Capítulo 4

Alina

Quando saio do quarto me sinto livre e respiro fundo. Olho para os lados e não vejo ninguém, então entro no quarto à minha frente, olho tudo por lá e percebo que esse foi o quarto preparado para mim já que aqui tem roupas e lingerie feminina. Aquele babaca fez de propósito. Não posso deixar ele me intimidar assim.

As coisas que ele fez comigo naquele quarto não querem deixar meus pensamentos. Não quero nem me tocar de tanta raiva que estou. No banho passo a mão pelo meu corpo e nos lugares que ele tocou em mim. Me repreendo por ter sentindo algum desejo por ele.

Termino o meu banho me arrumo, coloco minhas coisas em uma bolsa e desço, mas ele me alcança na escada e sussurra em meu ouvido para me provocar:

— Você ficou muito gostosa nesse outro vestido. Parabéns, despertou meu interesse mais uma vez.

— Vai para o inferno, Bernardo. — Ele abusado diz para mim:

— Vamos juntos, amor. Você vai ver que não é tão ruim.

Eu ignoro ele e corro para a porta até que a tia Eva fala:

— Onde você vai, meu anjo? Temos que sair para a prova e escolha do vestido. Bernardo, você vai junto para a prova do terno.

— Noivamos ontem, para que essa pressa toda de vestido e terno?

— Meu anjo, até a festa e a igreja já estão tudo ok! Só falta essa parte e quero deixar pronto também.

— Por isso me fizeram dormir aqui? Para me obrigar a comprar a droga do vestido?

— Você era para estar feliz. Meu filho é lindo e atraente. E você também, os filhos de vocês serão lindos. Você tem noção de quantas mulheres querem seu noivo?

— Tenho que concordar com a minha mãe pela primeira vez. Eu sou gato e você até que é bonita, nossos filhos serão lindos... E a outra parte também, tem uma fila de mulheres me querendo.

— Então case com elas. E eu não quero ter filhos com você.

— Pensei que vocês tinham se acertado ontem. — Tia Eva fala.

— E nos acertamos, não é, querida? — Ele se aproxima de mim e me abraça, mas eu não reajo então ele sussurra para mim: — Quer que eu conte para todos que tirei sua virgindade com você me implorando para ir mais fundo? Olha que não sentirei vergonha nenhuma de dizer isso, já que meu dedo estava dentro de você essa madrugada.

Com um ódio mortal eu abraço ele de volta e a Tia Eva fala:

— Muito melhor agora... Vamos logo, o ateliê foi reservado para nós hoje pelo dia todo.

Quando chegamos no tal ateliê, minha mãe e a tia Eva ficam encantadas. Já o noivo me puxa para um canto só para me irritar mais e fala:

— Só para não dizer que não avisei, escolha um vestido que eu possa rasgar com facilidade ou usarei uma tesoura sem problema algum.

— Vou escolher um que tenha tanto pano, mais tanto pano que quando você conseguir chegar onde realmente quer já tenha perdido a vontade.

— Vai ser divertido... Para mim pelo menos.

Ele me solta e minha mãe me puxa para o outro lado do lugar. Colocam vários vestidos à minha frente e apesar de lindos não quero nenhum, a razão é óbvia, não quero me casar com esse babaca.

— Experimente este aqui. Pega, minha filha. Aproveite e não vista sua roupa novamente, tem muitos vestidos para você experimentar.

Já estamos nisso há algumas horas e elas não decidiram qual vestido vão colocar em mim, já experimentei tantos que o sinônimo do "tanto faz" ganha um sentido diferente para mim.

Escuto algo e depois silêncio total, elas me deixaram nessa droga de provador e nem para me ajudar a tirar esse vestido exagerado?

Quando fecho minha boca vejo ele entrar no provador usando um lindo terno cinza.

— Sério que não vai me deixar em paz nem aqui?

— Somos os pombinhos insaciáveis. Querida, somos mais pecadores que os santos.

— Sai daqui. Eu não quero você aqui.

— Não gostei desse vestido. Já escolhi um para você que está ali separado, use ele.

— Como você conseguiu chegar até aqui? Você estava com meu pai e o seu pai, tenho certeza que as duas loucas casamenteiras não iriam deixar você entrar aqui.

