Pertinho de você | Jenna Morgan
Mesmo em meio às câmeras, aos refletores e ao burburinho da equipe ajustando os cenários, minha mente ainda está presa nele. No olhar atento, na voz, na confiança que me fez estremecer. "Nos vemos de novo, Jenna Morgan." Me levanto, cruzando o set com passos apressados. Se ele trabalha aqui, alguém deve conhecê-lo. Não sou a única que viu aquele homem. Não posso ser. — Ei, você viu o cara que estava comigo agora há pouco? — pergunto para um dos assistentes de câmera, que ajeita o equipamento sem sequer desviar o olhar para mim. — Que cara? — Alto, pele clara, calça jeans, bota preta. Veio até mim com um café. — franzo a testa, inquieta. — Ninguém estranho passou por aqui, não que eu saiba. — ele finalmente me encara, confuso. A resposta me faz hesitar por um instante, mas respiro fundo e caminho até uma das maquiadoras. — May, aquele cara que falou comigo agora há pouco... Você viu de onde ele veio? — Que cara? — ela pisca algumas vezes, como se tentasse puxar pela memória. Meu estômago revira.. Isso não faz sentido. — Alto, pele clara, olhos intensos, talvez da produção? Ou família de alguém do elenco? Ela balança a cabeça devagar. — Jenna, você estava sentada sozinha esse tempo todo. Um arrepio sobe pela minha espinha. Isso não é possível. — Esquece. — forço um sorriso, me recompondo. — Vamos voltar para a gravação. Chamo todos para seus postos, e me posiciono, tentando empurrar para longe a sensação sufocante de que algo muito errado está acontecendo. Porque, por mais que eu tente ser racional, uma coisa é certa: Aquele homem estava aqui. Mas, para todos os outros... Ele simplesmente não existiu. Me posiciono na cadeira, tentando me concentrar. Preciso desligar tudo o que aconteceu agora há pouco e focar na cena. Mas, porra... Como faço isso sabendo que um homem apareceu do nada, sabia meu café preferido e sumiu sem deixar rastro? Fecho os olhos por um segundo, respiro fundo e me obrigo a manter a postura. Não posso surtar agora. Sou a diretora deste filme, e minha equipe precisa de mim focada. O diretor de fotografia ajusta os últimos detalhes, e o assistente de som sinaliza que está pronto. — Certo, pessoal! Essa é uma das cenas mais tensas do filme. Quero silêncio total e imersão! — minha voz ecoa no estúdio. — Luzes... Câmera... AÇÃO! No monitor à minha frente, vejo Elena, no centro do porão apertado e úmido. O espaço foi montado para ser sufocante, com paredes de madeira velha, teias de aranha espalhadas e um cheiro de mofo que impregna até na roupa da equipe. Ela está apavorada. Seus olhos varrem o ambiente freneticamente, seus dedos trêmulos deslizam por velhas prateleiras, buscando desesperadamente algo que possa ajudá-la a escapar. E então, o assassino, surge no canto mais escuro do porão, uma silhueta quase sobrenatural. Ele não precisa de muito para ser aterrorizante—seu olhar frio e sua presença macabra fazem o trabalho sozinho. O coração de Elena dispara. Ela tenta abrir uma porta trancada, mas as correntes não cedem. — Ele está vindo... Meu Deus, ele está vindo! — sua voz falha de puro pavor. Os passos do assassino ecoam no silêncio do set, pesados, ritmados, letais. E então... Um arrepio percorre minha espinha. Uma sensação estranha me invade, um instinto primitivo de alerta. Como se alguém—alguém real—estivesse me observando de longe. Engulo seco, forçando meus olhos a permanecerem na cena. Mas meu coração b**e mais forte, meu corpo inteiro grita que há algo errado. — CORTA! — minha própria voz soa mais alta do que o normal. — Ótimo trabalho! Vamos para o próximo take. Me encosto na cadeira, soltando um suspiro pesado. Preciso ir para casa. 