“Um pouco mais de 2 anos depois. Por Giovanna Villani” A luz suave da manhã de primavera entra pela janela do nosso quarto, iluminando delicadamente o ambiente. Sinto o calor reconfortante dos lençóis enquanto me aconchego na cama, relutante em deixar para trás o conforto do sono. No entanto, não demora para que eu ouça os passos rápidos de Lorenzo ecoando pelo corredor, seguidos pelo som animado de sua risada contagiosa.O barulho da porta me desperta e, ao abrir os olhos, um sorriso bobo surge em meus lábios ao ver a miniatura de Matteo entrar correndo no quarto. Com uma rosa-vermelha em mãos, ele pula na cama, irradiando alegria. Logo em seguida, Matteo surge, carregando uma bandeja repleta de todas as coisas que eu amo.— Bom dia, mamma. — Lorenzo me saúda carinhosamente, enquanto rodeia seus bracinhos em meu pescoço. Ele me entrega a rosa, encarando o pai antes de abrir um sorriso travesso. — Essa rosa é para você, porque hoje é um dia especial! — Grazie, Piccolo. É uma rosa li
Sem esperar por possíveis questionamentos, Luca vai em direção à saída, enquanto eu permaneço de pé, tentando assimilar suas palavras. Finalmente, pego as minhas coisas e saio apressadamente para a garagem, onde ele já me espera com a porta do carro aberta. Assim que Luca toma seu lugar no banco do motorista e começa a dirigir, tento encontrar alguma resposta. — Luca, para onde estamos indo? — Pergunto, sentindo minha voz tremer pelo medo. — Onde está Matteo? — Sra. Villani, não tenho muitas informações. Don Matteo precisou resolver alguns assuntos e algo deu errado. É tudo o que sei. — O soldado responde, encarando-me brevemente através do retrovisor. A resposta de Luca ecoa em meus ouvidos, aumentando minha inquietação. Enquanto o carro avança pela estrada, minha mente se agita com uma infinidade de possibilidades do que poderia ter acontecido com Matteo. Após alguns minutos, que parecem ter sido uma eternidade, estacionamos em frente à imponente fachada de uma igreja em Messin
Enquanto Carlo permanece inabalável diante dos meus questionamentos sobre nosso destino, uma mistura de expectativa e ansiedade revolve meu estômago. Cada segundo parece uma eternidade, alimentando ainda mais minha curiosidade sobre nosso destino. Entretanto, logo começo a reconhecer a rota. À medida que o carro para em frente à Villa Comunale di Taormina, meu coração se enche de emoção. Lágrimas de alegria brotam de meus olhos ao contemplar o cenário deslumbrante diante de mim. Matteo realmente superou todas as minhas expectativas ao escolher este lugar tão especial para nossa renovação de votos. Um sorriso bobo se forma em meus lábios quando Carlo abre a porta do carro e meu pai me oferece a mão para que eu saia. Com um suspiro, aceito a mão estendida de meu pai e desço do carro. — Papà… — Murmuro, com os olhos ardendo pelas lágrimas. — Principessina, você está radiante. — Ele afirma, enxugando a lágrima que escorre em minha bochecha. Dessa vez, seu olhar transmite calma e amor,
Um pouco mais de quinze anos se passaram desde aquela tarde inesquecível em que renovamos nossos votos. Naquela época, acreditava que nosso amor estava no ápice de sua intensidade, mas ao longo dos anos, descobrimos que ele só cresce em profundidade e significado.Agora, enquanto contemplo nossa família reunida em volta da mesa de jantar, sinto uma gratidão indescritível por cada momento compartilhado e por todas as bênçãos que a vida nos concedeu desde então.Matteo, mesmo com suas linhas de expressão e cabelos grisalhos, permanece tão belo, amoroso e insaciável como sempre. Parece que o tempo sequer deixou sua marca em nós.Lorenzo, prestes a completar seus 18 anos, continua sendo a versão mais jovem de seu pai, com sua força, intensidade e um toque do meu carisma e preocupação.Elisa, completando seus 15 anos, é uma jovem radiante, com traços que lembram tanto os de Matteo quanto os meus. Seu sorriso ilumina qualquer ambiente, e sua determinação e inteligência são admiráveis.E há
