Encosto na parede e começo a chorar. Todos os dias conversávamos, e todas as vezes ela se fazia de forte, dizendo que o bebê estava bem. Meu Deus, o quanto ela sofreu em silêncio, mostrando as coisas que comprei.— Oh! Minha filha, não chore!— Doí tanto, mãe. Era para ela nascer este mês. Ela estava tão formadinha, mãe. Por que, mãe? Por que isso teve que acontecer comigo?— Minha irmã estava com 8 meses, viemos embora principalmente para ver o nascimento dela. Meu peito está dilacerado numa dor que não consigo descrever, cada vez mais o choro dela me dói.— E o pior é que agora eu nem vou poder ter filhos, tive que arrancar o útero, pois estava correndo risco também.Entro na cozinha e, sem falar nada, abraço a minha irmã. Nós sempre fomos muito ligadas, e ela chora. Ali, com ela nos meus braços, tomo uma decisão.— Irmã, sinto muito.— Talvez tenha que ser assim. Ela era tão linda. — Por longos minutos ela chorou.Pablo entra e percebe o que estava acontecendo. Sobem com a minha mãe
Um ano se passou e hoje é o aniversário dos meus sobrinhos. Minha irmã nos chamou para sermos madrinha deles e nós aceitamos. Ainda não consegui engravidar e fico triste, pois tudo o que queríamos era um filho do nosso amor. Mesmo Pablo sendo carinhoso e compreensivo, eu sei que seu coração dói por tantas tentativas sem sucesso.Nosso amor transborda, nunca imaginei que o amor da minha vida fosse aquele cara que esteve sempre comigo, nos piores e nos melhores momentos.Minha irmã é grata a Deus todos os dias pelos meus sobrinhos. Eles são as crianças mais amadas que vocês podem imaginar. Hugo é aquele paizão, que chora quando não sabe o porquê deles estarem chorando e dá todo o apoio que minha irmã precisa nas noites em claro. Ele é um cara merecedor dessa felicidade. Minha irmã teve sorte.Samuel é muito apegado aos gêmeos. Fico boba de ver que, mesmo crescendo, ele não mudou sua essência. Ele continua amoroso, o melhor amigo do seu irmão e protetor dos gêmeos. Posso dizer que sou a
Olá, deixe me apresentar, Olívia Santiago, tenho 20 anos e sou estudante de veterinária. Tenho uma empresa que montei junto com minha irmã, Samantha, além das diversas lojas pelo mundo que meu pai nos deixou. Samantha e eu fazemos artigos de festa, como para casamentos, aniversários, desde os arranjos até as vestimentas. Um dos meus dons é desenhar vestidos, assim como meu pai, que amava ver seus clientes vestindo suas amadas peças. Hoje é o dia que tanto esperei: o meu casamento. Fiz cada detalhe do meu vestido de noiva, cada pedrinha colocada foi pensando na alegria do meu pai. Ficou exatamente igual ao desenho que ele me deixou, e quem olha diz que foi feito por ele. Foram 3 anos para que ele saísse daquele desenho que guardei como se fosse a joia mais rara. Mas para mim, uma joia não se compara com o valor que ele tem. Meu pai era meu melhor amigo, seus olhos, sua postura durona, pra mim, ele era um super herói. Desde que ele faleceu, dentro do meu peito ficou um vazio enorme.
