Capítulo 3

Valeska Suhai

Em meio as nossas conversas, sempre achei estranho o fato de nós quatro trabalharmos no mesmo lugar, enviamos nosso curriculum assim que soubemos que a Parker estava dando oportunidade para novos estagiários, no início pensei ter sido sorte conseguimos estagiar em umas das maiores empresas de tecnologia do Brasil e exterior, mais pensando bem, isso tem o dedo da Priscila, toda vez que tocávamos no assunto ela desconversava.

— Ninguém merece — O que foi Pri?

— Meu irmão chegou com seus amigos.  

— E mona, quanto mais homem melhor — Isso aí Felipe, rimos.

— Oi maninha! — Fala seu chato — Também te amo irmã.

— Oi Val tudo bem? Cada dia mais, linda.

— São seus olhos, brinco.

Desde que conheci Arthur sempre deu em cima de mim, mas nunca senti nada por ele, apesar ser um belíssimo rapaz. Alto, musculoso e um belo par de olhos verdes. Cat fica desesperada, pois, já fez de tudo para o conquistar, mas Arthur a dispensava, uma vez ele me disse que a acha muito infantil. Ele não entende que o jeito dela, Catarine é muito entusiasmada, alegre e de bem com a vida. O que não impede de ela ser responsável e uma excelente profissional. Todas às vezes que tentei os aproximar, Arthur deixava claro que só ficaria se fosse comigo, me deixando muitas vezes constrangida. Mesmo se sentisse algo por ele, nunca ficaria com alguém que minha melhor amiga é apaixonada desde sempre.

— Meninas estou com três amigos, eles foram se trocar, podemos fazer parte da reunião de vocês?

— Claro! A casa é sua.

— Ai meu Deus! O boy dos boys chegou. Como vai gostoso? Arthur rir.

— Quando é que você vai desistir do Arthur, Felipe?

— Nunca. Já que você não quer eu quero. Gargalhamos muito com a sem-vergonhice do Lipe. Arthur se acostumou, não se importa com suas investidas, ele se diverti.

— Arthur não fica com ciúmes, mas que trio é aquele? Lipe fica boquiaberto.

Quando olho para a porta de vidro minha reação é igual ao do Felipe, só que disfarço. Os amigos do Arthur são lindos, mas um deles em especial me chama a atenção, parece que o conheço, mesmo sabendo que nunca o vi antes. Arthur nos apresenta, Robert, Paulo e Dylan.  Dylan me analisa, seus olhos escanceiam meu corpo e estacionam sobre os meus. Me arrepio e me excito, creio que estou ficando maluca, ou é falta de sexo mesmo, primeiro fico excitada com o Misterioso Mascarado do show de ontem, agora esse homem, Dylan, que por sinal é uma delícia, seu corpo é idêntico ao do Misterioso, coincidência.

Lipe fica saltitante quando Arthur apresenta os amigos, está todo se querendo, depois de algumas doses de uísque e latas de cerveja, ele perde totalmente a compostura. Imediatamente Raquel e Catarine também se juntam a nós e os rapazes lhes são apresentados. A conversa é descontraída. Arthur diz aos seus amigos em um tom de brincadeira que há cinco anos me paquera e eu nunca lhe dei confiança, todos riram, menos Dylan que ainda fitava seus olhos azuis em mim. Priscila corta seu irmão dizendo que eu não sou para seu bico, que sou mulher para se casar.

— Quem disse que não quero me casar? Se expressou zombeteiro.

Me sinto tão constrangida nervosa com o olhar do Dylan que peço licença, me retiro, preciso um pouco de ar. Raquel me segue até o jardim, senta-se ao meu lado e pergunta se eu estou bem. Digo que só preciso de ar, ela me conhece, não consigo a enganar, então resolvo falar.

— Aquele rapaz, o Dylan.

— Percebi que ele não tirava os olhos de você.

— Então Raquel, fiquei completamente constrangida e o pior excitada.

— Também amiga um pedaço de 1,90 de carne bem distribuída, quem não ficaria? Eu fiquei assim por causa do Robert, acho que estou apaixonada.

— Só você mesmo para me fazer rir.

— Miga, ele é muito gostoso.

— Presta atenção Raquel, não é só isso, sabe quando você tem a sensação de conhecer alguém mesmo nunca tendo visto? Assim que me senti perto dele.

— Entendo.

