Ao abrir os olhos pela manhã, sinto uma dor latejante na cabeça, acompanhada por uma sensação amarga na boca. A luz do sol invade o quarto, intensificando a pulsação desagradável. — Conhecer o Brunello não foi a melhor opção. — resmungo ao ir em direção ao banheiro. Após um longo banho gelado, com a sensação de ter dissipado o elefante que acompanhava minha cabeça, me arrumo para voltar a Messina. Com um suspiro profundo, tento afastar os vestígios da noite passada e desço para tomar meu café da manhã.Ao entrar na sala de estar, encontro Matteo e Aléssio conversando. O olhar do meu marido se volta para mim, e por um breve instante, consigo perceber uma chama de provocação em seus olhos.— Bom dia. — murmuro aos dois.— Bom dia, Sorellina. Que cara é essa? — Cara de quem teve um encontro com o Brunello. — resmungo, provocando uma risada em Matteo. — Por que você está rindo? Não deveria sentir o mesmo que eu?— Acha que eu estaria de ressaca por conta de algumas taças de vinho? Aqui
As últimas semanas, surpreendentemente, tornaram-se mais leves, como se o fardo que eu carregava tivesse se dissipado. A mudança para o novo quarto e as sessões de terapia trouxeram consigo uma renovação de energias. É como se a Giovanna alegre e espontânea estivesse renascendo pouco a pouco.Mas foi a transformação de Matteo, com sua presença menos autoritária e mais compreensiva, que moldou uma atmosfera mais leve, serena e tentadora. Afinal, a nova personalidade do meu marido parece querer me beijar sempre que possível.Com passos leves, desço para tomar meu café da manhã. O aroma do café recém-preparado paira no ar assim que chego na cozinha, onde encontro Martina preparando o desjejum. — Bom dia, Martina! — a cumprimento calorosamente, dando-lhe um abraço. — Acho que nunca vou me cansar do cheiro do seu café, sabia?— Bom dia, ragazza. Vejo que alguém acordou animada hoje. Você está mais alegre.— A minha alergia àquele mofo do antigo quarto, enfim, me deixou. — disfarço, pegand
“Por Matteo Villani”Com as últimas semanas marcadas pela aparente calmaria no submundo e uma esposa menos melancólica e dramática, finalmente posso direcionar minha atenção aos negócios legítimos. Afinal, são eles que me proporcionam a liberdade de movimento sem atrair atenção desnecessária.Enquanto folheio o jornal durante o café da manhã, percebo os suspiros quase inaudíveis de Giovanna. Desvio o olhar para ela, no exato momento em que ela me encara de volta. Suas bochechas logo coram pelo flagrante. — Matteo, posso te interromper um minuto? — indaga, num tom baixo. Largo o jornal de lado e a encaro, me divertindo com sua timidez. — Claro, Giovanna. Afinal, quem precisa se atualizar sobre as notícias, não é mesmo?— Eu estava pensando... Nós dois temos vivido sob essa tensão desde o mal-entendido com Chiara. Talvez seja hora de esquecermos isso, não acha?— Sim, podemos esquecer o fato de você ter sentido ciúmes da enfermeira de Don Pietro. Mas me conte, como pretende fazer isso?
