Mais tarde, na sala exclusiva da Boate Tunnel Club, Marco olhou sério para seu sócio, Oscar Maroni:
— Vai me contar o que realmente aconteceu em Nova Iorque? Oscar coçou a cabeça, desconfortável:
— Bem, tem um indiano querendo fazer negócios com peças raras.
Enquanto aqueles homens conversavam sobre negócios, Mattia permanecia visivelmente abatido, com a cabeça recostada no sofá. Aquele gesto, chamou a atenção de seu pai:
— O que há com você, Mattia? Perguntou Marco. Mattia tentou disfarçar sua indignação:
— Desculpe, meu pai, eu preciso dar uma volta. Marco concordou:
— Você parece péssimo. Vá dar uma volta, mas não demore.
Mattia saiu imediatamente da sala, caminhou pelo local, foi para o bar, sentou-se numa banqueta, em frente ao barman e logo foi servido de uísque. Quando ele segurou o copo, uma mulher se aproximou dele. Havia charme e elegância em suas palavras. Eles começaram a conversar e a beber juntos.
No entanto, depois de alguns minutos, Pietro se aproximou. Mattia sabia que era hora de se despedir da mulher. Ela, porém, tentou persuadi-lo a ficar.
— Fique mais um pouco, querido. Posso alegrar a sua noite. Mattia recusou com gentileza:
— Talvez outro dia, se tivermos outra oportunidade. Pietro chamou Mattia para regressar:
— Precisamos voltar ainda hoje. Mattia, confuso, perguntou:
— Por que meu pai está com tanta pressa? Pietro revelou com um sorriso:
— Iremos para Nova Iorque.
Eles, ao caminharem lentamente, se aproximaram da sala, onde Marco e Antony já estavam prontos para sair.
Eles seguiram por um corredor até chegarem a um estacionamento exclusivo. Marco e Mattia entraram em um carro, enquanto Antony e Pietro entraram em outro. Eles pegaram a via A1, seguindo para Toscana. Chegaram em casa já tarde, e antes de dormir, Marco informou a Mattia que precisariam ir aos EUA, a Nova Iorque, resolver algo importante logo cedo no domingo.
No domingo pela manhã, a família Parganno chegou ao aeroporto, onde seu jato particular já os aguardava. Após se acomodarem, foram servidos por uma jovem bonita. Quando ela se aproximou de Mattia, sorriu levemente, mas ele, ainda aborrecido com a atitude de Aline no dia anterior, preferiu dormir.
Algumas horas depois, enquanto Mattia cochilava tranquilamente em uma cadeira confortável, seu pai o despertou, batendo levemente em sua perna.
— Mattia, acorde, estamos chegando. Mattia esfregou os olhos e bocejou levemente. Marco, porém, continuou falando: — Temos uma festa esta noite em Manhattan, e amanhã trataremos de negócios. Mattia concordou com a cabeça, sorriu e dirigiu-se ao banheiro, depois reassumiu seu assento até o pouso do jato.
Ao chegarem ao hotel The Ritz-Carlton em Nova Iorque, já era tarde, passando das 17 horas. Tinham três horas até o início da festa e tempo suficiente para se arrumarem.
No terraço de um dos prédios mais altos de Manhattan, os Parganno encontraram os convidados já reunidos. Após serem calorosamente recebidos pelos anfitriões e apresentados a algumas pessoas, Mattia aproximou-se de um casal à beira do edifício, que observava a paisagem por meio de binóculos. O homem sorriu para ele:
— A vista daqui é perfeita! A mulher também sorriu e continuou admirando a paisagem, enquanto o jovem Mattia, após observar as luzes do outro lado da cidade, pegou um binóculo e começou a explorar a paisagem também.
A vista através das lentes daqueles binóculos era perfeita. De repente, enquanto observava de um lado para o outro, Mattia avistou uma jovem belíssima no terraço de um prédio, a uma certa distância. O vento batia em seus cabelos, enquanto ela andava de um lado para o outro sorrindo. Mattia pareceu ficar hipnotizado; o sorriso daquela mulher era encantador e seu olhar cheio de ternura. Naquele momento, ele sentiu seus batimentos cardíacos acelerarem e sua respiração ficar mais forte. Porém, saiu do seu transe quando seu pai se aproximou, dizendo:
— Venha comigo, quero que conheça alguém.
Eles se aproximaram de alguns homens de meia-idade e passaram algum tempo discutindo números, negócios e porcentagens. Aquela conversa estava ficando entediante para Mattia, mas ele manteve-se até o fim.
