— Então é ela? - Jones perguntou pela terceira vez enquanto olhava o rosto do novo amigo no banco de trás. Abriu um sorriso passando o cinto pelo corpo e voltou a Apollo, poderia ver o rosto sem o brilho da manhã quando chegou cheio de esperança, e agora estava emburrado e estressado. — É sério, é a sua garota? - Olhou para fora vendo que as garotas também ainda não tinham saído do lugar.
— Ela não é a minha garota. - Murmurou descontente encarando ao longe os olhos verdes da menina que particularmente o irritava só de estar no mesmo espaço, o irritava porque ela era a única que não queria nada com ele. — Ela não é a minha garota. - Repetiu.
— Tá. Engraçado que você mencionou o nome dela quatro vezes desde que chegou e falou que sentiria falta da garotinha que deixou na sua cidade antiga porque gostava de irritar ela ao máximo e vê-la surtar ao seu lado. - Jones sorriu ligando o carro — A melhor parte é saber que você gosta dela, mas ela não sabe disso, o que te custa contar a verdade?
— Eu não gosto dela. — Bradou vendo o carro das garotas ir embora e aquela troca de olhares só terminar porque o carro sumiu da sua vista. Deitou no banco de trás respirando melhor. — Eu… Eu gosto, eu gosto sim - Confirmou enquanto os outros riram. — E ela me bateu, vocês viram aquilo? Ela nunca me bateu.
— Ela não é mais uma criança, Apollo, na verdade ela é uma mulher maravilhosa - Josh comentou animado levando uma tapa de Jones. — O que foi?
— A garota é do Apollo.
— Ela não é minha garota - Bradou novamente e os homens riram.
— Tá vendo? Ela não é a garota dele. - Josh tornou a falar — Uma pena a gente não poder pegar ninguém do nosso próprio apartamento. - Murmurou desgostoso — Ainda dar tempo de expulsar ela?
Desatou a rir junto de Jones confirmando em pensamentos enquanto iam embora.
Quando saiu da sua cidade natal, sabia que poderia não dar certo; arrumaria um emprego com sua madrasta, então não iria esperar muito, mas daria para se manter na faculdade sem ajuda da sua mãe e depois de se formar iria viajar pelo mundo e nunca mais voltar para ficar obedecendo a ordens de pessoas aleatórias que achavam que mandavam em sua pessoa maravilhosa.
Esse era o seu plano.
Claro que o plano não incluía Ivy Olivares. Ele não precisava de uma pessoa que o conheceu desde criança ali. Como iria agir como uma nova pessoa se ela sempre lhe olharia sabendo que isso e aquilo não eram verdade?
E o pior de tudo, era vê-la, porque com certeza ela era seu ponto fraco.
Seu plano de ser uma pessoa melhor tinha ido por água baixo, e agora?
Como driblar a menina?
Iria voltar a ser como era antes pra ela desistir?
Não, não podia porque eles não eram mais crianças para agir daquela forma. E também, não tinha necessidade de ser tão ruim com ela a aquele ponto.
Quando o carro estacionou, ele subiu ao redor dos garotos que falavam sobre um lugar para jogarem videogame, graças ao bom Deus os garotos daquele apartamento havia se tornado seus irmãos em poucas horas. Eram bagunceiros e debochados, particularmente bonitos, aquele tipo de grupo que podia andar junto sem queimar seu filme, um bonde perfeito para conhecer lugares novos e pegar garotas, sim, pegar garotas gostosas e se divertir um pouco.
Esse não é o ponto principal da faculdade?
— Segunda depois da faculdade podemos ir lá - Jones bradou ao adentrar o apartamento sendo seguido pelos outros. Apollo foi o último que entrou e fechou a porta procurando por Ivy e lhe encontrou na cozinha com as garotas, preparavam alguma coisa — É o melhor lugar que temos para jogar todo tipo de jogo e pagar pouco.