👻 A volta para casa deveria ser tranquila, mas meu corpo inteiro está tenso. Diferente de ontem, optei por dirigir. Não quero andar sozinha, não depois da caixa, não depois daquela conta suspeita no I*******m. E, principalmente, não depois daquele homem. O trajeto pelas ruas iluminadas de Nova York deveria ser reconfortante, mas cada farol vermelho me dá a sensação de que algo — ou alguém — está me seguindo. Meu coração b**e forte quando paro em um semáforo e olho pelo retrovisor. E vejo um carro preto, algumas fileiras atrás, que mantém a mesma rota desde que saí do set. Coincidência? Talvez. Talvez seja só a minha mente pregando peças. Talvez seja o cansaço, a pressão, a porra da paranoia depois de um dia longo e perturbador. O semáforo fica verde, e avanço sem hesitação. Solto um suspiro pesado, tentando acalmar meu peito. "Você está exagerando, Jenna. Ninguém está te seguindo. Ninguém está te observando. É só seu cérebro sobrecarregado misturando ficção e realidade." Minutos depois, entro no estacionamento do meu prédio, desligo o motor e respiro fundo antes de sair. O salto dos meus Louboutins ecoa pelo piso de concreto enquanto sigo para o elevador. O porteiro, me cumprimenta com um sorriso profissional. — Boa noite, senhorita Morgan. — Boa noite, Mark. — respondo com um aceno discreto. Dentro do elevador, aperto o último botão. Me encosto na parede espelhada e fecho os olhos por alguns segundos. Preciso de um banho quente, um copo de vinho e minha cama quentinha. As portas do elevador se abrem, e então eu travo. O cara estranho está parado na minha porta. Na minha maldita porta. Encostado casualmente na porta do meu apartamento, com o mesmo olhar intenso, o mesmo ar de quem sabe exatamente o que está fazendo. Meu coração martela no peito enquanto minha mente trabalha rápido, tentando encaixar os fatos. Como ele entrou aqui? Como subiu sem ser anunciado? Sem passar pela segurança? Minha mão aperta a alça da bolsa com força. Ele não se move, apenas me observa, como se estivesse esperando por mim. Minha mente dispara perguntas, mas nenhuma resposta faz sentido. Ele está aqui e está bem na minha frente. Me recuso a congelar. Dou um passo à frente e cutuco seu ombro, esperando que minha mente tenha enlouquecido e ele desapareça como um delírio qualquer. Mas não. Ele é sólido, quente, real e agora estou completamente sozinha com ele. Nenhum vizinho para escutar se algo acontecer, nenhuma testemunha e nenhuma maldita saída. Meu próprio killer particular está na minha porta. O olhar fixo, a postura relaxada, mas predatória. E nenhuma diferença, ele manteve as roupas pretas, da cabeça aos pés. A blusa moletom de capuz que cobre os cabelos, que com a iluminação fraca não me deixa ver seu rosto totalmente. Mas os olhos... os olhos continuam me queimando como se estivessem arrancando a minha insanidade. — O que está fazendo aqui? — minha voz sai firme. — Não é óbvio? — ele sorri. Silêncio. Mas eu não me mexo. Porque tem algo nele que me prende no lugar. E a parte doentia dentro de mim gosta disso. — Volte de onde veio, estranho. — minha voz sai firme, mas meu corpo entrega o contrário. — Não é isso que seu corpo quer, é? — ele ri baixo. — Então você está em todos os lugares que eu estou hein?.