- Se não lhes dermos a oportunidade e um voto de confiança, jamais saberemos, não é mesmo? Heitor poderia ter virado as costas para Babi e o bebê que ela decidiu criar, mesmo não sendo sua filha de sangue.- Mas... Ele confiou... – Dimi sorriu, timidamente.- Não lhe deu somente tudo que o dinheiro poderia comprar. Ele lhe deu o que existe de mais importante... O amor.- E Ben e Anon tem amor de sobra.- Exatamente. – Sorri.- Eles nunca mencionaram o desejo de adotar.- Porque não conheceram meninas tão dóceis quanto Kimberly e Monique. Creio que elas despertaram neles algo que sequer sabiam. Se Ben não ficasse com elas, eu ficaria.- Você e Theo... Pretendem tentar mais filhos?- Não sei. Tudo aconteceu muito rápido. Mas aquela criança veio para unir Theo e eu. Não tenho dúvidas disto.- E... A ex dele?- Estou confiante que a criança não seja de Theo.- E se for?- A tratarei com respeito e carinho... Porque também não terá culpa da mãe que tem.Ele balançou a cabeça, aturdido:- O
Desta vez Daltro precisou levar a mãe ao atendimento médico. Dimi, por sua vez, sumiu dali imediatamente, por minha sugestão. Deixei claro que ele não deveria se preocupar pelo feito, já que havia sido sem intenção de feri-la.Quando Daltro voltou com a mãe, eu estava com as meninas e o bebê na sala. Anya se apoiava no filho e tinha um enorme curativo no olho. A parte boa é que quando me encarasse, talvez eu sentisse só metade de medo.- Pirata! – O bebê apontou para ela.- Você fala, porra! – o olhei.- Porra! – Repetiu.- Agora vai ensinar meu neto a falar palavrões? – Anya gritou, batendo a porta – Pegue suas tralhas e saia agora desta casa.- Não! – a enfrentei.- Rua! Esta é a minha casa. Não vou abrigar uma mulher perigosa como você. Há tempos que está tentando me matar. Mas lembre-se que depois de mim, terá que se livrar de seu tio. E esta será a parte pior, sua idiota. – Apontou o dedo para mim.- Não irei embora. Terá que me tirar a força daqui.- Pois tirarei... Pelos cabelo
- É o mais novo. Eu tenho certeza. – Mencionei – Providenciarei sua bebida.Assim que saí do quarto mandei uma mensagem para Ben:“Hora do plano”.“Certo. Aguarde que providenciarei tudo.”“Preciso de uma garrafa de um bom uísque.”“Não vai beber, não é mesmo, raio de sol?”“É para a velha!”“A velha não precisa de um bom uísque. Vou pegar um de pior qualidade e ainda urinar dentro para ela beber tudo. Desgraçada!”“Não seria uma má ideia... A parte de urinar.”“Uísque estará aí em torno de uma hora.”“Virá de helicóptero?” – Ri sozinha.“De carro mesmo. Montamos um QG próximo daí.”“Como assim?”“Obra de Theozinho. Eu já disse o quanto este garoto é incrível?”Senti meu coração acelerar.:“Vocês não estão longe de mim?”“Jamais, cherry.”As lágrimas embaralharam minha visão e larguei o aparelho celular. Eles estavam ali, próximo de mim, em algum lugar!- Malu, Malu! – Kimberly gritou – Moni deu banho no Gatão.Corri até o banheiro e Monique estava com meu cachorro da montanha dos Pir
Entreguei o uísque à Anya e não cobrei as respostas das perguntas, certa de que em algumas horas ela me daria, quando não mais tivesse consciência.Mas para meu azar ela trancou a porta pelo lado de dentro logo depois de receber a garrafa cheia. Fui para o quarto e pus as meninas na cama, ou melhor, no colchão, no chão. Elas queriam ouvir uma historinha para dormir, como a que Theo contou. Então fui obrigada a contar, tentando amenizar um pouco o que havia sido aquele dia: difícil para elas.Aliás, para elas todos os dias eram difíceis e uma etapa vencida, já que permaneciam vivas naquele lugar horrível.Assim que as vi fecharem os olhos, os lábios ainda meio que entregues a um sorriso feliz, cobri-as e fui para minha cama. Olhei meu celular e me flagrei que Theo me escutava e sabia exatamente onde eu estava naquele momento. Sorri e sussurrei:- Amo você, Theo.Pus o aparelho debaixo do travesseiro e dormi.Na manhã seguinte, quando acordei, as meninas não estavam na cama. Fiz minha h
