“Por Matteo Villani”Com as últimas semanas marcadas pela aparente calmaria no submundo e uma esposa menos melancólica e dramática, finalmente posso direcionar minha atenção aos negócios legítimos. Afinal, são eles que me proporcionam a liberdade de movimento sem atrair atenção desnecessária.Enquanto folheio o jornal durante o café da manhã, percebo os suspiros quase inaudíveis de Giovanna. Desvio o olhar para ela, no exato momento em que ela me encara de volta. Suas bochechas logo coram pelo flagrante. — Matteo, posso te interromper um minuto? — indaga, num tom baixo. Largo o jornal de lado e a encaro, me divertindo com sua timidez. — Claro, Giovanna. Afinal, quem precisa se atualizar sobre as notícias, não é mesmo?— Eu estava pensando... Nós dois temos vivido sob essa tensão desde o mal-entendido com Chiara. Talvez seja hora de esquecermos isso, não acha?— Sim, podemos esquecer o fato de você ter sentido ciúmes da enfermeira de Don Pietro. Mas me conte, como pretende fazer isso?
“Por Giovanna Villani”Um pouco mais de duas semanas se passaram desde aquele mal-entendido ao ver Chiara com Matteo pela manhã, deduzindo erroneamente que eram amantes. Desde então, a pequena proximidade que existia entre meu marido e eu se transformou em quilômetros de distância. Pelo menos, seu jeito calmo e maleável permaneceu.Após aproveitar boa parte da manhã, mesmo com a minha sombra, mais conhecida como Luca, ao meu lado, retorno para casa com os pés doloridos, mas completamente satisfeita. Ao abrir a porta de casa, me deparo com a nova enfermeira descendo as escadas, irradiando sua habitual simpatia. Seu sorriso caloroso surge assim que nossos olhares se encontram e ela caminha em minha direção. No mesmo dia daquele ocorrido, tomei a iniciativa de puxar uma conversa amigável com Chiara, evitando deixar a impressão de ser a esposa ciumenta. Desde então, estamos construindo uma amizade.— Parece que alguém se empolgou hoje. — ela afirma ao notar a quantidade de bolsas que Lu
À beira-mar, o sol de Miami pinta o horizonte com tons dourados enquanto eu aproveito a bela vista do mar à minha frente. Três dias se passaram desde que chegamos a esta cidade vibrante, mas ao invés de colocar em prática as dicas ousadas de Chiara, mal tive tempo de ver Matteo.Seu tempo se resumiu entre compromissos, reuniões e eventos empresariais, fazendo-me questionar o porquê de ele ter me trazido para cá se, provavelmente, meu marido deveria imaginar que não pararia no hotel. Mesmo com a quantidade de seguranças triplicada ao meu redor, ao menos tive o privilégio de conhecer esta cidade encantadora, visto que dessa vez não fui obrigada a ficar trancada no quarto. Ao voltar ao hotel, após um almoço à beira-mar e um banho relaxante, vou até a minha mala e procuro uma roupa confortável para vestir antes de maratonar a minha próxima série na TV. Uma risada frustrada escapa quando me deparo com a tão falada lingerie vermelha, que parece rir de volta para mim. — Matteo sequer se
Matteo me lança um sorriso malicioso e se afasta de mim, indo em direção a John. Enquanto observo a cena, minha curiosidade é momentaneamente desviada pelo piso escorregadio próximo à piscina coberta. Tento me afastar assim que sinto meus pés deslizarem. No entanto, ao invés de tentar ir para trás, meus passos avançam e rapidamente me vejo num mergulho involuntário na piscina. A água fria causa um choque instantâneo, me causando um misto de vergonha e frustração.Minha movimentação rapidamente atrai a atenção de Matteo, que corre em minha direção. Enquanto nado para sair da piscina, agradeço mentalmente por não haver muitas pessoas ao redor. — Nem pense! — exclamo ao ver Matteo tirar o terno para entrar na piscina. — Não intensifique a minha vergonha! — Decidiu aproveitar o clima agradável de Miami, principessa? — ele ironiza ao estender a mão para me ajudar a sair. Finjo aceitar e, ao segurar, abro um sorriso malicioso. Me aproveito de um mínimo desvio de olhar para puxá-lo para
