Mônica Sampaio
Hoje é sexta-feira e já estamos quase no final do expediente. Minhas amigas Clara, Alexia e Jordana já enviaram mensagens no grupo de W******p, um grupo criado especialmente para nossas farras de final de semana. Estamos combinando de ir para a boate Mix Nigth está noite, que fica no centro do RJ. Claro que eu vou, né? Não perco essa por nada! Depois de uma semana corrida dentro desse escritório, e de noites mal dormidas cuidando de Isabelly e do meu pai, eu mereço essa folga. Ligo para Juliana, a babá de Belly e para Mariana, a enfermeira do meu pai, avisando que chegarei tarde essa noite e tudo certo.— Mônica minha querida, você pode levar esse caso e estudá-lo em casa por favor? Quero saber o seu parecer sobre o assunto. — Doutora Gisele Albuquerque pede assim que sai da sua sala. Rapidamente largo o celular em um canto da minha mesa e me ponho de pé.— Claro, doutora Gisele. Sabe que não tenho o menor problema em fazer isso para a senhora — digo. Ela sorri.— Ótimo, adoro os seus relatórios! Tenho certeza de que será uma excelente criminalista um dia. Pago esse extra pra você, não se preocupe! — diz se virando para sair.— Obrigada, doutora! Mas sabe que não precisa. Já me basta essas oportunidades que me dá aqui, já me ajudam muito na faculdade e...— E nada mocinha! — Ela me corta. — Sei o quanto você precisa e é só uma ajuda de custo. — Ela pisca um olho pra mim. Sério. Doutora Gisele Albuquerque foi um achado na minha vida. Quando vi o anúncio de que uma empresa renomada de advogados procurava por estagiários que estudassem direito, não pensei duas vezes. Um estágio remunerado era tudo o que eu mais precisava na vida. E ela tem toda razão. Eu realmente preciso desse extra que me paga todo final do mês. Sem ele eu jamais poderia pagar os custos da minha faculdade e as minhas ajudantes do lar.— Mais uma vez obrigada doutora Gisele! — Consigo dizer. Ela não faz ideia, mas são esses extras que me possibilita dar uma vida melhor para a minha pequena e problemática família e também as minhas escapulidas nos finais de semana.— Não tem o que agradecer. Futuramente terei mais uma excelente advogada na minha equipe, espero contar com isso — diz e entra em sua sala. Abro um largo sorriso. Com certeza Gisele pode contar comigo na sua equipe, serei a sua mais nova contratada, se Deus quiser! — Penso voltando a me sentar em minha cadeira. Me sinto transbordar por dentro. Trabalhar aqui já é um ponto positivo para o meu currículo. Imagine depois que eu me formar? Aí é que ninguém me segura.— Aguardo você aqui na segunda então, boa noite Mônica! — Gisele diz saindo da sua sala e segurando a sua maleta preta de couro. — Boa noite, doutora! Observo a loira elegante em seus saltos altos entrar no elevador e as portas se fecharem em seguida. Doutora Gisele de Almeida Albuquerque foi um anjo que Deus colocou em meu caminho. Lembro-me do dia em que entrei aqui na G & G Advogados pela primeira vez, segurando a minha mochila nas costas e usando uma roupa casual... Apenas um jeans surrado e uma camiseta preta com um par de tênis. A elegância e o luxo do lugar gritavam com o meu look despojado. Quando entreguei o anuncio na recepção, achando que seria barrada na primeira chance, veio a surpresa. Fui levada diretamente para a sala dela e nossa! Depois de uma entrevista levada para um lado totalmente profissional e de olhar com afinco o meu currículo acadêmico, eu tinha esperança de trabalhar nem que fosse como uma simples secretária, mas ela acabou me dando uma oportunidade de ser a sua assistente de sala. Foi um avanço nos meus estudos e nas minhas notas também. Junto com a doutora Gisele, pude ver de perto desde as audiências mais simples até às mais complicadas. Aprendi estratégias, técnicas, métodos de pesquisas e muito mais. Com certeza apliquei cada aprendizado em meus trabalhos e com isso me tornei a número um na sala de aula. Como eu disse, devo muito a essa mulher!Olho a pequena sala e sorrio satisfeita. Essa história já tem três anos. E esses casos que ela me deixa estudar, Deus do céu! Eu simplesmente viajo. Conhecer de perto o seu cliente, saber cada detalhe da vida dele, as pesquisas, as investigações, tudo é muito excitante. E eu ainda recebo um extra para estudá-los. É tipo, unir o útil ao agradável e sem falar que me ajuda muito financeiramente.