— digo, cruzando os braços como se isso pudesse me proteger do que ele provoca. — Você sabe que isso não é normal, certo? Perseguição é crime. Ele apenas me observa. Não confirma, não nega. E isso me irrita. Ele dá um passo à frente, e minha respiração falha. — Desde quando você se importa com a lei, Jenna? — ele sussurra. — Quer que eu vá embora então? A resposta deveria ser sim. Mas não é. Porque quero entender. Quero saber o que se esconde por trás desse olhar. Quero descobrir até onde essa loucura dele pode ir. Então faço a coisa mais estúpida possível. Pego minhas chaves, abro a porta e entro. Mas não a fecho. Deixo a decisão para ele. E, claro, ele entra logo atrás. Seus passos são lentos, como se já soubesse que esse momento aconteceria. Como se já tivesse me estudado o suficiente para saber que eu nunca diria não. Abro o bar embutido, puxo uma garrafa de vinho e duas taças. Meus dedos tremem ao segurar o vidro, mas me recuso a mostrar qualquer fraqueza. Ele se encosta na bancada, me observando em silêncio. — O que você quer, então, Sr. Killer? — pergunto, sem desviar o olhar. — Isso não é sobre o que eu quero. — ele caminha na minha direção, devagar. — É sobre o que você quer Jenna. — Nesse caso, eu quero beber. — murmuro, pegando minha taça. — Resposta errada. O que você quer de verdade é saber por que estou aqui. — ele sorri, e não é um sorriso amigável. É torto e perverso. Minha garganta seca. Porque ele está certo. E eu odeio isso. — Você tem razão. — ergo a taça, tentando parecer indiferente. — Mas o que isso muda? Ele reduz ainda mais a distância entre nós, e meu corpo me traí. — Muda o fato de que estou aqui. — ele se inclina, e seu rosto fica a poucos centímetros do meu. — Bem perto de você. — Eu quero que me conheça de perto, Jenna. Meu estômago se revira. — Te conhecer de perto? — engulo seco. Ele sorri. Um sorriso que não promete nada… E, ao mesmo tempo, promete tudo. Ele ergue a garrafa de vinho, com os olhos fixos em mim enquanto tira a rolha com um estalo. Ele derrama um pouco do líquido na taça, dá um gole e então a estende para mim. Seus dedos tocam os meus quando pego a taça. Eu bebo... E sei que é estúpido, porque isso é um beijo indireto. Um laço que eu não deveria aceitar, mas aceito mesmo assim. O cheiro amadeirado dele se mistura ao aroma do vinho, e então sua mão se move, afastando uma mecha do meu cabelo com um toque deliberadamente lento. — Eu não sou um fantasma, Jenna. — A voz dele desliza pela minha pele como seda. Minha boca seca, e nem mesmo o vinho alivia a sensação. — Eu sempre estive com você. — ele susurra no meu ouvido. Minha respiração falha. Seu rosto está perto demais. Perto o suficiente para eu sentir o cheiro de menta em seu hálito, para perceber a maneira como seus olhos me analisam, como se já soubesse o que estou pensando. — Você sabe que gosta disso, Jenna. Não é uma pergunta. É uma afirmação. Meu corpo entrega a resposta antes mesmo da minha mente processar. Um arrepio desce pela minha coluna, e eu odeio a forma como ele percebe isso. Como um predador que sente o cheiro da vulnerabilidade. — Quem é você? — pergunto, tentando soar firme. — Matteo. Matteo Montgomery. Matteo se move devagar, como se saboreasse cada segundo da minha hesitação. Ele não me toca novamente, mas sua presença é esmagadora, um veneno que já está circulando no meu sistema. Eu deveria mandá-lo embora. Fechar a porta na cara dele. Mas ao invés disso, meus dedos apertam a taça de vinho, como se aquilo pudesse me manter ancorada na realidade. — Você me seguiu até aqui? — murmuro, sem conseguir afastar o olhar dele. — Eu te observei. — Matteo corrige, pegando a outra taça e enchendo com vinho. — E por que diabos você fez isso? Ele dá um passo à frente. Depois outro. Agora estamos tão perto que o calor do corpo dele faz minha pele formigar. Matteo ergue uma sobrancelha, analisando cada pequena reação minha, como um predador avaliando sua presa. — Porque você quer ser observada, Jenna. O vinho desce queimando pela minha garganta. Ele está errado. Está? — Você sabe que sim. E quer saber o que é mais interessante? — Matteo inclina a cabeça, me estudando. — O quê? — pergunto, mesmo sabendo que é um erro. Ele se inclina, e seus lábios quase roçam a minha orelha. — Você gosta disso. A verdade b**e em mim como um soco no estômago. Porque, droga, ele está certo.Obsessão a flor da pele | Jenna Morgan — Então? Vai continuar falando todas essas abobrinhas? — largo a taça na pia, sem paciência pra essa palhaçada.