Percorro o olhar pelo ambiente, e como um ímã, meus olhos logo encontram o mais belo entre os homens. Rodeado por Fabrízio e alguns membros da La Tempesta, incluindo Lorenzo, que a cada dia parece mais dedicado à família, Don Matteo segura seu copo de whisky, enquanto se mantém concentrado em uma conversa.Sinto um toque suave em meu braço, e viro para encontrar o olhar de Chiara, que parece ter notado para onde minha atenção se voltou.— Vinte anos de casamento e vocês ainda se olham da mesma forma. — Ela murmura, me puxando para um abraço caloroso. — A festa ficou linda demais, amiga.— Grazie, Chiara. Elisa também parece ter gostado. — Afirmo, vendo-a com Beatrice, cumprimentando um grupo de jovens da sua idade, enquanto o irmão observa a cena ao lado do pai e do tio.— Já os homens olham para elas como se quisessem prendê-las numa gaiola. Por que os Villani são tão ciumentos?— Isso é o que torna cada um deles único, não é mesmo?— Com certeza. É por isso que nós os amamos, com to
“Por Giovanna Carcione” Desde que retornei a Palermo, há alguns dias, minha prima Sofia estava determinada a me mostrar a vida além dos muros do colégio interno, aquela normalidade que a maioria das garotas da minha idade experimenta. Mesmo com a segurança intensificada ao nosso redor, ela conseguiu me levar até uma badalada boate em Cefalù para desfrutarmos de uma noite sem preocupações. No entanto, a sensação de liberdade que eu estava experimentando até pouco tempo, começa a se dissipar, dando lugar a uma inquietação profunda. Já que durante uma briga próxima de onde estávamos, Sofia desapareceu e eu não consigo encontrá-la em lugar algum. Reunindo coragem, decido deixar a boate para iniciar minha busca. Percorro algumas ruas movimentadas, perguntando a estranhos se a viram. Alguns balançam a cabeça negativamente, outros mal parecem prestar atenção. Com o passar do tempo, percebo que estou me distanciando cada vez mais da boate e das áreas movimentadas. Decido me dar por vencida
“Por Matteo Villani”Diante dos meus olhos incrédulos, a porta rangendo anunciou a entrada de alguém no sagrado santuário. Giovanna Carcione, a menina de ouro da Sovranità, filha de um dos maiores inimigos da minha família. Eu sabia que ela havia retornado à casa dos pais recentemente, mas não imaginei que nosso encontro aconteceria tão rapidamente. Não posso deixar de me questionar o motivo de ela estar aqui, mas isso é o que menos importa neste momento. É a minha vez de retribuir o que fizeram à minha família.Ela permaneceu imóvel, ofegante e apreensiva, me observando como se estivesse encarando o próprio demônio. E não posso culpá-la por essa percepção. Ela deveria ter conhecimento dos limites que não deveria ultrapassar, mas já que seu pai não se deu ao trabalho de ensiná-la, não serei eu quem vai permitir que isso passe impune. Afinal, as regras são as regras.— Vamos! — profiro, a impaciência ecoando em minha voz, ainda a segurando pelo braço.Abro as portas da igreja e a cond
“Por Giovanna Carcione” Dois meses se passaram desde aquele dia traumático. Durante semanas, os soldados de todos os clãs que compõem a Sovranità, procuraram pelo meu agressor, baseados nas descrições físicas que forneci. Porém, da mesma forma que aquele homem surgiu, ele desapareceu. Pelo menos fisicamente, pois ele atormenta meus pesadelos desde então. — Você está tão calada. — Sofia comenta, enquanto balança seus pés para fora da janela do meu quarto. — Lá no convento vocês eram obrigadas a fazer voto de silêncio? — Não era convento! — exclamo, revirando os olhos ao me sentar do lado dela. — Era um colégio interno. Só estava relembrando aquela noite… Como tudo pôde dar errado? — É o que eu me pergunto, Gio. Eu já saí tantas vezes escondida e nunca havia dado nada de errado. — ela responde, encarando seus pés. — Talvez se eu não tivesse ficado falando que você precisava ter uma vida normal, ou ficado trancada naquele banheiro… — Não se culpe, Sofi… Só lamento por perder a arma q