal de nervosismo, ela passou a mão uma última vez em seus cabelos lisos e soltos e soltou um suspiro alto. Ela estava nervosa.Seria o primeiro jantar junto com algum familiar meu, ela tinha em seu íntimo o desejo de impressioná-los de alguma forma, queria se sentir parte de tudo isso e eu a entendia. Ava era uma mulher adorável e não entendo como podem haver pessoas nesse mundo que não a adorem. Era estranho saber que seu pai se desfez dela assim, tão facilmente.Esse assunto podia ser resolvido depois, afinal, precisávamos comemorar a nossa primeira vitoria.Toquei seus ombros levemente, beijando-o e sorrindo para o nosso reflexo no espelho. Ela sorriu fraco e pressionou os lábios uns nos outros.— Acha que eu estou bonita? — Ela tomou a cabeça para o lado.— Você está linda, meu amor. — A virei, selando nossos lábios.Ava se afastou, passando a mão nos meus cabelos e rosto, seus olhos percorriam cada parte da minha feiç
Nikolai.Me olhei no espelho e passei a mão nos meus cabelos úmidos, torcendo para que tudo terminasse hoje, quando Vladmir, finalmente, seria julgado.Me virei, encarando Ava deitada sobre a cama, em um sono profundo. Me aproximei e beijei sua testa, ouvindo-a ressoar ao meu lado e se encolher um pouco. Acariciei seus cabelos, antes de me levantar e percorrer o trajeto até a sala.A mesa estava sendo posta por Victória, me sentei na cadeira e aproveitei a refeição, comendo devagar e apreciando o alimento. Podia ser a última vez.Minha cabeça trabalhava com todas as possibilidades, inclusive, torcia para que eu pudesse relaxar e que a minha vida voltasse aos eixos. Eu só precisava me sentar de frente para algum lago, sentir o sol bater no meu rosto e imaginar que a minha vida fosse diferente.Já dentro do carro, olhei para dentro da casa uma última vez e dei ré, ainda incerto do que fazer. Eu nunca me senti inseguro, mas pela primeira vez, eu queria desistir de tudo.As ruas pareciam
Contem cenas impróprias para menores de dezoito. Nikolai.Ava sorriu fraco assim que entrei, ela apertou um pouco mais os dedos nos braços e respirou fundo. Ela mordeu a ponto dos lábios e se aproximou com os braços abertos.Meus braços rodearam a sua cintura e eu apoiei o rosto na curvatura do seu pescoço, puxando o ar com um pouco mais de força. Mordisquei devagar e me afastei, encarando os seus olhos escuros. Acariciei seus fio negros na cabeça e ela sorriu.— Você quer conversar sobre isso? — Ela perguntou, enquanto acariciava os meus cabelos, ainda sem me soltar.Ela sabia de tudo, eu tinha feito questão de contar e, por mais que doesse, eu abri o meu coração, eu expus para todos as merdas que eu fiz, todas as merdas que ele fez. Expus os meus traumas e os meus demônios e sobre o como eu me sentia vazio e perdido.— Não.. — Ele fez uma pausa. — eu só preciso estar com você.— Tudo bem, querido. — Ela beijou o meu rosto. — Vamos subir, eu faço uma massagem em você.— Eu quero faz