Quando a festa terminou e eles seguiram para o estacionamento, que ficavam alguns andares abaixo, Marco andava com a mão no ombro do filho, falando sério:
— Você precisa focar mais nos negócios, meu filho. Logo tudo que tenho será seu. Deixe as farras e as mulheres de lado, foque no que realmente importa agora. Eu nem sempre estarei aqui.
Eles pararam diante do carro, Mattia pousou a mão no ombro do pai e ficou de frente para ele, prometendo:
— Claro, pai! Farei o meu melhor.
Naquele instante, um disparo estridente atravessou a parede de vidro, seguido por mais dois. Tudo aconteceu muito rápido. Uma bala atingiu Marco nas costas, fazendo-o cair imediatamente nos braços de Mattia. Como em câmera lenta, ele gritou enquanto segurava o pai, caindo no chão imediatamente. Uma bala atravessou o corpo de Marco e atingiu seu filho na barriga. Todos ficaram em pânico naquele momento, até mesmo os dois guarda-costas, atordoados, olhando de um lado para o outro sem compreender de onde vieram os disparos.
A nova vida de KalieNa cidade de Nova Jersey, a vida era um verdadeiro paraíso para a família Rochetti. Era um lugar onde viver, trabalhar e se divertir se fundiam em uma experiência harmoniosa. Eles amavam a cidade com seus parques arborizados, locais históricos e centros artísticos vibrantes. Realmente, Nova Jersey tinha de tudo. No entanto, tudo mudou após o diagnóstico de Aruna. Diante dessa reviravolta na vida da família, eles decidiram se mudar para Nova Iorque, mais especificamente para Manhattan. Raji, o patriarca da família, era um esposo esforçado e atencioso. Trabalhava no hospital geral Mount Sinai e no pronto-socorro Lenox Hill. A mudança para Manhattan facilitaria muito as coisas para eles.A filha de 17 anos, Kalie Rochetti, havia acabado de concluir o ensino médio e, após se inscrever em algumas universidades, aguardava ansiosamente por respostas. Quando a família chegou em Manhattan, o apartamento que encontraram não era muito grande, mas era um lugar lindo e aconche
Ao se despedir da família que a ajudou com as correspondências, Kalie seguiu em passos largos, determinada a chegar em casa antes de seu pai. No entanto, o céu começou a despejar uma chuva repentina, obrigando-a a acelerar o passo para evitar se molhar. Após comprar tudo o que precisava, ela saiu apressada do mercado e seguiu diretamente para casa. Ao entrar, depositou as correspondências na mesa e dirigiu-se à cozinha, sabendo que seus pais logo chegariam. Ainda estava na cozinha quando os ouviu entrando. Aruna foi direto para o quarto, enquanto Raji dirigiu-se à cozinha, onde encontrou Kalie. — O cheiro parece bom. Ele beijou a filha na testa e ela perguntou preocupada: — Como está minha mãe? Raji pareceu suspirar, mas sorriu para acalmar sua preocupação. — Hoje foi um pouco difícil, mas ela ficará bem. Kalie, então, compartilhou sua experiência do dia: — Conheci o senhor Radesh hoje. Ele mandou umas correspondências para o senhor. Raji agradeceu: — Obrigado, querida. Eu vou to
Naquela primeira semana de junho, Kalie estava radiante. Sua mãe havia melhorado bastante desde o último diagnóstico médico, que apontava uma doença cerebrovascular. Essa condição afetava os vasos sanguíneos do cérebro, podendo causar danos em sua estrutura e funcionamento. Kalie e seu pai dedicavam-se a marcar cada momento bom da vida de sua mãe e a relembrá-la quando ela começava a esquecer. Após passarem o sábado juntos no parque em família, Kalie sentia-se realizada. No domingo de manhã, ela partiu para o apartamento de sua amiga em Manhattan. O dia de primavera prometia ser proveitoso. Após um passeio de barco pelo sul da ilha, elas retornaram à noite e aproveitaram o tempo no terraço do apartamento, desfrutando de petiscos e conversando sobre o futuro. Enquanto Rani capturava momentos com sua câmera, Kalie caminhava de um lado para o outro, sorrindo. O vento suave balançava seus cabelos, criando uma atmosfera tranquila e serena. Naquele momento aparentemente comum entre amigas,
