Parte 3...Ian ia crescendo entre eles e a família, que estava sempre presente. Ficou muito parecido com Mike no típico físico e com Camila em seu jeito de ser. Uma parte de cada um.Com quatro anos de idade, ele estava brincando com os tios, jogando bola no jardim do fundo quando Mike saiu de dentro de casa, tentando segurar o choro.Derek e Mitchel correram para acudir o irmão. Infelizmente Camila tinha ido descansar após o almoço e ele não conseguia acordá-la. Entrou em desespero achando que a mulher havia morrido.A equipe médica que já cuidava dela esperava para levá-la para a sala de exames e saber em que condições ela se encontrava. Mike ficou do lado de fora, andando como um louco pelo corredor, esperando notícias.E depois de dois dias outro milagre aconteceu. Camila voltou do coma e abriu os olhos. A primeira coisa que ela perguntou foi onde estava Mike e Ian.Os dois entraram. Mike colocou Ian em cima da cama e ele deitou ao lado da mãe, a beijando. Mike não queria chorar p
Parte 1...O céu cinzento mostra que a chuva não vai parar tão cedo. Ao longe um clarão é visto, seguido de um trovão que chega até a incomodar os ouvidos de Mike Reeves, que dirige com cuidado entre as ruas, observando as casas que passam, todas fechadas.A chuva forte cai na cidade por três dias seguidos e todo mundo procura abrigo em suas casas. O trânsito fica lento e mais perigoso, pedindo mais atenção.Mike estica a cabeça pelo vidro da janela, olhando a casa de seus pais lá fora, quase sem coragem de sair do carro. Tinha esquecido de pegar um guarda-chuva e um casaco. Agora se arrependia.Suspirou balançando a cabeça, se maldizendo por ser tão esquecido consigo mesmo. Abriu a porta e assim que seu pé tocou o chão, sentiu um arrepio de frio com o vento forte que soprou para dentro.Saiu de vez e puxou a gola da camisa para cima, olhando as árvores que balançavam de um lado para outro com a lufada de vento. Se encolheu e deu passos largos na direção da casa. Abriu o portão pequen
Parte 2...Sua mãe sempre tinha sido uma ótima cozinheira, coisa que dividia com o pai, que também preparava pratos deliciosos, mas apenas em ocasiões especiais ou quando sua mãe lhe informava que não pisaria na cozinha.Era engraçado isso. Tinha boas lembranças da casa e sempre se sentia acolhido ao aparecer para ver os pais, nem que fosse apenas de passagem para saber se estava tudo bem com eles.O amor de seus pais era algo quase palpável. Mesmo quem não os conhecesse bem perceberia. Só de entrar na sala já se via um monte de fotos dos filhos, espalhadas por porta-retratos em cima da estante ou nas paredes. E em várias fases de suas vidas.Sentou e ficou observando enquanto a mãe continuava a mexer nas panelas, tagarelando um assunto atrás do outro. Era assim desde que ele se entendia como gente, quando começou a prestar mais atenção na mãe, que sempre era muito amorosa com a família que ela criara.O avental de agora já não era mais o mesmo, mas continuava cheio de coloridas flore
Parte 3...Ele coçou a cabeça começando a entender.— Ela ainda é jovem, mas passa muito tempo entre pessoas velhas e precisa de um bom emprego estável - pegou a mão dele — É uma moça muito calma e carinhosa, que tem muito jeito com animais. Seria ideal para sua clínica.— Não preciso de ninguém na clínica, mamãe.— Isso não é verdade - lhe apontou o dedo — Semanas atrás você disse que estava ficando até tarde no trabalho para organizar tudo porque estava sozinho.— E qual seria o problema dessa garota, mãe?Charlotte olhou para o marido e pediu que explicasse.— O acidente causou lesões no encéfalo - Aldo começou a explicar — Os médicos a deixaram em coma por algum tempo, como medida de ajuda, mas ninguém sabia com certeza se daria certo - bateu os dedos devagar na mesa — E quando ela saiu do coma, estava com muitos problemas motores e na fala, devido as lesões cerebrais.Mike apertou os lábios, mexendo a cabeça assentindo.— Mãe, a senhora sabe que sou sócio do Derek na clínica e in
