Costumeiramente no dia seguinte após cumprir mais um ano de vida, Dilany sentia-se feliz pela festividade em família que acontecia todos os anos. Aquele ano estava sendo diferente. Mentiu tanto a seus pais, que sentira vergonha de si própria. Mentiu sobre o envolvimento com Cristóvam e inventou que o presente de Sanya era o livro que ganhara de Cris.
A caminho do trabalho, só pensava em dar um jeito definitivo em toda situação. Não era certo mentir para família que tanto ama e respeita. Naquele momento, entrara no palácio Arbória para cumprir suas tarefas.
Foi direto para os fundos do palácio. Dilan faria o trabalho que menos gosta. Iria recolher as águas sujas dos nobres e desembocar no sumidouro. Ao chegar na parte onde deixavam as tinas com os dejetos, não havia nada.
"Não creio que esqueceram de retirar as águas sujas da casa!" Falou consigo mesma. "Ja vi que hoje passarei o dia inteiro aqui." Resmungou.
"
"Se falares com meu pai dessa forma, tenho medo que passe mal. Seria um baita susto para ele."Sentados dentro do carro, com as cortinas fechadas, Dilany e Cris conversavam como fariam para que Cícero aceitasse a relação dos dois."Ele parece ter gostado de mim. Acho que está exagerando." Enfatiza, enquanto desliza a mão sobre a de Dilany."Meu pai gosta de todos, desde que não me afete. Ele não vai crer nas suas boa intenções."Cristóvam tem na face a expressão de quem teve uma ideia. "E se ao invés da minha pessoa, o meu pai fosse falar com ele?"Dilany parece aprovar a ideia. "Seu pai viria?!""Claro que sim." Afirma rápido e preciso."Se ele vier é uma excelente ideia. Meu pai veria a situação com outros olhos.""Ele virá, mesmo porque já iria falar com meu pai, pedir exílio em Mazog para sua família. Solicitar que traga os animais e os suprim
Dilany optou por não ir tão cedo ao palácio, assim daria mais tempo as ideias que Cris tivera no dia anterior. Caminhava até a plantação deixando curioso Salvador que por ali trabalhava. O nobre parou de separar as verduras, quando percebeu que a camponesa se dirigia a ele."Bom dia!" A moça o cumprimenta."Bom dia! Não fostes trabalhar?" Pergunta curioso. "Perdão pôs coscuvilhar. É que sempre quando partes ao trabalho o sol ainda se esconde.""Tudo bem. Vou trabalhar agora, hoje tem pouquíssimas tarefas para mim. Vim até aqui lhe agradecer por proteger-me diante do meu pai ontem.""Não tem do que agradecer, toda vez que necessitar podes contar comigo." Expressa total alegria pela gratidão da jovem. "Quero que tenhas em mim um.." Dilany o interrompe."Lhe agradeço, contudo quero pedir-lhe que jamais volte a fazer. Não quero ficar mentindo para os meus pais e ainda mais envolver terceiros nisso.""Irias falar a verdade para eles ontem?" Pergunta co
Naquela manhã, um pouco antes do funeral de Ane. O periódico Arborense abalava as estruturas do palácio real."O que deu na cabeça de Teobaldo, René?" Nuno perguntava ao duque que tinha em mãos o periódico com a manchete sobre a morte de Ane Lerim.Abaixo do desenho de uma menina com a boca costurada, vinha o título da manchete. -- SEU SILÊNCIO É CONIVENTE -- Teobaldo auxiliado por Cristóvam, lembrou inúmeras mortes sem solução das meninas de Arbória."Os parentes violam essas meninas e querem que a responsabilidade seja nossa." O duque fala indignado."Não estou nem questionando quem comete os crimes. " Ele soca a escrivania."O que estou questionando é a empáfia de Teobaldo, não nos excluiu da conveniência. Deixou implícito para bom entendedor ler."O duque caminha pela biblioteca de um lado para o outro, no que parecia analisar a situação "Desculpe a franqueza alteza, mas estais sem pulso fir