— Acredite em mim, eu quero que entenda que eu não estou aqui pra te machucar, Jenna. A última coisa que eu faria seria isso. Mas eu quero te mostrar quem eu realmente sou... se você permitir. — ele coloca a outra taça na pia, me encarando como se eu devesse simplesmente aceitar essa merda de proposta.Eu rio. — Gentileza não combina com você sabia? Você aparece do nada no meu trabalho com um café, depois aparece na porta da minha casa como se tivesse esse direito e ainda bebe do meu vinho. Não acho que você seja muito convincente. — dou a volta na bancada, criando espaço entre nós, porque alguma coisa nele me faz querer estar do lado oposto da sala.Ele fica quieto por um momento. Ainda de costas.— É isso que eu sou pra você? Nada convincente? Um homem incapaz de ser gentil? Mas eu disse que era isso? Em algum momento eu disse que
Mentiras Matinais | Jenna Morgan Acordo atordoada quando escuto o toque do meu celular. "Tubular Bells", do filme "O Exorcista", levanto a cabeça rápido demais e percebo que foi um erro enorme. Minha visão escurece por um segundo, e a tontura me acerta como um soco no estômago, minha cabeça lateja como se tivesse alguém batendo um martelo dentro dela. Pisco várias vezes, e tento fazer meus olhos funcionarem direito. Tudo ainda está meio borrado, mas logo consigo enxergar os estragos da noite passada. Meu corpo parece pesar toneladas, minha boca está seca, junto com o gosto amargo de vinho e arrependimento grudado na minha língua. Olho ao redor e vejo o carpete manchado de vermelho. Pelo menos, eu espero que seja vinho. Já que a garrafa está caída no chão ao meu lado. Mas considerando tudo o que aquele lunático me disse ontem à noite, não me surpreenderia se houvesse sangue de verdade misturado nesse vinho. Não me lembro de ter bebido tanto. Não lembro de ter acabado com a garraf
PASSANDO DOS LIMITES | JENNA MORGANComo assim "pode ir dormir"? Como assim "vou cuidar do nosso filhotinho"? Quem esse cara acha que é pra simplesmente sequestrar meu gato? E mais—como diabos ele entrou aqui sem ser visto, sem arrombar nada? Isso é o que me deixa realmente puta.Respiro fundo. Pego o celular e tento digitar sem esmagar a tela. Preciso manter a calma, porque se eu surtar agora, eu juro que vou acabar precisando da polícia… mas pra me prender depois que eu der um fim nesse lunático.Jenna: Olha só, Matteo, eu não faço a menor ideia do que se passa nessa tua cabecinha doente, não mesmo. E não importa o que você acha que significa pra mim ou quem você pensa que é. Apenas devolve o meu gato AGORA, SEU MALUCO PSICOPATA!!!Envio. E espero. Mas, a essa altura, já sei que esperar não vai adiantar porra nenhuma.Fico andando de um lado para o outro porque é a única coisa que me resta fazer. Ele visualizou a mensagem e não respondeu. Como se me ignorar depois de chamá-lo de psi
