Matteo permanece ao meu lado, acariciando suavemente minha pele em silêncio, enquanto encaro o teto, relutante em encará-lo. Os vestígios do desejo e relaxamento desaparecem gradativamente, dando lugar à vergonha e timidez, criando um vazio de incertezas sobre o que devo fazer.Decido romper o silêncio, falando a primeira coisa que me vem à mente, numa tentativa de conseguir respirar longe dele.— Eu estou com fome. — digo, após um longo suspiro. Matteo me encara fixamente, soltando uma risada em descrença. — Esperava qualquer coisa, menos isso.— O que esperava? — indago, virando-me para encará-lo. — Que eu dissesse algo fofo como nos livros? Ou que eu pedisse um cigarro, como nos filmes? — Um cigarro agora seria um ótimo pedido, mas para mim, ragazza. Não quero que a nicotina atrapalhe o seu perfume. — ele afirma, deslizando levemente o nariz pelo meu pescoço. Suspiro com o contato e ele abre um sorriso ao se afastar. — Não sei, só esperava algo… diferente.— Não vivemos um conto
“Por Giovanna Villani”Após a intensa noite que compartilhamos, retornamos à nossa normalidade em Messina. Entretanto, além dos sinais físicos de tudo o que aconteceu em Miami, minha mente parece ecoar a confusão e a insegurança que se forma. Afinal, não sei como farei para disfarçar o sentimento que insiste em se intensificar.Ao chegar na mansão, sou recebida por um abraço de Martina e o olhar curioso de Chiara. Matteo, com algo relacionado à La Tempesta para resolver, sequer teve tempo de vir em casa. Troco breves palavras com Martina, que retorna aos seus afazeres, me deixando a sós com a enfermeira curiosa. Ela me segura pelo braço e me arrasta até o meu quarto.— E então, como foi a viagem, Gio? — Chiara indaga, num tom animado, quando nos sentamos na cama. — As dicas surtiram efeito? — A única noite que conseguimos ficar juntos se iniciou em um caos, mas depois… Foi tão especial, Chiara.— Eu te disse! Nem o mais sério dos homens resistiria àquelas lingeries. — ela afirma, em
“Por Giovanna Villani”Dia após dia, manter a máscara da serenidade e fingir que tudo o que faço faz parte da minha obrigação, se torna mais e mais difícil. Com a tentação dormindo literalmente no quarto ao lado, diariamente me vejo obrigada a controlar meus impulsos, apenas para não inventar uma desculpa e ir até o quarto dele. Como consequência, nas últimas duas semanas, desde a nossa volta, venho me segurando para não me tornar a mulher chata e apaixonada que, aparentemente, Matteo teme que eu me torne. E como se tudo isso não bastasse, desde o meu retorno, Don Pietro simplesmente optou por se distanciar de mim. Seu olhar, antes acolhedor, agora rivaliza com o frio da Antártica, e nossas conversas descontraídas se transformaram quase em monólogos, com poucas palavras trocadas. Disposta a desvendar algo sobre essa mudança de comportamento, preparo uma bandeja com o nosso café da manhã e me dirijo ao quarto do meu sogro.— Com licença, Don Pietro. — digo ao passar pela porta. Seu
“Por Matteo Villani”Após a conversa com Fabrízio, dediquei grande parte do dia à análise meticulosa de cada novo detalhe na investigação sobre tráfico humano. Ao concluir minhas responsabilidades, opto por ir embora mais cedo.Em minutos, chego à minha residência, querendo apenas algumas horas de serenidade para escapar desse caos. No trajeto até meu quarto, noto a ausência de Giovanna, o que desperta frustração e curiosidade. Afinal, é comum vê-la percorrendo a casa, contagiando todos com sua alegria.Após um demorado banho para dissipar a tensão do dia, decido procurar pela ragazza. Vasculho seu antigo quarto, o quarto de Don Pietro e a cozinha. Quando não encontro, vou em direção ao jardim, seu refúgio preferido.Ao sair para a área externa da mansão, deparo-me com minha esposa na espreguiçadeira à beira da piscina, envolta em uma pequena toalha, em uma animada conversa com um dos soldados recém-chegados da Sovranità.Ao vê-la sorrir espontaneamente para o soldado baixinho de olho
“Por Giovanna”Quando Matteo entrou na mansão, me agarrando pelo pulso sem sequer ouvir os meus questionamentos, todo o meu corpo se acendeu instantaneamente. Uma onda de apreensão percorreu meu corpo, temendo ter cometido um erro ao conversar a sós com Giorgio. Mesmo assim, tentei manter uma expressão natural.Nunca imaginei, nem nos meus melhores sonhos, que meu marido agiria com tamanho ciúme. Muito menos que ao vê-lo deixar o cuidado e a preocupação que ele sempre fez questão de manter, e agir de forma ainda mais dominadora, me deixaria completamente satisfeita.Agora, após horas do que parecia ser uma punição deliciosa, encontro-me deitada na cama do homem do qual deveria ter me afastado, mas pelo qual estou inegavelmente apaixonada.— Por que quer retomar seu treinamento? — Matteo pergunta ao retornar do banho, encarando-me fixamente enquanto estala a língua ao deitar ao meu lado. — Acredita realmente que, com toda essa segurança à sua volta, alguém seria capaz de lhe fazer mal?
