Thais respirou fundo e entregou o celular de volta para Ângelo. As mãos estavam trêmulas e os lábios pálidos por conta da péssima notícia.
Ela respirou fundo.
— O que aconteceu? — perguntou Ângelo enquanto roía as unhas das mãos.
Ela balançou a cabeça negativamente.
— Aconteceu o pior, Yara foi sequestrada e ninguém fez nada para impedir, eu queria saber onde estavam os policiais nessa hora — ela desabafou próximo a Pedro que continuava amarrado na cama.
— Desculpe mas — ele começou a balbuciar — a culpa disso é minha, eu espalhei um boato entre os policiais sobre o quanto Yara
O motor do carro roncava cada vez mais alto conforme Leo pisava com força total no pedal do acelerador da viatura.Um sorriso silencioso surgia nos lábios dele, a cada solavanco que os pneus passavam por cima e Yara gemia baixinho por causa da dor.— É exatamente isso que você merece — ele vociferou enquanto girava o volante para fazer uma curva acentuada — quando chegarmos, você vai lamentar ter me feito de trouxa.Yara arfava sem parar, pressionava as duas mãos no tórax para tentar diminuir a sensação de peso a cada respiração. A cada curva, sentia que o corpo era jogado de um lado para o outro, como se estivesse em uma batedeira.— Por favor, me deixe sair daqui…— e
Ariadne se aproximou. Yara estava estirada no chão ofegante, ao lado, Thais examinava como estava os pontos da ferida da perna.— Precisamos de ajuda — revelou Thais após retirar a cobertura do curativo — não vai dar tempo de chamar uma ambulância.Leonardo se retorcia de dor, enquanto Martins o algemava com os braços para trás. O delegado passou as mãos pela roupa do sequestrador em busca da chave da viatura. A encontrou no bolso da calça. A apanhou.— Ariadne — ele chamou e atirou a chave na direção dela — pensa rápido.Ela a pegou no ar e o encarou confusa.— Não podemos te deixar aqui com esses dois
— Como está se sentindo, senhora Yara? — perguntou a Enfermeira enquanto preenchia a prancheta sobre a alta.Yara deu um sorriso tímido e olhou para baixo, em direção a perna ferida pousada na cama hospitalar.— Eu não sei como me sinto — ela explicou encarando o chão — quero dizer, eu estou há mais de um mês internada aqui e me sinto estranha.A Enfermeira fez uma pausa na escrita.— Acho que você pode ter perdido algumas coisas na sua vida — ela pontuou — mas ainda terá muito o que viver.Yara respirou fundo e olhou em direção a janela do quarto. Os raios de sol estavam fracos e os pássaro
— Eu soube que Yara voltou ontem para casa — Ângelo informou enquanto assistia o noticiário estirado no sofá, com Thais ao lado.Ela o encarou com o canto dos olhos e permaneceu em silêncio.— Ei, você me ouviu? — ele perguntou franzindo o cenho.— Sim — ela respondeu secamente e dando de ombros.Ângelo apanhou o controle da tv e a desligou. Virou a cabeça em direção a amiga, para encará-la de frente.— Acho que você não me entendeu — ele uniu as mãos para tentar explicar — ela está de volta, você pode encontrar com ela e viver o “felizes para sempre”.
As nuvens carregadas haviam trazido chuvas para a cidade, enquanto os pássaros se zangavam com o tempo fechado, a casa recém reformada de Yara resistiu ao temporal.— É um alívio a casa estar em pé — declarou Yara enquanto dava a mamadeira para o pequeno Daniel.Ariadne ao seu lado no sofá, digitava no celular com trocas de mensagens, concordou sem desviar os olhos da tela.Alguns segundos depois, ela ergueu a cabeça e pensou por instantes.— Queria comer alguma coisa doce — Ariadne compartilhou a ideia com Yara.— Poderíamos fazer brigadeiro — ela sugeriu.— Não queria fazer,
— Você acha que eu vou conseguir? — Thais perguntou para o gato amarelo de estimação. Greg a ignorava, enquanto se lambia em cima da cama dela.Ela respirou fundo e se levantou da cama, apanhou as muletas e foi para frente do espelho.Não se reconheceu, o conjunto de terno e calça social não pareciam combinarcom o que gostava de se vestir. A camisa social por baixo do terninho, já exibia os primeiros sinais de suor debaixo dos braços.— Greg, eu nunca fui a um julgamento — ela continuou o desabafo com o felino — e ainda por cima, terei que depor, eu não sei como fazer isso.— Posso entrar? — Martins perguntou com educação.
A sala de audiência estava abarrotada de pessoas que acompanhavam o caso, os membros do júri se posicionavam juntos em um pequeno recinto do lado direito.Leonardo vestia o uniforme bege da penitenciária, um macacão justo e com mangas curtas. Acompanhado do advogado de defesa e do Pedro, o cúmplice.As vítimas esperavam em uma sala separada com uma televisão que exibia em tempo real o que acontecia no julgamento.— Vamos dar início ao julgamento de Leonardo Inam Poscam e Pedro Inam Poscam, ambos acusados de tentativa de feminicídio, tentativa de homicídio, sequestro, agressão física e psicológica, porte de arma ilegal e dolo patrimonial — a juíza deu início a audiência — o caso ser&aa
Ângelo se encolheu na cadeira das testemunhas, os jurados o encaravam com olhares incisivos e sem constrangimentos.— A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do que souber e Ihe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado civil, sua profissão, lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e em que grau, de alguma das partes, ou quais suas relações com qualquer delas, e relatar o que souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou as circunstâncias pelas quais possa avaliar-se de sua credibilidade? — questionou a juíza o encarando com o canto dos olhos.— Sim — ele respondeu fingindo uma voz mais grossa — meu nome é Ângelo Bonini, tenho trinta anos, sou rece