- Estamos levando as meninas – O policial disse – Temos uma denúncia de violência, maus-tratos e...- Foda-se! – Ela gritou – Fodam-se aquelas pestinhas que não servem para nada.- Se a senhora é responsável por elas, terá que responder judicialmente pelos maus-tratos.Ela virou-se com dificuldade e nos olhou, de barriga para cima, ainda deitada.- Eu dei minha vida por estas inúteis. Acreditam que tentaram me matar? – o cheiro de bebida alcoólica pairou no ar enquanto ela esbravejava – Fizeram comida com todo o sal existente no planeta e eu fui parar no hospital. O namorado desta ingrata me deu um tiro no pé... – apontou na direção do pé enfaixado – E ela quebrou minha perna com duas malas... Enquanto o amante jogou uma pedra no meu olho e me deixou cega.Balancei a cabeça, aturdida:- Meu Deus... Está tão bêbada que só lembra da parte que as meninas que fazem a comida! Isso é muito triste.- Por que ela está neste estado?- Cai de bêbada o tempo inteiro. Bota as meninas para rua par
A noite chegou e eu não havia saído do quarto. Mesmo com meu estômago roncando e implorando por comida continuava ali, no mundo de Salma Hernandez, desde quando ela começou a escrever sobre tudo que acontecia em sua vida. “Não há como contar para minha mãe que o homem que a fode todas as noites me toca sem meu consentimento. E não é só pelo fato de que sei que ela não acreditará em mim. Mas porque nunca está sóbria para me ouvir. Por isso decidi contar para Babi, minha melhor amiga. E hoje, mesmo sentindo vergonha, tive coragem de compartilhar com ela o quanto Breno era nojento e desgraçado. Babi me convidou para morar com ela e Beatriz. Claro que ficou preocupada comigo. Mas eu não podia aceitar, embora quisesse muito. Beatriz dava um duro danado para sustentar as duas. Eu seria uma boca a mais. Sem contar que minha mãe e Breno sabendo que eu estava próximo, incomodariam a mãe de Babi e eu não queria tornar a vida de ninguém tão horrível quanto a minha. Elas também tinham seus probl
Robin pegou minha mão e me fez sentar novamente. A chama do fogo que aquecia o chocolate na panela de fondue iluminava seus olhos, fazendo a revelação ficar mais inverossímil.- Não sei se consigo... – Revelei.- Eu fiquei sabendo de tudo isto há pouco tempo, Malu. E quero compartilhar com você... Por favor. Precisamos entender o que aconteceu de fato.- Theo sabe de tudo isso?- Não. Isto é entre eu e você.- Mas... Heitor é pai dele também.- Eu estou revelando tudo isto porque é você, Malu. Não teria esta conversa com Theo, entende? Acha que também não tenho vergonha dos fatos? De saber que minha mãe viveu uma vida querendo se vingar por um homem que a traiu com todas as mulheres que cruzaram seu caminho?- Como... Maura soube de tudo?- Daniel prometeu ficar com minha tia depois que conseguisse o dinheiro do sequestro.- Mas ele não conseguiu o dinheiro.- Na verdade, ele nunca voltou depois que pegou você dos braços dela, quando ainda era um bebê.- E... – Incentivei-o.- Ela esp
- Esta é Anya. – Anunciei, abaixando-me a procura do álcool debaixo da pia.- Boa noite, Anya Hernandes. Sou Robin Giordano.- O corno?Ele riu e balançou a cabeça, não respondendo.Ela arrastou a perna até a mesa e puxou uma cadeira, sentando-se:- Eu não trairia você em hipótese alguma, Robin. Aliás, quem trairia um homem como você?- Sua neta. – Ele mordeu o lábio e depois deu um meio sorriso, me olhando. – Acho que ela estava com algum problema quando me trocou pelo garoto.- Na cabeça, só pode. Mas sabe como é... Sou avó... Tenho o mesmo sangue que ela. Posso fazer o teste e dizer se você é bom mesmo de cama e chegar a conclusão do que fez de errado.- Onde tem álcool? – Perguntei.- Para que quer álcool?- Passar na senhora, dos pés a cabeça. E depois talvez Robin possa olhar na sua cara, após desinfetada. Já se olhou no espelho hoje? – ri – Ah, esqueci que não tem espelhos nesta casa.- Tem álcool na prateleira de cima da pia – ela avisou – Atrás das xícaras.O olhar de Anya na