Capítulo 2
Kaia

Eu não conseguia dormir, não com ele ao meu lado. Ele não se moveu, e eu estava congelada enquanto seu braço está em volta da minha cintura, como se o que tinha acabado de acontecer fosse uma coisa feliz para mim. Como se ele estivesse tentando me manter segura.

Minha mente continuava pensando repetidamente no que tinha acabado de acontecer.

Revivendo cada momento.

Ele falou o nome dela… o nome dela.

Alora.

Than a amava profundamente, ela era a razão pela qual ele nunca deu uma chance ao nosso vínculo de companheirismo.

Ele jogou tudo fora por ela!

Eu nem sei quem ela é ou onde está. Tudo o que sei, por fragmentos de conversas, é que estava em coma, e Than nunca conseguiu superar ela.

Foi quando desisti do nosso vínculo de companheirismo. Eu não conseguia lutar contra algo tão forte que dominava um vínculo de companheirismo.

Um vínculo de companheirismo criado pela própria Deusa da Lua.

Sabia que não importava o que eu fizesse, o quanto eu tentasse mudar por ele. Nunca iria superar a maldita Alora. Era melhor para o meu próprio bem-estar simplesmente deixar eles em paz.

Falar o nome dela, enquanto ele estava dentro de mim, enquanto ela estava em coma, é prova suficiente de que eu nunca conseguiria substituir ela no coração dele.

................

Quando ele acordou, eu fingi estar dormindo, não conseguia olhar nos seus olhos.

Quando finalmente desci, esperava que ele tivesse ido embora, voltado para a casa do alfa para o café da manhã. Mas meu coração congelou quando senti seu cheiro na cozinha.

Suspirei ao perceber que ele estava lá.

Ele serviu um pouco de café da manhã na mesa. Não importava o que ele havia preparado, eu não tinha estômago para comer naquela manhã.

Normalmente, aproveito minha comida em paz, sabendo que estou sozinha.

Mas não consigo comer. Graças a ele, agora me sinto estranha em minha própria casa. Ele continuava me olhando, mas eu não conseguia olhar para ele. Pude sentir seu arrependimento, ele queria se desculpar, mas eu não queria ouvir. Não agora.

— Kaia… — Sua voz chamou meu nome. Ouvi como se ele estivesse a quilômetros de distância, não sentado do outro lado da mesa. Nem percebi que estava perdida nos meus pensamentos.

Finalmente olhei para ele enquanto ele colocava seus talheres na mesa, com seu prato tão cheio quanto o meu.

Também intocado.

Ele esfregava sua testa constantemente e percebi que ele estava com uma ressaca pesada e sentindo remorso.

— Eu… — Ele começou a falar, sua boca abriu, mas seus lábios eram incapazes de formar qualquer palavra. Continuei a olhar para ele, que estava angustiado, quando a porta se abriu e Zane correu para dentro, seguido de perto por Freya.

— Zane, agora não é um bom momento. — Ele rosnou baixo com a intrusão do seu beta.

Uma intrusão em minha casa. Que também estava começando a parecer que estava sendo tirada de mim.

— Perdão, Alfa, mas o médico da matilha tem novidades. Você não vai acreditar, mas Alora está mostrando sinais de que vai acordar.

— O quê? — Os olhos de Than se arregalaram e ele pulou, correndo para longe.

Enquanto ele tentava sair da minha casa às pressas, nem sequer olhou para mim. Correndo para a porta da frente e seguido por Zane.

A partida frenética deles deixou um sentimento de inquietação dentro de mim e a minha loba tentou expressar sua preocupação.

— O que você vai fazer se ela realmente acordar? — Freya me perguntou baixinho enquanto pegava o prato de Than e o levava para a cozinha.

— O que posso fazer? — Dei de ombros, impotente. Enquanto empurrava o prato para o lado. Todo o meu apetite foi embora.

Eu me levantei lentamente e voltei para o meu quarto para ficar sozinha.

