Olho para minha mãe emocionada, nunca tinha ouvido essa versão da minha infância, tudo que meu pai fez, com tantos detalhes, foi forte demais. Tudo que meu pai fez por mim, foi me proteger, me amar como nunca imaginei um amor, assim. Meu pai me deu a vida e eu vou honrar ela.Olho para minha mãe que chora de soluçar, igual uma criança.— Obrigada, mãe, por ter me contado. Um dia minha amiga me disse que eu não havia sido uma criança desejada. Mas ouvindo a senhora contar os detalhes de tudo que ele fez por mim e pela Samantha, não tem como acreditar no que Raquel falava.— Minha menina, você era a garotinha mais amada do mundo, então não deixe que ninguém te diga ao contrário. Agora vai, pois quero te ver bem gata.Vou para o meu quarto tomo um banho e começo a me arrumar, escovo os meus cabelos, encontro um vestido preto que imita o couro, um pouco mais justo do que costumo usar. Faz tanto tempo que não saio sem ser para trabalhar, que nem sei mais como me vestir para uma balada.Dou
Raquel e eu nos conhecemos desde que eu tinha 11 anos. Nos tornamos amigas e chegamos a fazer o primeiro estágio da faculdade juntas. Creio que ela tenha hoje 30 anos. Sempre a levava em casa, mas com o tempo perdemos o contato.— Está acompanhada? — ela pergunta olhando em volta para ver se estou com alguém.— Estou com os meus amigos, mas eles estão um pouco ocupados lá em cima.— Nossa, você não mudou nada, continua de vela!— Ela fala rindo.— Fiquei sabendo que você abriu uma empresa aqui, é verdade?— Sim, faz 3 anos. Desde então, moro aqui. — Nossa, você está linda. Nem parece que teve filho. Até que está bonita ainda.— Ela diz e não sei por que, senti um pouco de sarcasmo.— A maternidade é muito mais do que o corpo. Eu poderia estar pesando 30 quilos a mais e continuaria ser a mesma. — Respondo tentando não demonstrar a minha frustração.Odeio essa expressão, como se depois que nos tornamos mães, ficássemos acabadas. Lógico que o nosso corpo muda, é uma vida que carregamos por
ZaianVocês devem estar me odiando, né? Não tiro a razão de vocês, por 5 anos, também me odiei.Bom, para vocês entenderem o que aconteceu, vamos ter que voltar alguns dias antes do casamento que não aconteceu.Cinco anos atrás...— Nossa, como sai tanto sangue, né? — Olívia fala olhando para a bolsa de sangue.— Sim, bastante. Mas é muito importante a doação de sangue, minha princesa. Sempre que posso, venho doar.— Concordo. Com a doação, poderemos estar salvando uma vida! — ela responde, tentando ignorar a agulha no meu braço.Estamos na clínica do pai da nossa amiga Raquel. Conheci ela através da Livy, e agora tudo o que eu e ela vamos fazer, Raquel quer estar junto. Já sou conhecido na clínica, venho aqui a cada dois meses para doar sangue, mas não sabia que a clínica era dos pais da Raquel.— Pode esperar lá fora — diz a enfermeira com cara de poucos amigos, olhando para Olívia.— Mas eu queria ficar.— Tudo bem, só fique em silêncio, por favor. Aqui é um hospital, não a cantina
Olho para ela com raiva, minha cabeça parece que vai explodir.— Desce do carro, Raquel!— Mas...— Não quero ser grosso, mas por favor, sai daqui! — Falo, interrompendo sua fala.Abaixo minha cabeça, debruçado no volante, tentando me controlar, pois minha vontade é entrar naquela clínica e quebrar tudo. Raquel abre a porta e a b**e com força. Travo as portas e choro de raiva, tristeza. Eu vou perder a mulher da minha vida por um erro de uma enfermeira.Seco as minhas lágrimas e vou à frente da igreja, após conversar com a minha cunhada e ela implorar para que eu não deixe Olívia nesse momento. Ela entra para chamar a minha pequena. Ela está vindo com a carinha de preocupada. Deus, como ela está linda, muito mais perfeita do que imaginei. Quando ela se aproxima com aquele sorriso lindo, a beijo com tanta dor que há em mim. Olho nos seus olhos e digo que não vou mais me casar. Aquilo doeu em mim, mas eu não posso prendê-la a um homem doente. Ela não merece ser abandonada. Mas minha cabe
