Em continuação de: A Academia Dallacorte - Volume I
**
— Não! — Ele pulou na cama de pelúcia como uma criança mimada.
— Raul, pare de ser ridículo. Você acabou de cantar e dançar na frente de Dallacorte e de St. Patrick. — Klaus o olhou ameaçadoramente, começando a ficar incrivelmente irritado.
— Sim, mas quando eu fiz isso, não estava na frente dos ex-alunos. Muito menos da frente da minha mãe! Quase quebrei meu pescoço quando aquelas garotas me jogaram... e se eu cair no palco? — Raul estava roendo as unhas de novo e Klaus puxou sua mão da boca.
— Pare com isso. Temos duas horas até a apresentação. Pare de se estressar e relaxe! Você fez tudo certinho hoje mais cedo.
Faltavam duas horas para o Festival de Inverno. Os garotos, depois da grandiosa vitória sobre St. Patrick, tinham regressado para seus dormitórios e começado a arrumar as malas. O Festival marcava o último dia em que estariam na escola, e muitos deles iriam embora da escola com seus pais quando o Festival acabasse.
Raul passara o seu tempo sentindo pena de si mesmo em seu quarto, suas malas completamente vazias. Até onde ele se importava, ele só precisava levar para casa os livros necessários para as lições de casa de férias — o herdeiro dos Del Khalil seria a última pessoa que precisaria de roupas ou cosméticos. Ele nem iria se mudar para o quarto de Klaus até que eles voltassem no ano seguinte.
Klaus trouxera sua enorme mala com suas coisas para o quarto de Raul para tentar fazê-lo ver a luz, já que Raul parecia estar sofrendo de medo de palco ainda mais efetivamente do que antes, principalmente por causa da pressão que ele mesmo estava colocando sobre si.
— Você sabe que só precisa de concentrar, não é? — sugeriu Klaus. — Você mesmo que disse, você se divertiu antes. Desta vez não vai ser diferente. Chame isso de uma aquecimento. — Ele se levantou e se encaminhou para o sound system cintilante de Raul.
— O que você está fazendo? — Raul piscou enquanto Klaus apertava alguns botões. A bateria começou a tocar, e com a primeira nota da guitarra elétrica, os olhos de Raul se arregalaram. — Ah, não... ah não não não não não... — Ele recuou enquanto a música de RENT continuava a ressoar pelo seu quarto.
— Sim, sim, sim... vamos lá! — Klaus o puxou até o meio do quarto.
— Mas...
— Se você não vai cantar, eu começo por você!
What's the time? (Que horas são?)
Well it's gotta be close to midnight (Bom, deve ser quase meia noite)
My body's talking to me (Meu corpo está falando comigo)
It says, 'Time for danger' (Ele diz, "Hora de perigo")
Klaus estava dançando em círculos ao redor de Raul, cuja decisão parecia estar quebrando com a necessidade de rir da dança exageradamente sedutora de Klaus, que também mal conseguia controlar sua risada, tocando uma guitarra imaginária com a música. Ele empurrou Raul, que mal conseguia cansar enquanto ria, incentivando-o a se unir a ele.
Raul jogou roupas por todo o quarto, balançando seus cachos.
— Cante logo! — gritou Klaus, jogando um chapéu Chanel no rosto de seu amigo. Raul, sufocando risadinhas, obedeceu:
I've had a knack from way back (Aprendi algum tempo atrás)
At breaking the rules once I learn the game (A quebrar regras quando aprender o jogo)
Get-up life's too quick (Levante-se, a vida é breve)
I know someplace sick (Conheço um lugar maneiro)
Where this chick'll dance it the flames (Onde essa garota vai dançar loucamente)
Dançando selvagemente ao redor do quarto, os dois começaram a fazer uma bagunça e um tumulto considerável enquanto a música continuava a tocar. Klaus girou ao redor da cabeceira da cama de Raul enquanto ele continuava a balançar a cabeça, o cabelo girando ao redor. Os dois cantaram audivelmente, pouco se importando se alguém estava ouvindo.
We don't need any money (Não precisamos de dinheiro)
I always get in for free (Sempre consigo de graça)
You can get in too (Você pode conseguir também)
If you get in with me… (Se vier comigo...)
Let's go out tonight! (Vamos sair hoje à noite!)
