Namorada Falsa do Meu Chefe
Namorada Falsa do Meu Chefe
Por: Eliz Moreno
1. Prólogo

Ethan

Passado

Senti um beijo molhado em minhas bochechas e uma mão acariciar meu rosto levemente. Abri os olhos e estava escuro, mas tinha uma fresta de luz saindo da porta, que me permitiu ver o rosto da minha mãe.

— Oi, querido. A mamãe veio te dar um beijo de boa noite.

— Mas a senhora já fez antes de eu dormir, lembra?

— Sim… — ela engoliu a saliva, sua voz parecia embargada, mas como estava escuro, eu não conseguia ver seu rosto. — Mas a mamãe vai precisar fazer uma viagem.

— Uma viagem? Para onde? Espere, que eu vou me arrumar em um minutinho e vou com você. — Coloquei os pés para fora da cama, mas ela me segurou.

— Não, querido. Hoje a mamãe não vai poder te levar. Você vai ficar com o seu pai.

— Ele não é meu pai, mamãe. Ele é o meu padrasto. — Franzi a testa, com raiva.

— Ele quem te criou, e é o único pai que você tem, Ethan. Ele te deu um nome. Lembra do que eu te falei? Você precisa se comportar e ser um bom menino, entendeu?

— Até quando eu preciso ser um bom menino? Quando você vai voltar?

— Até quando for preciso, Ethan. Se comporte e em breve você verá a mamãe, está bem?

— Você precisa mesmo ir? Eu não posso…

— Não, Ethan! — A voz da mamãe não era mais branda e fez o meu coração acelerar.

— Está bem! — Voltei a deitar emburrado, enquanto ela acariciava meu rosto, até eu adormecer.

*****

Os gritos do meu padrasto eram tão altos, que podiam ser ouvidos a quarteirões de distância. Desci correndo as escadas, mas parei no penúltimo degrau, quando o vi quebrando a garrafa de uísque no chão.

Ele me olhou, seus olhos brilhavam com um vermelho que eu nunca havia visto antes. Aquele era um homem furioso e eu não deveria ficar no seu caminho. Me virei e voltei a subir as escadas, mas suas mãos puxaram os meus cabelos e atiraram meu corpo no chão.

— Volte aqui, sua erva daninha. Seu bastardo miserável.

Senti meu braço queimar e notei que um caco de vidro havia me furado. Tentei me levantar, mas fui atingido com um soco forte no rosto. Eu era um menino de apenas sete anos, se ele quisesse me matar, ele me mataria.

— Não faça isso! — o olhei com raiva. — A mamãe já disse milhões de vezes que não é para me bater.

— A puta da sua mãe não está aqui, ela fugiu com outro. Ela te ama tanto, que deixou você aqui comigo.

— Mentiroso. — corri até ele e empurrei a sua barriga. — Você é um maldito mentiroso!

— É com esse mentiroso que você vai ficar agora e acho bom você se comportar ou te coloco no olho da rua. — Ele me empurrou me fazendo cair de bunda no chão. — E lembre-se, mulheres são maldições, ainda mais as bonitas. Elas destroem a vida de qualquer homem.

“A mamãe, vai voltar! A mamãe, vai voltar!”, repeti esse mantra diversas vezes na minha mente e esperei por dias, que se tornaram meses e depois anos. Quando se passaram exatos dois anos, entendi que a mamãe não iria voltar.

Uma nova mulher entrou na minha casa, ela era bonita e tinha o cabelo vermelho. Ela me defendia dos espancamentos do meu padrasto. Passei a apanhar menos e andar mais limpinho e arrumado com ela, mas ela não era a mamãe e era uma mulher, provavelmente iria embora também. Então eu só a mantinha o mais longe que podia, enquanto planejava uma forma de sair daquele inferno.

E assim, com apenas nove anos de idade, eu aprendi que a única pessoa em quem eu podia confiar era em mim mesmo. E eu iria fazer o que fosse preciso para escapar daquele mundo de abusos e violência. A minha mãe nunca voltou, mas a sua ausência me ensinou a ser forte e a nunca depender de ninguém para sobreviver.

Eu nunca mais permitiria que alguém me machucasse ou controlasse a minha vida. Muito menos uma mulher.

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