Misterioso

Catarina Conti

Quem esse homem pensa que é?! Ele só pode ser um completo maluco.

Onde já se viu me pedir em casamento assim, sem nem me conhecer, só pode ser um alucinado para achar que eu aceitaria.

Eu vou dar um jeito, vou conseguir arrumar esse dinheiro, mas não vou deixar minha avó na rua e também não vou me casar com ele.

Me levanto, saio daquela sala, tentei procurar pelo irresponsável do meu pai, mas não o vi em lugar nenhum. Resolvi ir embora, a voz daquele homem misterioso, não sai da minha cabeça.

Eu nem sei quem ele é, por que ficar pensando nele, eu só pretendo vê-lo daqui dois dias para entregá-lo o dinheiro e depois nunca mais vou vê-lo.

Quando eu saio na porta da casa de aposta, tem um carro preto parado bem em frente, aqueles mesmos seguranças que estiveram em minha casa mais cedo, estão plantados feito vazo me olhando fixo, com aquelas caras de quem comeu e não gostou.

Começo a caminhar para fora, mas um deles me chama a atenção, ele começa a falar comigo e eu paro onde estou.

Segurança: Senhora, nós temos ordens para levá-la até a sua casa.

C: Não, obrigada! Eu posso pedir um táxi.

Segurança: A senhora não vai conseguir um táxi tão tarde da noite.

C: Eu vou ir caminhando, eu não me importo.

Segurança: A senhora vai correr risco de vida e isso não é o que o senhor quer.

Eu não entendo o porquê ele fica me chamando de senhora, eu sou muito mais nova que ele, nem sou casada. E que historia é essa de senhor?!

Eu olho para ele desconfiada, ele continua me encarando com a sua expressão séria, sem demonstrar nenhum tipo de sentimento.

C: Não tem por que você ficar me chamando de senhora, muito menos precisa dessa insistência toda para me levar embora. Eu sei me virar sozinha. E quem é esse “senhor”?!

Segurança: Por favor, senhora, não dificulte o meu trabalho. Eu tenho ordens expressas, para levá-la em segurança.

Ah pronto, ele não me respondeu e ainda tem mais essa agora, tem ordens para me proteger e me manter segura. Eu olho para ele com um olhar desafiador.

C: E quem deu essas ordens?

Segurança: O chefe, Don Mateo. Agora chega de perguntas, entre, por favor!

Ele abre a porta do carro, eu fico olhando fixo para eles, estou perplexa com o que acabei de ouvir. Eu penso um pouco, mas infelizmente ele tem razão, eu não vou conseguir um táxi agora e também é muito perigoso ir a pé sozinha.

Eu vou aceitar a carona, mas é só por que eu quero saber, quem é esse Don Mateo e se é para ele que o meu pai está devendo. Eu achei que a dívida fosse, com aquele homem misterioso, mas pelo visto não.

Eles estacionam o carro em frente de casa, o mesmo segurança de antes, desce e vem abrir a porta para eu poder descer.

Segurança: Boa noite, senhora! Amanhã às 6:30h estaremos aqui para levá-la ao hospital.

Eu olho para ele indignada, como ele sabe onde eu trabalho e a hora que eu costumo sair?!

C: Ah... não vão não... Esse tal de Don Mateo, acha que é o dono do mundo?! Eu não vou aceitar isso, eu sei muito bem me virar sozinha. Eu não preciso de marmanjos na minha cola. Eu quero que você mande um recado para ele, por favor!! Diga a ele que em dois dias eu levarei o dinheiro para ele, mas eu não vou permitir que ninguém tire a minha paz.

Eu me viro para entrar na minha casa, o segurança não fala mais nada, entra no carro e vai embora. Respiro aliviada, eu estava começando a achar que eles passariam a noite aqui na porta.

Quando abro a porta vejo a vovó dormindo sentada em sua poltrona, acho que ela ficou me esperando e acabou pegando no sono.

C: Vovó?!

