ZaianVocês devem estar me odiando, né? Não tiro a razão de vocês, por 5 anos, também me odiei.Bom, para vocês entenderem o que aconteceu, vamos ter que voltar alguns dias antes do casamento que não aconteceu.Cinco anos atrás...— Nossa, como sai tanto sangue, né? — Olívia fala olhando para a bolsa de sangue.— Sim, bastante. Mas é muito importante a doação de sangue, minha princesa. Sempre que posso, venho doar.— Concordo. Com a doação, poderemos estar salvando uma vida! — ela responde, tentando ignorar a agulha no meu braço.Estamos na clínica do pai da nossa amiga Raquel. Conheci ela através da Livy, e agora tudo o que eu e ela vamos fazer, Raquel quer estar junto. Já sou conhecido na clínica, venho aqui a cada dois meses para doar sangue, mas não sabia que a clínica era dos pais da Raquel.— Pode esperar lá fora — diz a enfermeira com cara de poucos amigos, olhando para Olívia.— Mas eu queria ficar.— Tudo bem, só fique em silêncio, por favor. Aqui é um hospital, não a cantina
Olho para ela com raiva, minha cabeça parece que vai explodir.— Desce do carro, Raquel!— Mas...— Não quero ser grosso, mas por favor, sai daqui! — Falo, interrompendo sua fala.Abaixo minha cabeça, debruçado no volante, tentando me controlar, pois minha vontade é entrar naquela clínica e quebrar tudo. Raquel abre a porta e a b**e com força. Travo as portas e choro de raiva, tristeza. Eu vou perder a mulher da minha vida por um erro de uma enfermeira.Seco as minhas lágrimas e vou à frente da igreja, após conversar com a minha cunhada e ela implorar para que eu não deixe Olívia nesse momento. Ela entra para chamar a minha pequena. Ela está vindo com a carinha de preocupada. Deus, como ela está linda, muito mais perfeita do que imaginei. Quando ela se aproxima com aquele sorriso lindo, a beijo com tanta dor que há em mim. Olho nos seus olhos e digo que não vou mais me casar. Aquilo doeu em mim, mas eu não posso prendê-la a um homem doente. Ela não merece ser abandonada. Mas minha cabe
Depois de um ano sozinho, resolvi tentar encontrar alguém para amar, mas era impossível. Toda mulher que se aproximava, eu procurava os detalhes que só encontro na Olívia, mas nenhuma tinha o seu perfume, beijos, o seu gosto.Passei a ficar com mulheres apenas por prazer, cada dia uma diferente, e a cada dia me afundava mais pensando que outro homem estava com a Olivia, que ela havia esquecido o nosso amor.— Por que você não consegue me ver como mulher? — Raquel diz, me olhando nos olhos.Ela tenta me seduzir todos os dias, até fiquei com ela algumas vezes, mas nunca a levei para a cama. Hoje ela está mais ousada, observo-a se aproximando e desamarrando o seu casaco, lentamente deixando-o escorregar sobre o seu corpo. Ela está completamente nua.— Vista isso. — Falo desviando meu olhar, mas é impossível. Não dá para negar que ela é uma mulher linda, seu corpo tem o desenho perfeito.Ela se aproxima beijando meu pescoço. Estou sem camisa, não esperava sua visita, mesmo sabendo que ela
OlíviaAo entrar no táxi, percebo que os dois copos de vodka que bebi foram suficientes para me deixar um pouco bêbada. Encosto a cabeça no vidro do carro e me permito chorar. Por que, após tanto tempo, ele ainda mexe comigo? Talvez seja como Samantha disse: o que faltou entre nós foi conversar. Essa falta de informação me fez remoer essa dor do abandono por tantos anos. Fico me perguntando por que ele não demonstrou interesse em nosso filho nem por um segundo.Bom, se ele não quiser saber dele, não vou insistir. Samuel sempre foi meu filho! Mesmo sabendo que a falta de uma figura paterna afeta ele, sempre dei o meu máximo para que ele nunca sentisse sozinho.— Senhora, está tudo bem? — Meus pensamentos são interrompidos ao perceber que o motorista já parou onde eu pedi.— Chegamos.— Desculpe! Está sim, obrigada por perguntar. Se puder esperar um pouquinho aqui, prometo que não vou demorar. — Falo secando minhas lágrimas.— O tempo que precisar, consegue descer? — Acho que estou com c