“Por Giovanna Villani”Um pouco mais de duas semanas se passaram desde aquele mal-entendido ao ver Chiara com Matteo pela manhã, deduzindo erroneamente que eram amantes. Desde então, a pequena proximidade que existia entre meu marido e eu se transformou em quilômetros de distância. Pelo menos, seu jeito calmo e maleável permaneceu.Após aproveitar boa parte da manhã, mesmo com a minha sombra, mais conhecida como Luca, ao meu lado, retorno para casa com os pés doloridos, mas completamente satisfeita. Ao abrir a porta de casa, me deparo com a nova enfermeira descendo as escadas, irradiando sua habitual simpatia. Seu sorriso caloroso surge assim que nossos olhares se encontram e ela caminha em minha direção. No mesmo dia daquele ocorrido, tomei a iniciativa de puxar uma conversa amigável com Chiara, evitando deixar a impressão de ser a esposa ciumenta. Desde então, estamos construindo uma amizade.— Parece que alguém se empolgou hoje. — ela afirma ao notar a quantidade de bolsas que Lu
À beira-mar, o sol de Miami pinta o horizonte com tons dourados enquanto eu aproveito a bela vista do mar à minha frente. Três dias se passaram desde que chegamos a esta cidade vibrante, mas ao invés de colocar em prática as dicas ousadas de Chiara, mal tive tempo de ver Matteo.Seu tempo se resumiu entre compromissos, reuniões e eventos empresariais, fazendo-me questionar o porquê de ele ter me trazido para cá se, provavelmente, meu marido deveria imaginar que não pararia no hotel. Mesmo com a quantidade de seguranças triplicada ao meu redor, ao menos tive o privilégio de conhecer esta cidade encantadora, visto que dessa vez não fui obrigada a ficar trancada no quarto. Ao voltar ao hotel, após um almoço à beira-mar e um banho relaxante, vou até a minha mala e procuro uma roupa confortável para vestir antes de maratonar a minha próxima série na TV. Uma risada frustrada escapa quando me deparo com a tão falada lingerie vermelha, que parece rir de volta para mim. — Matteo sequer se
Matteo me lança um sorriso malicioso e se afasta de mim, indo em direção a John. Enquanto observo a cena, minha curiosidade é momentaneamente desviada pelo piso escorregadio próximo à piscina coberta. Tento me afastar assim que sinto meus pés deslizarem. No entanto, ao invés de tentar ir para trás, meus passos avançam e rapidamente me vejo num mergulho involuntário na piscina. A água fria causa um choque instantâneo, me causando um misto de vergonha e frustração.Minha movimentação rapidamente atrai a atenção de Matteo, que corre em minha direção. Enquanto nado para sair da piscina, agradeço mentalmente por não haver muitas pessoas ao redor. — Nem pense! — exclamo ao ver Matteo tirar o terno para entrar na piscina. — Não intensifique a minha vergonha! — Decidiu aproveitar o clima agradável de Miami, principessa? — ele ironiza ao estender a mão para me ajudar a sair. Finjo aceitar e, ao segurar, abro um sorriso malicioso. Me aproveito de um mínimo desvio de olhar para puxá-lo para
Matteo permanece ao meu lado, acariciando suavemente minha pele em silêncio, enquanto encaro o teto, relutante em encará-lo. Os vestígios do desejo e relaxamento desaparecem gradativamente, dando lugar à vergonha e timidez, criando um vazio de incertezas sobre o que devo fazer.Decido romper o silêncio, falando a primeira coisa que me vem à mente, numa tentativa de conseguir respirar longe dele.— Eu estou com fome. — digo, após um longo suspiro. Matteo me encara fixamente, soltando uma risada em descrença. — Esperava qualquer coisa, menos isso.— O que esperava? — indago, virando-me para encará-lo. — Que eu dissesse algo fofo como nos livros? Ou que eu pedisse um cigarro, como nos filmes? — Um cigarro agora seria um ótimo pedido, mas para mim, ragazza. Não quero que a nicotina atrapalhe o seu perfume. — ele afirma, deslizando levemente o nariz pelo meu pescoço. Suspiro com o contato e ele abre um sorriso ao se afastar. — Não sei, só esperava algo… diferente.— Não vivemos um conto
“Por Giovanna Villani”Após a intensa noite que compartilhamos, retornamos à nossa normalidade em Messina. Entretanto, além dos sinais físicos de tudo o que aconteceu em Miami, minha mente parece ecoar a confusão e a insegurança que se forma. Afinal, não sei como farei para disfarçar o sentimento que insiste em se intensificar.Ao chegar na mansão, sou recebida por um abraço de Martina e o olhar curioso de Chiara. Matteo, com algo relacionado à La Tempesta para resolver, sequer teve tempo de vir em casa. Troco breves palavras com Martina, que retorna aos seus afazeres, me deixando a sós com a enfermeira curiosa. Ela me segura pelo braço e me arrasta até o meu quarto.— E então, como foi a viagem, Gio? — Chiara indaga, num tom animado, quando nos sentamos na cama. — As dicas surtiram efeito? — A única noite que conseguimos ficar juntos se iniciou em um caos, mas depois… Foi tão especial, Chiara.— Eu te disse! Nem o mais sério dos homens resistiria àquelas lingeries. — ela afirma, em