- Eu cuidarei de Theo. E ele de mim. – Garanti – E todos nós cuidaremos de Babi, até que papai esteja bem e de novo com a gente, curado do que quer que ele tenha.Encerrei a ligação e fiquei olhando no relógio a cada minuto, com a sensação de que o tempo não passava, enquanto mil coisas passavam na minha cabeça: a chantagem dos Hernandez, a gravidez de Málica, a ampliação da Simplicity... E em meio a tudo isso, a doença de Heitor, que eu ainda nem sabia ao certo o que era.Fui deixada em frente ao prédio de Theo, que chegou de moto junto do táxi. Subi na moto com ele e fomos até o estacionamento privativo, logo nos dirigindo ao elevador. Enquanto não chegávamos, contei para ele sobre minha conversa com Ben e o quanto estava preocupada.- O que quer que seja, está em estágio inicial. Nosso pai procura o médico regularmente e deve estar com exames de rotina todos em dia.Assim que Theo abriu a porta do apartamento, deparamo-nos com Málica, deitada no sofá da sala, assistindo televisão.
Assim que Theo e eu chegamos ao Hospital, fomos imediatamente direcionados para o terceiro andar. Já era madrugada e estávamos muito nervosos. Quando chegamos na Recepção, ainda nos encontrávamos de mãos dadas. Deparamo-nos com Babi sentada num dos sofás bege-claro, junto de Anon e Ben, que estavam um de cada lado dela. Assim que nos viu ela levantou e seus olhos foram diretamente para nossas mãos.Soltei a mão de Theo de imediato, aturdida. Não havia ficado claro para mim se havia ou não o consentimento por parte dela e Heitor.Antes que eu e Theo fôssemos até ela, Babi fez sinal com a mão para que parássemos, enquanto andava vagarosamente até nós. Nunca a vi tão pálida e fisicamente destruída como naquele momento. Até seus olhos pareciam ter perdido o brilho e a cor avermelhada tomava conta deles. Os cabelos foram atados num rabo de cavalo na altura da nuca, com vários fios soltos. Tive vontade de colocá-la no colo e envolvê-la com meu corpo, como num casulo, a fim de protegê-la de
Engoli em seco, olhando para Theo. Nossa preocupação com uma possível gravidez só se deu no início. Talvez tenhamos usado preservativo umas 3 vezes, no máximo 5.Aproximei-me de Theo e murmurei, para não ser ouvida pelos outros:- Eu não sou filha biológica de Babi... Então a possibilidade de eu ter endometriose é nula.- Do que você está falando?- Que... A endometriose, segundo ela me contou, pode dificultar a gravidez...- Maria Lua, não creio que esteja pensando sobre isto neste momento!- Ouviu o que nossa mãe falou, não é mesmo?- Ouvi. Mas estou mais preocupado com o estado de saúde de nosso pai.- Não está preocupado que eu possa... Ficar grávida? – Minha voz alterou-se, sem que fosse intencional.- Não – ele me encarou – Se você estiver grávida, eu seria o homem mais feliz do mundo.- Titio já ama! – Ben não se conteve.- Será que você não consegue levar nada a sério? – Olhei-o, atônita.- Não tenho culpa se o nervosismo me deixa completamente falante e ansioso – levantou – A
- Preciso que volte para Noriah Norte e assuma a North B. Ninguém é capaz de fazer isso além de você e sabe disto. Eu também não confiaria minha empresa a outra pessoa.- Sim, assumirei a North B., pai. – Confirmei, sem pensar duas vezes.Eu voltaria de uma maneira ou de outra. Jamais ficaria em outro país sabendo que ele e minha mãe precisavam de mim. Voltaria sim a assumir meu papel na North B. e detonaria qualquer um que ousasse olhar para mim em forma de crítica ou deboche. E se ouvisse algum comentário maldoso a respeito de qualquer coisa que envolvesse meu nome, demitiria sem maiores explicações.Não tinha certeza do que Theo faria. Mas eu não voltaria para a Simplicity, tampouco a morar em Noriah Sul. E torci para que Theo fizesse a mesma escolha, já que Heitor e Babi era o que tínhamos de mais importante.- Seu avô teria orgulho de você, meu amor.- E de você também, pai, ao ver o quão especial é, e a forma maravilhosa como criou seus filhos, dando o seu melhor.- Quero que cu
