Naomi fechou os olhos, e só por um segundo, não quis acreditar que era Andrew quem estava ali. Apenas por um segundo. Porque logo depois, ela jurava que com as mãos livres, poderia estrangulá-lo.
— Enlouqueceu? O que pensa que está fazendo Andrew?
Ele riu e sentou na cadeira trazida por um de seus homens. Ele cruzou as pernas, ajeitou o paletó em seu corpo e a encarou com um sorriso sublime. Parecia prestes a noticiar que haviam ganhado na loteria.
— Eu enlouqueci? Achou que ia namorar escondido e eu jamais iria saber? Oh Naomi, você me subestimou demais.
Naomi relaxou a expressão de ódio estampada em seu rosto e engoliu em seco. Ele sabia. Tudo fazia sentido. Andrew não colocaria tanto em risco a menos que perdesse o controle de vez. E agora ele sabia que não tinha nenhum.
— O que vai fazer com a gente?
Steve perguntou, com uma sobrancelha arqueada e um tom de desafio. A raiva também crescia e ardia em seu peito como em suas veias.
Andrew l
— Você não disse que me ama uma última vez.Disse Naomi, sem qualquer esperança no corpo.— Não vamos morrer aqui.— Quero ver quando vai perceber que está errado.Steve estava prestes a falar quando a porta abriu. Andrew entrava com seu sorriso mais caloroso.— Sentiram minha falta?— Desejo imensamente que vá para o inferno quando sua hora chegar.— Oh querida, não seja tão mal educada, eu te ensinei bons modos.Naomi continuou com o olhar repleto de raiva e fúria refletindo em seus olhos.— Eu pensei em torturá-los um pouco, sabe, a título de diversão, mas pra que sujar minhas mãos com isso? Eu posso apenas fazer o que sempre quis e pronto.c— Queria fazer conosco o que mandou fazer com o Adam, não é?Ele respirou fundo e tornou a sentar na cadeira, cruzando as pernas.— O Adam foi um pequeno equívoco, confesso. Exagarei em acabar com a vida do pobre rapaz, afinal, você não aprendeu a lição e se j
Entretanto, naquele instante, isso pouco lhe importava. A única coisa que desejava era ter sua paz e liberdade. E estava tão próxima da mesma que chegava a parecer um sonho.Ela parou ao lado de Natasha, o rosto refletindo a raiva e a dor, os olhos brilhando em sentimentos que se afloravam.— Você sabe o verdadeiro significado desta palavra? Você me destruiu Andrew. Você acabou com a minha alma. Você devia me proteger! Devia me amar, cuidar de mim, como todo pai cuida da sua filha, mas ao invés disso, você me destruiu, me transformou em uma escrava da escuridão. Uma boa parte do que sou hoje devo a você, e não ache que isso é motivo de orgulho, porque não é!Andrew desviou o olhar e respirou fundo.— Eu sei que errei com você. Mas...— Não! Cala essa maldita boca. Não há nada no universo que justifique suas maldades. O que você iria dizer? Que perdeu o controle? Que ficou obcecado? Tudo isso eu já sei. Mas se você saísse todos os dias pra beber, n
Depois daquela conversa, aos poucos, Naomi foi se acostumando, principalmente em chamar Amy de Natasha. Foi um período de muitas adaptações.Pela primeira vez na vida estava livre. Não tinha sua mãe, não tinha Andrew. Por um lado a liberdade era simplesmente a coisa mais fantástica que ela poderia apreciar, mas por vezes, sentia falta de ter algum familiar ao seu lado. Não mudaria nada do que aconteceu com Andrew, mas se pudesse voltar para o tempo de sua mãe, teria pedido pra ela ficar um pouco mais naquele dia, talvez se ela ainda vivesse, muitas coisas seriam diferentes em sua vida.Entretanto, o destino quis assim. Não foi uma escolha que ela fez, e infelizmente precisava lidar com aquilo.Uns dias depois, Naomi soube que Natasha havia decidido continuar em Bristol. Havia encontrado outra coisa que gostava muito de fazer, e também um motivo para ficar.Ella lançou seu primeiro livro algumas semanas depois, Apenas um Sonho.O mesmo havia