Parte 1...Camila agradeceu ao motorista do táxi após ele lhe dar o troco pela corrida. Estava em frente à clínica veterinária onde faria uma entrevista para um possível emprego.Um emprego fixo e estável, que lhe daria um salário.Ela puxou o ar fundo, as mãos trêmulas e começando a suar. Engoliu em seco e desceu do carro devagar, mas de forma firme. Sentiu o vento forte que soprou seu cabelo castanho escuro e segurou na saia do vestido verde que havia escolhido para a entrevista.Não era nada caro, apenas um vestido solto e com um leve florido no tecido leve e confortável. Desde que tivera o acidente ela evitava usar roupas que a apertassem. Até isso havia mudado em sua vida.Estava entusiasmada e ao mesmo tempo nervosa. Havia recebido uma chamada de Charlotte Reeves que a avisou que seu filho Mike estaria esperando por ela para uma entrevista de emprego na clínica.Ficou feliz com isso e tentou controlar o nervosismo. Depois de tudo o que havia passado, seu médico a fez prometer qu
Parte 2...Estava tentada a se virar e ir embora, mas seria falta de consideração com Charlotte que ajeitara essa entrevista e também falta de educação com seu filho, que tirara um tempo para recebê-la. Não podia ser assim, tinha que valorizar a boa vontade das pessoas.Sentiu um arrepio passar por seus braços e não era por causa do vento frio. Era por receio do que poderia acontecer ali. Não tinha certeza se seria capaz de administrar remédios para animais e menos ainda de ser capaz de tratar feridas ou fazer procedimentos mais pesados.Não era alguém que se ligava ao fracasso antes mesmo de realizar algo, mas era honesta com relação ao seu estado físico e emocional. Sua parte psicológica estava bem, ela era capaz de compreender seus dias e suas limitações, mas e os outros? Não queria causar problemas.Por outro lado ela queria ter um emprego fixo de novo e ter mais contato com outras pessoas. Isso a ajudaria muito em sua recuperação. E ainda tinha a vantagem de estar com animais que
Parte 1...Mike estava abaixado, olhando os pontos na barriga de uma gatinha que havia sido trazida pela dona às pressas. A gata não tinha raça definida, era uma vira-lata muito bonita, branca e amarela. A mulher a encontrara na rua, muito magra e a levou para casa. Agora morava em sua casa há dois anos e era muito apegada à sua nova dona e sua casa. Mas era uma gatinha muito danada e que mexia em tudo. Acabou engolindo um dos carretéis de linha que a mulher usava para suas costuras e começou a passar mal.Infelizmente foi necessário fazer uma cirugia de emergência, mas foi bem sucedida e agora a gatinha estava em recuperação. A dona poderia levá-la de volta dentro de quatro dias. Antes ela precisaria ficar em observação mais próxima e evitar fazer movimentos bruscos, então ele a colocara em uma pequena gaiola que limitava seus movimentos e também um colar cirúrgico em volta do pescoço para que não retirasse os pontos.Levantou e mexeu os ombros, sentindo a tensão do dia. Parecia qu
Parte 2...Não iria se sentir culpado por não ter sentido algo a mais por ela, por não ter corrido aquele arrepio gostoso na pele quando se tem uma conexão com outra pessoa. Não era um homem que embarcava em algo apenas pelo desejo momentâneo. E a clínica que só crescia lhe tomava bastante tempo de sua vida e tanto ele quanto o irmão estavam mais presos ao pensamento de fazer com que tudo corresse bem e a ideia de ambos era que se transformasse em uma referência na região e para isso eles trabalhavam muito e investiam também.Deixou a sala e foi até seu escritório para pegar a pasta de tarefas. Ele sempre revisava tudo que tinha feito antes de ir embora, para ter um arquivo de tudo o que era realizado durante o dia. Isso o ajudava a manter sua organização pessoal.Quando abriu a porta de seu escritório estancou no lugar, ao ver que havia uma garota sentada em seu sofá. Ela estava com as pernas cruzadas. Os sapatos pareciam de bonecas, em um tom leve de verde, assim como seu vestido f