Quatro

Atravessou todo o restaurante que tinha achado bonito, tinha o mesmo cheiro da casa da vizinha. Achou que poderia ir ali mais vezes quando sentisse saudades de casa, nem em um milhão de anos ele imaginaria ver Ivy sentadinha naquela cadeira com seu cabelo jogado para o lado mostrando aqueles peitos bonitos. — Se concentra - mandou para si mesmo. A encontrou do lado de fora, escrevia alguma coisa no celular. Apollo riu se aproximou o suficiente para lhe tomar o aparelho e conseguir aqueles olhos verdes em sua direção. — Perdeu garota!

— Ah não. - Ivy bateu o pé virando para o outro lado. Não queria ter que olhar para ele. — Porque você sempre estraga tudo? Quando meu Deus, eu vou parar de ser castigada por esse filho do demônio? ESSA PRAGA!

— Eu não sou tão ruim assim, garota - Ivy virou para ele rapidamente. — Me desculpa! Mas eu não sabia que encontraria você por aqui, e se estamos com as mesmas pessoas, certamente estamos também no mesmo apartamento, e prédio e faculdade. - Cruzou os braços para acalmar o coração que batia forte dentro do peito.

— De todas as cidades do mundo, porque justamente veio para cá? Até quando você vai me seguir e destruir minha vida? - Falou mais alto e as pessoas que passavam no momento olharam para o casal.

Ele mal tinha aparecido e toda a imagem daquela linda cidade havia caído por terra.

— Olha aqui minha filha, eu não estou te seguindo não. Meu pai e minha madrasta moram aqui, temos um bar muito famoso, e eu resolvi vim fazer faculdade aqui. E eu poderia ir morar com ele? Sim. Mas…

— Mas você escolheu destruir até mesmo o meu sonho, depois do colegial? Seu escroto filho da puta, eu te odeio. Eu te odeio de verdade. Eu quero que você vá embora, ou não, eu posso ir embora porque você é uma pessoa ruim e está aqui apenas para me destruir, confessa. - Mandou.

— Você não é o centro do mundo Ivy, para de se achar garota. Tá pesando que é o último sol do amanhecer? - Ele bradou mais sério, se aproximou devagar estendendo o celular para ela. — Eu também sempre quis sair daquela cidade, e se você tivesse reparado melhor em mim, tinha descoberto. - Apontou para si mesmo enquanto Ivy apenas calculava como iria chegar naquele apartamento arrumar suas coisas e ir embora no mesmo dia. — Não posso morar com meu pai porque ele é um babaca, mas um cara legal.

— Eu não me importo com você ou com sua família, e claro que não vou reparar em nada em você, porque você não tem nada de interessante - Disparou de uma vez, e o outro fez pouco caso. — Nós não somos mais crianças.

— É, eu sei que não somos. Então fica tranquila baixinha invocada - Tentou abraça-la de lado, mas recebeu um soco no estômago. Abraçou a barriga novamente quase perdendo o ar. — Eu não senti saudade dos seus socos. Nossa Ivy!

— E eu de nenhuma das suas piadas sem graça. SEU BABACA!

— Olha Ivy, eu não quero que desista da faculdade por minha culpa. Apesar de ter adorado saber que eu te afeto tanto a ponto de parar o seu mundo por minha causa. - Sorriu enquanto se erguia novamente. Ela o olhou dos pés a cabeça e claro, claro, ela não podia perder a cabeça por causa daquele babaca. Iria sim seguir a diante.

Voltar agora para casa também era uma prova de que não saberia lidar com nada que fugisse do seu controle na vida adulta, só tinha que entender que nem tudo na vida era como planejou.

Engoliu a seco e subiu o olhar para os daquele idiota.

— Eu não vou desistir do meu sonho por uma pessoa escrota como você. - Apollo se ofendeu — Eu tenho um emprego aqui, meio período, mas será perfeito. Também moro num apartamento bonito e meu quarto falta apenas flores para decorar e as meninas são legais e os garotos são bonitos, menos você. - Contou logo fazendo o garoto rir em deboche — Eu sou uma mulher adulta agora, não vou mais me importar com o que você falar. - Passou por ele de cabeça erguida, pronta para entrar no restaurante de novo.