— É mesmo, até porque o nosso videogame não vai durar muito se continuar com esse deboche para todo lado. - Josh mirou no colega que sempre ria quando ganhava uma partida de qualquer coisa. — Chega um momento em nossa vida que precisamos deixar os amigos ganharem, sabia? - Josh parou com as garotas vendo que todas se juntaram para preparar um bolo. — A Madison ganha de você se for jogar.
— Mas é claro, a pessoa tem sessenta irmãos e vinte irmãs, aprendeu desde cedo como jogar e socar a cara de pessoas - Jones parou ao lado de Ivy com um sorriso galanteador, Madison apenas assentiu sem querer entrar em detalhes — E você, Ivy, tem irmãos?
— Tenho. Um na verdade. Ele nunca chega na hora certa para nada na vida, mas é uma pessoa legal. E viajaria sem pensar duas vezes para vir me salvar se souber que alguma coisa errada está acontecendo. Ele é um bom irmão. - Avisou para Jones que continuou a olhá-la, encantado.
Apollo disse que aquela não era sua garota, tudo bem então. Ivy era bonita, o cabelo curto chamava atenção para o pescoço fino com uma linda tatuagem ali. Além de aparentemente manter um corpo atlético, se não fosse líder de torcida na escola, fazia academia e por isso era claramente perfeita aos seus olhos.
— Eu não me preocuparia em conhecer outro colega. Gosto quando a casa está cheia, e falando nisso, quando vamos dar uma festa? - Josh questionou sentando no chão para ligar o famoso videogame.
As meninas se entreolharam e isso poderia até ser uma regra de não darem festas, mas como podiam colocar uma regra daquelas se elas também gostavam de festas? Não uma festa grande, mas quem sabe uma social divertida onde todo mundo poderia curtir e beber, pegar umas pessoas e depois todo mundo ir para sua casa porque ninguém precisava dormir ali.
— Temos a regra clara de que não podemos trazer ninguém para dormir, mas podemos fazer uma festa pequena. Se todo mundo concordar, começamos a planejar logo. - Amber foi uma das primeiras a bradar de onde estava.
— Vamos planejar, mas para daqui a alguns finais de semana. Esse primeiro final de semana terá a festa dos calouros, e vai ser épico porque estou na frente da organização - Jones se afastou correndo para sala juntos dos meninos — Apollo se alguém te escolher para o trote, sinto muito.
— Trote? - Ivy quase tem um infarto, o que chamou atenção de todo mundo. As garotas riram e Jones voltou-se a menina — Como assim trote? Que tipo de trote?
— Prometo que tiro seu nome de qualquer lugar que queiram colocar, você não parece o tipo de menina que levaria isso numa boa depois, e não queremos machucar ninguém. - Se compadeceu todo apaixonado.
— Ah, com certeza ela não aguenta - Apollo falou rindo. Jones abriu um sorriso e Ivy parou o seu desviando o olhar para o garoto na sala. — Se fizerem qualquer coisa, ela acaba chorando e gritando que nem um bebê na frente de todo mundo. - Fez bico antes de virar para encarar todos sorridentes, menos Ivy — Eu nem mexeria com ess-
— Quer saber, Jones, qualquer trote ridículo que queiram jogar nos calouros vai ser pouco comparado a ter que conviver debaixo do mesmo teto que o filho do demônio. - Todos riram menos Apollo que abaixou o controle de uma vez. — E temos que viver todas as experiências da faculdade, não é? Então, que venha o trote.
— É assim que se fala - Jones riu se jogando ao lado de Apollo, e o encarou — To apaixonado por ela - Voltou para tela.
Apollo permaneceu olhando para o colega por alguns segundos antes de encarar Ivy do outro lado e voltou para tela.
— Isso só pode ser brincadeira com a minha cara.
