AlexEnquanto o carro segue em direção ao meu futuro, olho o anel dentro da caixinha preta e nervoso, solto o ar pela boca algumas vezes. Ele é realmente lindo! Não há dúvidas de que meus pais se amavam, independente da vida incomum que levavam, havia amor entre eles. Mais um suspiro baixinho. Agora tenho algo que foi da minha mãe para oferecer a mulher da minha vida. Meneio a cabeça em um não lento e inconformado, quando penso nas palavras do Cobra. Aquela competição besta pelo poder que perdurou durante anos, seus olhos sempre em cima de mim, altivos e vigilantes. Se fez de amigo para o inimigo, para me proteger, mesmo sabendo que sua promessa já havia se quebrado, quando o meu pai fechou seus olhos, e quer saber? Não aprovo sua proteção. Ele devia ter me tirado daquele inferno, me ajudado de alguma forma e definitivamente, não foi isso que ele fez. O carro para e só então percebo que já chegamos. Fecho a caixinha e encaro o lado de fora, através da janela. Está na hora de voltar pa
AlexEncaro as belas paisagens do RS, através das pequenas e redondas janelas do avião e sinto-me em casa novamente. Então, por que sinto que deixei algo mal resolvido para trás? Por que não me sinto completo? É como se uma ranhura, por mais simples que seja, tornasse tudo o que fiz até agora um nada. Tenho vontade de olhar parar traz, para o meu passado. Eu sei que há algo que preciso consertar lá, mas o que, o que ficou para trás? O toque suave em minha mão me desperta e eu beijo o seu rosto. O avião aterrissa e nos preparamos para desembarcar._ Aí meu Deus! _ Anita diz eufórica, puxando a Fabi para os seus braços, como se fosse uma boneca de pano. Recebo o abraço forte de Danilo, largando a mala de não, de Fabi no sofá. Logo o abraço aconchegante e cheio de carinho de Anita me envolve também._ Estava morrendo de saudades de vocês! _ sibila atenta a mim. _ Estou em casa. Penso, ainda em seus braços. Estou finalmente em casa._ Vocês queriam me matar de tanta saudade? _ talha mal-h
Alex_ Você está bem? _ pergunto novamente. _ Fabi assente, mas sei que não está. Logo após a nossa recepção de casamento, ela passou mal e tivemos que adiar nossa viagem de lua-de-mel. Agora estamos aqui, no banco de um consultório e em uma sala de espera. Hoje pela manhã ela se sentiu indisposta e estava relutante em vir e praticamente tive que obrigá-la a sair da cama._ Fabiana Fox Rios. _ A atendente a chama. Não sabem como é gostoso ouvir o meu sobrenome junto ao dela. Na hora da assinatura, Fabi quis se livrar do nome, Rios, mas isso não seria justo com os seus pais. Eles não podiam pagar pelo que seu tio fez no passado. Mostrei-lhe que o nome, Rios, era muito forte e que ela com toda a sua força, e persistência, o tornou limpo outra vez e assim a convenci a continuar com o seu sobrenome. Entramos no consultório do doutro Alexandre Cavanage, um clínico geral renomado e depois de um curto relato sobre os sintomas da minha esposa, ele nos lançou um olhar preocupado e pediu alguns
AlexQuando saímos de dentro do carro, Anita e Danilo plantam seus pés na entrada da casa. Fabi ainda parece enjoada e os olhos preocupados da Anita me encaram especulativos. Na maldade mesmo, entramos em silêncio e consigo escutar e suspiro audível da minha mãe de coração. Alcançamos a sala e ajudo minha esposa a se acomodar no sofá. O casal segue bem atrás de nós._ E então? _ Anita pergunta. Solto um suspiro teatralmente sonoro, como acabara de fazer segundos atrás._ Pode trazer um chá para ela? _ peço ignorando a sua pergunta._ Suco de limão, por favor! _ Fabi diz, mudando o meu pedido. Não escuto os seus passos, então olho para trás. Anita ainda está parada aqui e olhando-nos. A preocupação é tão nítida que chega a dar dó._ Isso é maldade dos dois _ ralha, apontando de mim para Fabi. Seguro uma gargalhada. _ Sabem o quanto estou preocupada e mesmo assim..._ Ok, ok! _ Ergo o meu corpo e viro-me de frente para ela. Com as mãos na cintura e uma cara de desânimo e encaro o casal,
