— Caralho, o que acontece na sua família para que estes homens sejam tão lindos? Eu pegaria todos, exceto Ben.
Eu ri:
— Eu diria genética, amiga. Afinal, olhe Heitor e Sebastian. Quanto a Ben, ele não quereria ser pego por você.
Dei um passo em direção à escada e Ester me perguntou:
— Você ama Robin?
— Amar é uma palavra forte — afirmei.
— Sabe que ele ama você, não é mesmo?
— Amor existe entre os meus pais. E entre Ben e meus pais. E entre meus pais e eu... E entre nós e Theo. Não acredito em outro tipo de amor.
— Caralho, o que você está fazendo então?
— Tentando ser uma mulher responsável e séria.
— E acha que casar com Robin é o que vai lhe dar este título?
— Eu gosto dele.
— Mas...
— Quem decide isso sou eu — finalizei.
— Posso perguntar uma coisa?
Ester estava séria e raramente tínhamos conversas reveladoras.
— Pode — falei, incerta.
— Você ainda ama aquele garoto da adolescência?
Arqueei a sobrancelha, confusa, sentindo o sangue ferver dentro de mim, ao mesmo tempo que respondi, com outra pergunta, me fazendo de desentendida.
— Que garoto?
— Aquele que a fazia chorar quando estava bêbada...
— Não lembro disto. — Fingi-me de ignorante.
— Nunca falou o nome dele...
— Nunca bebi minha sanidade.
— Ainda gosta dele?
— Ele nunca existiu. Acho que quem bebeu foi você — garanti, virando as costas e indo em direção ao pequeno lance de escadas.
Assim que desci os poucos degraus, Robin veio até mim e todos bateram palmas para nós. A sala de estar estava completamente lotada e eu mal conhecia as pessoas que estavam ali. Eu não era o tipo sociável, mas Robin tinha tantos amigos que quando casássemos teríamos que usar duas igrejas para acomodarmos todos.
— Você está... Linda! — Ele me contemplou dos pés à cabeça.
Robin usava um terno preto de marca famosa, corte perfeito, impecável. A camisa branca ficava aparente, com os dois primeiros botões abertos. Incrivelmente não usava gravata naquela noite, talvez por ser algo tão habitual, quase como usar cuecas.
Meu quase noivo era moreno, alto, olhos castanhos claros, sobrancelha grossa e bem desenhada. Magro, levemente musculoso e com pernas compridas e cheias de pelos encaracolados. O peito também tinha penugem, o que de certa forma me incomodava. Nunca consegui convencê-lo a raspar. Os cabelos bem cortados tinham um leve topete na parte da frente, que ele fazia questão de pentear para cima, dando um ar ainda mais masculino.
Robin Giordano exalava masculinidade por cada poro e não era ruim de cama. O X da questão é que eu não gostava de homens tão homens, galanteadores até na hora da foda.
Enquanto eu analisava meu futuro noivo, Robin retirou do bolso uma caixinha e abriu-a, mostrando o anel com um diamante gigantesco que em breve me pertenceria.
— É... Lindo! — Não me contive ao admirar a simplicidade da pedra pura e ao mesmo tempo enorme.
Robin deu-me um beijo no rosto e retirou o anel, pondo no meu dedo anelar. Todos bateram palmas. Estávamos noivos? Era isso mesmo? Ou faríamos mais alguma coisa?
Os flashes iluminaram a sala de uma hora para outra, todos tentando uma foto do enlace de uma das herdeiras Casanova e o dono da maior empresa de cosméticos de Noriah Norte.
Olhei para Heitor e não vi um sorriso nos lábios dele, o que me preocupou de certa forma.
— Estou feliz, minha estrelinha — Robin sussurrou no meu ouvido.
Desde que nos conhecemos, ele me chamava de “estrelinha”. Tudo porque fechou um negócio quase perdido no dia em que ficamos juntos pela primeira vez, então julgava que eu era sua estrela da sorte. Eu detestava o apelido que o desclassificado me dera.
— Estou feliz também... — Sorri.
Minha sogra pegou meu braço delicadamente, retirando-me de perto de Robin, enquanto falava no meu ouvido:
— Que roupa é esta, Malu? Bárbara aprovou isto?
Encarei a mulher de mais de 1,80 metros e disse:
— Esta é a roupa que escolhi para o dia de hoje. E minha mãe não costuma aprovar ou não o que uso. Caso tenha esquecido, tenho 24 anos.