— Melhor eu ir embora, não vou conseguir ser eu mesma com aqueles olhos sobre mim. Por favor, não comenta nada com as meninas, do jeito que elas são, vão me empurrar para ele.

— Isso seria bom.

— Não Raquel, tenho que colocar meus pensamentos em ordem, ainda mais depois de ontem.

—  O que tem ontem?

–  Nada.

— Começou agora termina.

— Aquele Misterioso também me deixou assim. Ele me olhava da mesma forma que o Dylan estava me olhando. Apesar de sua máscara, senti a intensidade de seu olhar sobre mim.

— Verdade, ele até te ofereceu a mão, queria que você subisse no palco.

— Não tive reação e a Cat aproveitou. Mesmo assim ele não tirava os olhos de mim.

— Val, pensando bem o corpo deles são parecidos.

— Isso é uma coincidência Raquel, a maioria desses homens são sarados, igual aos outros rapazes. — Vou sair sem me despedir, inventa uma desculpa.

—  Está bem, você quem sabe. Nos vemos às 23:00, para irmos a boate com Lipe, prometemos temos que cumprir.

Me despeço e vou embora. Ao chegar em casa Dylan não sai dos meus pensamentos, só me faltava essa. Misterioso e agora Dylan, se bem que o Misterioso é um sonho distante, apesar de que uma perfeição como ele nunca vai querer nada comigo, o melhor a fazer é tomar um banho e dormir, descansar um pouco, pois, não tenho tanta disposição como as meninas.

Raquel

O que a Val me contou me deixou intrigada, será que Dylan é o Misterioso?  Mas não pode ser, a Priscila disse que ele é empresário, entretanto, que é muita coincidência, isso é. Vou investigar esse Dylan, Val já sofreu muito nessa vida e merece ser feliz.

Quando retorno para a área da piscina, Dylan e Arthur estão conversando, me aproximo como quem não quer nada, ao me ver Arthur me pergunta pela Val, ele não desistiu.

— A Val foi embora, para casa. — Quando? — Agora.

— Se ela me dissesse que ia embora eu a levaria, vou ver se ainda a encontro no ponto de ônibus.

— O que houve Raquel que meu irmão saiu em disparada?

 — Foi ver se encontra a Val no ponto.

— Ela foi embora? — Foi — Val sendo Val.

— Sua amiga sempre vai embora assim, sem se despedir?

— Na maioria das vezes, ela nos conhece bem e sabe que não a deixaríamos ir. A Val é diferente da gente.

 — Diferente como?

— Eu e as meninas, não desperdiçamos uma boa farra, belos rapazes, eu então me apaixono toda semana, risos. A Val, assim que a chamamos, seu nome é Valeska. É romântica, caseira, a maioria das vezes a buscamos em casa porque se deixarmos por ela, não sai de casa.

— Mas ela não tem namorado, família?

— Porque tanto interesse Dylan? — É só curiosidade.

— Não, ela vive sozinha, seus pais morreram em um acidente quando ela tinha 17 anos, assim que entrou para faculdade, então teve que se virar, entregou a casa que vivia com seus pais que era alugada e alugou um lugar menor, que pudesse pagar, uma quitinete.

— Deve ter sofrido muito.

— Com certeza. Por isso eu e as meninas sempre a apoiamos em tudo. No início ela fazia faxina e vendia doces na faculdade para sobreviver. É uma mulher muito honrada, nunca aceitou a nossa ajuda financeira, somente nossa amizade, somos como irmãs.

— E o que ela faz, trabalha com o quê?

— Nós quatro estagiamos na Parker Tecnologia.

— O que?

— Isso, estagiamos na Parker há um ano. Adoramos trabalhar naquela empresa, o lugar é ótimo, nos dá oportunidade de crescer e um ótimo ambiente de trabalho. O Felipe também trabalha conosco. Dylan fica pálido.

— O que foi Dylan, está pálido, melhor você se sentar

— Deve ser o calor, prefiro ir embora, descansar um pouco, só vim por insistência do Arthur.

— Você tem condições de dirigir?

— Sim, obrigado. Foi um mal-estar passageiro.

— Dylan se você melhorar e quiser nos encontrar mais tarde na boate, combinamos de irmos às 23:00, o Arthur também vai e se quiser levar o gostoso do Robert, serei grata. Ele rir.

