Capítulo 5
─Já tinha usado drogas alguma vez, Vitor? – eles estavam no caminho de volta para casa.
─Nunca! Tenho certeza de que não usei nada ontem à noite.
─E como você acha que isso aconteceu?
─Eu estava num barzinho com amigos e lembro que depois que tomei um refrigerante comecei a passar mal.
─Sabe o que aconteceu, não é?
─Desconfio.
─Alguém deve ter colocado a droga em sua bebida.
─Quando alguém conta que fazem esse tipo de coisa, a gente não leva fé. Acha que é só nos filmes
Capítulo 6 Dona Fabíola voltou de viagem, Solene se entregou de corpo e alma ao trabalho superando até mesmo suas expectativas. Trabalhou duas noites, na organização de dois jantares oferecidos para os amigos de Marcos, mas não o viu uma única vez. Ela fazia questão de evitá-lo. Tomou um choque de realidade. Aquele homem não era para ela, e ponto. Na manhã seguinte, do último jantar, ela ficou ainda mais resoluta, e profundamente magoada, ao encontrar fios de cabelos ruivos na cama. Sabia muito bem o que eles deveriam ter feito, como e quantas vezes. Ela se superava, também, em casa. O ambie
Capítulo 7 A maratona para o final de semana se iniciou com Bianca, que saiu da festinha emburrada, mas quando se deparou com Marcos encostado na lateral do carro as esperando, deu um sorriso iluminado, muito parecido com o da mãe. Era incrível a semelhança entre elas, constatou ele. Ela o abraçou e o beijou euforicamente. ─Por que não me disse que ele estava aqui, mãe? ─E perder a oportunidade de estragar a surpresa? - respondeu Marcos, rindo alegremente. Com Michele não foi diferente. Assim que o viu se atirou nos braços dele com imensa alegria. ─Nossa! Eu já estava com saudade! Por que demorou tanto? ─Alguns compromissos, pequena. – ele riu feliz com aquela recepção segurando-a em seu colo. ─Mas eu voltei. ─Antes tarde do que nunca! Fiquei com medo de que quando você volta
Capítulo 8 Naquela semana, Marcos e Solene pouco se viram. Por duas vezes, conseguiram trocar alguns beijos apaixonados, antes que ele fosse para o trabalho. Num desses momentos, Solene percebeu que Fabíola os viu. ─Não tenho nada a ver com sua vida, muito menos com a do nosso patrão. Mas tome cuidado, Sol. Gosto de você. Não quero vê-la sofrer. ─Obrigada, dona Fabíola. ─Desde que a vi pela primeira vez, eu soube que algo assim poderia acontecer. Você é bonita e atraente, mas não esqueça que existe dona Manoela. Ela é a mulher real que vive no mundo dele, e eles tem uma história muito bonita. Solene sentiu um baque no peito e olhou-a com os olhos espreitados. Por que nunca falaram sobre a história deles? Por que ela nunca perguntou sobre Manoela para ele? ─É mesmo? Pode me contar? A velha senhora res
Capítulo 9 No sábado em seguida do meio-dia, Solene voltou ao trabalho, tinha um jantar para organizar e queria tudo impecável. Com alguns livros em mãos, ela passou a tarde cozinhando, e analisando decorações de mesa. Fabíola a olhava atentamente, e a ajudava ao lado de uma assistente. ─Não coloque o uniforme, ordem do doutor Marcos. - ela sorriu. Solene não deu importância. Já estava com tudo calculado em sua cabeça. Na hora de servir estava tudo tão certo que causou até suspiros. O jantar maravilhoso! Ela usando o mesmo uniforme preto para afrontá-lo. Afinal, ele não fez nada quando deveria. Marcos detestou, e de quebra, lhe lançou um olhar de pura indignação.
Capítulo 10 Marcos estava saindo quando recebeu uma visita inusitada. Sua mãe. Beatriz era uma mulher elegante, sofisticada e de “linhagem” como ela gostava de dizer. Aos sessenta anos, era bonita, corpo magro, cabelos grisalhos bem cuidados, rosto recauchutado, sem exageros, a ponto de passar por no máximo cinquenta anos. Era uma advogada ainda em exercício da profissão, fria, rude e competente. Tinha orgulho dos filhos, um médico trabalhando fora do país, e Marcos o juiz que ela sempre sonhou. Ela entrou sem esperar o convite. ─A que devo a honra, dona Beatriz? ─Sem ironias, meu querido. - ela o beijou de maneira formal e avançou pela casa como se procurasse alguma coisa.
Capítulo 11 ─Como? – perguntou ela chateada olhando para dona Fabíola que acabava de lhe contar algo bem desagradável. ─Luiza que cuida das funcionárias da limpeza no prédio onde fica a firma de doutor Marcos, disse que dona Manoela tem ido todos os dias por lá, e passa horas trabalhando ao lado dele.Solene respirou fundo. Como lutar contra essa afinidade profissional tão grande?Comentou com Matilde à noite, sentadas à mesa do bar tomando uma cerveja. ─O que eu faço, Tilda? Tomo um banho de loja? Curso direito? Grudo nele como um carrapato? Diabos! Nunca pensei que
Capítulo 12 Sentadas à mesa no barzinho, Matilde e Solene conversavam num tom confidente às duas horas da manhã, bebendo uma cerveja gelada. Solene chegara ali chorando muito, fora um custo acalmá-la. ─Sabe o que eu mais admiro em você? ─Você vive falando no meu cabelo.Elas riram. ─Na tua humildade. Faz seis meses que você está arrebentando com sua cozinha, e continua encontrando tempo para visitar as amigas e não as abandonar. ─Eu jamais abandonarei quem esteve comigo em qualquer situaçã
Capítulo 13Alguns nós, foram atados, outros desatados. ─Esse tempo todo... estive enganada? - Solene indagou olhando o vazio, depois de ouvir as explicações dos filhos. ─Ele...Bianca se levantou da cadeira, estavam à mesa do café, foi até a mãe e a abraçou. ─Nem tudo que parece é, né mãe? Você diz muito isso. - ela se afastou e encarou-a. ─Eu disse; que não havia muitos Marcos por aí, você achou um deles, não o deixe escapar de novo. ─Nunca mais! - ela sorriu feliz demais.&n