Cap 06. Ela não tinha a menor ideia da existência do meu neto.

Fico encarando ele por alguns segundos, até que Drica finge uma tosse. Depois disso começamos a conversar sobre coisas aleatórias. Me despeço e entro no meu carro. Passo para comprar um brinquedo para o meu filho. No caminho para casa, fico pensando em como o olhar do Pablo é intenso. Me sinto estranha perto dele, mas é um estranho bom. Nem com Zaian me sentia assim. Ele consegue fazer o meu rosto corar só com o seu olhar. Eu sei que ele quer muito mais do que amizade. Ele deixa claro nas suas atitudes.

Teve um tempo em que ele até tentou se afastar. Foi quando ele tentou ficar com a última namorada. Isso faz uns 3 anos. Mas acabamos não conseguindo ficar longe um do outro. Depois disso, não tem um dia em que não nos falamos, apesar de saber do seu interesse em mim, nossa amizade é linda, ele me protege, me ouve e secou e ainda seca todas as minhas lágrimas.

Chego em casa e vejo o meu príncipe sentado na porta me esperando, como ele faz todos os dias.

— Mamãe.— ele grita e fica pulando.— Olha, vovó, a mamãe chegou!

Abro um sorriso com a alegria dele. Ele vem correndo e pula no meu colo. Minha mãe para na porta balançando a cabeça com um sorriso no rosto.

— Oi amor, como você passou o dia hoje?

— Eu brinquei com o pulguinha, quebrei o espelho da vovó com a bola. Você acredita que ela gritou comigo? E ainda disse que vai me deserdar. Mamãe, o que é isso, deserdar? Ah! Veio uma mulher e me abraçou chorando e disse que você não podia ter feito isso com ela.

— Espera, qu... quem? — Falo nervosa.

— A Katrina veio ver como você está. Nem sei como ela descobriu que estamos morando aqui. Ela começou a conversar comigo, depois fez um monte de perguntas para o Samuca. E onde ela juntou que 2 + 2 é igual a 4. — Minha mãe me responde com a voz um pouco nervosa.— Percebi que ela não tinha a menor ideia da existência do meu neto.

— Droga!

— Não pode falar essa palavra, mamãe, é muito feio.— Samuel me repreende cruzando os bracinhos.

— Verdade, filho, me desculpa.

Entro com ele no quarto para trocar de roupa, após brincarmos um pouco no jardim. Subimos para tomar banho e assistir a um filme. Mal prestei atenção na TV, só pensava na Katrina. Será que ela veio para ficar ou já morava aqui? Será que o Zaian não falou da minha gravidez? Como ele fez tão pouco caso do nosso filho? E eu querendo que ele conheça o pai, parando a minha vida, não conseguindo me envolver de verdade com ninguém.

— Mamaezinha.

— Oi, amor?

— Eu tô com soninho. — Ele fala coçando os olhos.

— Pode dormir, vidinha.

— Te amo, mamãe.

— Também te amo, amor. — Falo abrindo os meus braços.

Ele se aconchega neles e, com os meus carinhos, ele dorme. Arrumo ele na cama, dou um beijinho na sua testa, desligo a TV e vou para o quarto da minha mãe.

— Ele dormiu, filha?

— Dormiu, mãe. O que ela tanto falou?

— Que vem conversar com você e que não adianta você fugir.

— Eu nunca fugi, ele que foi embora sem se importar com o seu filho. Como eu ia adivinhar que ele não havia lhe contado? Ninguém tem direito de me julgar, ninguém!

— Ninguém vai deixar eles te julgarem, filha.

— Mãe?

— Sim?

— Posso ir numa festa com as meninas e o Pablo? Agora mais do que nunca, preciso sair um pouco.

— Que pergunta, vai se divertir. O meu neto está dormindo, e você sabe o quanto eu amo ele.

— A senhora me liga se ele acordar?

— Para quê?— ela fala revirando os olhos.

— Mãe!

— A menina teimosa, isso você puxou do seu pai, sem dúvidas, anda, vai se arrumar, solta esses cabelos que só vive presos, passa um batom, você esqueceu de viver filha, se dê a oportunidade de conhecer alguém, ou dê a oportunidade para alguém que esteve sempre do seu lado, dê a oportunidade de ser realmente feliz. Mesmo que seja sozinha filha, não se feche para a vida!

Fico olhando ela, sei o que ela está insinuando, mas se isso for um erro? E se eu perder a coisa mais linda que já aconteceu na minha vida, que é a amizade do Pablo? Eu sei o que ele quer, mas é o que eu quero? Apesar de deixar claro suas intenções, ele nunca deu o primeiro passo, só fica me olhando com aqueles olhos verdes penetrantes.

— Tá bom mãe, vou me arrumar, mãe?— Antes de sair dou um passo para trás.— Eu te amo muito. — Falo dando um abraço apertado nela.

— Também te amo filha.

— Mãe... antes de ir. Me conta como o papai era? Está chegando a data do aniversário dele. E quero sentir ele perto de mim de novo.

— Seu pai sempre esteve com você, quando sentir sua falta, coloque a mão aqui...— Ela fala pousando a mão na minha cicatriz que tenho no meio do meu peito.— Em cada batida do seu coração, é como se ele ainda estivesse aqui.

— Eu sei... é que ele me faz tanta falta.

— Para nós todas filha. Eu também nunca consegui seguir em frente desde a sua morte.— Me sento e limpo os seu olhos que caiam lágrimas sem parar.— O que quer saber?

— De tudo. Pela primeira vez que saber do meu nascimento. Eu fui uma criança desejada por vocês dois?

— Claro que sim, muito.— Ela fala desviando por um segundo seu olhar.

— Você está mentindo, eu te conheço e sei que essa desviada de olhar fala muito mais que as palavras que saem da sua boca. Me conta por que eu fui rejeitada por ele.

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