O Jogo de Matteo | Jenna Morgan.Saio do banho e o vapor quente não faz nada para aliviar o peso do cansaço grudado nos meus ossos. Me sinto exausta, como se tivesse vivido uns cinquenta anos em uma única noite. E, de certa forma, eu vivi. Não consegui dormir direito, cada vez que fechava os olhos, meu cérebro me lembrava de um único detalhe: Matteo está com o meu gato.Maldito Matteo. Maldito stalker psicopata que decidiu transformar minha vida num inferno e, como se não bastasse, agora resolveu sequestrar Dizie. Quem faz isso? Quem rouba o gato de alguém?Com os nervos em frangalhos, entro no closet e puxo qualquer roupa que pareça minimamente apresentável. Escolho um vestido preto justo, de alças finas, e um par de scarpins nude, porque não tenho energia para pensar em combinações sofisticadas. Pego uma lingerie de renda preta, delicada, completamente inútil diante do caos da minha mente.Me visto no automático e sigo até a penteadeira. Passo os dedos pelos fios loiros, tentando d
Matteo irritante| Jenna Morgan Nove e meia. O set está mais silencioso agora, algumas luzes ainda piscam enquanto a equipe desmonta os equipamentos, conversas baixas vão preenchendo os espaços entre um passo e outro. Respiro fundo, sentindo o peso do dia nos ombros. Matteo se foi há horas, e eu foquei no que precisava ser feito. No que sempre precisa ser feito.Seguro o roteiro contra o peito por um momento antes de entregá-lo a um assistente. O último take foi encerrado, e agora tudo que resta é a pós-produção. Caminho pelo corredor estreito do estúdio, com os saltos ecoando no chão. Puxo o celular do bolso, sem mensagens novas. Melhor assim. O estacionamento está quase vazio. Meu carro me espera logo a frente sob a luz amarelada de um poste. Destravo as portas, deslizo para dentro e solto um suspiro longo. Finalmente.— Ei, Jenna! — ouço uma voz feminina me chamando.Olho pelo retrovisor e vejo Elena correndo na minha direção. Ótimo. Exatamente o que eu precisava para encerrar a n
O início de tudo | Jenna Morgan Eu ainda me lembro do momento exato em que me apaixonei por filmes de terror. Eu era pequena demais para entender, mal sabia falar direito. Mas quando assisti O Exorcista e vi Regan, com os olhos vidrados, a pele doente e a voz demoníaca, girando a cabeça em um ângulo impossível, eu não chorei, não corri para os braços da minha mãe. Eu apenas assisti. Cada detalhe, cada segundo e não me arrependo de nada. Minha mãe odiava filmes de terror e sempre dizia que não eram coisa pra mim, mas no fim, sempre cedia à minha teimosia. No começo, tentava tampar meus olhos nas cenas mais pesadas, mas logo desistia, porque eu sempre dava um jeito de assistir. No fundo, ela não segurava minha mão pra me proteger… era porque ela tinha medo. Já meu pai, dormia o filme inteiro e depois fingia que tinha assistido, soltando comentários sem sentido. Eu nunca corrigi, nunca disse nada, só ficava concordando, e rindo. Mas a nossa vida não tem cortes dramáticos nem avis
Alguém está observando? | Jenna Morgan Não consigo dormir. Não mesmo. O problema nunca foi o medo — não o medo dos filmes, pelo menos. Cresci assistindo a tudo que era considerado "pesado demais para uma criança" e acabei transformando isso em profissão. Sei diferenciar ficção da realidade. Sei que monstros são feitos de maquiagem e efeitos especiais. Sei que o sangue cenográfico é só xarope de milho com corante. Mas isso aqui? Isso não tem maquiagem e nem a porra de um roteiro. É real. Reviro os olhos e me sento na cama, soltando um suspiro longo. O quarto está iluminado apenas pelo o abajur ao lado da minha cama. Olho para o teto, contando as pequenas rachaduras invisíveis na pintura, esperando que o sono venha. Mas não vem. Desisto. Jogo as cobertas para o lado e caminho descalça até a cozinha. O chão frio arrepia minha pele, mas não me importo. Abro a geladeira e pego a garrafa de leite, despejando um pouco na panela para aquecer. Se o leite quente não funcionar,