capítulo 3

Sentei em um duto de ar e suspirei, olhei para o céu e lágrimas desciam pelo meu rosto.

Eu só queria ser feliz, será que é pedir muito.

— Mãe, sinto tanta sua falta.

Falei e abracei meu corpo, eu chorava tanto que meu corpo tremia, eu sentia frio, mas o frio não era por causa do vento e sim do meu coração, chorei por nem sei quanto tempo, olhei para a lua e ela estava cheia e brilhante, tão cheia que parecia que eu poderia tocar, estiquei minha mão e sorri quando passei a mão, claro que não encostei na lua, mas ela estava tão cheia.

Virei meu rosto e peguei a garrafa de vodka bebi sentindo o teor do álcool queimar por dentro, parecia brasa quando descia pela minha garganta, sei que amanhã Simão irá me encontrar aqui e me levará para um hospital, então quero me embriagar ao ponto de esquecer tudo hoje.

Chorei me lembrando da minha mãe, ela saberia me ajudar, ela saberia tudo e me acalmaria.

— Porque me deixou mamãe, porquê.. Funguei enxugando minhas lágrimas.

Não estou triste porque Jonas me traiu, estou triste porque nunca fui feliz, porque todos esperavam de mim o que queriam, me obrigavam, onde eu sou eu mesma é aqui, nesta empresa, aqui muitos me temem e me respeitam, me admiram, sou a mais nova diretora executiva do país, trabalhei incansavelmente por três anos, sempre que a empresa precisava eu estava lá, sempre que Troy Bennett me chamava lá estava Eu, sempre disponível para o trabalho, alguns diziam que eu e Troy estávamos tendo um caso, mas nunca o vi com outros olhos, Troy seria como meu irmão mais velho, o que me fez subir na empresa foram meus esforços e trabalho incansável.

Olhando para trás eu nunca tive nada, nenhuma pessoa se quer para rir e me fazer rir também, ou para me apoiar, Jonas nunca estava disponível para me ouvir. Rio disso, ele nunca estava disponível e agora sei porquê.

Olho para a lua novamente, ela estava tão linda, cheia e brilhante, nunca vi algo assim, parecia que ela crescia a cada segundo ou que estava chegando próximo da terra, sei que é impossível mas olhando daqui de cima do prédio mais de trinta metros de altura, parecia que a lua estava bem pertinho.

— Sabe, chega de chorar, estou cansada de ser o robozinho que todos manipulam.

Levantei do duto e olhei para a lua, serei como ela, tem todas as fases, mas está aqui brilhando intensamente.

Olhei para a garrafa de champanhe e a peguei, girei o lacre e abri, o barulho da rolha estourando me fez rir, a bebida já estava na minha corrente sanguínea.

— Um brinde a você dona Lua que não precisa de merda nenhuma para ser brilhante, virei a garrafa na boca e sorvi o líquido, no começo fez cócegas na minha garganta, era mais saboroso que a vodka.

Levantei já bêbada rindo feito louca.

— Dona lua, minha vida é uma merda, sem família, cheia de dívidas, fui corna e para piorar estou bêbada à mais de trinta metros de altura.

Olhei para a lua novamente e levantei, fui andando observando ela, cada segundo parceira que a lua desceria no prédio, a bebida estava mesmo afetando meu cérebro, imagina a lua sair da órbita da terra, seria tantos desastres naturais.

Andei até o beiral, seu brilho me cativava e me chamava para mais perto, sua força me atraí era estranho para caralho, mas eu fui, com um pouco de esforço eu passei o pé na grade de proteção, tentei tocar a lua, mas não consegui, me estiquei mais um pouco, eu tinha certeza que conseguiria, a garrafa caiu da minha mão, mas nem olhei para baixo, a lua estava me chamando, fechei meus olhos e passei o outro pé, estiquei ao máximo e senti o vento passar por mim, balancei para frente e para trás.

— Me desculpa mãe, acho que falhei.

Eu senti meu corpo leve, minha cabeça já não estava mais bagunçada, o álcool não dominava minha mente, talvez a lua estivesse me mandando pular e acabar com tudo isso, fechei meus olhos sentindo o vento ainda mais forte, foi quando a porta de acesso ao terraço abriu com um estalo forte, eu me assustei pensei que era Simão que me viu pelas câmeras, mas quando virei minha cabeça eu vi um homem tão lindo e forte, foi esquisito o susto me fez tremer e meu pé saiu, assustei nunca pensei que acabaria com minha vida.

" COMPANHEIRA"...

Eu ouvi e voltei a olhar o homem falar, mas meu outro pé desequilibrou e senti a gravidade me puxar, seria o meu fim, mas pelo menos eu vi o homem mais lindo do mundo, talvez poderia ser um Deus me dizendo que era hora de partir e deixar esse mundo que me fez tão triste.

Mas por incrível que pareça eu senti braços ao redor do meu corpo, pensei que o chão seria a única coisa que sentiria,mas o perfume amadeirado encheu meu nariz, abri meus olhos assustada com os braços ao meu redor, me segurando,e protegendo, vi seus olhos azuis oceano, era lindo, era como se me levasse para o mais profundo do mar, era perfeito.

" MINHA"...

Ele disse e sorriu, trinta metros de altura parecia infinitamente alto, eu não sei quem era, mas eu coloquei minha cabeça no peito do Deus que me levava para a morte eterna, talvez se eu soubesse que morrer era tão lindo, já teria feito antes.

Mas tudo que é belo, dói, foi isso que senti quando meu corpo chegou ao chão, pensei que não iria doer, pensei que não sofreria, mas senti a pior dor no corpo que já senti em anos, era como se meu corpo estivesse sendo cortado ao meio, minhas vistas escureceram e meu corpo tremeu.

" Você vai ficar bem meu amor"

Foi o que ouvi antes de tudo escurecer, a escuridão me levou e com ela todos os meus problemas, toda dor, toda falta que eu sentia da minha mãe, e o ressentimento pelo meu pai.

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