Alex_ Você está bem? _ pergunto novamente. _ Fabi assente, mas sei que não está. Logo após a nossa recepção de casamento, ela passou mal e tivemos que adiar nossa viagem de lua-de-mel. Agora estamos aqui, no banco de um consultório e em uma sala de espera. Hoje pela manhã ela se sentiu indisposta e estava relutante em vir e praticamente tive que obrigá-la a sair da cama._ Fabiana Fox Rios. _ A atendente a chama. Não sabem como é gostoso ouvir o meu sobrenome junto ao dela. Na hora da assinatura, Fabi quis se livrar do nome, Rios, mas isso não seria justo com os seus pais. Eles não podiam pagar pelo que seu tio fez no passado. Mostrei-lhe que o nome, Rios, era muito forte e que ela com toda a sua força, e persistência, o tornou limpo outra vez e assim a convenci a continuar com o seu sobrenome. Entramos no consultório do doutro Alexandre Cavanage, um clínico geral renomado e depois de um curto relato sobre os sintomas da minha esposa, ele nos lançou um olhar preocupado e pediu alguns
AlexQuando saímos de dentro do carro, Anita e Danilo plantam seus pés na entrada da casa. Fabi ainda parece enjoada e os olhos preocupados da Anita me encaram especulativos. Na maldade mesmo, entramos em silêncio e consigo escutar e suspiro audível da minha mãe de coração. Alcançamos a sala e ajudo minha esposa a se acomodar no sofá. O casal segue bem atrás de nós._ E então? _ Anita pergunta. Solto um suspiro teatralmente sonoro, como acabara de fazer segundos atrás._ Pode trazer um chá para ela? _ peço ignorando a sua pergunta._ Suco de limão, por favor! _ Fabi diz, mudando o meu pedido. Não escuto os seus passos, então olho para trás. Anita ainda está parada aqui e olhando-nos. A preocupação é tão nítida que chega a dar dó._ Isso é maldade dos dois _ ralha, apontando de mim para Fabi. Seguro uma gargalhada. _ Sabem o quanto estou preocupada e mesmo assim..._ Ok, ok! _ Ergo o meu corpo e viro-me de frente para ela. Com as mãos na cintura e uma cara de desânimo e encaro o casal,
Alex_ É lindo, não é?_ É. _ Não sei exatamente a que se referiu, mas sei exatamente a que estou me referindo. O passeio termina minutos depois e nós seguimos para a tão sonhada pista de patinação. No Rio, costumava andar de patins de rodas nos calçadões das praias, mas aqui, acredito que deve ser outra coisa. Terei que ensiná-la e aprender em simultâneo. Seguro suas mãos trêmulas nas minhas e noto seus olhos vacilarem, demostrando seu receio em pôr os pés na pista de gelo. Contudo, ela é corajosa demais para desistir. Estamos um de frente para o outro e dando passos vacilantes, lentos e receosos, entretanto posso afirmar que estamos indo bem. Aos poucos, vamos perdendo o medo e seguindo, dando boas gargalhadas e roubando beijos deliciosos. Quando nos cansamos dessa brincadeira, resolvemos ir à praça de alimentação. Os quiosques são coloridos e temáticos. Fabi opta por uma fatia generosa de torta de chocolate, um sanduíche de queijo e uma caneca de chocolate quente. É incrível como e
Alex_ Oi, garotão! _ sussurro minhas primeiras palavras para ele. Ele, é assim que o sinto. Um menino, tenho certeza disso. _ Sou o seu papai _ sibilo com voz embargada. Um nó sufoca a minha garganta no mesmo instante. _ Vou te amar tanto, tanto, tanto... que não sei se terei limites. _ Rio em meio as lágrimas. _ O papai está vivendo um momento difícil, mas prometo que resolverei tudo antes de te ter em meus braços. _ Inclino minha cabeça sobre a barriga e me deixo levar pelo choro baixo por alguns instantes. Então sinto o seu toque em meus cabelos e ergo a cabeça, encontro Fabi de braços abertos para mim. Não meço distância e logo estou entregue aos seus braços, e enquanto ela afaga os meus a cabelos, eu choro igual um menino.***_ Porque não posso ir à montanha-russa? _ resmunga irritada._ Por causa do Pedro. _ Fabi parece confusa._ De quem? _ Rolo os olhos, impaciente._ Do nosso filho, Fabi. A gravidez está no início e não quero que leve susto. _ Ela arregala os olhos em compl