12 anos depois...— Mamãe! Tio Robbie me blateu!— É o quê?Naomi viu seu filho, a cópia de Ryan, correndo até ela com o choro preso na garganta, o rostinho vermelho, e seu cabelo castanho encaracolado bagunçado.— Só puxei a orelha dele!Disse Robbie, vindo logo atrás.— O que você fez Thomas Benedict?— Eu faei que Charle é ma!— Tom, eu não disse pra deixar seu primo em paz?Naomi o pegou no colo. Tom escondeu o rosto no pescoço da mãe, ao ouvir a voz impetuosa de seu pai.— Calma amor, eu vou falar com ele. Vai entreter seus amigos.Ela acaricou-lhe o rosto. Steve respirou fundo e assentiu.— Tudo bem, mas vou falar com ele mais tarde.— Entendido. E você Robbie, vamos conversar depois.Naomi não queria estragar a festa do trigésimo oitavo aniversário de seu marido. Então tratou de resolver o problema.Não era de agora que Tom vinha implicando com o f
Naomi Benedict desfilava com sua bota alta acima do joelho e moletom cinza, pelo seu shopping preferido em Bristol, quando de repente esbarrou com um jovem de olhos castanhos, cujo nem o inexplicável universo poderia explicar tamanha beleza.— Esqueceu os óculos de grau em casa, gracinha?Ela fitou-o por longos segundos. Depois piscou rapidamente e deixou que um desdenhoso sorriso formasse em seus lábios.— Eu enxergo tão bem quanto você, usando esses óculos falsos. A Convenção de nerds fica do outro lado da cidade, sabia?— Olha garota, pra sua informação, tem muitas vantagens em ser nerd. E você nem queira imaginar quais são.Um sorriso que deixou Naomi perturbada surgiu nos lábios do jovem de beleza inconfundível. Ele voltou a andar, deixando ela mais intrigada e com cada célula do corpo em alerta.Os olhos cinzas reluziam como a prata, enquanto ela observava ele caminhar. Até mesmo seus ombros eram perfeitamente a
Primeiro ela passou o resto da manhã dançando como louca em seu quarto. Precisava extravazar e tirar toda a tensão acumulada em seu corpo. Depois foi até a academia na mansão e descontou sua raiva descontrolada em um saco de areia. Pouco depois do meio-dia ela saiu e foi até a casa de uma amiga, Amy, que tinha vindo há poucos meses dos Estados Unidos para tentar inovar a carreira de fotógrafa.— Muito ocupada senhora Stone?Ela disse tirando os óculos e com um sorriso zombeteiro. Amy balançou a cabeça e a puxou para dentro de casa.— Pra você? Nunca! O que a princesa das corporações Noah deseja em meu humilde lar?— Provocar um pouco o senhor Noah e fugir do tédio.— Seu desejo é uma ordem.Elas riram e começaram a conversar sobre trivialidades. Naomi fazia qualquer coisa para fugir de Andrew e sabia que sempre podia contar com Amy.Ela permaneceu na casa de Amy por longas horas. Voltou apenas perto da meia-noit
Naomi ansiava pela chegada do motorista. Odiava estar daquele jeito, sentindo-se como uma adolescente idiota a espera do grande amor.Seu quarto havia sido todo arrumado e o material para o trabalho providenciado.Ela sabia que tinha de manter distância de Steve. A professora mencionara seu nome e não foi difícil encontrar mais informações sobre ele, não com o sistema que tinha. Não havia muitas coisas, apenas que ele trabalhava em uma lanchonete, pagava o curso com o trabalho e ajudava sua mãe a criar os irmãos gêmeos de 12 anos, e o irmão mais velho tinha conseguido uma bolsa para estudar em Londres e passava maior parte do ano lá.Com certeza era mais do que ele sequer poderia saber sobre ela. Claro que se fizesse o mesmo iria descobrir que ela era filha de um dos homens mais importantes e influentes do mundo, não apenas da Inglaterra.A Noah Empreendimento tinha um número de filiais maior do que ela poderia contar, e não era novidade que
Ryan demorou pelo menos meia hora em uma única página. Ele não estava conseguindo se concentrar de nenhuma forma. Achar as palavras em espanhol que eles ainda não conheciam era fácil, o problema estava em saber o que escrever. Em conseguir tirar toda a cena recente com Naomi da mente, inclusive seu jeito de rir. Mesmo com ela ao seu lado praticamente, ele buscava a imagem dela sorrindo, só pra sentir o coração palpitar de novo.E quando olhava para o lado, lá estava ela, lindamente concentrada no que estava fazendo, como se o mundo tivesse parado, o frio não fosse tão frio, o céu não fosse tão escuro, o tempo não fosse o tempo, e restasse apenas os olhos brilhantes e cabelos esverdeados próximo a ele, com a cabeça baixa e a concentração ao máximo.— Vai escrever ou não? Não ouço o barulho das teclas.Ele olhou pra tela e coçou a nuca, levemente constrangido.— Eu não estou conseguindo. Seu mistério está me matando. Eu não consigo entender porque me odei