Pensando na reação da minha irmã e do Pablo, caminho com as pernas trêmulas. Tenho a leve impressão de que Pablo sabia que alguma coisa estava errada, por isso aquele papo estranho de "o importante é que ele chegou". Enrolo o meu vestido para não correr o risco de enroscar nos meus pés e logo chego na frente da igreja onde ele estava. As portas estavam fechadas com todos os convidados dentro, nos esperando. Avisto no topo da escada o amor da minha vida. Ao me ver, percebo que ele ficou nervoso e começa a afrouxar a gravata e abrir alguns botões da camisa. Subo os degraus sorrindo, para esconder o medo que estava sentindo. — Amor... — Falo parando na sua frente. Zaian me olha de cima a baixo. Ele segura na minha cintura, me puxando com vontade contra o seu corpo e me beija devagar, como se quisesse gravar o nosso beijo. Sua língua parecia estar em sintonia com a minha. — Nossa. — sussurro com ele terminando o beijo. Ele coloca a testa na minha e suspira pesadamente. — O que faz aqui,
Debruço sobre as minhas pernas, sem me importar se toda essa maquiagem vai borrar o meu vestido, e choro alto, desesperada, pois não sei o que está acontecendo. O meu peito dói como há muito tempo não doía.Após longos minutos chorando, a imagem do meu pai erguendo o meu queixo aparece na minha mente, como se fosse um filme. As suas palavras me fazem levantar.— (Lembrança) Eu te ensinei a ser forte, não deixe ninguém molhar esses lindos olhos de novo. Vou estar com você, não importa como, mas sempre que precisar, estarei ao seu lado.Sentindo aquele vento fresco secar as minhas lágrimas, e em meio a esse pesadelo, acabo sorrindo. Isso sempre acontece. Falo que o vento é meu melhor amigo, pois só ele me faz sentir um pouco mais tranquila. Pensando no meu pai, em tudo que passei, decido que não vale a pena chorar. Ele não se importou com o seu próprio filho, e isso eu não vou perdoar. E se depender de mim, ele nunca terá contato com meu bebê.Passo a mão no meu rosto, limpando um pouco
Após alguns minutos na praia, Pablo e eu entramos no carro e fomos para a festa. Troquei de roupa e vesti um vestido simples. Todos sabiam que eu estava forçando uma felicidade que já não sentia mais.No fim da festa quis ficar sozinha, tranquei-me no apartamento que foi escolhido por nós dois. Cada móvel, cada foto, tudo estava como sonhávamos, daí nesse momento que caiu a fica, ele me abandonou no altar, não se importou comigo, não se importou com o nosso filho.Ainda não consigo entender o porquê dele ter me deixado. Sei que algo aconteceu, eu o conheço. Zaian nunca me machucaria assim, ele não conseguia encarar meus olhos e isso ele nunca fez por mais difícil que tenha sido a situação.Com os dias passando não consegui me levantar, fiquei isolada do mundo, me lamentando todos os dias. Olhava minha barriga crescendo, meu filho se mexendo, e eu chorava cada vez mais. Minhas amigas e Pablo me dão todo apoio necessário, só que eu não fazia força para sair daquela depressão que me afund
Estou na frente do computador mais uma vez, pensando em buscar informações sobre o Zaian. Nunca mais ouvi falar nele. Será que ele se formou? Será que tem alguém na sua vida? O que aconteceu de tão grave que ele me deixou no dia que nós planejamos? Fico me torturando, querendo respostas.Todo ano, desde o nascimento do meu filho Samuel, eu faço um vídeo com cada momento importante: seus aniversários, seus primeiros passos, suas primeiras palavras.Sempre que penso no Zaian, fico mal, pois ele perdeu o amor maior, o amor mais puro que ele poderia encontrar: o amor do nosso filho. Deixo sempre esses vídeos salvos em um pen-drive, caso algum dia eu o veja e ele queira saber do nosso filho, ver os momentos que ele perdeu. Sim, estou sendo contraditória. Disse que ele não iria saber do Samuel, mas meu filho insiste tanto em saber quem é seu pai, o porquê de não morarmos com ele. Eu não consigo responder e acabo chorando, pois nem eu sei a resposta.Fecho o notebook e me concentro no meu de
Fico encarando ele por alguns segundos, até que Drica finge uma tosse. Depois disso começamos a conversar sobre coisas aleatórias. Me despeço e entro no meu carro. Passo para comprar um brinquedo para o meu filho. No caminho para casa, fico pensando em como o olhar do Pablo é intenso. Me sinto estranha perto dele, mas é um estranho bom. Nem com Zaian me sentia assim. Ele consegue fazer o meu rosto corar só com o seu olhar. Eu sei que ele quer muito mais do que amizade. Ele deixa claro nas suas atitudes. Teve um tempo em que ele até tentou se afastar. Foi quando ele tentou ficar com a última namorada. Isso faz uns 3 anos. Mas acabamos não conseguindo ficar longe um do outro. Depois disso, não tem um dia em que não nos falamos, apesar de saber do seu interesse em mim, nossa amizade é linda, ele me protege, me ouve e secou e ainda seca todas as minhas lágrimas.Chego em casa e vejo o meu príncipe sentado na porta me esperando, como ele faz todos os dias.— Mamãe.— ele grita e fica pulan