— Isso é o que eu chamo de sorte nos negócios e sorte no amor — Jordana fala entrando na minha sala logo depois da Clara. Finjo irritação para as duas e solto o verbo.— Vocês não têm o que fazer não? — Ambas arqueiam as sobrancelhas e saem da sala dando risadinhas. Meu sorriso não morre esse parece que se tornou eterno. Então com um suspiro e volto o meu olhar para a minha mesa...— Temos muito para fazer doutora Mônica Sampaio! — Escuto a voz da Jordana que põe rapidamente a cabeça na porta e sai o mais rápido possível dali.— Tchau, sua vaca sortuda! — Clara replica saindo e fechando a porta atrás de si.— Malucas! — digo ainda sorrindo feito uma boba.***Entre uma audiência e outra, não paro nem para almoçar. Faço apenas um lanche na sala mesmo, enquanto estudo o mais novo caso que recebi. Uma simples acusação de roubo. Anoto alguns tópicos em minha agenda para pesquisa e coloco alguns papéis dentro da minha pasta para estudar depois. Já é final de tarde quando resolvo parar e i
Marcos Albuquerque— Porra Gisele! — berro assim que entro no hall da casa do meu irmão. Estava tudo pronto. Uma linda mesa, os pratos impecáveis, a música escolhida, o vinho sobre o gelo..., mas ao invés da sua presença, um telefonema que me tirou o chão. Gisele estava nervosa demais e me dizia apenas com um fio de voz que a Mônica foi sequestrada. Ela não queria, mas a obriguei a contar o que estava realmente estava acontecendo. Tantas coisas acontecendo por debaixo dos panos. Mônica não tinha esse direito. Guilherme não tinha esse direito. Gisele não tinha esse direito... Eles não podiam fazer isso comigo.— Não acredito que você permitiu que isso tudo acontecesse pelas minhas costas! Mas que porra! — Esbravejo chutando um sofá pequeno que é lançado para longe de mim. Deus, eu estou desesperado. Falando aos gritos no meio sala da casa do meu irmão. Eles não dizem nada. O que dizer? Não há explicação para o que fizeram pelas minhas costas. Transtornado, ando de um lado para o outro
— É, eu também acho. Vamos voltar lá pra dentro e se comporte! — pede com tom de repreensão. Eu assinto e voltamos para a sala de reuniões.As próximas horas foram exaustivas. Escuto a cada minuto relatórios e mais relatórios que não nos levam a nada. Estou perdendo a sanidade e a minha integridade aqui. Os meus pensamentos me levam a lugares que não quero ir... Tenho medo do que possam fazer com ela. O meu peito se aperta só de imaginar que esteja sofrendo qualquer tipo de agressão. Deus, estou ficando maluco aqui dentro, preciso respirar.— Senhor, os homens estão preparados para adentrar a mata. — Um policial avisa.— Espera, que mata? — procuro saber.— A mesma em que Mônica adentrou depois de perder controle na direção. — Guilherme explica.— Eu vou junto. — Não é um pedido e sim um aviso.— Acho melhor não senhor...— Você não acha porra nenhuma, capitãozinho de meia tigela! Eu disse que vou e eu vou — falo curto e grosso. O tal Rogério fecha a cara e não diz mais nada.— Marco
Marcos Albuquerque— Já se passaram três dias e eles não dão nenhuma notícia! — digo impaciente, sentado na cadeira do meu escritório em minha casa. Gui não diz nada, ele apenas assente desanimado. Seu semblante tão cansado quanto preocupado. — Eu contratei alguns detetives por conta própria e nada — falo de uma vez fazendo o meu irmão me olhar boquiaberto.— Quando exatamente você fez isso? — indaga exasperado, se ajeitando na cadeira. Dou de ombros.— Também entrei no sistema do computador da Mônica para adquirir algumas informações e imagens para passar para os detetives — aviso ignorando a sua pergunta.— Isso é violação de privacidade! — Ele rosna.— O cacete que é! — rosno de volta. Me levanto da cadeira e vou direto para uma garrafa de uísque escocês no bar de canto e me sirvo uma dose generosa da bebida. Tomo um gole avantajado e volto a encará-lo. Preciso ficar dormente. Preciso deixar a minha mente leve para pensar no que fazer em seguida. — Preciso encontrá-la a qualquer cu