— As fotos de vocês estarão em todos os veículos de comunicação amanhã. E parece que minha nora está indo dançar numa gaiola da Babilônia.
— Eis uma ideia maravilhosa que eu ainda não havia pensado, sogra. Robin adoraria me ver tirar a roupa numa das gaiolas.
Avistei Theo entre a multidão, com uma taça na mão, bebendo sozinho. Ele virou na minha direção e sorriu. Não ouvi mais nada do que a mulher falava ao meu lado, embora sua voz ainda ecoasse nos meus ouvidos. Praticamente corri até Theo, empurrando todos à minha volta.
Quando cheguei perto, fiquei imóvel. Fazia uns dois anos que não nos víamos. E caralho... Ele tinha crescido muito.
Theo veio até mim e abraçou-me com força, usando só um braço, a mão ainda tentando conservar a bebida intacta.
— Devo me sentir lisonjeada com a sua presença, maninho? — brinquei.
— Sim. Sabe que eu não deixo meus negócios por nada no mundo.
— Mas sou sua irmã preferida, não é mesmo?
— Sim, é. — Ele sorriu, mostrando os belos dentes brancos e alinhados.
Theo usava terno preto com gravata da mesma cor. Os botões da camisa branca estavam fechados até o pescoço e me faltou o fôlego ao imaginar o quanto ele devia estar desconfortável com aquilo. Ou não!
Meu irmão tinha a pele clara, como a de minha mãe. Os olhos eram uma mistura dos do meu pai e dela. Era alto e magro, mas não tanto quanto Robin. Sim, ele cresceu e virou um homem. E lembrei do que minha mãe falava, que eu ainda tinha cara de menina. Acho que o mesmo servia para meu irmão.
Os cabelos pretos estavam muito bem penteados, mesmo com um corte extremamente curto. E a face lisa, a barba retirada por completo.
Senti braços me envolverem por trás e a mão de Robin foi estendida para Theo:
— Devo me sentir lisonjeado pela sua presença, cunhado?
Theo apertou a mão do meu noivo e sorriu:
— Vendo pelo lado que somos quase inimigos nos negócios, creio que sim, “cunhado”.
— É proibido falar de negócios hoje. — Fui enfática.
— Claro que não falaremos de negócios. É o dia que minha irmãzinha assumiu um compromisso. — Theo me olhou.
— E... Sua namorada?
Antes que ele respondesse, Dimitry apareceu, abraçando Theo:
— Um milagre? Só pode! Theo Casanova em Noriah Norte? Você tem poder, Malu. Trouxe nosso bebê de volta — brincou.
Eu ri da forma com Dimitry impressionou-se com a presença de Theo.
— Não gosto da presença da imprensa — disse meu pai, aproximando-se.
— Não me importo — confessei. — Até acho que estão sendo legais e nos dando espaço.
— Minha única condição é que não passem da sala de estar.
— E estão obedecendo? — Theo perguntou.
— Deixei Anon cuidando disso.
— Então ninguém vai passar da sala de estar — Theo garantiu.
— Eu soube que está desenvolvendo um produto único, Theo. Ainda pensando em me derrubar? — Robin provocou.
— Porra, Robin, você não vê Theo há anos. É nossa festa de noivado e vai falar de negócios? — critiquei, cruzando os braços, enfadada.
— Vou ser seu concorrente direto, Giordano. — Theo chamou-o pelo sobrenome, com a voz firme, imponente.
— Aposto em Theo — meu pai mencionou, sorrindo.
Respirei fundo e dei meia-volta, indo em direção ao bar, onde estavam fazendo as bebidas. Por mais impossível que parecesse, não havia chope com sabor, o carro-chefe da empresa North B. Pedi um espumante e ouvi o sussurro no meu ouvido, causando-me o arrepio habitual:
— Este noivado significa o nosso fim?
— Sim. Acabou, Dimi. — O encarei.
— E se eu disser que não aceito isso?
— Vai ter que aceitar que este corpinho nunca mais será seu — provoquei, bebendo de forma sexy a bebida borbulhante da minha taça.