I have to go out tonight (Tenho que sair hoje à noite)
You wanna play? Let's run away (Quer brincar? Vamos fugir)
We won't be back before it's New Years Day (Não vamos voltar até o dia do Ano Novo)
Take me out tonight! (Me leve para sair hoje à noite!)
Os dois saíram do quarto com roupas voando para todos os lados, assustando Duarte até a China, que estava no corredor carregando roupa lavada. Ele pulou enquanto o par continuava corredor abaixo.
Raul fez uma pirueta no final do corredor e quase teria caído em um dos vasos decorativos se Klaus não tivesse segurado seu braço com uma risada. Wen colocou a cabeça para fora do quarto para assistir ao espetáculo.
— Que diabos? — Dimitri encarou-os de onde estava subindo as escadas. Os dois correram por ele enquanto a música ainda ressoava pela porta aberta do quarto de Raul, continuando a cantar:
When I get a wink from the doorman (Quando o porteiro pisca para mim)
Do you know how lucky you'll be? (Sabe o quão sortudo será?)
That you're on line with the feline of Avenue B (Que você está na linha com a felina da Avenida B)
Let's go—! (Vamos...!)
Os gêmeos, vindo da sala comunal, viram o par dançando escada abaixo e se uniram a eles com toda a vontade, cada um segurando um dos cantores e juntando-se a dança deles com movimentos exagerados que quase eram obscenos. Brayan saiu da sala comunal e encarou em surpresa.
Let's go out tonight (Vamos sair hoje à noite)
I have to go out tonight (Tenho que sair hoje à noite)
You wanna prowl, be my night owl! (Quer madrugar, seja minha coruja noturna!)
Well take my hand, we're gonna howl (Bom, segure minha mão, vamos uivar)
Out tonight—! (Hoje à noite...!)
Eliel, que estava segurando Klaus, jogou-o para Brayan, que o pegou em seus braços, surpreso. Klaus apenas sorriu, bêbado com adrenalina. Entre assobios lá de cima dos outros garotos de Dallacorte, ele esgueirou-se ousadamente para Brayan e dançou enquanto cantava:
Let's find a bar (Vamos achar um bar)
So dark we forget who we are (Tão escuto que esqueceremos quem somos)
And all the scars from the 'never's and 'maybe's die—! (E todas as cicatrizes dos "nunca"s e "talvez"es vão morrer...!)
Brayan caiu na risada e sorriu enquanto deixava Klaus dançar perto dele, antes de o soltar e deixá-lo juntar-se ao gêmeos e Raul novamente. Desta vez quase toda a multidão do primeiro andar uniu-se à dança...
Let's go out tonight (Vamos sair hoje à noite)
Have to go out tonight (Tenho que sair hoje à noite)
You're sweet—wanna hit the street? (Você é bonito, quer ir para as ruas?)
Wanna wail at the moon like a cat in heat? (Quer gritar para a lua como uma gata no cio?)
Just take me—out tonight! (Apenas me leve para sair hoje à noite!)
Tonight! (Hoje à noite)
Tonight! (Hoje à noite)
Enquanto a música acabava, todo a casa de Bourbon explodiu em risadas e aplausos. Klaus acabara encostado à Brayan novamente, e os dois riram um do outro, os dedos se entrelaçando enquanto se davam as mãos. Os gêmeos e Raul estava fazendo reverências e jogando beijos exagerados para sua "adoradora" multidão.
— Ele definitivamente é um de nós agora. — Dimitri sorriu torto ao assistir Klaus gesticular para Raul novamente, fazendo a multidão aplaudir ainda mais forte. — Você só é um verdadeiro Bourbon quando acaba fazendo uma coisa como essa do nada.
— Estou tão orgulhoso! — exclamou Wen, fingindo estar sufocando com lágrimas. — Mal posso esperar para a primeira vez em que ele causar destruição de propriedade!
As pessoas no térreo ainda estava rindo e fazendo reverências quando alguém pigarreou audivelmente. Todos se viraram para descobrir que as portas de entrada de Bourbon estavam abertas, e ali estava o Chefe da Casa Hélder, olhando-os com uma careta. Perto dele, quase igual em altura, estava uma mulher vestida com roupas muito caras que iam do pescoço e orelhas vazando em jóias até os óculos de sol da Chanel apesar da escuridão da noite.
Os garotos congelaram. As roupas que Klaus e Raul estavam jogado ainda estavam espalhadas por toda a parte. Os rolos de papel higiênico que os garotos no andar de cima tinham jogado estavam caídos pela escada e jogados sobre os corrimões.
