AlexO veículo é espaçoso e conta com um frigobar, algumas garrafas de Bourbon, uísque escocês e algumas taças de cristais. Ao lado do Cobra, há um painel de controle. Ele aperta um botão e uma tela escura, a prova de sons surge atrás dele, nos separando do motorista e do seu segurança. O homem me lança um olhar sério e destemido e eu o encaro da mesma forma. Ele leva a mão ao terno caro e o meu coração dispara imediatamente, pensando na arma com a qual tentaria tirar a minha vida. Rapidamente levo a mão ao cós da minha calça, para alcançar a minha pistola. Cobra faz um gesto rápido, erguendo as mãos em sinal de paz._Calma rapaz! _ pede. _ Não se preocupe, não o farei mal. _ O seu tom de voz despreocupado e calmo é bem desconhecido por mim. Ele sempre foi do tipo ignorante e grosso. O homem que berrava as ordens e quem não as cumprisse, teria o seu castigo conforme a violação. Não importava quem fosse ou onde estivesse. Se tivesse de meter uma bala na testa, ele não hesitaria. Devaga
FabiMeu nome é Olavo Rios, sou irmão mais novo de Lucian Rios. No ano de 1999, entrei para a polícia federal. Na época eu era jovem demais, estava casado e minha esposa já esperava nosso primeiro filho. Lucian me ajudou a ingressar na carreira, mas minha esposa era ambiciosa demais e sempre queria mais. E um salário de um agente da federal não era suficiente para lhe dar tudo o que precisava. Após dois anos na federal, conheci Jonny Mackoy, um figurão do submundo do tráfico de pessoas e de armas, além de outras coisas ilícitas. Ele estava sendo investigado pelos agentes, por conta do tráfico humano a alguns meses... seis, eu acho. Jonny me procurou e fui induzido a entrar em seu carro. Naquela noite chovia muito, ainda consigo ver as imagens das gotas grossas, caindo no vidro da frente do carro. Fomos para um terreno escuro e baldio, que ficava a alguns metros da minha casa. Lembro-me que gelei. Não sabia o que Mackoy podia querer comigo, além de dá cabo da minha vida. Ele me oferece
Fabi_ Vamos lá, Olavo, não tenho o dia todo _ resmungo olhando o relógio de pulso. _ Meu noivo está me esperando para tomarmos um delicioso sorvete em uma pracinha aqui perto. _ Ele engole o choro e me lança o seu habitual olhar frio e cheio de ódio. Arqueio as sobrancelhas provocativas. Ele segura a arma, contudo, não aponta para a própria cabeça, ele a aponta para mim. Abro um largo sorriso e ele parece confuso. _ Tem certeza de que quer fazer isso?_ Me desamarra daqui eu só quero sair daqui e... AAAAAAHHHH! _ Ele grita, quando uma onda de choque desbrava o seu corpo através da sua nuca. Um soco violento lhe é dado em seguida e o homem apaga._ Acordem ele _ ordeno rudemente. Não demora muito e Olavo está acordado e confuso. Mas, ao ver a arma em seu colo a realidade lhe assola. _ Contarei até cinco, titio. Talvez isso o ajude. No cinco, teremos a decisão final, certo? Um... Dois... Três... Olavo volta a segurar a arma, dessa vez com as mãos trêmulas. _ Quatro... Um disparo, o som
FabiSinto o balanço trepidar do carro no asfalto e aprecio a brisa que vem do lado de fora, batendo em minha pele e afagando o meu rosto. Mas não consigo ver um palmo na frente do meu nariz, não consigo ver nadica de nada lá fora. E tudo isso por quê?Porque Anita decidiu levar essa história de surpresa a sério demais e por esse motivo, tenho uma venda nos meus olhos. Solto um suspiro alto._ Falta muito?_ Não, querida, estamos bem pertinho _ informa com uma calma surpreendente na voz. Estamos perto. Penso. Então não fomos muito longe, certo? Não faz nem dez minutos que saímos de casa, então, onde exatamente estamos indo e, porque tanto mistério? O carro finalmente para e do lado de fora, consigo ouvir os latidos de Kim, Raj e Mia. Sorrio amplamente. O que eles fazem aqui?_ Já posso tirar a venda? _ peço, levando as mãos ao rosto e me consumindo de curiosidade. Ganho uma tapinha inesperado nas mãos._ Ainda não. Primeiro, preciso te ajudar a sair do carro e depois, irei te guiar a
