Capítulo 6

Alina

Me arrependi de ter dormido, parece que dormir só me aproximou mais desse dia que eu tanto queria evitar.

— Vamos logo, Alina. Você sabe que o dia de hoje é importante. Que olheiras são essas? — Minha mãe pergunta.

— Calma, amiga. A noiva usa maquiagem, esqueceu? — Tia Eva fala e só quero ter um minuto de paz.

— Vocês podem me deixar ir ao banheiro pelo menos? Nem café da manhã eu tomei ainda.

— Café da manhã? Você no máximo pode tomar um iogurte natural. — Minha mãe fala.

— Não seja tão dura com ela. Você também pode comer alguns morangos. Vou mandar alguém trazer para você. Amiga, que tal o cabelo dela solto em ondas com a coroa mais o véu? — Tia Eva não se importa assim como minha mãe.

— Ótima ideia! Mas vamos tapar o rosto dela?

Elas começam a conversar e mexer em mim como se eu fosse uma boneca viva que está ali somente para elas brincarem. Até que chega o iogurte e os morangos e eu pergunto para elas:

— Posso pelo menos me sentar para comer?

— Aiii... Seja rápida, Alina. Temos muito o que fazer até às 16 horas.

— Só não engasgue, meu amor. Mastigue direitinho. — Tia Eva fala e eu fico tentada a me engasgar de propósito.

É impressionante. Termino de comer e meu banho de banheira está pronto, elas capricharam em tudo, tem pétalas de rosas, tem espuma perfumada e sais de banho. Só queria que isso tudo o que estou fazendo fosse para algo que valesse a pena. 

Meia hora depois sou arrancada dali e elas mesmas vem com toalhas me secando e eu grito:

— Parem. Pelo menos me secar e vestir minhas peças íntimas eu posso fazer sozinha, não acham?

— Não precisa gritar, rainha do drama. Vamos falar com o cabeleireiro e o maquiador, Eva.

— Não deixe de vestir nada do que está aqui. É importante você estar linda e sexy ao mesmo tempo.

Respiro fundo enquanto elas saem do banheiro, vou até o espelho e admiro minha imagem refletida ali. Não sei o que elas colocaram nessa água, mas a minha pele está iluminada agora. Visto tudo o que está separado para mim, até a droga da cinta liga, para que tudo isso?

Quando saio do banheiro vejo que meu quarto foi invadido por desconhecidos, mas engulo em seco e me forço a ser simpática. Juro que não sabia que uma noiva passava isso tudo por horas até chegar àquela perfeição que assistimos na igreja.

Só em meu rosto o maquiador levou uma hora e meia, ele hidratou minha pele e depois vieram tantas etapas que pensei: vou levar dois dias para tirar isso tudo do meu rosto. Agora tortura mesmo foi ser maquiada enquanto faziam meu cabelo.

Quando chegou o momento de vestir o vestido de noiva eu já estava exausta, me maquiaram, fizeram meu cabelo e unha e agora finalmente o vestido. Mas sinto algo errado ao vestir, o número está menor e eu falo para minha mãe:

— Mãe, não está fechando. Entregaram o vestido errado.

— É o vestido certo. Pedi para apertarem um dedo.

— Por que fez isso? Vou passar mal dentro dele. Isso é loucura.

— Uma loucura que vai te deixar super sexy e com curvas mais acentuadas. — A Tia Eva fala.

— Tia Eva, eu não sou a droga de uma pista de corrida para ter curvas acentuadas. Vocês pelo menos pensaram nas horas que ficarei dentro desse vestido? Com ele apertando tudo em mim? Eu preciso respirar para ficar de pé.

— Eu sei que você é a noiva, mas vamos parar com o show. Vem, Eva, me ajude a fechar o vestido dela.

Elas se juntam e fecham a droga do vestido que está dificultando a minha respiração. Quando finalmente entramos no carro para ir até a igreja meu coração começou a bater forte e isso estava dificultando ainda mais a minha respiração.

Finalmente chegamos, meu pai me leva para dentro da igreja e eu já escuto a marcha nupcial. Olho para o altar e ele está lá, mas não se virou para nos ver entrar, o idiota só vira quando já estávamos próximos ao altar e por um momento ao olhar em seus olhos tenho quase certeza que vi admiração. Meu pai me entrega para ele, que dá um sorriso diabolicamente lindo para mim.

A cerimônia inicia. Falo meus votos com a maior dificuldade do mundo já que tudo isso é uma m*****a farsa e nada disso que estamos dizendo um para o outro será verdadeiro. A parte que eu queria tanto evitar vem e o padre fala:

— Já que não temos ninguém aqui que seja contra esse casamento, o noivo pode beijar a noiva.

Ele me olha com sarcasmo e me puxa para o lado como nos filmes e me beija, mas eu desmaio em seguida me sentindo sufocada com o vestido.

— Alina? Ela desmaiou. Mas eu beijei ela, então está valendo.

— Irina, eu disse que não era uma boa ideia apertar o vestido dela.

— Eva, eles já casaram no civil ontem a tarde e agora na igreja. O Bernardo beijou ela e está valendo. Vamos ajudá-la com o vestido e depois vamos levá-la para o salão onde vai ser a festa.

— Vocês mandaram apertar um vestido que já era justo e obrigaram ela a usar? Tudo isso para inflar ainda mais o ego de vocês. Quero ela fora desse vestido, agora. Pego Alina em meus braços e a levo para fora da igreja. Já dentro do carro abro o vestido dela para que possa respirar. Ela aos poucos vai voltando e eu pergunto: — Precisa de respiração boca a boca?

— Você iria se aproveitar de mim, que eu sei. Você abriu o vestido? Elas vão ficar furiosas com você.

— Eu falei com elas que você não iria ficar com esse vestido nem um segundo a mais.

— Por que me defendeu se você me odeia? 

Vejo ele apertar o volante e encarar a estrada enquanto fala:

— Eu... Não te odeio. Mas não gosto de ver os outros fazendo isso com você. — Ele olha para mim que estou olhando para ele surpresa — Ei, não me olhe assim. Ainda serei o mesmo com você.

— Claro, né. 

Ele me leva para onde é a festa do casamento e em um camarim já tem outro vestido esperando por mim e esse é mais confortável. Me arrastam de volta para o salão e lá sou obrigada a dançar com Bernardo e ele sussurra em meu ouvido o tempo todo:

— Daqui há uma hora estaremos indo para um resort maravilhoso e você deixará de ser virgem esta noite. Ansiosa, minha querida esposa?

— Nos seus sonhos pervertidos, seu idiota! Você não vai tocar em mim. Eu já te falei que se você quiser pode comer a sua amante safada.

— Não dificulte as coisas para você. Para minha tristeza, a minha namorada não poderá nos acompanhar nessa pequena aventura. Então terá que ser você a esquentar minha cama. Pare de charme, você vai gostar.

— Vou amar o quarto extra que você vai alugar para dormir durante a viagem. Me recuso a dormir na mesma cama que você.

— Hahahahah. Eu? Alugar um quarto? Na minha lua de mel? É melhor torcer para ter um sofá confortável na nossa suíte, porque a cama é minha.

Me afasto dele na mesma hora e caminho para longe... Preciso respirar.

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