— Ainda bem. Porque agora que você disse que é adulta… - Ele virou para ela, se encararam, Apollo sorriu — Quero ver você fugir de tudo que acabei de planejar na minha cabeça. - Passou por ela entrando primeiro.

Ivy engoliu a seco e também todo o seu ódio e entrou, e assim que fez, travou no mesmo momento quando encontrou o sorriso de Apollo. Ele parou ao seu lado e gritou chamando atenção:

— Aí pessoal. - Todo mundo daquele restaurante olhou para os dois. — Essa é Ivy Olivares, é a minha melhor amiga desde a infância - as meninas da mesa arregalaram os olhos e os meninos se entreolharam, confusos. — Só quero anunciar que ela é uma das pessoas mais bravas que conheci, mas está em busca de alguém para domar seu coração. Inclusive, tirar sua virgindade.

Amber que tomava um suco fresco depois de tanta treta cuspiu todo no rosto de Josh que era o mais próximo. Madison apenas sorriu sabendo que aquela historia de ter perdido com fulaninho e bichaninho no aniversario era pura lorota.

As pessoas do restaurante riram, além de jogar cantadas de longe. Ivy olhou para cada pessoa presente ali parando em Apollo que se aproximou e abaixou-se um pouco para alcançar seus ouvidos.

— Você não tem ideia do quanto eu consigo ser escroto. Ainda mais longe do seu irmão. - Foi se afastar para voltar à mesa quando sua mão foi puxada, virou para ela a tempo de levar a primeira tapa da sua vida no rosto. Ele colocou a mão no lugar, incrédulo, surpreso, e mais surpreso ficou quando ela riu. ELA TAVA RINDO DO QUÊ? — Quê, que isso?

— E você não tem ideia de quantas t***s eu vou te dar todas as vezes que você querer causar para meu lado. - Ele ainda estava incrédulo. — Eu posso ser virgem, mas com certeza a mais gostosa de todas as garotas que vai conhecer durante toda a droga da sua vida. Se você tem algum problema com isso, guarda para você.

Passou por ele desfilando até a mesa. Recebeu mais algumas cantadas e cumprimentos de homens e mulheres. Apollo abaixou sua mão encarando aquela nova Ivy.

— Então a brincadeira vai começar… Meu amor.

Quando Ivy voltou a sentar naquela mesa, o sorriso no rosto tinha aumentado.

As garotas a cercaram de perguntas sobre o menino que chegou logo depois com a mão no rosto e sustentando um olhar de deboche. Um olhar que Ivy conhecia bem, mas que não fazia questão alguma de ficar olhando. Delatou para todos da mesa que a rixa que tinha com Apollo não havia começado em dois dias, ou dois anos, ela vinha desde o jardim quando ele cortou metade do seu cabelo no meio da aula, destruindo a sua trança perfeita feita pelas mãos de sua adorada mãe.

Os garotos prestaram atenção em cada detalhe de Ivy e não deixou de comentar o quanto ela era bonita. Claro que se deram bem com Apollo e por serem homens já tinham compartilhado muitas coisas desde que ele chegou naquela manhã, inclusive reconheceram todas as características em Ivy da garota que o Kade detalhou gostar, mas era impossível não gostar de como ela falava dos seus sonhos e do que queria fazer quando a faculdade começasse, o brilho no olhar dela era perfeito.

Mas todas as vezes que ela encarava ou falava alguma coisa da escola, essas coisas sempre vinham com o final onde Apollo destruía e ele confirmava que todo mundo gostou. E todos gostaram mesmo, menos ela.

Assim que terminaram, Josh foi um dos primeiros com um sorriso no rosto a querer apresentar a cidade para Ivy que não contestou, mas talvez no outro dia, aproveitaram para voltar para casa.

 Assim que Amber bateu a porta do carro, virou para Ivy no banco de trás com um sorriso de orelha a orelha.

