Negada pelo Destino: Presa nas Sombras do Vínculo de Companheirismo
Negada pelo Destino: Presa nas Sombras do Vínculo de Companheirismo
Por: Ebony Woods
Capítulo 1
Kaia

Meu próprio companheiro me rejeitou na nossa noite de núpcias. Assim que assinei a certidão de casamento e me preparei para consumar nossa nova vida juntos, ele me rejeitou.

— Eu, Than Sable, Alfa da Matilha Deserto de Âmbar, rejeito você, Kaia Glace, como minha Luna. — Lembro das suas palavras cruéis e cortantes como se fossem ontem. Mas não foram, sua rejeição ao nosso vínculo de companheirismo foi há dois anos.

Suas palavras ainda ecoam nos meus ouvidos, mesmo depois de todo esse tempo.

Tempo que perdi sendo uma Luna de segunda categoria. Tempo perdido com um companheiro que não me quer.

Than e eu nos conhecemos na faculdade. Os corredores barulhentos da faculdade são uma memória distante agora, assim como o Than que conheci naquela época. Assim que retornamos à Matilha Deserto de Âmbar, ele assumiu sua posição como Alfa. Eu o segui como sua companheira, para me tornar sua Luna.

O Than atencioso e solidário que conheci na faculdade mudou instantaneamente assim que nos casamos.

Ele me rejeitou antes mesmo da nossa noite de núpcias, antes mesmo de me marcar.

Repassei várias e várias vezes na minha cabeça o que posso ter dito, o que fiz de errado.

Mas não consegui pensar em nada. Sempre que eu perguntava a ele, ouvia um grunhido ou ele resmungava, então parei de perguntar.

Sua completa mudança de caráter me faz sentir como se eu tivesse imaginado nossos dias de faculdade, como se eles não tivessem existido e eu tivesse vivido um sonho.

Uma ilusão.

Nosso vínculo de companheirismo era inexistente. Mentira, ele existiu, mas ele não se permitia chegar perto de mim, não se permitia ficar sozinho em um quarto comigo. Era como se eu desse nojo nele. Como se doesse chegar perto de mim.

Odiava nosso vínculo de companheirismo. A mesma coisa que fazia meu coração palpitar quando ele entrava em um quarto, ou o cheiro de castanhas assadas que ficava nos móveis.

Até mesmo seu cabelo castanho-avermelhado, corpo alfa musculoso e olhos castanhos, eu passei a odiar. Odiava a maneira como o vínculo de companheirismo me enganava todos os dias.

Por um ano inteiro após nosso casamento, quase não vi Than, especialmente sozinha. Ele ficou extremamente ocupado com os assuntos da matilha e usou isso como desculpa para ficar longe de mim.

Eu tentei resolver o problema que poderia ter causado, para salvar nosso casamento. Eu devia ter feito algo errado.

Mas quando descobri qual era o verdadeiro problema em nosso casamento, parei de tentar. Desisti… porque não havia nada que eu pudesse fazer.

Então, no último ano, fiquei quieta na casa que ele me designou.

Sinceramente, cansei da vida que estava levando, essa não era a vida que imaginei para mim.

Tentei me comunicar com Than. Tentei mostrar meus argumentos para deixar a Matilha Deserto de Âmbar, mas ele sempre dizia que ainda havia tempo.

Não tinha certeza de que tipo de medida de tempo ele estava se referindo, mas me sentia sem tempo.

De qualquer forma, descobri que eu não era sua “Luna”, na realidade, eu era seu canário aprisionado.

No entanto, nunca desisti e fugi, porque senti que minha vida não deveria ser assim. Além disso, também tinha minhas próprias coisas para resolver.

— Kaia? — Seu rosnado chegou aos meus ouvidos enquanto eu estava sentada no meu quarto. Um suspiro escapou de mim com a sua presença.

Saí do meu quarto e desci as escadas, a princípio pensando que tinha imaginado sua voz. Por que ele estaria aqui?

Mas seu cheiro forte era o detalhe-chave da sua presença.

Entrei na minha sala de estar e o encontrei de pé, de costas para mim. Podia sentir a reação química do vínculo de companheirismo tentando me encorajar a tocar nele, a ceder àquela atração gravitacional para experimentar novamente aqueles arrepios que só um companheiro podia dar.

Eu resisti.

— O que você está fazendo aqui? — Ele nunca me visitava. Por que agora?

— Esta é minha matilha, posso ir aonde eu quiser. — Sua voz estava irritada.

Ele claramente esteve no treinamento noturno. Ele estava suado e sujo. Seu colete branco apertado estava tingido de cinza, seu jeans estava sujo de lama por ter sido deixado no chão. Seu cabelo ruivo estava raspado, não tinha mais os longos fios pelos quais eu costumava gostar de passar meus dedos.

Ele se virou, seus olhos ficaram castanhos mais escuros enquanto brilhavam para mim. Eu estava vestindo só uma camisola preta. Pensei que ficaria sozinha como sempre, não ia me vestir para mim mesma.

— Than, por que você está aqui?

— Encontrei um pequeno problema…

— Um pequeno problema? E como posso ajudar?

Ele não me respondeu, mas se sentiu confortável o suficiente para entrar na minha cozinha e pegar minha garrafa de vodca. Pelo cheiro que chegou às minhas narinas, ele já havia bebido uma garrafa de uísque naquela noite. Não iria falar com ele assim, ele deveria ir embora.

Subi as escadas, em direção ao meu quarto, quando ouvi seus passos me seguindo escada acima. Virei para encarar ele. Seu comportamento estranho despertou meu interesse.

