“Por Giovanna Villani”Dia após dia, manter a máscara da serenidade e fingir que tudo o que faço faz parte da minha obrigação, se torna mais e mais difícil. Com a tentação dormindo literalmente no quarto ao lado, diariamente me vejo obrigada a controlar meus impulsos, apenas para não inventar uma desculpa e ir até o quarto dele. Como consequência, nas últimas duas semanas, desde a nossa volta, venho me segurando para não me tornar a mulher chata e apaixonada que, aparentemente, Matteo teme que eu me torne. E como se tudo isso não bastasse, desde o meu retorno, Don Pietro simplesmente optou por se distanciar de mim. Seu olhar, antes acolhedor, agora rivaliza com o frio da Antártica, e nossas conversas descontraídas se transformaram quase em monólogos, com poucas palavras trocadas. Disposta a desvendar algo sobre essa mudança de comportamento, preparo uma bandeja com o nosso café da manhã e me dirijo ao quarto do meu sogro.— Com licença, Don Pietro. — digo ao passar pela porta. Seu
“Por Matteo Villani”Após a conversa com Fabrízio, dediquei grande parte do dia à análise meticulosa de cada novo detalhe na investigação sobre tráfico humano. Ao concluir minhas responsabilidades, opto por ir embora mais cedo.Em minutos, chego à minha residência, querendo apenas algumas horas de serenidade para escapar desse caos. No trajeto até meu quarto, noto a ausência de Giovanna, o que desperta frustração e curiosidade. Afinal, é comum vê-la percorrendo a casa, contagiando todos com sua alegria.Após um demorado banho para dissipar a tensão do dia, decido procurar pela ragazza. Vasculho seu antigo quarto, o quarto de Don Pietro e a cozinha. Quando não encontro, vou em direção ao jardim, seu refúgio preferido.Ao sair para a área externa da mansão, deparo-me com minha esposa na espreguiçadeira à beira da piscina, envolta em uma pequena toalha, em uma animada conversa com um dos soldados recém-chegados da Sovranità.Ao vê-la sorrir espontaneamente para o soldado baixinho de olho
“Por Giovanna”Quando Matteo entrou na mansão, me agarrando pelo pulso sem sequer ouvir os meus questionamentos, todo o meu corpo se acendeu instantaneamente. Uma onda de apreensão percorreu meu corpo, temendo ter cometido um erro ao conversar a sós com Giorgio. Mesmo assim, tentei manter uma expressão natural.Nunca imaginei, nem nos meus melhores sonhos, que meu marido agiria com tamanho ciúme. Muito menos que ao vê-lo deixar o cuidado e a preocupação que ele sempre fez questão de manter, e agir de forma ainda mais dominadora, me deixaria completamente satisfeita.Agora, após horas do que parecia ser uma punição deliciosa, encontro-me deitada na cama do homem do qual deveria ter me afastado, mas pelo qual estou inegavelmente apaixonada.— Por que quer retomar seu treinamento? — Matteo pergunta ao retornar do banho, encarando-me fixamente enquanto estala a língua ao deitar ao meu lado. — Acredita realmente que, com toda essa segurança à sua volta, alguém seria capaz de lhe fazer mal?