AlexRio de janeiro, 6:37 da manhã.Primeiro dia.O coração bate errante cada vez que penso onde estou e o que farei. A cada batida, um suspiro de nervoso sai pela minha boca. Fabi o tempo todo segura a minha mão e mais uma vez, a vejo perdida nas maravilhas do Rio de Janeiro. Daqui do banco de trás do táxi, consigo ver parte da imagem do Cristo Redentor, coberta por uma densa névoa, por conta do frio que faz na cidade. Encaro o lugar por alguns instantes e após soltar mais um suspiro, peço ao motorista que nos leve até lá. Fabi se vira de repente e me olha maravilhada._ Vamos agora? _ pergunta praticamente saltando em meu colo e me dando beijos, que me distraem das minhas frustrações nesse instante. O carro mal estaciona e o meu coração para uma batida, quando vejo o meu alvo descer o último degrau de mãos dadas com o marido. Fabi faz menção de sair, mas a seguro imediatamente. _ Meu Deus, suas mãos estão geladas! _ comenta e me olha preocupada. Então ela segue o meu olhar e os enco
Alex_ Que tal uma água de coco? _ Minha esposa sugere e nós vamos para uma das mesas de um quiosque qualquer. Passamos o tempo que me resta, admirando as ondas agitadas do mar e conversando sobre assuntos triviais. Decido nesse meio tempo que não levarei Fabi comigo, a final, ela não tem nada a ver com isso, é um problema só meu e ainda tem o fato de estar grávida. Não sei ao certo o que pode acontecer durante essa conversa. Minutos depois, estamos atravessando a rua e voltando para o nosso carro, quando simplesmente congelo ao ouvir a voz do mauricinho bem atrás de mim._Fique aqui, amor, vou comprar algo para levar para casa. Serei rápido. _ Ele pede e se sai do carro. Olho para trás sem hesitar._ Podemos ficar na praça? _ Jasmine pede, apontando para uma praça em frente ao supermercado. Engulo em seco._ Claro, mais fresco. _ O assisto em câmera lenta abrir o porta-malas e tirar de lá um carrinho triplo. Ele o monta e em seguida ajuda a esposa tirar três bebês adormecidas do banc
Alex_ Será que... Posso te abraçá-la? _peço hesitante. Antes de me responder, ela olha o marido e para a minha surpresa, ela aceita._Claro! _ Aproximo-me meio sem jeito e a abraço acanhado._ Obrigado, Jasmine! _ sibilo baixo em meio ao abraço._ Não precisa agradecer _ diz se afastando e me lança um olhar indecifrável._ Não sei como te chamar... _ Dou de ombros._ Alex, me chame de Alex _ peço, me afastando ainda mais e me aproximo da minha esposa, para sair dali.Não sei o que pensar tudo isso. Eu realmente acreditei que seria mais difícil. Na verdade, eu pensei que não conseguiria, que não ia acontecer realmente. Puxo a respiração de modo audível e no mesmo instante sorrio, e antes de dá a partida, contemplo a pequena família de Jasmine se preparar para ir embora. Porra, estou respirando aliviado agora. Quando foi que fiz isso na vida? Apenas uma vez, uma única vez; quando resgatei Fabi das mãos dos Mackoy. Quando foi que fiz isso na vida? Apenas uma vez, uma única vez; quando r
AlexNão sei onde é que estou com a minha cabeça, quando resolvi vir para esse jantar. Já posso até ver... Olhares especulativos, furiosos e repreensíveis, me enredando o tempo todo. Cacete, eu devia voltar e deixar tudo exatamente como estar, mas seria um ato de covardia, certo? Caralho, eu enfrentei traficantes, assassinos, chefes do tráfico e agora estou arregando, por causa de uma família de bacanas, que pensam que são os donos do mundo! Puxo a respiração bem devagarinho, assim que estaciono o carro em frente ao casarão. Uma bela casa por sinal. Contemplo a exuberante fachada da casa, ladeada por muros altos e com um belo paisagismo no seu rodapé. Um pé quer pisar no acelerador e seguir em frente, mas a mão quer puxar a macha ré e correr para longe dali. Sinto o suor borbulhar na testa e a garganta ficar seca imediatamente._ Não está pensando em desistir, não é? _ A voz da minha esposa soa suave ao meu lado. Sim, estou pensando seriamente em desistir. Eu não preciso deles, certo,