Um pouco mais de um mês se passou desde o início do meu treinamento com Matteo. A cada dia que passa, além do nosso relacionamento estar mil vezes melhor do que antes, as técnicas ensinadas por ele estão cada vez mais aprimoradas, e até recebi elogios por isso.— Hoje teremos mais uma aula? — pergunto após terminarmos o nosso café da manhã.— Vou começar a cobrar pelas aulas, farfallina.— Farfallina? Agora sou uma borboleta? — questiono, intrigada, após Matteo me puxar para seu colo.— Sim, a minha farfallina. — ele sorri, acariciando meu quadril com um sorriso malicioso nos lábios. — Assim como a borboleta passa por uma metamorfose, você também passou por uma transformação incrível, não acha? Ficou ainda mais bella, radiante como as asas de uma borboleta. Mas, não mude de assunto; teremos mais uma de nossas aulas noturnas, mas espero um belo pagamento em troca.— Vou preparar algo bem especial para você.— Estarei ansioso. — ele afirma, dando-me um beijo carinhoso antes de me coloca
“Por Matteo Villani”Chega a ser irônico no que a minha vida se transformou desde que o meu relacionamento com Giovanna se tornou tudo, menos algo obrigatório. Antes, eu saía de casa e prolongava ao máximo o tempo para retornar. Agora, cada compromisso parece me afastar da paz que só encontro ao lado dela.Pelo menos, sob o pretexto de treiná-la, finalmente consigo disfarçar a necessidade de passar o máximo de tempo possível com ela, sem deixá-la ainda mais convencida.No entanto, ao chegar em casa e encontrá-la, percebo um rastro de inquietação no ar. A maneira como ela me olhou antes de se afastar para trocar de roupa deixa em evidência que há algo errado.— Calor… — murmuro ao me levantar da cama e começar a andar pelo quarto da ragazzina. Sinto vento gelado do ar condicionado e estalo a língua. — Que caralho está acontecendo? Resmungo ao balançar a cabeça negativamente e decido descer para esperá-la na sala de estar. Caminho em direção ao bar e me sirvo uma dose de whisky, tentan
Se eu não estivesse atento à tempestade que seu olhar demonstra, certamente ela conseguiria êxito em suas intenções. Em um movimento calculado, consigo imobilizá-la no chão, mas não posso deixar de provocar.— Acha mesmo que seu adversário seria tão fácil de dominar, ragazza? Você ainda tem algumas coisas para aprender até conseguir fazer isso, principessa. — provoco, mantendo-a sob meu controle. Abro um sorriso malicioso e sussurro em seu ouvido: — Mas se ainda quiser extravasar seu estresse, posso te ajudar de outra forma.— Me solta, Matteo!Sem entender seu comportamento, solto um longo suspiro e me coloco de pé, estendo a mão para ajudá-la a se levantar, mas Giovanna ignora meu gesto e se afasta em direção à área de tiro. Acompanhando seus passos, ainda tentando ler seus sinais. O silêncio do galpão logo é quebrado pelos sons dos disparos, que eu observo atentamente.Quando a ragazza empunha a pistola compacta, encarando a peça metálica com uma fisionomia insatisfeita e determinad