Momento de Brilhar - Volume II
Momento de Brilhar - Volume II
Por: Juck Olegário
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Em continuação de: A Academia Dallacorte - Volume I

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— Não! — Ele pulou na cama de pelúcia como uma criança mimada.

— Raul, pare de ser ridículo. Você acabou de cantar e dançar na frente de Dallacorte e de St. Patrick. — Klaus o olhou ameaçadoramente, começando a ficar incrivelmente irritado.

— Sim, mas quando eu fiz isso, não estava na frente dos ex-alunos. Muito menos da frente da minha mãe! Quase quebrei meu pescoço quando aquelas garotas me jogaram... e se eu cair no palco? — Raul estava roendo as unhas de novo e Klaus puxou sua mão da boca.

— Pare com isso. Temos duas horas até a apresentação. Pare de se estressar e relaxe! Você fez tudo certinho hoje mais cedo.

Faltavam duas horas para o Festival de Inverno. Os garotos, depois da grandiosa vitória sobre St. Patrick, tinham regressado para seus dormitórios e começado a arrumar as malas. O Festival marcava o último dia em que estariam na escola, e muitos deles iriam embora da escola com seus pais quando o Festival acabasse.

Raul passara o seu tempo sentindo pena de si mesmo em seu quarto, suas malas completamente vazias. Até onde ele se importava, ele só precisava levar para casa os livros necessários para as lições de casa de férias — o herdeiro dos Del Khalil seria a última pessoa que precisaria de roupas ou cosméticos. Ele nem iria se mudar para o quarto de Klaus até que eles voltassem no ano seguinte.

Klaus trouxera sua enorme mala com suas coisas para o quarto de Raul para tentar fazê-lo ver a luz, já que Raul parecia estar sofrendo de medo de palco ainda mais efetivamente do que antes, principalmente por causa da pressão que ele mesmo estava colocando sobre si.

— Você sabe que só precisa de concentrar, não é? — sugeriu Klaus. — Você mesmo que disse, você se divertiu antes. Desta vez não vai ser diferente. Chame isso de uma aquecimento. — Ele se levantou e se encaminhou para o sound system cintilante de Raul.

— O que você está fazendo? — Raul piscou enquanto Klaus apertava alguns botões. A bateria começou a tocar, e com a primeira nota da guitarra elétrica, os olhos de Raul se arregalaram. — Ah, não... ah não não não não não... — Ele recuou enquanto a música de RENT continuava a ressoar pelo seu quarto.

— Sim, sim, sim... vamos lá! — Klaus o puxou até o meio do quarto.

— Mas...

— Se você não vai cantar, eu começo por você!

What's the time? (Que horas são?)

Well it's gotta be close to midnight (Bom, deve ser quase meia noite)

My body's talking to me (Meu corpo está falando comigo)

It says, 'Time for danger' (Ele diz, "Hora de perigo")

Klaus estava dançando em círculos ao redor de Raul, cuja decisão parecia estar quebrando com a necessidade de rir da dança exageradamente sedutora de Klaus, que também mal conseguia controlar sua risada, tocando uma guitarra imaginária com a música. Ele empurrou Raul, que mal conseguia cansar enquanto ria, incentivando-o a se unir a ele.

Raul jogou roupas por todo o quarto, balançando seus cachos.

— Cante logo! — gritou Klaus, jogando um chapéu Chanel no rosto de seu amigo. Raul, sufocando risadinhas, obedeceu:

I've had a knack from way back (Aprendi algum tempo atrás)

At breaking the rules once I learn the game (A quebrar regras quando aprender o jogo)

Get-up life's too quick (Levante-se, a vida é breve)

I know someplace sick (Conheço um lugar maneiro)

Where this chick'll dance it the flames (Onde essa garota vai dançar loucamente)

Dançando selvagemente ao redor do quarto, os dois começaram a fazer uma bagunça e um tumulto considerável enquanto a música continuava a tocar. Klaus girou ao redor da cabeceira da cama de Raul enquanto ele continuava a balançar a cabeça, o cabelo girando ao redor. Os dois cantaram audivelmente, pouco se importando se alguém estava ouvindo.

We don't need any money (Não precisamos de dinheiro)

I always get in for free (Sempre consigo de graça)

You can get in too (Você pode conseguir também)

If you get in with me… (Se vier comigo...)

Let's go out tonight! (Vamos sair hoje à noite!)

I have to go out tonight (Tenho que sair hoje à noite)

You wanna play? Let's run away (Quer brincar? Vamos fugir)

We won't be back before it's New Years Day (Não vamos voltar até o dia do Ano Novo)

Take me out tonight! (Me leve para sair hoje à noite!)

Os dois saíram do quarto com roupas voando para todos os lados, assustando Duarte até a China, que estava no corredor carregando roupa lavada. Ele pulou enquanto o par continuava corredor abaixo.

Raul fez uma pirueta no final do corredor e quase teria caído em um dos vasos decorativos se Klaus não tivesse segurado seu braço com uma risada. Wen colocou a cabeça para fora do quarto para assistir ao espetáculo.

— Que diabos? — Dimitri encarou-os de onde estava subindo as escadas. Os dois correram por ele enquanto a música ainda ressoava pela porta aberta do quarto de Raul, continuando a cantar:

When I get a wink from the doorman (Quando o porteiro pisca para mim)

Do you know how lucky you'll be? (Sabe o quão sortudo será?)