— Hm...
Hélder franziu a testa para eles.
— Vocês não tem malas para arrumar?
Os olhos de Klaus foram magnetizados para a mulher. Seu cabelo loiro parecia quase branco com todos os níveis de platina nela, severamente presos para mostrar um incrível par de bochechas modeladas com maquiagem cara. Seu fashionista mental o informou que ela estava usando nada menos que quatro diferentes marcas de grife em sua silhueta 36.
Quando ela tirou os óculos para escanear a confusão, ele reconheceu os olhos marrons.
— Mãe... — murmurou Raul, ficando branco.
Hope Del Khalil sorriu forçadamente.
— Olá, querido.
Meu nome é Klaus. E esta é a Academia Dallacorte.
É isso. Última dia antes de todos irmos embora. Não posso dizer que vou sentir falta das artimanhas, mas acho que sinto uma pontada no peito ao pensar que não vou ver todos esses caras até o ano que vem.
… e Brayan. Não vou ver Brayan até o ano que vem.
Então isso é tudo que temos.
Uma noite para fechar o ano.
— A sra. Del Khalil... — começou Hélder.
— Hope, por favor — disse a mulher concisamente.
— Hope veio ver Raul — disse Hélder. Ele lançou uma expressão de "estou de olho em vocês" para os garotos e foi embora.
— Mãe, oi... — Raul inspirou profundamente enquanto caminhava até sua mãe, abraçando-a rapidamente. Ele foi recebido calorosamente pela alta mulher (Raul não herdara nada de sua altura, mas tinha seus olhos e cachos), que acariciou suas costas.
— Querido — disse Hope com um tom que apenas uma pessoa verdadeiramente elegante poderia cultivar. Ela cautelosamente tirou uma fibra de algodão da lapela do uniforme de seu filho e então sorriu brilhosamente. — Você parece estar... bem. — Ela estudou os band-aids nas mãos e em seu braço. — Você está bem. — Ela poderia ter esperado encontrar Raul machucado de forma mais severa. Ela fez um barulho de impaciência. — Raul, já te disse para não dobrar as mangas. — Ela as abaixou, e franziu a testa para as rugas que surgiram nas mangas.Supremamente inconfortável com a atenção, Raul afastou-se dela por um momento e gesticulou para os outros.— Eu só estava, hm...— Oi, srta. Hope! — disseram os gêmeos de coro de onde estavam, sorrindo, já muito familiarizados com ela.— Olá, g
— Eu sei que ele está... e apesar de ele ter um bom motivo, não há necessidade — disse Klaus com um sorrisinho, lembrando-se de como à essa época no ano anterior ele teria matado para ter Filipe Hudson se preocupando com ele. — Na verdade, eu preciso que ele pare de ser tão neurótico. Já tem os problemas dele com que se preocupar. — Ele sorriu para seu pai de novo e lhe deu mais um abraço. Depois dos eventos de mais cedo, ele percebeu ainda mais o quão sortudo era por ter um pai como Bento. — Eu realmente senti sua falta.— Se sente tanto a nossa falta, deveria vir pra casa — disse Bento, sorrindo um pouco, não exatamente brincando. — Você tinha que ir para um internato bem quando a gente encontrou uma casa com um quarto para cada um...Klaus apenas riu.Mais abaixo no corredor, Lorenzo encostou-se em uma das colunas, assistindo Klau
Brayan começou a explicar, mas então pensou melhor e suspirou.— Pessoas estão me dizendo para não fazer coisas a semana toda... — Ele parou e lembrou-se da urgência inicial. — Ah, droga! Saulo, você me fez esquecer por que eu estava correndo! — Ele seguiu corredor abaixo.— Ei, você não vai fugir de mim! — exclamou seu irmão, correndo atrás dele. — Qual o problema com você... esqueceu como terminar uma conversa apropriadamente?— Tenho que encontrar Lorenzo e Klaus! — gritou Brayan em resposta.— Lorenzo...? Lorenzo está aqui de volta? Pensei que você tinha dito que seu namorado tinha sido expulso?Brayan quase o matou, pulando nele e perdendo-o por pouco.— Ele não é mais o meu namorado!— O quê? Por quê? — Saulo parecia surpreso. — Voc&eci