— Então, Moniquinha, pronta para mais uma noite? — Alexia aparece animada na sala. Abro um largo sorriso.— Prontíssima, Alex! Só preciso dar uma passada em casa e dá uma caprichada no meu visual. Nos encontramos na boate certo? — digo arrumando alguns documentos importantes no arquivo.— Certo, até lá então! — Alex sai da sala e eu termino de arrumar os documentos em seus devidos lugares. Pego o material que a doutora Gisele me entregou e o guardo dentro da minha pasta. Por fim, desligo o computador e guardo alguns arquivos na minha gaveta, passando a chave em seguida. Olho rapidamente a minha mesa para ter certeza de que não esqueci nada e pego a minha bolsa. Depois de fechar o escritório com chave, sigo para o elevador. Estou muito ansiosa por essa noite. Quero beber todas, dançar todas e pegar um cara gostoso para finalizar a minha noite. Alcanço a garagem e vou direto para o meu velho "Tigrão". Tigrão é o meu carro. Um Chevrolet vermelho dos anos 80 que foi da minha mãe. Ele está
Marcos Albuquerque— Cara eu estou acabado! Hoje o dia foi forçado viu? Mais uma reunião dessa e eu morreria na beira do mar!— Deixa de exagero Marcos! — Luís fala rindo da minha cara.— Não é exagero não, cara! Estou dizendo, eu preciso de sexo urgente. Muito sexo para extravasar o estresse — digo quase exacerbado.— Você é doente sabia? — retruca. Sorrio amplamente.— Não sou não! Sou prático meu amigo. Que tal passarmos no bar para beber alguma coisa no final do expediente?— Não estou a fim cara. Vou levar a Ana para jantar hoje. — Eu o encaro surpreso.— A secretária? — inquiro surpreso.— Sim, por quê? — Luís me faz uma cara inocente. Eu o olho especulativo. A quanto tempo eu tento fazer esse cara sair com uma das minhas amigas?— Como? Por quê? Faz três anos que te chamo para sair comigo, com os amigos, curtir umas garotas e você sempre me diz um não. Aí do nada você vai sair com sua nova secretária? Fala sério! O que está rolando entre vocês? — pergunto curioso. Ele dá de omb
— Que tal uma dança, Marcos? Eu estou afinzona de dançar com você. — fala com um tom arrastado, manhoso e ao pé do meu ouvido. Passando os braços pelo meu pescoço. Eu olho por cima do seu ombro e vejo a garota que estava comigo a poucos minutos me acompanhando, ela vem em nossa direção e para bem trás da Alexia. A loira olha a ruiva da cabeça aos pés e sorri maliciosa. Eu retribuo o sorriso deixando que a minha mão passe por baixo do vestido da garota que está abraçada a mim. Logo entendi o que a loira estava pensando.— Estou acompanhado, ruivinha. — sussurro ao pé do seu ouvido e aponto com a cabeça para a loira atrás dela e continuo. — A não ser que você não se importe em dividir — digo sugestivamente sem concluir a minha frase. A ruiva olha para a loira e se afasta de mim e em seguida assisto a garota se aproximar da outra e elas começam a se beijar bem na minha frente. Puta que pariu! Sinto o meu pau pulsar como louco dentro das minhas calças imediatamente. Eu me viro para o bar
Marcos AlbuquerqueAcordo com meu telefone tocando incessantemente em cima do criado mudo e rosno um palavrão, quando uma dor de cabeça infernal começa a latejar. Me forço a abrir os olhos e a dor parece aumentar consideravelmente. Olho a tela do celular e respiro fundo fechando os meus olhos para tentar suportar as cobranças da dona Laura.— Oi mãe! — Minha voz soa ainda rouca de sono.— Como assim, oi mãe? — Ela cobra com voz firme. — Seu irmão te deu o recado? — retruca autoritária e eu bufo me sentando na cama e levando a mão a testa tentando aplacar a dor.— Que recado? — pergunto passando a mão no rosto tentando despertar. Porra! Me sinto atordoado. Se brincar não sei nem que dia é hoje. Resmungo internamente.— Semana que vem eu e o seu pai vamos viajar, Marcos. Ele precisa descansar um pouco, sair daquele escritório agitado. Portanto, vamos nos reunir no restaurante da família, para nos despedir. — Eu bufo em resposta.— Mãe, eu não posso...— Tento falar, mas ela me corta impa