That you're on line with the feline of Avenue B (Que você está na linha com a felina da Avenida B)

Let's go—! (Vamos...!)

Os gêmeos, vindo da sala comunal, viram o par dançando escada abaixo e se uniram a eles com toda a vontade, cada um segurando um dos cantores e juntando-se a dança deles com movimentos exagerados que quase eram obscenos. Brayan saiu da sala comunal e encarou em surpresa.

Let's go out tonight (Vamos sair hoje à noite)

I have to go out tonight (Tenho que sair hoje à noite)

You wanna prowl, be my night owl! (Quer madrugar, seja minha coruja noturna!)

Well take my hand, we're gonna howl (Bom, segure minha mão, vamos uivar)

Out tonight—! (Hoje à noite...!)

Eliel, que estava segurando Klaus, jogou-o para Brayan, que o pegou em seus braços, surpreso. Klaus apenas sorriu, bêbado com adrenalina. Entre assobios lá de cima dos outros garotos de Dallacorte, ele esgueirou-se ousadamente para Brayan e dançou enquanto cantava:

Let's find a bar (Vamos achar um bar)

So dark we forget who we are (Tão escuto que esqueceremos quem somos)

And all the scars from the 'never's and 'maybe's die—! (E todas as cicatrizes dos "nunca"s e "talvez"es vão morrer...!)

Brayan caiu na risada e sorriu enquanto deixava Klaus dançar perto dele, antes de o soltar e deixá-lo juntar-se ao gêmeos e Raul novamente. Desta vez quase toda a multidão do primeiro andar uniu-se à dança...

Let's go out tonight (Vamos sair hoje à noite)

Have to go out tonight (Tenho que sair hoje à noite)

You're sweet—wanna hit the street? (Você é bonito, quer ir para as ruas?)

Wanna wail at the moon like a cat in heat? (Quer gritar para a lua como uma gata no cio?)

Just take me—out tonight! (Apenas me leve para sair hoje à noite!)

Tonight! (Hoje à noite)

Tonight! (Hoje à noite)

Enquanto a música acabava, todo a casa de Bourbon explodiu em risadas e aplausos. Klaus acabara encostado à Brayan novamente, e os dois riram um do outro, os dedos se entrelaçando enquanto se davam as mãos. Os gêmeos e Raul estava fazendo reverências e jogando beijos exagerados para sua "adoradora" multidão.

— Ele definitivamente é um de nós agora. — Dimitri sorriu torto ao assistir Klaus gesticular para Raul novamente, fazendo a multidão aplaudir ainda mais forte. — Você só é um verdadeiro Bourbon quando acaba fazendo uma coisa como essa do nada.

— Estou tão orgulhoso! — exclamou Wen, fingindo estar sufocando com lágrimas. — Mal posso esperar para a primeira vez em que ele causar destruição de propriedade!

As pessoas no térreo ainda estava rindo e fazendo reverências quando alguém pigarreou audivelmente. Todos se viraram para descobrir que as portas de entrada de Bourbon estavam abertas, e ali estava o Chefe da Casa Hélder, olhando-os com uma careta. Perto dele, quase igual em altura, estava uma mulher vestida com roupas muito caras que iam do pescoço e orelhas vazando em jóias até os óculos de sol da Chanel apesar da escuridão da noite.

Os garotos congelaram. As roupas que Klaus e Raul estavam jogado ainda estavam espalhadas por toda a parte. Os rolos de papel higiênico que os garotos no andar de cima tinham jogado estavam caídos pela escada e jogados sobre os corrimões.

— Hm...

Hélder franziu a testa para eles.

— Vocês não tem malas para arrumar?

Os olhos de Klaus foram magnetizados para a mulher. Seu cabelo loiro parecia quase branco com todos os níveis de platina nela, severamente presos para mostrar um incrível par de bochechas modeladas com maquiagem cara. Seu fashionista mental o informou que ela estava usando nada menos que quatro diferentes marcas de grife em sua silhueta 36.

Quando ela tirou os óculos para escanear a confusão, ele reconheceu os olhos marrons.

— Mãe... — murmurou Raul, ficando branco.

Hope Del Khalil sorriu forçadamente.

— Olá, querido.

Meu nome é Klaus. E esta é a Academia Dallacorte.

É isso. Última dia antes de todos irmos embora. Não posso dizer que vou sentir falta das artimanhas, mas acho que sinto uma pontada no peito ao pensar que não vou ver todos esses caras até o ano que vem.

… e Brayan. Não vou ver Brayan até o ano que vem.

Então isso é tudo que temos.

Uma noite para fechar o ano.

— A sra. Del Khalil... — começou Hélder.

— Hope, por favor — disse a mulher concisamente.

— Hope veio ver Raul — disse Hélder. Ele lançou uma expressão de "estou de olho em vocês" para os garotos e foi embora.

— Mãe, oi... — Raul inspirou profundamente enquanto caminhava até sua mãe, abraçando-a rapidamente. Ele foi recebido calorosamente pela alta mulher (Raul não herdara nada de sua altura, mas tinha seus olhos e cachos), que acariciou suas costas.

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