— Meu pobre pai teve uma reação alérgica a alguma coisa e eles estão lá com ele. E eu estou aqui com você. 

Ele passa a mão no meu pescoço, quando se aproxima de mim eu o empurro e falo:

— Está ficando maluco? Não toca em mim. Tenho certeza que tem dedo seu nesse ataque alérgico. 

Ele muda a expressão de seu rosto e me segurando firme me colocando contra o espelho encostando todo o seu corpo no meu fala:

— Alina, sou um pouco psicopata, se não notou. Agora diz para mim, você gostou de sentir meus lábios na sua gostosa e apertada vagina?

— Me solta. A resposta é não… Não.

— Oh, querida, não minta para mim. Posso descobrir a verdade apenas com um dedo e tocar você como um violino, terei certeza que sairá as melodias mais doces.

— Vou fugir de você. Depois desse maldito casamento. Eu prometo.

— Não me entenda mal, garota, mas não gosto de promessas e você não vai a lugar nenhum antes de deitar na minha cama. Ninguém mandou você me acender como um cigarro.

Ele me beija depois de dizer isso e sai dali rindo como se tivesse ganhado uma partida de algo importante. Quando elas voltam vem com um vestido justo ao corpo, cauda de sereia, na parte dos seios tem um lindo coração que se forma em evidência. 

Olho no espelho e penso: vou ser sacrificada para um demônio? Sim, vou, mas vou estar linda. Pode ter certeza Bernardo, o que eu puder fazer para fugir de você, eu farei.

Fico feliz ao tirar o vestido e aquelas malucas começam a falar de véu de noiva. 

— Eu quero ir embora. — Falo olhando para elas que param de falar e olham para mim — Nem o tio Igor tendo uma reação alérgica para vocês.

— Como ficou sabendo disso? — Tia Eva pergunta.

— Seu filho querido! Agora quero ir embora, pois estou com fome. — E elas me ignoram.

— Ele não podia ver ela vestida de noiva. — Minha mãe reclama.

— Mas ele não sabe qual será o vestido. O que vocês fizeram? — Tia Eva pergunta.

— O que ele mais gosta de fazer... Me infernizar! Agora eu posso me vestir e ir para alguma lanchonete de fast food?

— Ah, mas você não vai comer besteira para engordar e não caber no vestido mesmo. — Minha mãe quase grita.

— Mãe, eu estou com fome. Quero comer. Já estou vendo a luz branca vindo do céu para me levar. Vocês não me deixaram nem tomar café da manhã.

— Irina, isso é verdade... E ela também não pode ficar muito magra ou o vestido ficará estranho. — Tia Eva fala.

— Ok, mas será um restaurante da nossa escolha. Nada de porcarias.

— É sério, não quero passar o resto do meu dia com vocês falando dessa droga de… — Ele entra se sentindo o rei do mundo e coloca um braço em cima dos meus ombros enquanto fala:

— Mas alguém está com fome? O tio Maximus e o meu pai já foram para o restaurante que tem na esquina e disse para vocês irem também.

Tento tirar o braço dele, mas o desgraçado segura firme e eu olho para ele ao falar:

— Perdi a fome. Mãe, posso ir para casa? — Elas me olham e depois se olham e eu pergunto: — O que foi?

— Vamos ficar na casa da Eva até a mansão de vocês ficar pronta já que faltam poucos dias para o casamento de vocês. — Minha mãe responde.

Ele dá uma risada, mas disfarça tossindo e eu falo:

— Por isso que aquele quarto foi preparado para mim e a senhora não me deixou desfazer as malas quando chegamos em casa?

— Querida, falta tão pouco tempo para o casamento... Vai ser rápido e vocês vão para a casa de vocês.

Olho para ele e sua cara de paisagem me irrita. Quando chegamos no restaurante pensei: pelo menos é comida japonesa. Mas quando eu ia fazer meu pedido o idiota pegou o cardápio da minha mão e disse olhando para o rapaz que estava nos atendendo:

— Queremos o especial do dia para casais. E nada que contenha álcool para a minha noiva.

— Olha Irina, que romântico.

— É, Eva… Nossos bebês. Que lindo.

Olho para elas e penso: isso é sério? Não gostei muito do aspecto do prato que veio e o idiota ainda veio querendo me dar a comida na boca. Dei graças a Deus que ele foi ao banheiro. Só que eu também preciso ir, então me levanto e vou.