Depois de um ano sozinho, resolvi tentar encontrar alguém para amar, mas era impossível. Toda mulher que se aproximava, eu procurava os detalhes que só encontro na Olívia, mas nenhuma tinha o seu perfume, beijos, o seu gosto.Passei a ficar com mulheres apenas por prazer, cada dia uma diferente, e a cada dia me afundava mais pensando que outro homem estava com a Olivia, que ela havia esquecido o nosso amor.— Por que você não consegue me ver como mulher? — Raquel diz, me olhando nos olhos.Ela tenta me seduzir todos os dias, até fiquei com ela algumas vezes, mas nunca a levei para a cama. Hoje ela está mais ousada, observo-a se aproximando e desamarrando o seu casaco, lentamente deixando-o escorregar sobre o seu corpo. Ela está completamente nua.— Vista isso. — Falo desviando meu olhar, mas é impossível. Não dá para negar que ela é uma mulher linda, seu corpo tem o desenho perfeito.Ela se aproxima beijando meu pescoço. Estou sem camisa, não esperava sua visita, mesmo sabendo que ela
OlíviaAo entrar no táxi, percebo que os dois copos de vodka que bebi foram suficientes para me deixar um pouco bêbada. Encosto a cabeça no vidro do carro e me permito chorar. Por que, após tanto tempo, ele ainda mexe comigo? Talvez seja como Samantha disse: o que faltou entre nós foi conversar. Essa falta de informação me fez remoer essa dor do abandono por tantos anos. Fico me perguntando por que ele não demonstrou interesse em nosso filho nem por um segundo.Bom, se ele não quiser saber dele, não vou insistir. Samuel sempre foi meu filho! Mesmo sabendo que a falta de uma figura paterna afeta ele, sempre dei o meu máximo para que ele nunca sentisse sozinho.— Senhora, está tudo bem? — Meus pensamentos são interrompidos ao perceber que o motorista já parou onde eu pedi.— Chegamos.— Desculpe! Está sim, obrigada por perguntar. Se puder esperar um pouquinho aqui, prometo que não vou demorar. — Falo secando minhas lágrimas.— O tempo que precisar, consegue descer? — Acho que estou com c
Fiquei por duas horas no hotel, e o sentimento que estou sentindo agora não desejo para ninguém. Me arrumei, fiz uma maquiagem leve para disfarçar a cara de choro e saí.Entrei no elevador de cabeça baixa, com o sentimento de que fui usada.Duas mulheres aparentemente com uns 60 anos entraram e ficaram me olhando de cima a baixo, como se soubessem o que foi feito naquele quarto. Já estava constrangida com os olhares delas, aquele silêncio estava insuportável, até que elas se olharam e uma delas falou.— Ele já foi mais cavalheiro com as meninas com quem passa a noite. — A senhora com um sorriso simpático falou baixinho, não o suficiente para que não fosse ouvida.Me mexi, mostrando meu desconforto. A outra, com o rosto mais sério, colocou a mão no meu ombro como se estivesse querendo me dar conforto ou algo do tipo, mas tudo o que fez foi me fazer sentir mais arrasada.— Você me parece diferente das outras. Não fique assim, não é a primeira nem a última que se entrega para o homem err
Desço em direção à cozinha, coloco a pipoca para estourar. Depois de pronta, pego uns chocolates e subo. Quando entro no quarto, ele está sentado perto da janela. Pablo tirou a camiseta branca e ficou só de regata.— Quando ele se tornou tão bonito? — Falo baixinho, comigo mesmo.Entro confusa com os meus pensamentos, puxo suas mãos fazendo-o sentar na cama e me sento ao seu lado. Ele coloca um filme chamado "Espírito". Por que é que eu resolvi assistir isso? Cada cena é um frio na barriga e um medo percorre a espinha. Acho que até a minha alma resolveu sair de medo.— Se continuar a apertar a minha mão, não vou tê-la daqui a alguns minutos. — Ele fala rindo. Sua voz sai um pouco rouca, calma.— Desculpa! É que estou com medo. Não dá para colocar um desenho animado? Já sei, as Meninas Super Poderosas, Pica-Pau ou até mesmo a Galinha Pintadinha? — Falo tampando os meus olhos com a mão enquanto o a mulher do filme grita.— Você é hilária. — Ele fala rindo. — Vamos assistir o que quiser.