Seis

Naquela noite quando voltou ao quarto, Apollo sabia que tudo tinha dado errado. Sim, sim, sim.

Alguma coisa tinha sim, dado errado, tipo… TUDO.

Jogou a jaqueta em cima da cama olhando pra suas malas fechadas esquecidas ali e tudo pra arrumar. Sentou sobre o colchão passando a mão pelos cabelos negros e compridos. Já vinha treinando a parte de fingir não gostar dela, e até tinha feito terapia no verão, mas se afastar era a melhor solução uma vez que Ivy Olivares odiava sua cara. Ele fez de tudo para se mudar e começar uma vida nova.

Tinha conseguido um quarto legal num apartamento bacana com um pessoal que podia andar sem ser preso.

Seus amigos ficaram tristes, mas ele estava trilhando o caminho que tinha que seguir.

Gostar de uma pessoa não é algo natural, ainda mais quando o amor não era reciproco e por conta disso aprontou de tudo um pouco. Gostava de como ela surtava e começava a gritar com ele. Mas quando o fim do ano estava se aproximando, ele percebeu que não ia mais poder torturar Ivy por muito mais tempo. E então, pensou em se declarar no baile. Mas outro babaca a chamou primeiro. Então, já que ela não ia com ele, que não existisse baile nenhum.

Destruir o sonho de todo mundo apenas para a garota que gostava não beijar outro homem era fichinha perto dos anos que se dedicou a atormentar a vida dela. E no fim, não lhe restou nada.

Mas, o mais importante naquela viagem e na sua vida agora era deixar aquela paixão de adolescente de lado e focar no seu futuro. Na faculdade tinha garotas bonitas e qualquer uma seria facilmente tomada por seus olhos e a imagem de Ivy Olivares não lhe atingiria mais.

E Então, uma das primeiras coisas que encontra é ela novamente para lhe virar a cabeça e foder sua mente. Se tiver uma coisa na vida que tirasse mais o foco de Apollo do mundo real, ele precisava conhecer, porque olhar para Ivy emburrada cheia de ódio para lhe rogar praga até a última geração com aqueles olhos grandes em sua direção brilhando como se visse através da sua alma, ou ela andando de um lado para o outro movendo suas pernas malhadas enquanto gritava e mexia no cabelo era uma tentação, e todas as vezes que a via surtar daquele jeito seu coração se apaixonava mais… Enfim, ele tinha que conhecer, descobrir quem seria tão extraordinária quanto ela.

Ergueu a cabeça jogando todo o ar preso para fora. Porque justo aquela cidade? Porque a faculdade? Até o mesmo apartamento? Era alguma coisa de destino como nos livros de sua mãe? Só podia ser. Levantou da cama indo até a janela e encarou a lua brilhosa lá fora. Que merda os deuses estavam tentando fazer com seu filho?

— Apollo? - Jones abriu a porta trazendo o celular junto de si — Amanhã vamos à praia. Quer ir com a gente ou vai visitar mesmo seu pai? É domingo, precisamos ao menos ter um descanso antes das aulas começarem. - Esclareceu os pensamentos do outro que virou em sua direção. Tinha que acordar para vida, seguir sua vida com ou sem Ivy e os deuses escolheram colocar ela no meio de tudo, então tudo bem. — Ou você prefere ficar em casa?

— Não. A praia parece bom. Eu vejo meu pai depois, eu não quero ter que começar logo essa vida de trabalhador tão cedo aqui. Posso curtir um pouco mais. - Viu o outro sorrir.

— Beleza! Esteja pronto antes das oito da manhã, saímos depois das nove. - Avisou e saiu do quarto deixando o homem novamente sozinho e tentando a gritar em pleno desespero.

***

No quarto ao lado as coisas não estavam diferentes, Ivy jogou o celular na cama depois de passar trinta e sete minutos digitando um texto enorme para sua mãe e seu irmão contando tudo o que tinha acontecido inclusive seu encontro com Apollo que não foi uma das coisas mais maravilhosas. Todo mundo sabia o quanto ela precisava desapagar e ter que parar ali novamente, lhe irritou.

O ruim era saber que ninguém conseguia entender seu lado, só sabiam dizer o quanto Apollo era bonito e chamativo e o homem mais perfeito do mundo. Sim, ele era bonito, ela não iria admitir o contrario. Apollo era atraente com todo aquele cabelo comprido e quando amarrava em um coque o deixava tão sexy, mas ao mesmo tempo em que ele era perfeito na aparecia física, ele era a pessoa mais ridícula e ruim por dentro. Era debochado e um grande cafajeste, lhe irritava, e fazia o possível para vê-la chorando. Nunca entendeu o motivo se ser seu alvo, mas também, não deixaria isso lhe atingir agora.

Ah, mas não ia mesmo. Apollo agora lidaria com uma Ivy adulta que não se deixaria abater por nada, nem mesmo se tivesse que chorar, choraria ali naquele quarto, trancada e sem ninguém ver, mas nunca na frente das pessoas. Isso era certo.

Mal deu tempo de fazer sua rotina antes de dormir quando o celular tocou para acordar. Levantou a contragosto, mas teria tempo para dormir depois. Saiu do quarto olhando para os corredores, era cedo e como não havia sinal de ninguém acordado, desceu para preparar um café da manhã reforçado. Além de maquiar, cozinhar era um dos seus maiores prazeres na vida e isso não seria um problema naquela casa.

