Cap 05. Convite para sair.

Estou na frente do computador mais uma vez, pensando em buscar informações sobre o Zaian. Nunca mais ouvi falar nele. Será que ele se formou? Será que tem alguém na sua vida? O que aconteceu de tão grave que ele me deixou no dia que nós planejamos? Fico me torturando, querendo respostas.

Todo ano, desde o nascimento do meu filho Samuel, eu faço um vídeo com cada momento importante: seus aniversários, seus primeiros passos, suas primeiras palavras.

Sempre que penso no Zaian, fico mal, pois ele perdeu o amor maior, o amor mais puro que ele poderia encontrar: o amor do nosso filho. Deixo sempre esses vídeos salvos em um pen-drive, caso algum dia eu o veja e ele queira saber do nosso filho, ver os momentos que ele perdeu. Sim, estou sendo contraditória. Disse que ele não iria saber do Samuel, mas meu filho insiste tanto em saber quem é seu pai, o porquê de não morarmos com ele. Eu não consigo responder e acabo chorando, pois nem eu sei a resposta.

Fecho o notebook e me concentro no meu desenho, mas acabo desistindo, pois quando fico com a cabeça pilhada, não consigo criar algo bom. Minha irmã me observa do vidro do seu escritório, ela levanta e vem até minha sala.

— Posso entrar? — ela fala me olhando com receio.

— Claro!

— No que tanto pensa, minha vida? — ela fala me analisando enquanto caminha na minha direção.

Em poucos minutos, ela fica atrás de mim. Estou sentada de frente para minha mesa e logo sinto seus braços envolvendo meus ombros. Ela me abraça carinhosamente e encosta seu rosto no meu.

— Ainda buscando respostas?

— Você me conhece como ninguém, não é? — Falo, deixando um beijo em seu rosto.

— Sem dúvidas! Você é minha melhor amiga, minha melhor irmã, melhor sócia. E eu conheço quando esse coração está aflito. Se aceita um conselho dessa sua chata irmã, se tem vontade de saber dele, vai atrás! Se ainda o ama como parece, isso responde você não consegue seguir em frente. Faz o que o seu coração manda! Mas posso ser sincera?

— Como sempre foi!

— Eu sinto que você já não o ama mais, penso que você está ferida por não saber o que realmente aconteceu, Livy. Para você se dar a oportunidade de ser feliz, você tem que fechar esse ciclo que você mesma criou. Eu sei o quanto amava ele, mas será que vale a pena se fechar? Você está deixando de ver o cara mais incrível que está do seu lado, por viver no passado. Se liberta, meu amor. Você merece alguém que compartilhe os seus medos com você, que no primeiro problema não desista. Eu te amo, e não quero te ver como anos atrás.— Samy fala e suspira fundo.— Me promete, Livy, que não vai deixar ninguém machucar esse coração? Ele é valioso demais.

Me levanto sem conseguir falar nada. Cada palavra me fez ver que não fui só eu que sofri naqueles meses, mas todos eles, principalmente a minha irmã e a minha mãe, que tiveram muitas vezes que me dar banho abraçadas comigo, pois eu já não tinha força nem para ficar em pé. Estava me afundando cada vez mais num abismo criado por mim, e para lá eu juro que não volto mais. Na minha.ha vida, só tenho que agradecer aos meus amigos, minha mãe e o amor da minha vida, minha irmã, pois sem eles provavelmente nem estaria mais aqui.

— Prometo, vocês nunca mais vão me ver machucada como naqueles dias. Eu te amo, Samantha, e não vou deixar que o passado me assombre novamente — Falo olhando nos seus olhos, limpando as suas lágrimas que borravam o seu lindo rosto.

Ficamos mais um tempo no escritório conversando, mas dessa vez era sobre coisas felizes: nosso trabalho, a coisa mais gostosa da minha vida que é o Samuel. Samantha tem um amor por ele, que é como se fossem ligados de alguma forma.

Dizem que meu pai era assim comigo desde que eu saí do hospital, que sou grata a Deus por ter me dado a melhor família do mundo.

Hoje estava tranquila no ateliê, vim à clínica veterinária cuidar de um cachorrinho atropelado. Infelizmente, a pessoa que o atropelou fugiu, mas ainda existem pessoas boas que olham para os pequenos animais. Ela trouxe-o até a clínica e explicou o ocorrido. Tivemos que fazer uma cirurgia e agora é esperar para ver sua recuperação.

Depois de um dia de trabalho, troco com minha sócia. Ela é a que mais atende na clínica, pois tenho que me desdobrar no ateliê e aqui. Fizemos um acordo: venho só quando é plantão. Às vezes, acontece de me ligarem de madrugada para cuidar de um pet e sempre estou disponível.

Estou saindo em direção ao estacionamento quando encontro as meninas e o Pablo.

— Oi amor da minha vida. — Emily vem me dando um abraço.— Nossa, por que sua calça está com sangue?

— Oi gente, fiz uma cirurgia de emergência agora pouco. Nem tinha percebido que pingou. Mas vem cá, o que fazem aqui?

— Viemos te chamar para o novo barzinho que abriu. — Drica fala me entregando um panfleto.

— Eu passo, não vou não. Estou cansada e vocês sabem que não gosto muito de sair. — Respondo devolvendo o papel.

— Por favor, diz que vai. A Fernanda vai comigo, pelo amor de Deus. Ela disse que só vai se você for. — Emilly fala com carinha de cachorrinho abandonado.

— Não sei...

— Não tem essa de "não sei". Passamos para te pegar. A vida não é só trabalho, Olívia. Você tem que começar a reagir e se divertir. — Pablo fala me encarando.

— Tem o Samuca, eu quero ficar com meu filho...

— Vamos, Olívia. Faz cinco anos que você não sai para lugar nenhum. O horário que vamos, ele estará dormindo. — Drica fala, colocando-se na minha frente.

Conforme eles vão falando ao mesmo tempo, tentando me convencer, lembrei da promessa que fiz para Samantha. Eu vou seguir minha vida. Já passou da hora de pensar em mim, apesar de não saber por onde começar.

— Ok, vocês venceram!— Falo revirando os olhos frustrada pela insistência.

— Aleluia! Vou ligar para a Fernanda.

— Mas já vou avisando que, se estiver chato, volto para casa e deixo vocês lá.

— Não vai estar. Quem sabe você não dá uns beijos na boca? Já está até criando teia de aranha, olha. — Drica fala brincando. Ela sabe que minhas tentativas de ficar com alguém foram um fracasso. Sempre que tentava, o cara era mais idiota do que parecia.— Escuta o que estou falando, esse mau humor que vive com você, é falta daquilo.

— Adriana! — falo a repreendendo.— Que coisa besta de se diz.— Brinco.— Bom, espero vocês em casa.

— O Guilherme também vai? — Pablo pergunta para Drica.

— Sim, ele disse que sim.

— Que bom. Faz 14 horas que não vejo a Patrícia. — Falo rindo.

— Ela é bem doida. — minhas amigas falam juntas.

— Mas também, o jeito que o Guilherme olha para Olívia, eu também ficaria paranóico. — Pablo fala, me encarando.

— Oras, você fica perdendo tempo. Outro vai chegar na frente. — Emilly fala rindo.

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