— Sabe que também não terá mais o meu corpo em cima do seu... A fodendo do jeito que gosta... — Dimitry provocou-me.Olhei para os lados, um pouco preocupada:— Dimi, fale baixo.— Ninguém está ouvindo. Sabe disto. E o que estão vendo são dois primos que se adoram.... E se dão bem... Principalmente na cama.Estremeci ao sentir o hálito quente dele no meu ouvido, lembrando de tudo que Dimi era capaz de fazer com meu corpo.Dimitry Perrone era o tipo de homem que sempre me atraiu: jeito de garoto, bonito, imaturo, sarcástico e bom de cama. Corpo perfeito, cérebro de gelatina. Eu comandava!Era um pouco mais alto que eu, loiro, cabelos sempre desarrumados, mesmo quando usava terno e tentava parecer sério e responsável, como naquele momento. Os olhos claros eram exatamente como os do meu tio Sebastian. E eu não entendia como conseguia gostar tanto dele e detestar na mesma intensidade sua irmã.— Você foi injusta comigo, Malu.— Você sempre soube que seria desta forma, Dimi.— Seria capaz
— Sabe que sou louco por você, Malu... — As mãos dele foram diretamente às minhas nádegas, apertando-as.— Porra... — Abri o botão da calça dele, descendo o zíper apressadamente.Dimitry pegou-me pelas nádegas enquanto cruzei as pernas em seus quadris, agarrando-me a ele, nossos lábios se encontrando ansiosos e enlouquecidos.Ele me levou até a mesa de meu pai, pondo-me sobre ela enquanto o som de algumas coisas caindo no chão ecoava pela sala. Não ouvíamos quase nada dali, a não ser o som das conversas ao longe.Dimitry abriu minhas pernas e puxou minha calcinha com habilidade, jogando-a para trás. Olhou-me com luxúria antes de umedecer os lábios:— Você é minha, Malu.— Me fode, Dimi... Agora...— Primeiro com a língua, do jeito que você gosta...— Rápido, Dimi... Seja rápido... — implorei, sentindo minha boceta clamar por ele.Dimitri puxou meu corpo de encontro à sua boca, lambendo sem pressa minha boceta molhada, que clamava por seu pau majestoso. Deitei-me sobre a mesa, arqueand
A mãe de Robin o chamou e ele deu um beijo no meu rosto, indo ao encontro dela.Olhei na direção de Theo, que estava com o olhar sobre mim. Ruborizei, como se ele soubesse o que eu tinha acabado de fazer. Porque sempre me pareceu que ele conseguia enxergar dentro de mim. Mais profundamente do que eu mesma conseguia chegar.— Eu não gosto dele com você — Heitor disse, ainda com o braço sobre mim.— E você gosta de alguém com quem me envolvi até hoje, pai?— Dele eu gosto menos.— Não me pareceu... Afinal, quanto tempo ficaram conversando sobre negócios na minha festa de noivado?— Exatamente por isso eu não gosto dele. — Não havia um sinal de brincadeira no semblante dele.Engoli em seco.— Quem tem que gostar dele é Maria Lua. — Theo foi enfático e sério.— Obrigada, Theo. — Sorri.— Se ele fizer qualquer coisa com você, transformo ele em vinho. — Heitor me deu um beijo no rosto e saiu.— Não me agradeça — Theo disse. — Eu disse que quem tem que gostar dele é você... Isso não signific
— Não vá provocar o seu irmão. Faz tempo que ele não fica para dormir. Quero que isso se repita outras vezes.— Vai se repetir. Em breve vou estar na minha casa... Com Robin Hood. — Pisquei. — Quer dizer, Robin Giordano — corrigi-me.Eles me incomodavam tanto com Robin Hood que sem querer acabei repetindo o que tanto odiava, que eram as piadinhas sobre meu namorado.Porque era assim: Ben e Babi perdiam os amigos mas não a piada.Bati de leve na porta de Theo e não ouvi som do outro lado. Claro que eu não ia acordá-lo. Mas fazia tanto tempo que não o via e não queria que ele fosse embora sem me contar pessoalmente como estava sua vida.Estava desistindo, virando as costas, quando a porta se abriu. Ele vestia uma calça de moletom e estava sem camisa e descalço.— Quando você criou peito? — questionei-o, aturdida.Theo olhou para o próprio peito e riu:— Tenho me dedicado a ficar musculoso.Gargalhei:— Não é o seu tipo... Não vai ficar bem de músculos. Mas seu peitoral... Uau! — Me aban