Um pouco mais de um mês se passou desde o início do meu treinamento com Matteo. A cada dia que passa, além do nosso relacionamento estar mil vezes melhor do que antes, as técnicas ensinadas por ele estão cada vez mais aprimoradas, e até recebi elogios por isso.— Hoje teremos mais uma aula? — pergunto após terminarmos o nosso café da manhã.— Vou começar a cobrar pelas aulas, farfallina.— Farfallina? Agora sou uma borboleta? — questiono, intrigada, após Matteo me puxar para seu colo.— Sim, a minha farfallina. — ele sorri, acariciando meu quadril com um sorriso malicioso nos lábios. — Assim como a borboleta passa por uma metamorfose, você também passou por uma transformação incrível, não acha? Ficou ainda mais bella, radiante como as asas de uma borboleta. Mas, não mude de assunto; teremos mais uma de nossas aulas noturnas, mas espero um belo pagamento em troca.— Vou preparar algo bem especial para você.— Estarei ansioso. — ele afirma, dando-me um beijo carinhoso antes de me coloca
“Por Matteo Villani”Chega a ser irônico no que a minha vida se transformou desde que o meu relacionamento com Giovanna se tornou tudo, menos algo obrigatório. Antes, eu saía de casa e prolongava ao máximo o tempo para retornar. Agora, cada compromisso parece me afastar da paz que só encontro ao lado dela.Pelo menos, sob o pretexto de treiná-la, finalmente consigo disfarçar a necessidade de passar o máximo de tempo possível com ela, sem deixá-la ainda mais convencida.No entanto, ao chegar em casa e encontrá-la, percebo um rastro de inquietação no ar. A maneira como ela me olhou antes de se afastar para trocar de roupa deixa em evidência que há algo errado.— Calor… — murmuro ao me levantar da cama e começar a andar pelo quarto da ragazzina. Sinto vento gelado do ar condicionado e estalo a língua. — Que caralho está acontecendo? Resmungo ao balançar a cabeça negativamente e decido descer para esperá-la na sala de estar. Caminho em direção ao bar e me sirvo uma dose de whisky, tentan
Se eu não estivesse atento à tempestade que seu olhar demonstra, certamente ela conseguiria êxito em suas intenções. Em um movimento calculado, consigo imobilizá-la no chão, mas não posso deixar de provocar.— Acha mesmo que seu adversário seria tão fácil de dominar, ragazza? Você ainda tem algumas coisas para aprender até conseguir fazer isso, principessa. — provoco, mantendo-a sob meu controle. Abro um sorriso malicioso e sussurro em seu ouvido: — Mas se ainda quiser extravasar seu estresse, posso te ajudar de outra forma.— Me solta, Matteo!Sem entender seu comportamento, solto um longo suspiro e me coloco de pé, estendo a mão para ajudá-la a se levantar, mas Giovanna ignora meu gesto e se afasta em direção à área de tiro. Acompanhando seus passos, ainda tentando ler seus sinais. O silêncio do galpão logo é quebrado pelos sons dos disparos, que eu observo atentamente.Quando a ragazza empunha a pistola compacta, encarando a peça metálica com uma fisionomia insatisfeita e determinad
“Por Giovanna”Com a descoberta de que tudo foi real e a desconfiança de que Matteo estava ciente de tudo o que ocorria, por mais que eu tentasse fingir indiferença, foi impossível manter a aparência de que estava tudo bem. Eu estava realmente disposta a machucá-lo, mesmo sabendo que a dor física nem se compara à dor da alma.No entanto, quando vi aquele homem apontando a arma em direção ao meu amor, a mágoa e a raiva que eu sentia se esvaíram rapidamente, deixando o medo em seu lugar. Eu não podia perdê-lo. Não até ouvir suas motivações para algo tão cruel.Como resultado de tudo o que aconteceu nessas últimas horas, meu corpo inteiro dói, mas a cabeça parece estar a todo vapor. Permito-me alguns minutos de paz debaixo do chuveiro, tentando fazer com que a água quente relaxe os músculos tensos.Enquanto a água quente do chuveiro escorre pelo meu corpo tenso, ouço passos silenciosos se aproximando. Não preciso olhar para trás para perceber a presença de Matteo; é como se meu corpo o re
O Don da La Tempesta suspira, como se carregasse o peso de anos em seus ombros. Seus dedos traçam padrões invisíveis sobre a mesa, enquanto ele busca as palavras certas. Contudo, as perguntas ainda ecoam em meus pensamentos, exigindo respostas mais profundas.No entanto, antes que eu possa formular mais indagações, Matteo rompe o silêncio com outro suspiro profundo.— Naquela manhã, após te levar de volta para a sua casa, Luigi foi encontrado por Danio, que era um dos nossos soldados, perto da igreja onde nos vimos pela primeira vez. Ele contou uma versão em que vocês se conheceram em uma boate em Cefalù, decidiram aproveitar a noite juntos, mas você não mencionou nada sobre a Sovranità, apenas que tinha o costume de sair escondida.— O quê? — indago, incrédula. — Aquela foi a única vez que tentei viver como qualquer outra garota da minha idade. Mas, juro, se soubesse que tudo terminaria daquela forma, eu…Ao notar minha voz embargada, Matteo acaricia meus cabelos, dando um beijo calm