B: Oii… minha filha você voltou. Obrigada meu Deus!

Ela fala fazendo o sinal da cruz, eu estou ajoelhada na sua frente, ela me abraça apertado. Eu amo demais a minha avó, ela foi quem me criou e nunca me deixou faltar nada, sempre me encheu de amor e carinho. Se for preciso, eu dou a minha vida por ela.

B: Cat, para onde você foi?

C: Fui atrás do irresponsável do meu pai.

B: E resolveu alguma coisa?

C: Não, mas eu vou dar um jeito de resolver, fique tranquila.

B: Minha filha veja bem o que você vai fazer, não meta os pés pelas mãos. Vamos dar a casa para eles e com o dinheiro que guardamos, a gente pode pagar um aluguel.

Eu não vou deixar isso acontecer, o meu avô lutou tanto para conquistar essa casa, ele fez de tudo para de conseguir deixar minha avó estável. Aí vem o irresponsável do filho deles e estraga tudo, negativo.

C: Já está na hora da senhora ir dormir, vamos para a cama.

B: Não seja teimosa Cat!

C: Vamos dona Brígida.

Eu ajudo ela a se levantar da poltrona, acompanho ela até o seu quarto, ajudo ela a se deitar na cama, apago as luzes e saio do quarto. Vou até o meu quarto, tomo um banho rápido, estou muito cansada, preciso dormir um pouco, jája tenho outro plantão.

Deito em minha cama, mas me enganei achando que conseguiria dormir, meus pensamentos não saem daquele homem misterioso, como ele consegue fazer esse tipo de proposta para uma pessoa?! E como se pede uma pessoa em casamento sem a conhecer?!

Ele só pode ter sérios problemas mentais, muito bonito e muito gostoso, com aquela voz rouca… mas um completo maluco.

Espanto esses pensamentos insanos da minha cabeça, tento me concentrar no meu sono, estou cansada e preciso dormir. Demoro um pouco, mas depois de tanto lutar contra os meus pensamentos, acabo dormindo.

Acordo com a vovó me sacudindo, me espreguiço na cama, me estico até onde dá. Como eu queria mais um pouquinho de sono, mas não posso fazer corpo mole, preciso dar um jeito de arrumar o dinheiro.

Me sento na cama, dou um abraço na vovó, ela me aperta contra o seu corpo, me dá um beijo na testa e me olha nos olhos.

B: Você não vai me dizer mesmo, o que aquele homem te ofereceu?

C: Que homem vovó?!

Eu não quero preocupar ela com esse assunto, até porque não é um assunto questionável, eu já disse que não e pronto.

B: Minha filha, eu já sou velha, mas não burra. Eu vi que você chegou aqui diferente, não estava mais nervosa, porém ainda tinha algo que te incomodava, mas posso afirmar que não é por causa do dinheiro.

C: Vovó, pare de colocar caraminholas na cabeça. Não tem nada disso, eu realmente estou incomodada com o dinheiro. Eu não vou deixar a senhora perder a casa que tanto batalhou para conseguir.

Me levanto da cama, vou ao banheiro fazer as minhas higienes, mas ainda consigo escutar ela resmungando no quarto.

B: Você finge que me engana e eu finjo que acredito.

Dou risada de ouvir ela isso dizer, minha vó sempre foi muito perspicaz, ela consegue pegar o assunto no ar.

Dessa vez eu não vou deixar ela ficar sabendo disso, eu vou resolver o problema do dinheiro e nunca mais vou ver essas pessoas.

Volto para o meu quarto, coloco uma calça jeans clara, ela é um pouco justa ao meu corpo, coloco uma regatinha branca, ela também é bem justa ao meu corpo, mas eu não me importo, vou colocar o jaleco por cima, então ninguém vai reparando.

Coloco um tênis branco no pé, pego minha mochila, confiro se meu jaleco e minhas coisas estão lá dentro.

Vou até a sala e levo um susto, quando vejo minha avó, oferecemos café, para as seguranças de ontem à noite.

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