…….

Minha mente precisava de uma válvula de escape, precisava de normalidade para completar uma tarefa que tivesse algum nível de controle.

Liguei meu laptop e percebi que recebi um e-mail.

Abri o e-mail e li que ainda não havia progresso na investigação sobre o pai. O e-mail dizia que havia uma possibilidade de que ele tenha sido avistado na Matilha Fantasma das Trevas.

Não vejo meu pai desde que tinha dezesseis anos. Desde que nossa matilha foi atacada, ele ordenou minha saída imediata.

Fechei o laptop e olhei para meu pulso. Só agora percebi as marcas dos dedos de Than ainda evidentes da noite passada. A náusea me dominou, corri para o banheiro e vomitei no vaso sanitário.

Entrei no chuveiro para tomar um banho ainda dolorida da noite anterior, por suas ações exageradas. Eu queria lavar ele de mim, ele havia transbordado e secado na parte superior das minhas coxas.

Desliguei a água e peguei uma toalha. Enquanto me secava na frente do espelho, fiquei chocada ao ver as marcas e hematomas por todo o meu corpo.

As mais proeminentes no meu pescoço e quadris, como eu não tinha notado antes? Fiquei cheia de cicatrizes físicas e mentais do que ele fez comigo.

Passei a próxima hora sentada na beirada da cama, me olhando no espelho.

Lembrei das palavras de Freya. — O que você vai fazer se ela realmente acordar? — O que farei se ela acordar? E se ela nunca acordar, vou conseguir sobreviver assim para sempre?

Talvez a ver me ajude a decidir, talvez a ver responda a algumas perguntas.

Sinto como se a ver lançasse alguma luz sobre minha confusão.

Preciso ver ela…

.....

Naquela noite, não consegui evitar que minha curiosidade tomasse conta de mim.

Sei que não deveria ir.

Deveria ficar em casa, trancar as portas e ficar sozinha. Mas eu não pude evitar, minha curiosidade era muito forte.

Contra meu bom senso, saí de casa e me esgueirei pela matilha. Todos estavam dormindo profundamente. Era o momento mais silencioso da matilha.

Eu me disfarcei. Mas nem precisava cobrir o rosto com meu moletom, ninguém me parou ou sequer me reconheceu quando cheguei ao hospital.

Que Luna eu era, hein?

Eu segui a intuição da minha loba. Certamente uma pessoa em coma estaria na unidade de terapia intensiva, certo? Eu nem sei como ela é. Tudo o que sei é o nome Alora.

Mantive meu rosto escondido o máximo que pude, localizei o quadro de pacientes e vi que ela estava no quarto B5. Levei alguns momentos até criar coragem para entrar em seu quarto.

Eu estava sendo desrespeitosa? Visitando alguém que estava em coma assim?

Não. Ele me traiu quando escolheu ela em vez do nosso vínculo de companheirismo. Negou meu lugar como Luna por causa dela.

Eu não deveria estar aqui, isso era errado. Mas não consigo me controlar.

Empurrei a porta, nervosa. Meus olhos imediatamente avistaram a garota na cama conectada a um respirador.

Essa era a pessoa que roubou o coração do meu companheiro tão profundamente que eu nem tive chance? Essa era minha competição? Uma garota que não consegue nem respirar sozinha?

É por ela que ele está ignorando nosso vínculo de companheirismo?

Caminhei lentamente até ela, com a mão estendida. Meu batimento cardíaco ficou cada vez mais rápido até que olhei mais de perto para o corpo imóvel deitado na cama do hospital.

Dei uma última olhada nela antes de…

Quando olhei para ela, meu corpo congelou como uma estátua antes que eu pudesse entender o que estava vendo.

Ela é igual a mim?

Meu coração continuou a disparar e minha cabeça começou a girar. Uma tontura começou a tomar conta de mim.

É por isso que estou aqui nessa matilha? Por que pareço com ela?

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