No grande salão de festas, não havia distinção entre Bourbons, Canossas ou Orsinis. Havia apenas preto, branco e cinza — todos vestidos de acordo com o esquema de cores nos convites. O mar de espectadores, formados pelos maiores patrocinadores da escola, ex-alunos, professores e alunos com seus convidados, estavam assistindo ao palco onde Lorenzo estava sozinho sob o holofote.Naquele oceano, o sr. Wilgard assistia, sua nova mulher Michelle ao seu lado, que segurava seu braço. Atrás de Lorenzo, Darci e outros garotos de seu dormitório começaram a tocar a música. Os outros Hall’s Babbler, que perderam a apresentação de abertura devido a seu atraso em organizar tudo, agora observavam das coxias, assistindo-o.Enquanto sua deixa para começara cantar If I Die Young se aproximava, Lorenzo olhou para seu pai uma vez — a única vez em toda a apresentação — antes de começar.If I die young bury me in satin (Se eu morrer cedo, cubra-me com cetim)
It's a little bit funny (É um pouco engraçado)This feeling inside me (Essa emoção dentro de mim)I'm not one of those who can (Não sou desses que podem)Easily hide (Facilment esconder)Em um redemoinho de tanta confusão, o sangue bombeando por seu corpo, Klaus foi acordado pela voz de Brayan. Ele conseguia ouvir ele cantando — e ouvia as palavras. Ele lhe dissera para ouvir, assim como Lorenzo acabara de fazer.Brayan ergueu os olhos para ele, como se Klaus fosse a única pessoa que ele via. E Klaus, apesar de não querer arriscar, pensou já saber o que ele ia dizer.So excuse me forgetting (Então me perde por esquecer)But these things I do (Mas eu faço essas coisa)See I've forgotten if (Veja, eu esqueci se)They're green or they're blue (Eles
A noite foi de um sucesso tão grande e tão cansativa que a maioria dos Hall’s Babbler estavam mais do que prontos para sair do campus quase imediatamente. Depois da anunciação do vencedores, os espíritos dos garotos de Bourbon foram abafados um pouco; Lorenzo ganhara a competição por Canossa, o que dava ao dormitório os desejosos direitos e horas extras no toque de recolher pelo próximo mês.Brayan não se importava — ele finalmente fizera alguma coisa, e isso era tudo que tinha importância para ele. Ele tinha visto a expressão de Klaus e sentia que isso era o bastante.Os estudantes deixaram o salão de festas com suas famílias, mas os garotos voltaram para os dormitórios para pegar suas malas e outros itens.— Brayan — disse sua mãe. — Você vem com a gente, não é?Saulo olhou para seu irm&at
Klaus estava confuso. Ele não tinha ideia de como um simples ensaio de uma música os levara àquela situação, mas ele tinha uma suspeita de que o que estava sendo feito a ele estava sendo feito intencionalmente para que ele não quisesse um fim.O corpo sob ele era quente e firme, aqueles lábios acalorados percorrendo seu pescoço, até seu queixo, antes de provocadoramente roçar-se nos dele. Tanto hálito quente, suaves murmúrios em seu ouvido, e todos aqueles toques tocavam fogo em cada milímetro de sua pele que estava conectada à do outro.Tão inacreditavelmente próximos que seus cílios quase se tocavam enquanto as mãos fortes o puxavam para mais perto. Klaus estava com cada perna de um lado do colo dele, delirante com a sensação e todas as inibições estavam se deteriorando, deixando espaço demais para puro desej
Klaus sorriu e lhe mandou uma resposta que lhe desejava um Feliz Natal e também o repreendia por não ter sido mais cuidadoso antes de adicionar o nome do creme. Ele preferia ter o amigo intacto em seu próximo encontro. Ele também lhe disse que estava em casa, sobre as batalhas com o senso de moda dos Hudson, e como ele sentia falta dos garotos de Bourbon.Então ele se deitou na cama e olhou para o teto, pensando sobre seu último sonho. Agora em seu guarda-roupa estava a casaco de pele de marta de Lorenzo. Ele sentiu-se culpado.Ele não conseguia, de forma alguma, lembrar quem estivera beijando calorosamente em uma sala em Dallacorte. Ele nem tinha certeza se sequer queria saber, na verdade.Até meu subconsciente tem mais ação do que eu... foram os últimos pensamentos de Klaus antes de ele cair no sono.Seu subconsciente o presenteou com uma trégua. Ele não sonhou co