— Me conta que historia é essa que você me diz que não é virgem e depois aquele cara fala ao contrário? Você não precisa mentir para ninguém, muito menos para mim. - Ivy desviou o olhar avistando ao longe os garotos adentrarem o carro empurrando um ao outro. — Eu não estou chateada, mas eu quero muito saber de cada detalhe dessa briga de vocês. Sério! Que loucura foi àquela? A tapa e depois ele vindo todo mansinho sentar-se à mesa com cara de quem vai te bater em algum momento, se ele te bater eu chamo a polícia. Eu adoro uma briga. Mas sou contra agressão a mulher.

— Não tem detalhe de briga nenhuma. A gente não se gosta, ou pelo menos, ele não gosta de mim, porque eu nunca dei motivos para ele fazer tudo que ele fez. Desde criança ele tem uma coisa na cabeça que nada está bom se não estiver acabando com alguma parte da minha vida. - Declarou já se jogando contra o banco e deitou escondendo seu rosto. — De todas as pessoas na minha vida, ele era a que eu mais queria longe. BEM LONGE. Eu soube que ele tinha viajado para passar uns tempos com o pai e a madrasta, mas não achei que tivesse que encontrar com ele aqui.

— Você vai morar com ele agora. - Ivy ela abriu os olhos tirando o braço do rosto. — Mas não se preocupe. Eu não vou deixar ele te machucar. Não gosto dessas coisas. E eu vou falar com os garotos. - Bradou Madison do outro lado mexendo no celular — Mas eu não vou deixar de lado o quanto ele é gostoso. E sem nenhuma tatuagem aparente. Eu nunca achei que ia me sentir atraída por um homem assim, porque os que eu vou para a cama, têm pelo menos umas quinze tatuagens. Animou-se passando as fotos do i*******m, Ivy revirou os olhos voltando a deitar e cobrir seus olhos.

— Me deixa ver? - Amber tomou o celular e ambas analisaram cada foto falando do quanto ele era gostoso, e de fato, para quem tinha mais de quinze mil seguidores no i*******m com tanta foto sem camisa ou montado numa moto grande, Apollo Kade era o sonho de toda garota. — Eu com certeza daria pra ele. Já estou vendo as garotas da faculdade virando nossas amigas apenas para se aproximarem do Apollo.

— Eu não ligo desde que eu possa usar e abusar disso. - As duas se olharam — Estou falando de trabalho grátis em troca de uma cueca do Apollo. - As duas bateram as mãos. — Aí Ivy, o que você espera enquanto estiver morando com o Apollo? Quer se vingar? Acabar com ele? Algo assim? Porque podemos te ajudar.

— O Apollo é impenetrável, não há nada nesse homem que eu consiga derrubar. Vocês não são as primeiras a tentar me ajudar a destruir aquele filho de uma bondosa mãe.

— Querida… não somos suas colegas do fundamental. Temos uma fonte de poder feminino na faculdade tão grandiosa que fariam de tudo para te ajudar. Mas se você quiser outra coisa… - Amber voltou a falar e Ivy as olhou e depois revirou os olhos.

— Que tipo de coisa você acha que existe? - Amber e Madison se entreolharam antes de voltar a Ivy, será que ela não tinha percebido que havia sim um “sentimento” vindo da parte dele?

— Não sei, quem sabe quer paquerar, seduzir? - Ivy gargalhou, mas foi parando aos poucos pensando na possibilidade de se vingar de um jeito que ele jamais iria esquecer, porém, não iria se submeter a se aproximar de Apollo para isso. Ela não era esse tipo de mulher.

— Eu não sou o tipo de garota que se vinga das coisas. Não somos mais crianças. Só vou seguir a diante e reorganizar minha vida. Simples. - olhou para fora também mirando nos olhos de Apollo do outro lado do estacionamento.

E quando percebeu, se escondeu. Não queria ter que ficar olhando para seu rosto por muito tempo.

***

— Então é ela? - Jones perguntou pela terceira vez enquanto olhava o rosto do novo amigo no banco de trás. Abriu um sorriso passando o cinto pelo corpo e voltou a Apollo, poderia ver o rosto sem o brilho da manhã quando chegou cheio de esperança, e agora estava emburrado e estressado. — É sério, é a sua garota?

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