— Tudo bem, tenho um compromisso antes, se der passo por

lá, vou pedir o Arthur o endereço. — A Valeska vai?

— Sim, ela combinou de ir.

— Até logo Raquel, foi muito bom te conhecer.

— O prazer foi meu.

Ele deve estar muito a fim da Val, quis saber sobre sua vida e ainda perguntou se ela irá hoje na boate. O estranho foi ficar pálido daquele jeito quando disse que trabalhamos na Parker. Esse Dylan me intriga, tem uma postura de CEO, uma expressão dura, contudo, me parece ser uma boa pessoa, é como não conseguisse separar a vida íntima de seu trabalho, deve ser um empresário de sucesso como Arthur.

Dylan Parker

Meu coração quase parou quando vi aquela negra linda na casa do meu amigo Arthur, a mesma sensação que tive quando a vi na noite anterior, no clube. É como se nossas almas fossem ligadas, me sinto completamente atraído por ela. A todo momento ela me olhava e eu a ela, nos atraíamos como um imã, como se não tivesse ninguém ao nosso redor, somente nós dois.

O Arthur a paquerava indiscretamente, senti uma espécie de ciúmes, só fiquei tranquilo porque percebi que ela não correspondia as suas investidas, levava na brincadeira.  Senti que estava um pouco constrangida com a nossa conexão, deve ser por isso que ela pediu licença e se retirou, vi quando a Raquel seguiu seus passos. Quando Raquel retornou disse que a Val tinha ido embora, Arthur saiu correndo para ver se a encontrava, minha vontade era ir atrás dela, eu não podia, torci para que o Arthur não a encontrasse, fiquei com ciúmes só de imaginar os dois sozinhos dentro de seu carro.

Raquel me contou um pouco da vida de sua amiga, sua perca, suas lutas, meu sentimento era de que eu queria ter estado presente, protegendo, ajudando nos momentos difíceis que ela passou.

O chão me faltou quando Raquel me disse que trabalhavam para mim, há um ano. Como nunca as vi na empresa? Bem, na verdade, não conheço a maioria dos meus funcionários, meu contato maior é com a diretoria. Uma vez Priscila me perguntou se eu poderia conseguir algumas vagas para estágio, na época estávamos precisando, só disse para ela entregar o curriculum no RH. Nunca imaginaria que a Val, a mulher que tirou meu sono, me deixou ereto em pleno show, trabalhava para mim. Coisa do destino, onde que em plena faculdade mental eu me imaginaria dançando em um Clube para mulheres.

Um CEO como eu, se fosse descoberto, perderia toda a credibilidade, porém, aposta é aposta, o dono da casa é meu amigo e apostamos quem perdesse na disputa de doses de tequila se apresentaria naquela noite, e lá fui eu com a cara e muitas tequilas de coragem. Consegui com os dançarinos uma máscara, não podia de forma alguma ser reconhecido. No final de tudo valeu a pena, conheci mesmo que de longe a mulher que se tornou dona do meu corpo e meus pensamentos.

Sou um homem sexualmente ativo, nunca tive problema de ter meu desejo por alguma mulher, correspondido. Para minha surpresa, mesmo Val se sentindo atraída por mim, foi embora. Estou acostumado a só olhar com meus lindos olhos azuis e a mulher se jogar em meus braços, com a Val foi diferente, ela não tem a beleza quase que clonada que a maioria das mulheres capa de revista com que me deitei, ela tem uma beleza genuína, sua pele negra é  a cor do pecado. Val me atraí com sua sexualidade crua, esses pensamentos me deixam excitado.

Nunca tive perfil preferido, sempre amei a intimidade feminina. Mulher ruiva, loira, morena, negra, tanto faz, sempre foi uma questão de atração, desejo. Gosto de dominar, ditar as regras na cama, fazer amor sempre esteve fora de cogitação, ainda mais porque ia à caça de mulheres para transar e não me relacionar. Foder com vontade, sem frescuras.

Imagino fazer tantas coisas com a Val, como desejo chupar seu corpo da cabeça aos pés, a cada momento meu desejo aumenta, preciso vê-la, tocar em sua pele, sentir seu cheiro. Irei na boate, ela tem que ser minha, e se ela escapar, vou atrás, não desistirei enquanto ela não estiver em meus braços. Me desculpe Arthur, você já teve sua oportunidade, agora é minha vez, diferente de você, ela se interessou por mim. Valeska vai ser minha.

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