Naquela noite quando voltou ao quarto, Apollo sabia que tudo tinha dado errado. Sim, sim, sim.Alguma coisa tinha sim, dado errado, tipo… TUDO.Jogou a jaqueta em cima da cama olhando pra suas malas fechadas esquecidas ali e tudo pra arrumar. Sentou sobre o colchão passando a mão pelos cabelos negros e compridos. Já vinha treinando a parte de fingir não gostar dela, e até tinha feito terapia no verão, mas se afastar era a melhor solução uma vez que Ivy Olivares odiava sua cara. Ele fez de tudo para se mudar e começar uma vida nova.Tinha conseguido um quarto legal num apartamento bacana com um pessoal que podia andar sem ser preso.Seus amigos ficaram tristes, mas ele estava trilhando o caminho que tinha que seguir.Gostar de uma pessoa não é algo natural, ainda mais quando o amor não era reciproco e por conta disso aprontou de tudo um pouco. Gostava de como ela surtava e começava a gritar com ele. Mas quando o fim do ano estava se aproximando, ele percebeu que não ia mais poder tortu
À noite, o frio não queria dar trégua ou paz a ninguém.Sua moto estacionou em frente à casa que conhecia apenas por fotos. Tirou o capacete tentando buscar no fundo da sua alma se estava fazendo certo.Mas é claro que estava.Quem quer se independente faz de tudo um pouco, né?E se no momento teria que ralar um pouco mais enquanto tirava a camisa, que mal faria?Desceu da moto deixando o capacete de lado a fim de pensar melhor no que estava fazendo. Esperava que ninguém o visse ali, pelo menos ninguém que ele conhecesse de verdade.Não precisou tocar a campainha, pois assim que ergueu a mão, a porta foi aberta revelando seu pai, com uma barba e o corpo coberto de tatuagens. Ah sim, aquele era o homem que se lembrava muito bem em sua infância com um sorriso cínico nos lábios e o olhar de quem estava prestes a cometer um crime.Não era de se esperar que sua mãe houvesse largado um psicopata como Athilas Kade.— Meu filho - abraçou o garoto já trazendo para dentro — Senti sua falta. Con
Não era nem cinco da manhã quando Ivy saltou da cama pronta para começar o dia vibrando. Arrumou os lençóis, procurou por suas coisas e tudo que iria precisar naquela manhã. Olhou para o lado de fora e a visão do prédio ainda era uma das coisas mais lindas do mundo.Pegou sua toalha pronta para atravessar aquele corredor sem ninguém lhe ver, mas perdeu para Josh que subia as escadas aparentemente chegando naquele momento.— Acordada tão cedo? Nem dar para esconder que você é caloura. Ninguém acorda uma hora dessas para se arrumar - Avisou para a outra e parou ao lado dela, Ivy riu mais. Josh era um pedaço de mau caminho e sem camisa parecia que tudo dentro de si queimava, apenas o olhando.— Eu sempre acordei cedo para me arrumar, e ter que dividir o banheiro com mais cinco pessoas me ajuda e acordar mais cedo ainda - Avisou continuando a andar e Josh a seguiu.— Todas as vezes que tiver que entrar nesse banheiro e, eu estiver lá dentro, não hesite, entre e faça tudo que quiser, não v
As fortes impressões de um primeiro dia de aula na faculdade são as que ficam para sempre durante todo o período de estudo, e com Apollo não seria diferente.Não é todos os dias que alguém, em especial as garotas, veem um homem de quase dois metros atravessar as portas da faculdade com seu cabelo negro amarrado para trás, os olhos brilhando. Mostrando um ar de badboy com sua camisa simples e uma calça jeans surrada. Apollo por si só, chamaria atenção em todos os corredores que fosse andar.Mas combinando ao lado de Josh, um dos garotos mais populares da faculdade e Jones que vinha logo atrás, deixava o trio bastante famoso para os primeiros horários daquela manhã. As salas foram enchendo enquanto o novato procurava o lugar certo para sentar. Ele nunca foi o tipo de garoto que sentava na frente, mas não escutar nada das garotas nos bancos de trás também não era uma coisa legal. O meio era seu lugar perfeito e não tinha quem lhe tirasse.As aulas foram correndo bem, embora as apresentaç