AlexEnquanto o carro segue em direção ao meu futuro, olho o anel dentro da caixinha preta e nervoso, solto o ar pela boca algumas vezes. Ele é realmente lindo! Não há dúvidas de que meus pais se amavam, independente da vida incomum que levavam, havia amor entre eles. Mais um suspiro baixinho. Agora tenho algo que foi da minha mãe para oferecer a mulher da minha vida. Meneio a cabeça em um não lento e inconformado, quando penso nas palavras do Cobra. Aquela competição besta pelo poder que perdurou durante anos, seus olhos sempre em cima de mim, altivos e vigilantes. Se fez de amigo para o inimigo, para me proteger, mesmo sabendo que sua promessa já havia se quebrado, quando o meu pai fechou seus olhos, e quer saber? Não aprovo sua proteção. Ele devia ter me tirado daquele inferno, me ajudado de alguma forma e definitivamente, não foi isso que ele fez. O carro para e só então percebo que já chegamos. Fecho a caixinha e encaro o lado de fora, através da janela. Está na hora de voltar pa
AlexEncaro as belas paisagens do RS, através das pequenas e redondas janelas do avião e sinto-me em casa novamente. Então, por que sinto que deixei algo mal resolvido para trás? Por que não me sinto completo? É como se uma ranhura, por mais simples que seja, tornasse tudo o que fiz até agora um nada. Tenho vontade de olhar parar traz, para o meu passado. Eu sei que há algo que preciso consertar lá, mas o que, o que ficou para trás? O toque suave em minha mão me desperta e eu beijo o seu rosto. O avião aterrissa e nos preparamos para desembarcar._ Aí meu Deus! _ Anita diz eufórica, puxando a Fabi para os seus braços, como se fosse uma boneca de pano. Recebo o abraço forte de Danilo, largando a mala de não, de Fabi no sofá. Logo o abraço aconchegante e cheio de carinho de Anita me envolve também._ Estava morrendo de saudades de vocês! _ sibila atenta a mim. _ Estou em casa. Penso, ainda em seus braços. Estou finalmente em casa._ Vocês queriam me matar de tanta saudade? _ talha mal-h
Alex_ Você está bem? _ pergunto novamente. _ Fabi assente, mas sei que não está. Logo após a nossa recepção de casamento, ela passou mal e tivemos que adiar nossa viagem de lua-de-mel. Agora estamos aqui, no banco de um consultório e em uma sala de espera. Hoje pela manhã ela se sentiu indisposta e estava relutante em vir e praticamente tive que obrigá-la a sair da cama._ Fabiana Fox Rios. _ A atendente a chama. Não sabem como é gostoso ouvir o meu sobrenome junto ao dela. Na hora da assinatura, Fabi quis se livrar do nome, Rios, mas isso não seria justo com os seus pais. Eles não podiam pagar pelo que seu tio fez no passado. Mostrei-lhe que o nome, Rios, era muito forte e que ela com toda a sua força, e persistência, o tornou limpo outra vez e assim a convenci a continuar com o seu sobrenome. Entramos no consultório do doutro Alexandre Cavanage, um clínico geral renomado e depois de um curto relato sobre os sintomas da minha esposa, ele nos lançou um olhar preocupado e pediu alguns
AlexQuando saímos de dentro do carro, Anita e Danilo plantam seus pés na entrada da casa. Fabi ainda parece enjoada e os olhos preocupados da Anita me encaram especulativos. Na maldade mesmo, entramos em silêncio e consigo escutar e suspiro audível da minha mãe de coração. Alcançamos a sala e ajudo minha esposa a se acomodar no sofá. O casal segue bem atrás de nós._ E então? _ Anita pergunta. Solto um suspiro teatralmente sonoro, como acabara de fazer segundos atrás._ Pode trazer um chá para ela? _ peço ignorando a sua pergunta._ Suco de limão, por favor! _ Fabi diz, mudando o meu pedido. Não escuto os seus passos, então olho para trás. Anita ainda está parada aqui e olhando-nos. A preocupação é tão nítida que chega a dar dó._ Isso é maldade dos dois _ ralha, apontando de mim para Fabi. Seguro uma gargalhada. _ Sabem o quanto estou preocupada e mesmo assim..._ Ok, ok! _ Ergo o meu corpo e viro-me de frente para ela. Com as mãos na cintura e uma cara de desânimo e encaro o casal,