Quando chego no corredor do banheiro escuto ele falar, mas só que ele está no banheiro feminino.

— Sentiu saudade, amor?

Eu abro a porta e lá está ele, encostado na parede, e a mesma mulher daquela noite está beijando ele e parece estar gostando muito pois ela não para nem depois de me ver. Ele me olha e fala:

— Vem aprender com ela.

Eu saio dali correndo. Corro o máximo que posso e passo por todos que não entendem nada. Do lado de fora me sinto desorientada, mas continuo correndo, como se minha vida dependesse disso. Juro que por um minuto eu havia esquecido daquela mulher.

Correndo sem direção a seguir sinto quando sou agarrada por braços fortes e a voz dele ofegante em meu ouvido me faz querer gritar quando ele fala:

— Você atrapalhou algo que eu queria e me fez correr atrás de você. Já tenho uma lista de punição para você, depois do nosso casamento vai ser algema, chicote e muito prazer.

— Desgraçado. Você não vai conseguir o que quer de mim. Juro que eu vou entregar minha virgindade para qualquer um antes do dia desse casamento.

— Repete isso e te arrasto para aquele beco ali e te fodo com vontade tirando logo essa coisinha preciosa que você tem aí embaixo. Repete, Alina. — Eu fico quieta e ele me segura pela mão me puxando.

— Para onde está me levando? O restaurante não é por aí. Me solta.

— Tive que parar meu carro para aquele lado. Nossos pais já foram para casa. E sobrou para mim te levar também.

— Não confio em você. Não vou entrar naquele carro com você.

— Sou a única pessoa que você pode confiar. Não menti para você até agora. Claro como água.

Eu até tento sair do carro, mas ele o tranca logo depois de me colocar lá dentro e sorri enquanto dá a volta na droga do carro e entra pelo lado do motorista. 

Ele finalmente liga o carro e me leva para a mansão, chegando lá eu saio logo do carro e vou direto para o meu quarto, além de trancar a porta eu arrasto a cômoda para bloquear ela. Vou para o banheiro e deixo o chuveiro lavar todo esse dia horrível que eu tive hoje.

Quando saio do banheiro escuto ele bater na porta e eu falo:

— Vai para o inferno.

— Temos que conversar. Vai ser melhor para você abrir.

Eu ignoro ele e deito na cama que eu deveria ter dormido essa noite que passou. Eu apago, essa noite foi maravilhosa para mim, dormi muito bem. Tão bem que não queria acordar.

Tomei meu banho, me vesti até que com um sorriso no rosto. Até que eu abri a porta do quarto, ao sair sou empurrada para dentro por Bernardo que fecha a porta com a outra mão livre, caímos na cama.

— Sério? Já está ficando cansativo esse seu jogo.

— Você não é obediente, mas vai ficar. Ela me olha nos olhos e não demonstra medo e isso me tira do sério... Eu beijo ela, a danada até morde meu lábio, mas dessa vez eu não vou parar. Mas tem algo diferente para mim dessa vez... Não é só para irritar ela dessa vez, algo em mim queria aquilo, queria aquele beijo. Eu começo a esfregar meu corpo no dela, tem muito desejo aqui... O que eu estou fazendo? Eu estou gostando disso? Paro na mesma hora e saio de cima dela e falo: seja mais obediente e sua vida não será tão ruim ao meu lado.

Ele sai e parecia confuso já que suas últimas palavras não tinham todo aquele sarcasmo de sempre. O que está acontecendo com ele? Seu beijo teimoso e insistente mesmo quando eu o mordi não parou.

Desço para tomar café e recebo uma chuva de repreensão dupla da minha mãe e da tia Eva, mas estranhamente ele vem e me defende, para minha surpresa.

— Não sejam tão chatas pegando no pé dela por causa de uma bobagem. Ela está aqui, não está? Vocês deveriam pegar mais leve sabendo que não queríamos esse casamento e só estamos casando por causa de vocês.

Ele se levanta e sai, mas ao passar por mim dá uma piscada de olho.

— Não confio em você e não vou cair na sua. 

Tomo meu café da manhã aproveitando o silêncio já que as duas se calaram enfim. Espero que esse dia não chegue nunca. Tenho todas as razões para dizer não para ele nesse maldito altar.

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