No corredor rumo a biblioteca, a pisada forte do duque René ecoava um forte som dentro do palácio. O nobre empurra as bandas da porta de madeira. Suas atitudes e expressão detonava algum descontentamento.Sentando a mesa de madeira, Nuno mergulhava a pena no tinteiro. Escrevia mais um decreto, quando surpreendeu-se com a entrada rebuscada do duque."O que Teobaldo faz lá embaixo alteza?" Começa falar sem ao menos entrar totalmente na biblioteca. "Não tínhamos combinado que farias as coisas com calma.""Primeiramente bata a porta antes de entrar. Segundo, não combinei nada com a sua pessoa. Terceiro, mesmo que tiveras combinado, sou o rei de Arbória e posso mudar de ideia quando tiver vontade e por último não gosto dos seu métodos sorrateiros. Prefiro atacar de frente e arrancar o mal pela raiz, assim serve de exemplos para os outros."O duque fecha às portas por detrás das costas. "Vais deixar o povo de Arbóri
Nada de andrajos ou chita barata, em Mazog os servos tinham uniformes alinhados feitos de bons tecidos. Um deles carregava o maço de cartas até a sala do rei. Adentrou pedindo licença e deixou sobre o móvel de madeira de lei.No meio das epístolas, Giron recebeu uma vinde de Arbória, mas preciso de seu filho Cristóvam.O homem de cabelo e barba grisalha, pega o metal afiado sobre a mesa e rasga o envelope tirando de dentro a carta.O príncipe pedia que seu pai fosse ao seu encontro em Arbória. Certamente Giron atenderia, sentiu a ansiedade em cada linha escrita por seu filho, mas naquele momento não podia. Uma barragem de minério havia se desprendido, não poderia abandonar seu povo naquele momento.Não quis preocupar o filho, apenas respondeu a carta dizendo que não poderia ir com a urgência solicitada, mas que breve iria até Cristóvam.
Passaram-se duas semanas, Cris via Dilany apenas quando ela estava trabalhando no palácio. A convidava para passeios, porém a moça rejeitava.Aguardava na estrada, alí longe de olhos curiosos poderia ser mais efusivo e convencê-la. A camponesa vinha em um trote acelerado, diminuiu ao ver Cristóvam montado em tufão fechando a estrada.Ela se aproxima e quastiona o cavalheiro a sua frente. "O que fazes aqui? Acabamos de nós vê no palácio.""Venho pedir-lhe humildemente que pares de me castigar.""Não estou lhe castigando, sabes bem.""Claro que estais. Saudade das nossas conversas e passeios a sós. Não é para fazer a sua vontade que lhe peço que me veja mais tarde, é porque sinto sua falta."Dilany sorriu. "Era exatamente o que queria. Que voltasse a sentir prazer em está comigo.""Nunca deixei de ter. Só quero lhe preservar, pois tenho medo.""Medo
"Eu deveria me sentir culpado e está com raiva de mim mesmo pelo que acabei de fazer. Mas meu sentimento profundo e egoísta, só consegue sentir felicidade.""Nós fizemos. Não tens do que sentir culpa. Compartilhamos do mesmo egoísmo.""Dilany me deixa falar com seu pai." Ele roga."Seu pai desistiu?" Pergunta aflita. "Não virá mais?""Sim ele virá, estou certo de que algo grave aconteceu em Mazog, é só por isso que meu pai não veio imediatamente. Vais me deixa pedir sua mão para o seu pai?""Vamos aguardar só mais um pouco pelo rei. Sei que meu pai lhe dirá não, achando que só queres brincar comigo.""Quase todos os dias sai de casa. Seus pais já devem ter desconfiado de algo.""Três dias da semana eles vão a igreja, saio depois que eles saem e chego antes dele. Nos outros dias invento que tenho de pegar o pescado com os Nogrinos para a nobreza."
O empório, era o único estabelecimento da vila que vendia artigos finos. Mesmo a moda chegando em Arbória com anos de atraso. Cristóvam olhava os artigos de joalheria, mas ainda não havia encontrado algo que expressasse a Dilany o que sentira.A atendente simpática de voz fina, tentava indagar o príncipe para ajudá-lo em sua compra. Contudo a resposta de Cristóvam, era sempre a mesma."Ainda buscando. Quando encontrar, lhe chamo. Obrigado por sua atenção."Olhava o balcão em vidro de um lado para o outro. Eram tantas peças lindas e caras. Diamantes, safiras de todas as cores, rubis... Nada daquilo o chamou atenção, até ver um par de correntes de ouro com pingentes, cada um a metade de um só coração. Pensou que era aquele o presente que lhe inspirava."Quero este." Aponta para vendedora. "E junto um Amolador de facas.""Não vais querer que enfie tudo na mesma caixa como da última vez que compras