Matteo permanece ao meu lado, acariciando suavemente minha pele em silêncio, enquanto encaro o teto, relutante em encará-lo. Os vestígios do desejo e relaxamento desaparecem gradativamente, dando lugar à vergonha e timidez, criando um vazio de incertezas sobre o que devo fazer.Decido romper o silêncio, falando a primeira coisa que me vem à mente, numa tentativa de conseguir respirar longe dele.— Eu estou com fome. — digo, após um longo suspiro. Matteo me encara fixamente, soltando uma risada em descrença. — Esperava qualquer coisa, menos isso.— O que esperava? — indago, virando-me para encará-lo. — Que eu dissesse algo fofo como nos livros? Ou que eu pedisse um cigarro, como nos filmes? — Um cigarro agora seria um ótimo pedido, mas para mim, ragazza. Não quero que a nicotina atrapalhe o seu perfume. — ele afirma, deslizando levemente o nariz pelo meu pescoço. Suspiro com o contato e ele abre um sorriso ao se afastar. — Não sei, só esperava algo… diferente.— Não vivemos um conto
“Por Giovanna Villani”Após a intensa noite que compartilhamos, retornamos à nossa normalidade em Messina. Entretanto, além dos sinais físicos de tudo o que aconteceu em Miami, minha mente parece ecoar a confusão e a insegurança que se forma. Afinal, não sei como farei para disfarçar o sentimento que insiste em se intensificar.Ao chegar na mansão, sou recebida por um abraço de Martina e o olhar curioso de Chiara. Matteo, com algo relacionado à La Tempesta para resolver, sequer teve tempo de vir em casa. Troco breves palavras com Martina, que retorna aos seus afazeres, me deixando a sós com a enfermeira curiosa. Ela me segura pelo braço e me arrasta até o meu quarto.— E então, como foi a viagem, Gio? — Chiara indaga, num tom animado, quando nos sentamos na cama. — As dicas surtiram efeito? — A única noite que conseguimos ficar juntos se iniciou em um caos, mas depois… Foi tão especial, Chiara.— Eu te disse! Nem o mais sério dos homens resistiria àquelas lingeries. — ela afirma, em
“Por Giovanna Villani”Dia após dia, manter a máscara da serenidade e fingir que tudo o que faço faz parte da minha obrigação, se torna mais e mais difícil. Com a tentação dormindo literalmente no quarto ao lado, diariamente me vejo obrigada a controlar meus impulsos, apenas para não inventar uma desculpa e ir até o quarto dele. Como consequência, nas últimas duas semanas, desde a nossa volta, venho me segurando para não me tornar a mulher chata e apaixonada que, aparentemente, Matteo teme que eu me torne. E como se tudo isso não bastasse, desde o meu retorno, Don Pietro simplesmente optou por se distanciar de mim. Seu olhar, antes acolhedor, agora rivaliza com o frio da Antártica, e nossas conversas descontraídas se transformaram quase em monólogos, com poucas palavras trocadas. Disposta a desvendar algo sobre essa mudança de comportamento, preparo uma bandeja com o nosso café da manhã e me dirijo ao quarto do meu sogro.— Com licença, Don Pietro. — digo ao passar pela porta. Seu
“Por Matteo Villani”Após a conversa com Fabrízio, dediquei grande parte do dia à análise meticulosa de cada novo detalhe na investigação sobre tráfico humano. Ao concluir minhas responsabilidades, opto por ir embora mais cedo.Em minutos, chego à minha residência, querendo apenas algumas horas de serenidade para escapar desse caos. No trajeto até meu quarto, noto a ausência de Giovanna, o que desperta frustração e curiosidade. Afinal, é comum vê-la percorrendo a casa, contagiando todos com sua alegria.Após um demorado banho para dissipar a tensão do dia, decido procurar pela ragazza. Vasculho seu antigo quarto, o quarto de Don Pietro e a cozinha. Quando não encontro, vou em direção ao jardim, seu refúgio preferido.Ao sair para a área externa da mansão, deparo-me com minha esposa na espreguiçadeira à beira da piscina, envolta em uma pequena toalha, em uma animada conversa com um dos soldados recém-chegados da Sovranità.Ao vê-la sorrir espontaneamente para o soldado baixinho de olho