— Deixe-me adivinhar — Gisele me corta irônica. — Você vai dormir o dia todo, vai acordar lá pelas cinco da tarde, depois jogar vídeo game, comer muitas besteiras e bagunçar todo o seu apartamento mais do já bagunçou e depois de tudo vem uma noitada com os amigos e muita bebida e por fim, terminar a sua noite com alguma vagabunda na sua cama. Acertei? — Da pra sentir o poder da ironia da mulher só no olhar dela, imagina na voz? Reviro mais uma vez os olhos para ela e nem chego a dar uma resposta à altura, porque a Amanda começa com as suas especulações logo em seguida.— Papai, o que é uma vagabunda? — Ela pergunta abrindo um par de olhinhos curiosos, e faz uma cara inocente e os seus pais a olham completamente sem ação e com os olhos bem arregalados. Segurando uma boa gargalhada, eu olho para Guilherme e faço sinal para que ele explique a palavra para menina.— É, como eu posso te explicar isso, filha? É, — Ele gagueja e eu me encosto na cadeira, segurando a gargalhada, fechando a mã
Mônica SampaioO mês passou rápido demais. E esses dias tenho andado bastante ocupada com o escritório de advocacia e com a faculdade também. Como é meu último ano na faculdade e eu tenho acompanhado a doutora Gisele em algumas audiências, quase não tenho tempo para respirar. Mas isso tem me dado algumas experiências interessantes, e tem me ajudado bastante na conclusão do meu curso. Estou em minha sala quando recebo um telefonema de um número desconhecido. E antes de atender, fico olhando o celular por um tempo, na dúvida se atendo ou não? Decido atender.— Alô? — Deixo transparecer o meu receio e me repreendo por isso.— Mônica Sampaio? — A voz máscula, de um timbre rouco e ao mesmo tempo grave me deixa arrepiada. Eu respiro fundo e me forço a falar alguma coisa.— Sim é ela. Quem é?— É o chefinho. — Ele faz uma pausa mínima. — Tudo bem? — PUTA MERDA! — Xingo mentalmente, fechando os olhos e seguro a ponta do meus nariz, respirando fundo. Estou morta de vergonha. Respiro fundo mais
— Eles também trabalham na mesma empresa em que eu e Ana trabalhamos. — Luís complementa. E eu apenas assinto dando um meio sorriso.— Mônica, por favor, me chame de Mônica. — Exijo me acomodando na cadeira de frente para o tal Marcos. Ele fica sério, mas seus olhos ainda me devoram.— Desculpe Mônica! — diz e sorri. E meu Deus, isso não se faz com uma pobre moça indefesa como eu! Que sorriso é esse papai?— Então, Mônica? — Luís começa a falar desfazendo a nossa conexão. O que eu agradeço de todo o coração. — Soube que você convidou a Ana para uma comemoração a dois em um barzinho. E eu gostaria de combinar...— Não é bem uma comemoração a dois. — O interrompo — Tem alguns amigos de infância e também alguns amigos da faculdade que a Ana fazia. Eu falei pra ela te levar. — Paro de falar quando vejo que Luís foi pego de surpresa. Definitivamente a Ana não havia dito nada pra ele.— É, ela me convidou, mas coincidentemente é o dia do seu aniversário e eu...— Coincidência? — Volto a int
Marcos AlbuquerqueO fato da Mônica ter quase estragado a surpresa do Luís para Ana me ajudou e muito a conseguir o contato dela. O que está me deixando acuado é o fato do Luís ter me feito prometer que eu não iria me aproximar da garota e a promessa para o meu melhor amigo é dívida. Então eu vou tentar me comportar o máximo que eu puder. Pego o meu celular e olho o número salvo na minha agenda. Ligo ou não ligo, eis a questão. Estou passando por uma guerra onde o anjinho no meu ombro direito me diz que não. Que eu tenho que cumprir a promessa. Mas o capetinha no meu ombro esquerdo fala que sim. Me mostra o lado delicioso da coisa toda e eu sou vencido pelo desejo ardendo dentro de mim, dando de ombros. O que eu tenho a perder? Nada. Ouvir um não, não vai me matar certo? E se eu ouvir um sim, será coisa de uma noite só. — Alô! — Ela diz do outro lado da linha. A voz deliciosamente sedutora me arrepia inteirinho e eu puxo a respiração. Controle-se homem! Me repreendo. Você deve isso a