- Talvez tenha razão, raio de sol. Mas preciso pensar melhor quanto a isso. É uma decisão complicada... Num momento complicado. Apostei tudo na ampliação da Simplicity. E a possibilidade de deixar tudo para trás não me deixa muito confortável, embora eu saiba que ficar longe de papai e mamãe com tudo que está acontecendo seja praticamente impossível.- Eu entendo, Theo. Mas ainda assim é uma decisão que precisa ser tomada em breve. Por mais que papai esteja confiante, sabemos que isso tudo pode demorar um pouco.- Sim, você tem razão.- Quero voltar ainda hoje para Noriah Sul e pegar minhas coisas.- Outra viagem em menos de 24 horas? Não precisamos fazer isto, raio de sol. Podemos ficar aqui alguns dias e retornar descansados depois.- Gatão ficou sozinho. Não posso deixá-lo trancado dentro de um apartamento.- Mas você pediu para Madalena cuidar de tudo.- Eu sou tudo que ele tem, Theo. Não posso deixá-lo. Voltarei e pegarei meu cachorrão... Hoje. – Reafirmei.Assim que chegamos ao
Sorri, em meio à toda dor que senti naquele momento:- Olá, sobrevivente!- Não é um... Sonho?- Não é um sonho... Estou aqui, junto de você – garanti, apertando um pouco seus dedos – Mas não se esforce, por favor. Não precisa dizer nada.A respiração dele era fraca e por vezes parecia que fazia um esforço enorme para conseguir inalar o ar sozinho. Minhas duas mãos envolveram as suas e mencionei:- Estou voltando para Noriah Norte, definitivamente. Então, trate de melhorar logo! Não vai me fazer vir aqui neste hospital todos os dias, não é mesmo? – sorri, brincalhona, limpando as lágrimas insistentes que rolavam pela minha face.Depois de um breve sorriso, com dificuldade, percebi uma lágrima solitária rolando por sua face:- Obrigada... Por vir.- Você é muito, mas muito importante para mim, sabia?- Mas não... Para casar... – Os olhos fixaram-se nos meus.Alisei seu rosto:- Se soubesse o quanto eu gosto de você, Dimi... E o quanto sofro ao vê-lo aqui, por minha culpa.- Não é... Su
- Diferente de você, eu não tenho o sangue dele – Falei. – Critica por eu e Theo termos nos apaixonado, mas se “você” tivesse se envolvido com ele não teria sido errado?- Você transou com meu irmão, que era seu primo. E agora dorme com seu próprio irmão! Quem será o próximo? Meu pai? Seu pai?Antes que eu pudesse reagir, Theo apertou o botão e fechou a porta do elevador, com os olhos dela de ódio fixos nos meus até que se fechasse por completo e começasse a descer.Theo me virou na sua direção e não consegui evitar as lágrimas:- Não sei que porra está acontecendo comigo! – reclamei – Nesta última semana chorei quase mais do que derramei de lágrimas numa vida inteira.Theo limpou as lágrimas do meu rosto e me deu um beijo nos lábios:- Temos muitos problemas no momento. Espero que não leve em conta as palavras ofensivas dela.- Sabe o que mais me dói nisto tudo?- O quê?- Mencionar eu e... Nosso pai. Eu acho... Nojento... Dói no meu peito, como se fosse uma facada. Mas ao mesmo temp
Os dois ficaram tão pasmos quanto eu com a atitude que tive. Claro que o vômito não foi intencional. Mas a porra do cheiro da pipoca estava por praticamente todo o apartamento. E misturado ao descaramento daquela mulher foi como uma bomba atômica no meu estômago.Theo se aproximou, preocupado:- Maria Lua... Você... Sente alguma coisa? Será que está assim por conta da viagem? Se alimentou hoje?- Tire esta mulher daqui, Theo. – Pedi, pondo o vaso sobre a mesa de centro, incerta do que fazer dele.- Vai mandar embora a mãe do seu filho? – ela o confrontou – Você é o pai da criança que carrego Theo e se me conhece, um mínimo que seja do tempo que convivemos, deve saber que eu não mentiria sobre algo tão sério quanto isso.Theo me olhou, incerto do que fazer. Respirei fundo, tentando recuperar o ar.- Virá comigo? – Perguntei-lhe – Preciso encontrar Gatão...Málica pôs a mão no ventre, fingindo passar mal. Eu ri, enquanto Theo foi acudi-la, preocupado.- Ela está mentindo! – Falei calmam