Cinco

— Então é ela? - Jones perguntou pela terceira vez enquanto olhava o rosto do novo amigo no banco de trás. Abriu um sorriso passando o cinto pelo corpo e voltou a Apollo, poderia ver o rosto sem o brilho da manhã quando chegou cheio de esperança, e agora estava emburrado e estressado. — É sério, é a sua garota? - Olhou para fora vendo que as garotas também ainda não tinham saído do lugar.

— Ela não é a minha garota. - Murmurou descontente encarando ao longe os olhos verdes da menina que particularmente o irritava só de estar no mesmo espaço, o irritava porque ela era a única que não queria nada com ele. — Ela não é a minha garota. - Repetiu.

— Tá. Engraçado que você mencionou o nome dela quatro vezes desde que chegou e falou que sentiria falta da garotinha que deixou na sua cidade antiga porque gostava de irritar ela ao máximo e vê-la surtar ao seu lado. - Jones sorriu ligando o carro — A melhor parte é saber que você gosta dela, mas ela não sabe disso, o que te custa contar a verdade?

— Eu não gosto dela. — Bradou vendo o carro das garotas ir embora e aquela troca de olhares só terminar porque o carro sumiu da sua vista. Deitou no banco de trás respirando melhor. — Eu… Eu gosto, eu gosto sim - Confirmou enquanto os outros riram. — E ela me bateu, vocês viram aquilo? Ela nunca me bateu.

— Ela não é mais uma criança, Apollo, na verdade ela é uma mulher maravilhosa - Josh comentou animado levando uma tapa de Jones. — O que foi?

— A garota é do Apollo.

— Ela não é minha garota - Bradou novamente e os homens riram.

— Tá vendo? Ela não é a garota dele. - Josh tornou a falar — Uma pena a gente não poder pegar ninguém do nosso próprio apartamento. - Murmurou desgostoso — Ainda dar tempo de expulsar ela?

Desatou a rir junto de Jones confirmando em pensamentos enquanto iam embora.

Quando saiu da sua cidade natal, sabia que poderia não dar certo; arrumaria um emprego com sua madrasta, então não iria esperar muito, mas daria para se manter na faculdade sem ajuda da sua mãe e depois de se formar iria viajar pelo mundo e nunca mais voltar para ficar obedecendo a ordens de pessoas aleatórias que achavam que mandavam em sua pessoa maravilhosa.

Esse era o seu plano.

Claro que o plano não incluía Ivy Olivares. Ele não precisava de uma pessoa que o conheceu desde criança ali. Como iria agir como uma nova pessoa se ela sempre lhe olharia sabendo que isso e aquilo não eram verdade?

E o pior de tudo, era vê-la, porque com certeza ela era seu ponto fraco.

Seu plano de ser uma pessoa melhor tinha ido por água baixo, e agora?

Como driblar a menina?

Iria voltar a ser como era antes pra ela desistir?

Não, não podia porque eles não eram mais crianças para agir daquela forma. E também, não tinha necessidade de ser tão ruim com ela a aquele ponto.

Quando o carro estacionou, ele subiu ao redor dos garotos que falavam sobre um lugar para jogarem videogame, graças ao bom Deus os garotos daquele apartamento havia se tornado seus irmãos em poucas horas. Eram bagunceiros e debochados, particularmente bonitos, aquele tipo de grupo que podia andar junto sem queimar seu filme, um bonde perfeito para conhecer lugares novos e pegar garotas, sim, pegar garotas gostosas e se divertir um pouco.

Esse não é o ponto principal da faculdade?

— Segunda depois da faculdade podemos ir lá - Jones bradou ao adentrar o apartamento sendo seguido pelos outros. Apollo foi o último que entrou e fechou a porta procurando por Ivy e lhe encontrou na cozinha com as garotas, preparavam alguma coisa — É o melhor lugar que temos para jogar todo tipo de jogo e pagar pouco.

— É mesmo, até porque o nosso videogame não vai durar muito se continuar com esse deboche para todo lado. - Josh mirou no colega que sempre ria quando ganhava uma partida de qualquer coisa. — Chega um momento em nossa vida que precisamos deixar os amigos ganharem, sabia? - Josh parou com as garotas vendo que todas se juntaram para preparar um bolo. — A Madison ganha de você se for jogar.

— Mas é claro, a pessoa tem sessenta irmãos e vinte irmãs, aprendeu desde cedo como jogar e socar a cara de pessoas - Jones parou ao lado de Ivy com um sorriso galanteador, Madison apenas assentiu sem querer entrar em detalhes — E você, Ivy, tem irmãos?

— Tenho. Um na verdade. Ele nunca chega na hora certa para nada na vida, mas é uma pessoa legal. E viajaria sem pensar duas vezes para vir me salvar se souber que alguma coisa errada está acontecendo. Ele é um bom irmão. - Avisou para Jones que continuou a olhá-la, encantado.

Apollo disse que aquela não era sua garota, tudo bem então. Ivy era bonita, o cabelo curto chamava atenção para o pescoço fino com uma linda tatuagem ali. Além de aparentemente manter um corpo atlético, se não fosse líder de torcida na escola, fazia academia e por isso era claramente perfeita aos seus olhos.

— Eu não me preocuparia em conhecer outro colega. Gosto quando a casa está cheia, e falando nisso, quando vamos dar uma festa? - Josh questionou sentando no chão para ligar o famoso videogame.

As meninas se entreolharam e isso poderia até ser uma regra de não darem festas, mas como podiam colocar uma regra daquelas se elas também gostavam de festas? Não uma festa grande, mas quem sabe uma social divertida onde todo mundo poderia curtir e beber, pegar umas pessoas e depois todo mundo ir para sua casa porque ninguém precisava dormir ali.

— Temos a regra clara de que não podemos trazer ninguém para dormir, mas podemos fazer uma festa pequena. Se todo mundo concordar, começamos a planejar logo. - Amber foi uma das primeiras a bradar de onde estava.

— Vamos planejar, mas para daqui a alguns finais de semana. Esse primeiro final de semana terá a festa dos calouros, e vai ser épico porque estou na frente da organização - Jones se afastou correndo para sala juntos dos meninos — Apollo se alguém te escolher para o trote, sinto muito.

— Trote? - Ivy quase tem um infarto, o que chamou atenção de todo mundo. As garotas riram e Jones voltou-se a menina — Como assim trote? Que tipo de trote?

— Prometo que tiro seu nome de qualquer lugar que queiram colocar, você não parece o tipo de menina que levaria isso numa boa depois, e não queremos machucar ninguém. - Se compadeceu todo apaixonado.

— Ah, com certeza ela não aguenta - Apollo falou rindo. Jones abriu um sorriso e Ivy parou o seu desviando o olhar para o garoto na sala. — Se fizerem qualquer coisa, ela acaba chorando e gritando que nem um bebê na frente de todo mundo. - Fez bico antes de virar para encarar todos sorridentes, menos Ivy — Eu nem mexeria com ess-

— Quer saber, Jones, qualquer trote ridículo que queiram jogar nos calouros vai ser pouco comparado a ter que conviver debaixo do mesmo teto que o filho do demônio. - Todos riram menos Apollo que abaixou o controle de uma vez. — E temos que viver todas as experiências da faculdade, não é? Então, que venha o trote.

— É assim que se fala - Jones riu se jogando ao lado de Apollo, e o encarou — To apaixonado por ela - Voltou para tela.

Apollo permaneceu olhando para o colega por alguns segundos antes de encarar Ivy do outro lado e voltou para tela.

— Isso só pode ser brincadeira com a minha cara.

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