Ouvimos uma leve batida na porta e Babi entrou, incerta sobre o que fazer ao me ver com Theo pelo colarinho.— Larga o seu irmão agora, Malu — ela disse seriamente.Soltei Theo, que caiu, com a cabeça no travesseiro.— Ele me provocou, mãe!— Ela disse que você me achou na lata de lixo, mãe... Eu ouvi isso a vida inteira. Não é justo voltar depois de anos e essa louca insistir nisso.— É tão bom ver vocês dois brigando... — Babi jogou-se na cama, nos abraçando.Dentre as coisas boas da vida, o abraço da minha mãe era uma delas. E o cheiro de Theo era a segunda... Ou talvez a inversão da ordem fosse o que realmente eu achasse. Quando fomos nos soltar, os dedos dele enlearam nos meus cabelos e nossa mãe teve que intervir, enquanto eu reclamava de dor.— Você ainda enrola os cabelos quando está nervosa? — Theo me perguntou, quando enfim conseguiu se soltar dos fios.— Não! — menti.— Sim — Babi confirmou.— Então estava bem nervosa hoje. — Theo riu.— Bem, vim avisá-los para dormirem ced
— Sebastian não me deixa nem tomar café da manhã descansado. Nasceu para empatar a minha vida — reclamou.— Ai! — gritei.— O que houve? — Theo ficou preocupado.— Minha cabeça está doendo... Muito!Ele tocou minha cabeça:— Deve ser porque não secou os cabelos.— Claro que não, Theo. — Enruguei a testa. — Você não tem cérebro de gelatina para dizer isto.— Cérebro de gelatina? — Ele ficou confuso.— Estou tendo crise de pânico... — Levantei da cadeira. — Vou ao médico.Babi levantou:— Meu Deus... Eu vou com você.Heitor olhava para o telefone, com os olhos arregalados, sem dizer uma palavra. Enquanto Babi vinha na minha direção, ele gritou:— Não encoste nela, Bárbara!Todos me olharam:— Minha garganta está fechando... Eu vou morrer!Tentei desmaiar, mas Heitor pegou-me, fazendo-me olhar nos seus olhos:— Não morra pela alergia, Malu... Eu mesmo vou matar você. Com minhas próprias mãos.— O que aconteceu? — Babi perguntou, preocupada.— Olhe você mesma! — Heitor entregou o celular
Parei na garagem e olhei para a minha BMW M4 Pink e o Maserati prata do meu pai. Já cheguei a achar que ele pudesse gostar mais do carro do que da própria vida... Até me dar em conta da forma como ele olhava para minha mãe.Meu telefone vibrou e atendi, enquanto tocava com o dedo a lataria prata, fria e brilhante.— Me diga que está viva, Malu.— Meu corpo sim, mas destruíram minha alma, Ben! — Limpei as lágrimas.— Thorzinho ficou puto?— Sim...— Você está chorando?— Sim... E neste momento estou com o dedo no Maserati dele, pensando se eu escrever “Me perdoe” na lataria ele voltaria a ficar de bem comigo.— Ele destrói seu corpo daí... E não restará mais Malu nesta encarnação.— Talvez fosse melhor assim... — Retirei a mão do Maserati e fui para o meu carro, sentando em frente ao volante.— Que porra é esta de pegar o gostoso do Dimitry?— A porra é que ele é muito gostoso, Ben...— Tirando o fato de que eu também não resistiria se tivesse um primo tão perfeito assim, você é uma de
Não liguei o som do carro, para não correr o risco de ter que ouvir “You are my Sunshine” de novo. Quando parei em frente ao prédio de Robin, respirei fundo e olhei para cima, tentando avistar o apartamento dele, o mais alto, o mais imponente... E caro.Deixei o carro estacionado na rua e desci, me passando algo pela cabeça. E se tivesse sido Jordana que armou tudo, gravando-me com Dimi na sala do meu pai? Sim, porque ela era capaz de qualquer coisa para me destruir. Mas seria capaz de prejudicar o próprio irmão também? Se bem que Dimitry não havia sido prejudicado, já que um homem comendo uma mulher perante a sociedade era algo másculo e passível de aplausos... Já uma mulher, recém noiva, dando na mesa de trabalho do pai era algo repugnante. E acho que nem tinha como tentar explicar que eu gostava de transar com Dimitry e que fiz aquilo pela última vez.Cumprimentei o zelador, que já me conhecia, e fui até o elevador, apertando o andar de Robin. Retirei meus óculos e percebi que meus