Sua mão puxou meu braço, me trazendo para perto dele, seus lábios me pegaram desprevenida quando quase tocaram os meus. — Parece que preciso ter um filho… — Sua voz estava fria… guardando algum tipo de ressentimento.

— Um filho? — Ocultei meu sarcasmo, enquanto minha loba rosnava em minha mente. Ela o odiava, o odiava por nos rejeitar.

Ele me encarou intensamente por meu comentário desrespeitoso. Sua aura aumentou, com um comando invisível que tentava me forçar a me submeter.

Ele sempre tinha que se esforçar muito para me fazer submeter, e me dava uma alegria profunda saber o quanto isso o irritava.

Ele não sabia o porquê.

— Posso perguntar por que agora? De onde isso veio? Não vamos fingir que você tem algum sentimento por mim, Than. Por que criar uma criança neste ambiente tóxico e sem amor? — Eu me desvencilhei de seu abraço e criei uma distância necessária entre nós.

— A matilha precisa de um herdeiro. Você é a Luna, afinal.

Ele fez o que eu estava rezando para a Deusa da Lua para que não fizesse. Ele começou a andar em minha direção. Seus passos me rondaram e fizeram minha espinha tremer.

Ele era o típico alfa. Alto, musculoso e com olhos predadores. Mas seu interior me dava nojo.

No entanto, havia uma parte de mim que esperava que eu estivesse errada, que tivesse havido algum tipo de mal-entendido entre nós desde o casamento. Se não, por que teríamos um vínculo?

Conforme ele se aproximava, seu cheiro mexia com meus sentidos, o cheiro de castanha torrada misturado com álcool.

Ele estava na minha frente antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, sua mão acariciou meu rosto. Um nó se formou em sua garganta, como se doesse me tocar.

Assim que seus dedos me tocaram, quis gemer de prazer, com os arrepios que não sentia há muito tempo.

Fiquei envolvida com os arrepios que continuaram vindo naturalmente, enquanto sua boca beijou meu ombro. Ele puxou a alça preta, passando a língua na minha pele.

Um gemido escapou de mim e minha cabeça se inclinou para trás. Afastei a minha loba para longe. Era egoísmo aproveitar o que era meu? O que estava destinado a mim?

— É só uma criança, Kaia. — Ele disse, arrastando suas palavras enquanto sua mão agarrava e inclinava meu pescoço, com um rosnado em seu peito.

Só uma criança? Como ele pode dizer isso?

O vínculo de companheirismo já estava tecendo sua magia. Sua proximidade estava mexendo comigo e seu cheiro estava dominando minha mente. Eu odiava como o vínculo de companheirismo me controlava assim.

— Diga sim. — Seus lábios estavam perto da minha orelha e eu tive que morder minha língua para conter meus gemidos.

Meu corpo estava perdido no prazer do seu toque na parte inferior da minha barriga, enquanto sua mão livre levantou minha camisola e puxou minha calcinha para o lado. Sua outra mão foi até o meu pescoço, me mantendo ereta enquanto seu polegar fazia movimentos circulares.

Uma criança o faria me amar novamente? Uma criança nos aproximaria?

Achava que não. Como eu poderia conscientemente trazer uma criança para um relacionamento onde o pai não consegue nem estar no mesmo cômodo que a mãe?

— Não! — Eu suspirei, com meu corpo lutando contra o vínculo de companheirismo, acordando de seu feitiço.

— Não? — Ele suspirou no meu ouvido, com sua mão apertando meu pescoço.

— Não, eu disse não. — Rosnei, enquanto ele machucava minha garganta.

Empurrei seu peito, mas ele é forte como uma parede de tijolos. Não deu ouvidos à minha rejeição e sua mão continuou embaixo da minha roupa.

— Tire suas mãos de mim! — Rosnei para ele, com meus dentes perto o suficiente para morder seu rosto.

Sua mandíbula ficou tensa, enquanto seus olhos me encaravam.

Aviso de gatilho*

Ele me empurrou de volta para o meu quarto e a parte de trás das minhas pernas bateu contra a cama. Levantei minha perna para chutar onde dói nele, para ver se ele saia da sua névoa de luxúria. Mas ele bloqueou meu joelho com o dele, afastando minhas pernas.

Ainda segurando minha garganta, ele nos empurrou para a beirada da cama, onde fiquei presa em seu abraço, usando toda a minha força para lutar.

Sua outra mão estava bloqueando meus socos e tentativas de arranhar, quando eu o senti agarrando firmemente meu quadril. Eu o ouvi abrir o zíper da sua calça e o jeans caindo no chão.

Antes que eu percebesse, ele estava em mim, com muita força. Senti queimando por dentro.

Algo dentro de mim congelou, me dizendo que eu queria essa criança. O vínculo de companheirismo traiçoeiro estava tentando me convencer mesmo agora.

Lágrimas escorreram pelo meu rosto enquanto lutava contra suas estocadas.

Estava presa, sem fazer nenhum movimento. Sua mão largou o meu pescoço e ambas prenderam meu corpo.

Não conseguia olhar para ele, meus olhos estavam fechados. Sabia que iria reviver aquilo… Queria que aquela memória nem se formasse.

Não tenho certeza quanto tempo durou, mas pareceu uma eternidade antes que eu o sentisse terminando.

— Alora… — Ele rosnou baixinho enquanto o senti chegar ao clímax, derramando em mim.

Lágrimas escapam enquanto fiquei imóvel. Quando ele me soltou, minhas mãos cobriram minha boca para manter meus soluços silenciosos.

Alora.

Era por causa dela que meu casamento era uma farsa.

Ela era o pesadelo do meu casamento.
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