Fiquei por duas horas no hotel, e o sentimento que estou sentindo agora não desejo para ninguém. Me arrumei, fiz uma maquiagem leve para disfarçar a cara de choro e saí.Entrei no elevador de cabeça baixa, com o sentimento de que fui usada.Duas mulheres aparentemente com uns 60 anos entraram e ficaram me olhando de cima a baixo, como se soubessem o que foi feito naquele quarto. Já estava constrangida com os olhares delas, aquele silêncio estava insuportável, até que elas se olharam e uma delas falou.— Ele já foi mais cavalheiro com as meninas com quem passa a noite. — A senhora com um sorriso simpático falou baixinho, não o suficiente para que não fosse ouvida.Me mexi, mostrando meu desconforto. A outra, com o rosto mais sério, colocou a mão no meu ombro como se estivesse querendo me dar conforto ou algo do tipo, mas tudo o que fez foi me fazer sentir mais arrasada.— Você me parece diferente das outras. Não fique assim, não é a primeira nem a última que se entrega para o homem err
Desço em direção à cozinha, coloco a pipoca para estourar. Depois de pronta, pego uns chocolates e subo. Quando entro no quarto, ele está sentado perto da janela. Pablo tirou a camiseta branca e ficou só de regata.— Quando ele se tornou tão bonito? — Falo baixinho, comigo mesmo.Entro confusa com os meus pensamentos, puxo suas mãos fazendo-o sentar na cama e me sento ao seu lado. Ele coloca um filme chamado "Espírito". Por que é que eu resolvi assistir isso? Cada cena é um frio na barriga e um medo percorre a espinha. Acho que até a minha alma resolveu sair de medo.— Se continuar a apertar a minha mão, não vou tê-la daqui a alguns minutos. — Ele fala rindo. Sua voz sai um pouco rouca, calma.— Desculpa! É que estou com medo. Não dá para colocar um desenho animado? Já sei, as Meninas Super Poderosas, Pica-Pau ou até mesmo a Galinha Pintadinha? — Falo tampando os meus olhos com a mão enquanto o a mulher do filme grita.— Você é hilária. — Ele fala rindo. — Vamos assistir o que quiser.
Ouço falas e risos e reconheço de quem são: Samantha e seu marido Hugo, as meninas Drica e Emilly, todos na mesa nos esperando.Samuel sai correndo para dar um abraço na minha irmã e no Hugo.— Dormiu bem, amor? — Minha irmã pergunta para Samuel, sentando-o no colo dela.— Sim, o padrinho me fez dormir com o cafuné dele. Até a mamãe dormiu sorrindo essa noite. Olha, ela está feliz.— Sorrindo, é? Realmente, pequeno Samuel, sua mãe está sorrindo muito esses dias. — Hugo me encara, fazendo insinuações sobre o Pablo.— Não começa, Hugo. — Falo rindo, me sentando ao lado do Pablo.Paro para pensar e realmente estou percebendo que ultimamente o Pablo anda me encarando e fazendo coisas que antes não fazia, como no dia antes de sair. Ele nunca ficou tão perto e falando aquelas coisas. Olha eu aqui pensando no que ele me causou com suas indiretas. Nunca senti tantos sentimentos relacionados a uma única pessoa, e o pior é não saber diferenciá-los.Meus pensamentos são cortados com a voz da Sam
OlíviaEu só posso ter salgado a santa ceia, não é possível. Estou com um misto de sentimentos: tristeza, decepção, raiva, dúvidas. Busco o pouco de dignidade que ainda me resta, se é que ainda tenho, depois da noite que passei com ele.Se a intenção dela é esfregar na minha cara que ela vai se casar com quem me abandonou, ela conseguiu, mas não vou dar esse gostinho para eles. Entro na sala de reunião quase fugida para que minha irmã não veja o que está acontecendo, pois se ela ver o Zaian, o barraco está armado.— Sente-se — falo, apontando para a cadeira.Raquel parece uma múmia falando, articulando com as mãos, se esfregando em Zaian. Ele, por sua vez, está imóvel, sem reação, sem palavras. Parece que só o corpo dele está aqui, a mente está bem longe.Coloco uns vídeos dos casamentos que já organizei, só para ter uma ideia e para eles decidirem, já que ela não gosta de nada que eu falo.— Esse foi do filho do embaixador da Itália, acredito que foi o maior desafio até hoje. — mostr