Alex_ É lindo, não é?_ É. _ Não sei exatamente a que se referiu, mas sei exatamente a que estou me referindo. O passeio termina minutos depois e nós seguimos para a tão sonhada pista de patinação. No Rio, costumava andar de patins de rodas nos calçadões das praias, mas aqui, acredito que deve ser outra coisa. Terei que ensiná-la e aprender em simultâneo. Seguro suas mãos trêmulas nas minhas e noto seus olhos vacilarem, demostrando seu receio em pôr os pés na pista de gelo. Contudo, ela é corajosa demais para desistir. Estamos um de frente para o outro e dando passos vacilantes, lentos e receosos, entretanto posso afirmar que estamos indo bem. Aos poucos, vamos perdendo o medo e seguindo, dando boas gargalhadas e roubando beijos deliciosos. Quando nos cansamos dessa brincadeira, resolvemos ir à praça de alimentação. Os quiosques são coloridos e temáticos. Fabi opta por uma fatia generosa de torta de chocolate, um sanduíche de queijo e uma caneca de chocolate quente. É incrível como e
Alex_ Oi, garotão! _ sussurro minhas primeiras palavras para ele. Ele, é assim que o sinto. Um menino, tenho certeza disso. _ Sou o seu papai _ sibilo com voz embargada. Um nó sufoca a minha garganta no mesmo instante. _ Vou te amar tanto, tanto, tanto... que não sei se terei limites. _ Rio em meio as lágrimas. _ O papai está vivendo um momento difícil, mas prometo que resolverei tudo antes de te ter em meus braços. _ Inclino minha cabeça sobre a barriga e me deixo levar pelo choro baixo por alguns instantes. Então sinto o seu toque em meus cabelos e ergo a cabeça, encontro Fabi de braços abertos para mim. Não meço distância e logo estou entregue aos seus braços, e enquanto ela afaga os meus a cabelos, eu choro igual um menino.***_ Porque não posso ir à montanha-russa? _ resmunga irritada._ Por causa do Pedro. _ Fabi parece confusa._ De quem? _ Rolo os olhos, impaciente._ Do nosso filho, Fabi. A gravidez está no início e não quero que leve susto. _ Ela arregala os olhos em compl
AlexRio de janeiro, 6:37 da manhã.Primeiro dia.O coração bate errante cada vez que penso onde estou e o que farei. A cada batida, um suspiro de nervoso sai pela minha boca. Fabi o tempo todo segura a minha mão e mais uma vez, a vejo perdida nas maravilhas do Rio de Janeiro. Daqui do banco de trás do táxi, consigo ver parte da imagem do Cristo Redentor, coberta por uma densa névoa, por conta do frio que faz na cidade. Encaro o lugar por alguns instantes e após soltar mais um suspiro, peço ao motorista que nos leve até lá. Fabi se vira de repente e me olha maravilhada._ Vamos agora? _ pergunta praticamente saltando em meu colo e me dando beijos, que me distraem das minhas frustrações nesse instante. O carro mal estaciona e o meu coração para uma batida, quando vejo o meu alvo descer o último degrau de mãos dadas com o marido. Fabi faz menção de sair, mas a seguro imediatamente. _ Meu Deus, suas mãos estão geladas! _ comenta e me olha preocupada. Então ela segue o meu olhar e os enco
Alex_ Que tal uma água de coco? _ Minha esposa sugere e nós vamos para uma das mesas de um quiosque qualquer. Passamos o tempo que me resta, admirando as ondas agitadas do mar e conversando sobre assuntos triviais. Decido nesse meio tempo que não levarei Fabi comigo, a final, ela não tem nada a ver com isso, é um problema só meu e ainda tem o fato de estar grávida. Não sei ao certo o que pode acontecer durante essa conversa. Minutos depois, estamos atravessando a rua e voltando para o nosso carro, quando simplesmente congelo ao ouvir a voz do mauricinho bem atrás de mim._Fique aqui, amor, vou comprar algo para levar para casa. Serei rápido. _ Ele pede e se sai do carro. Olho para trás sem hesitar._ Podemos ficar na praça? _ Jasmine pede, apontando para uma praça em frente ao supermercado. Engulo em seco._ Claro, mais fresco. _ O assisto em câmera lenta abrir o porta-malas e tirar de lá um carrinho triplo. Ele o monta e em seguida ajuda a esposa tirar três bebês adormecidas do banc