A água sob seu corpo era o melhor e maior calmante do universo. Iria sair com o pessoal para a praia, tiraria algumas fotos e mostraria a sua mãe que estava tudo bem apesar do texto da noite passada. Ignoraria completamente qualquer investida de Apollo e estava tudo bem. Quando terminou de planejar todo seu dia no chuveiro, abriu a porta do banheiro a tempo de dar de cara com justamente o homem que queria esquecer.

Ele bocejava de olhos fechados enquanto bagunçava os cabelos atrás. Odiava saber que eram muitos centímetros menores que aquele idiota, e no momento, seus olhos varreram aquele corpo atlético que nem ela ousaria colocar defeito.

Porque ele precisava ter tantos músculos?

E aquela pele bonita e robusta?

— Se você for babar, ao menos procure um pano de chão… Ou pode tirar a toalha, eu não me importaria. - Avisou fazendo a garota soltar a maçaneta da porta e só então subir os olhos para os deles. Ele ria, ria como se tivesse acabado de contar outra de suas piadas sem graça, mas a verdade é que ele preferia rir a descer o olhar do rosto dela e imaginar como seria o corpo pequeno sem aquela m*****a toalha o cobrindo.

— Não seja idiota. Acha que você é o tipo de homem que me atrai? - O olhou dos pés a cabeça parando dois segundos no tronco malhado novamente para então subir até os olhos. — Se toca Apollo, se enxerga.

Passou por ele desfilando até seu quarto, Apollo não se mexeu a seguiu com o olhar sentindo um cheiro doce de perfume ou era apenas alguma colônia? Ela precisava ser cheirosa daquele jeito? Ivy parou na porta e olhou de relance para saber o motivo daquela porta não ter batido e o logo teve sua resposta, ele continuava ali, lhe observando.

O que Apollo era agora? Além de chato e inconveniente era um tarado? Deu de ombros abrindo e fechando a porta do quarto deixando o corredor para finalmente respirar.

***

Quando as garotas disseram que a praia de Valcolink era uma das mais bonitas do mundo, ela não contestou tão pouco desacreditou da animação de Amber, ou nas palavras contidas e emocionantes de Madison, mas parando agora para olhar de verdade, era mais bonita do que conseguiu imaginar. Já tinha visto muitas vezes por fotos e sonhou em caminhar por aquelas areias, mergulhando vez ou outra seus pés na água. O coração não parava de acelerar e não conteve o sorriso ao se imaginar como nos seus sonhos.

— Então, o que achou? - Amber parou ao seu lado sabendo que tinha conquistado finalmente o coração de sua nova colega de quarto com aquela cidade maravilhosa. Todo mundo que ia ali, se deliciava com cada pedacinho que lhe era oferecido. — Espero que esteja com vontade de correr e se jogar na água. Nem sempre estará brilhando com um sol. Tem dias que o frio é de foder qualquer um.

Correu na frente sendo seguida por Josh que era o garoto mais fã de praia que iria conhecer na vida. Por ser um verdadeiro rato de academia, adorava tirar a camisa e mostrar todos os seus músculos e mostrar mais ainda o quanto era gostoso sob os olhares das garotas histéricas. Claro que esse era um dos motivos por estudar Engenharia e ainda praticar esporte ao jogar no time da faculdade, apenas pelo prazer de jogar nos times sem camisa além de é claro, está mais tempo com garotas com saias curtas pulando e movendo aqueles seios para cima e para baixo.

Talvez fosse um tarado? Bom, ele não se considerava um, afinal, ele olhava, olhava, olhava, gostava, sorria, seduzia de longe, mas nunca ia lá, se alguém quisesse alguma coisa, que viesse e ele jamais dispensaria. Passou por Ivy com um riso maior que qualquer coisa gritando pras meninas e jogou suas coisas em qualquer lugar correndo para a água sem parar um minuto. Ele era divertido até demais. Por sorte, viu todo mundo passar para a praia e procurar um lugar para ficar… Quer dizer, quase todos.

Colocando os óculos de sol, Ivy voltou-se para trás e se assustou ao ver Apollo em frente ao carro de Jones conversando com uma garota. Ela parecia mais sorridente do que nunca e ele interessado em cada coisa que saia da boca dela. De repente, ele olhou para frente e seus olhos se encontraram, ela virou rápido ajustando os óculos e passou a andar em direção as meninas que esticavam seus panos no chão para sentarem, Jones lhe ajudou com a barraca, sempre um homem bastante cavalheiro.

— Se você precisar passar protetor nas suas costas eu também posso ajudar com isso. - Avisou todo cheio de sorrisos e Ivy revirou os olhos tirando a camisa para mostrar seu biquíni preferido guardando os seios e como se não bastante toda aquela beleza, aproveitou para tirar os shorts na mesma proporção de beleza. — Se você quiser que eu passe em todo e qualquer canto do seu corpo eu também aceito.

Ela riu dando a ele o protetor e as costas para que passasse — Se contente apenas com as minhas costas - Ajeitou os óculos novamente bem a tempo de ver seu inimigo vir em sua direção, os olhos grandes em cima de si. Olhou-a dos pés a cabeça e parou bem ali. Será que alguém além dele estava vendo uma beldade parada no meio da praia? — O que foi? Se for babar ao menos disfarça para não parecer tão obvio.

Apollo riu de canto arrumando os óculos e passou por ela tirando a bermuda e não tardou a pular na água. Jones terminou seu trabalho com muito cuidado e calor, abandonou seu posto correndo para tomar banho também, nem sempre podiam curtir o sol, mas claro, para o grande Jones, correr e se jogar na água era mais fácil que ficar perto de Ivy Olivares, uma deusa pequena enviada para atormentar a cabeça daqueles três homens.

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