Algumas semanas após seu retorno, enquanto Mattia relaxava em seu ambiente familiar, foi interrompido por Antony, seu tio, que o informou sobre a chegada das mercadorias que ele tanto aguardava. Imediatamente, ele se dirigiu ao pátio para verificar pessoalmente as mercadorias, acompanhado por Antony. A presença de seguranças ao redor de sua casa evidenciava a importância e o valor das transações que estavam prestes a ocorrer. Após a verificação das mercadorias, elas foram levadas para um galpão adjacente à casa, onde passariam por uma avaliação detalhada antes de serem preparadas para um leilão programado para a semana seguinte. Consciente do valor significativo desses negócios, Mattia optou por manter em sigilo cinco peças raras, alimentando assim a curiosidade e o interesse dos potenciais compradores. No entanto, a proximidade do leilão foi marcada por uma reviravolta inesperada. Pietro, seu primo, recebeu uma ligação que o deixou indignado, levando-o a comunicar o problema direta
No dia seguinte, Pietro enviou alguém para espionar a família Rochetti. Enquanto isso, Kalie passou o resto da noite no hospital com o pai. Quando ele finalmente recebeu alta, todos seguiram para casa, pois sua mãe estava aos cuidados da vizinha. Aruna, apesar de jovem, tinha uma aparência envelhecida devido à sua saúde debilitada, e Kalie sabia que a mãe não duraria muito. Dois dias depois, enquanto preparava o café da manhã, Kalie olhou para o pai e perguntou com curiosidade: — Não vai me dizer o que realmente aconteceu? Eu estava esperando que o senhor me contasse por vontade própria. Raji olhou para ela incrédulo, como se não entendesse a pergunta, mas Kalie persistiu: — Desculpa, pai, mas eu ouvi a sua conversa com os policiais. Há quanto tempo anda envolvido nesse tipo de coisa? Raji, envergonhado, baixou a cabeça enquanto Kalie continuava: — Por que está mentindo? Se fosse dentro da lei, o Radesh não teria sido sequestrado. Você sabe que esses homens podem vir atrás de nós.
Mais de uma semana depois, quando Kalie e Rani regressaram, receberam a devastadora notícia de que Aruna estava no hospital em estado grave. Sem perder tempo, elas seguiram imediatamente para lá. Raji estava ao lado dela no quarto quando as amigas chegaram, e a atmosfera era carregada de tristeza e preocupação. Quando Kalie entrou no quarto, aproximou-se do pai com angústia evidente em seu rosto. — Como ela está? Perguntou, buscando alguma esperança nos olhos de seu pai. Raji olhou para a filha com ternura, mas sua expressão refletia a dor que estava sentindo. — Mal. Nem sei se passará desta noite. Sua voz estava embargada, carregada de emoção. Foi um momento extremamente triste para aquela família, enquanto Kalie segurava a mão do pai em um gesto de solidariedade. Nesse instante, um enfermeiro entrou na sala, interrompendo o momento de intimidade. — Senhor Rochetti, o doutor Miguel quer vê-lo. Me acompanhe, por favor. O profissional fez a sua solicitação com seriedade, indicando
Com passos deliberadamente calmos, Kalie subiu as escadas do prédio, sentindo o vento frio da noite acariciar seu rosto. Ao atravessar a porta de vidro e entrar no elevador, ela deixou escapar um suspiro, sentindo-se grata pela amizade de Rani e pelo conforto que sua presença sempre trazia. Enquanto o elevador subia lentamente até o terceiro andar, Kalie ponderava sobre como iniciar a conversa tão necessária com seu pai. Cada dia que passava parecia afastá-los ainda mais, transformando-o em um estranho aos seus olhos. Determinada a mudar essa situação, ela planejava cuidadosamente suas palavras. Assim que a porta do elevador se abriu no terceiro andar, Kalie respirou fundo e entrou em casa. Ela observou os cantos familiares da casa, mas seu pai não estava à vista. Sentindo uma mistura de frustração e determinação, dirigiu-se à cozinha e colocou o jantar na mesa. Foi então que seus olhos captaram um bilhete pregado na porta da geladeira, contendo as palavras escritas a mão: "Me espere
Naquela manhã, Kalie acordou e percebeu que seu pai já havia saído. Ela se preparou rapidamente e logo estava pronta para pegar carona com sua amiga, Rani. Enquanto seguiam para a universidade, aproveitaram o tempo juntas para conversar.— Minha avó marcou um jantar para sábado à noite e convidou os amigos dela, sabe, toda a família estará lá. E ela nem imagina que vou levar o Jacob. Rani compartilhou animadamente com Kalie.— Rani, você deveria avisar sua avó antes. Kalie respondeu, expressando um pouco de preocupação.— Ah, não se preocupe. Ela conhece a família do Jacob. Só está preocupada porque já passei dos 22 anos e acha que estou ficando velha para se casar. Rani explicou, com um tom de diversão.— Você tem razão. Meu pai também falou sobre isso ontem. Parece que quer me ver casada logo. — Kalie riu com a amiga.Entre risadas e trocas de histórias, Kalie e Rani aproveitaram o trajeto até a universidade. Para elas, esses momentos compartilhados eram um alívio bem-vindo da ro