Mônica SampaioEscuto sons de vozes ao meu redor. Tudo parece tão distante, tão escuro e frio. Tento abrir os meus olhos, mas eles estão pesados demais e não me obedecem. Me esforço um pouco mais e consigo abrir uma brecha de olho, mas ainda está tudo escuro. A minha cabeça dói muito por conta do esforço. Eu sinto minha garganta queimar com a secura. Tento falar alguma coisa, mas nenhum som sai da minha boca e tudo volta a ficar silencioso novamente. O meu corpo começa a ficar leve... É como se estivesse flutuando...— Onde estou? — A pergunta vem imediatamente.— Como ela está? — Vozes sussurrantes começam a me envolver. Acordo sentindo uma claridade forte invadir os meus sentidos. Me forço a abrir os olhos, mas sou impedida pela luz forte que vem do lado de fora. Droga! O que está acontecendo? Porque não consigo falar, nem abrir os meus olhos? Começo a pensar no que aconteceu e minha cabeça lateja ainda mais me fazendo gemer.— Mônica, querida estamos aqui. — Uma voz sussurrada soa
— Senhorita Mônica, sou o doutor Sérgio. Como está se sentindo? Sou despertada pela voz grossa do médico que tira do seu bolso um tipo de lanterninha e aponta a mesma na direção dos meus olhos. — Vou verificar seus sinais vitais e fazer algumas perguntas, ok? — Eu respondo com um aceno de cabeça.— Qual é o seu nome? — Ele pergunta enquanto movimenta a lanterninha acesa de um a lado para o outro na minha frente e uma enfermeira verifica a minha pressão e batimentos.— Mônica de Almeida Sampaio — responda.— Quantos anos você tem?— Vinte e quatro anos.— Lembra- se de alguma coisa que aconteceu antes de chegar aqui?— Sim, me lembro de tudo. — Ele se afasta guardando a pequena lanterna e faz algumas anotações.— Seus sinais vitais estão muito bons. Você teve uma torção no tornozelo que precisa ser bem cuidada e bateu muito forte com a cabeça, o que causou um leve traumatismo craniano, nada que deva se preocupar. Se sentir dor de cabeça tome esses analgésicos. Ele entrega para Ana algu
Mônica SampaioHoje está fazendo duas semanas que recebi alta do hospital. O meu tornozelo já está bem melhor e em poucos dias irei tirar o gesso, mas ainda ando com o auxílio de uma bengala para não o forçar. O médico disse que é por poucos dias e de verdade, não vejo a hora de voltar a minha vida normal. A vida voltou a sua rotina normal, mas o meu bonitão ainda não acordou do seu sono profundo. O médico explicou que é normal depois de tudo o que ele passou, o corpo precisa de um tempo para se reabilitar, mas eu queria que ele estivesse aqui comigo, queria a sua alegria de volta, o seu riso, a sua possessividade, eu o queria aqui de corpo e alma.— Você tem certeza de que está pronta para voltar ao trabalho? — Gisele pergunta preocupada me tirando dos meus pensamentos. Respiro fundo me encostando em minha cadeira acolchoada e largando a minha bengala na parede atrás de mim.— Preciso voltar ao trabalho Gisele — digo me acomodando na cadeira a sua frente. — Senão eu vou enlouquecer.
— Boa tarde, senhorita Magalhães! Como tem se sentido com a nossa hospedagem? — A desgraçada lança um sorriso divertido e responde com humor.— Não é nenhum hotel cinco estrelas, mas dá para o gasto. — Ele sorri sarcástico, enquanto meneia a cabeça, fazendo sim pra ela.— Bom saber! Então, eu tenho notícias do seu amigo Lancaster. — Sophia lhe lança um olhar cauteloso. — Pois é, nós conseguimos pegá-lo finalmente. — Ele sorri, finge um olhar vitoriosos e ela mesmo que cautelosa, rebate.— Mentira, ele não é tão fácil assim. É escorregadio, sempre sabe como escapar. — O capitão inclina o seu corpo sobre a pequena mesa e apoia as mãos sobre a mesma, chegando ainda mais perto da mulher.— Bom, é uma pena decepcioná-la senhorita, mas o Lancaster está aqui, bem pertinho de você. E sabe o que é pior? Ele ferrou com você e com seu amiguinho, o Pimentel. Vai ser muito fácil ferrar com vocês dois, afinal toda a papelada foi assinada apenas pelos dois não é mesmo? E as testemunhas só conhecem v