Com o endereço gravado na mente ela pediu um carro parando em frente ao grande salão de beleza da cidade. Localizado apenas há algumas quadras da faculdade, e perto do apartamento o que facilitaria sua vida.Trabalhar num salão não era o seu objetivo, mas visto que adorava fazer maquiagens, seu amor pela arte foi bem visto por uma amiga de sua mãe que ofereceu o trabalho, e poderia até pagar o suficiente para o quarto e a faculdade, logo isso não iria importar muito.A frente de vidros podia ver claramente as mulheres correndo de um lado para o outro com inúmeras clientes. Com certeza, o lugar preferido de muitas, muitas mulheres daquela cidade.— Ivy Olivares - Assim que passou pela porta, seu nome foi proferido por uma das mulheres presentes, uma que se aproximou trajando um longo vestido vermelho e os cabelos da mesma cor, a maquiagem era marcante e extremamente forte. — Achei que havia desistido, mandei mensagem até para sua mãe.— Oi… - Apertaram as mãos — Cheguei tão atrasada as
Assim que entrou no apartamento, não fez questão de fechar a porta sabendo que o outro iria entrar em algum momento depois da alma do mal tomar conta do seu corpo novamente, porque aquele papo de querê-la proteger não era obra sua. A única pessoa da qual ela queria proteção era do próprio Apollo, para ele vir oferecer a sua proteção? Ah, pelo amor dos deuses.Deu de cara com Amber que vinha da cozinha com seu rosto coberto por algo gosmento e verde.— Você chegou. Por favor, me diz que vai a festa? A festa é sua, é para os calouros - Parou em sua frente e logo Apollo entrou trocando olhares entre suas coisas que fora jogada atrás da porta e Ivy que continuava a olhar para Amber arrumando o seu cabelo curto. — Vocês estavam juntos?— Oi? - Ivy virou para trás olhando Apollo de cima abaixo e voltou a Amber. — Não. Não estava com esse idiota. Ele que veio me seguindo até aqui. - Contou ajeitando a bolsa nos ombros — Eu vou sim. O dia foi cheio, tudo que preciso no momento é sentar em alg
O último coque no cabelo foi feito pelas mãos ágeis do garoto terminando assim de se arrumar para mais uma festa da sua vida, e a primeira da faculdade. A camisa de branca com os primeiros botões abertos era um dos seus atributos para o charme e sua beleza estonteante. A calça bem assentada na cintura e os coturnos nos pés o vestiam com louvor. Deixando sua beleza ainda mais admirável. A barba por fazer ainda era rala, o cabelo preso no coque mal feito pronto para se desfazer se se remexesse muito. Lembrava bem dos truques de beleza do pai quando criança.Pegou as chaves de sua moto e saiu do quarto olhando para todo o corredor, podia ouvir as vozes dos garotos no andar debaixo e até a de Madison brigando com alguma coisa e enquanto tentava arrumar os cabelos, passou pela porta de Amber e não ouviu nada além do secador, contudo, parou em frente à porta de Ivy esperou escutar alguma coisa, mas nada foi ouvido.Então ela provavelmente decidiu não ir. Simplesmente porque não queria. Podi
Ivy se misturou entre as garotas conhecendo mais alguns colegas, inclusive as tão famosas líderes de torcida que vieram de uniforme mostrando uma frente unida. Loucas para saberem sobre as novatas. O time de futebol da escola era como um museu, cheio de obras de artes para serem apresentadas e dito isso, as garotas do teatro e dança faziam questão de escolherem apenas as melhores meninas, tendo assim uma lista infinita de garotas rejeitadas.— Ah, uma das coisas que você precisa conhecer. Apesar de finalmente chegarmos à faculdade, lembre-se que nunca, nunca mesmo vai conseguir se livrar das líderes de torcida, elas estão por todo canto e enchendo o saco de todo mundo que pode - Avisou Madison, apontando para o grupo de meninas ao redor da piscina, bem maquiadas e arrumadas com seus uniformes curtos e jaquetas de couro com as cores do time. — Karin é a capitã há uns três anos e acha que nenhuma daquelas garotas é capaz de lhe substituir.— Mas quando ela se formar, vai ter que passar