David dormiu abraçado as minhas costas e quando finalmente relaxou, acabou virando para o outro lado, me deixando sozinha e acordada.
Eu deveria ignorar a insistência da minha curiosidade, eu com toda a certeza deveria esquecer o que li ou mostrar o bilhete para David de uma vez. Mas, não era tão simples.
Me levantei e mesmo descalça caminhei para a sala, peguei novamente o bilhete que quase tinha grudado no chão embaixo do sofá para lê-lo outra vez...
"Sexto andar, bloco A, as luzes estarão acesas como todas as noites.
Não avisaria seu namorado sobre esse bilhete se quiser ser inteligente."
Mordi as bochechas e fui até a janela da sala onde eu deixava minha mesa de jantar para aproveitar a vista, olhei para a portaria e subi para os apartamentos na frente do meu. Passava da meia-noite e todos estavam com suas luzes apagadas ou apenas um abajur aceso, menos o que me foi descrito no bilhete.
Perdi parte do ar olhando p
"Ta-dah! Surpresa, ruiva."Desbloqueei a tela e rolei os contatos até encontrar o único contato que entenderia o que estava acontecendo e possivelmente teria como me ajudar, mesmo que eu precisasse gastar todas as minhas economias com isso."— Uau, não pensei que ligaria, muito menos que seria um contato de foda. Tem ideia de que horas são, Sarah?"Eu ignorei a brincadeira do outro lado da linha e saí correndo pela rua apenas de pijama e chinelo tentando ficar o mais longe possível do meu prédio.— Ben, por favor... eu preciso de ajuda... — Solucei e o ar do outro lado da linha mudou.— Me passe o endereço, estou indo.Ben me encontrou desolada algumas quadras a frente do meu prédio, onde acabei me escondendo entre arbustos até ver a sinalização dos faróis piscando. Foi o que ele disse que iria fazer para que eu soubess
— Está pronta? — Ben perguntou terminando de ajustar a gravata no pescoço.E não, eu não estava pronta, durante a parte da manhã ele bateu na porta do quarto para saber se eu estava bem, no entanto, o sono não veio para que eu pudesse descansar. Então passei a noite em claro pensando em como eu poderia enfrentar todo esse problema sem me machucar ainda mais.Mas eu estava apaixonada por David e meu peito doía ao pensar em tudo o que ele fez, em como me perseguiu sem que isso fosse necessário para me conquistar. Isso não era normal.A dor de saber que fui enganada me fez chorar durante todo o fim da noite e acabei deixando parte do travesseiro do quarto de hospedes de Ben molhado. E foi ai que eu decidi enfrentar David indo trabalhar, tentar estudar enquanto ele descobre dentro da sala que sua atitude perseguidora e esquisita me fez desistir do que eu queria com ele.—
Continuei olhando para a tela do notebook e digitando tudo o que ele dizia freneticamente, meus dedos tremiam, meu peito palpitava insuportavelmente e nada doía mais do que ainda querê-lo e saber que ele não era quem tentou me mostrar todas aquelas vezes.— Vocês não podem errar, não podem pensar na possibilidade de dar um diagnóstico errado, de dizer o que não deveria. — Eu fechei os olhos, a saudade de estar nos braços dele estava me machucando. — Mas infelizmente isso vai acontecer em algum momento e devem saber reconhecer, abrir o jogo e dizer tudo o que precisam para que seja levado a sério.Eu já não estava conseguindo aguentar, meus olhos ardiam com tanta força que estava difícil de controlar a onda de lágrimas que estavam prestes a sair.Foi a primeira aula dele que não fui incomodada por Jess, que o burburinho não existi
— Talvez não esteja segurando a língua suficientemente. — Ele riu e aproximou o rosto.— Ah, fica tranquila, eu estou. Se fosse em outras circunstancias, ela estaria bem acomodada no meio das suas pernas. — Arregalei os olhos me afastando do olhar que ele me lançava. — Mas não se preocupe, vou esperar pelo dia que irá invadir o meu quarto e me deixar entender melhor o porque esses dois infernizam tanto a sua vida.— Você conseguiu dar um novo sentido para a palavracanalha, Ben.Ele piscou para mim e saiu do carro, pelo menos com Ben, eu podia esperar pela sinceridade, ao menos ele vinha me mostrando isso desde o dia em que nos conhecemos.Depois que eu consegui me instalar no quarto de hóspedes, Ben me mostrou a casa dos fundos, o espaço era maior do que eu estava imaginando e isso me deixou completamente aliviada. Tinha mais privacidade que meu apart
Desencostei da porta e puxei o gancho que prendia a camisola às minhas costas, ele percebeu a maior movimentação e abaixou o livro mantendo toda a atenção em mim. Isso me fez arrepiar suavemente, vendo como ele me analisava sem precisar mover um músculo. Em seguida soltei as alças e deixei que ela caísse no chão, ouvi um suave suspiro vindo dele e o peito definido mover lentamente.Por um momento, eu poderia me esquecer de David, não é? Esquecer o quanto ele me dominava com simples palavras e olhares necessitados, eu poderia me perder em alguém que não tinha uma maldita obsessão, que estava ali desimpedido tanto quanto eu.Caminhei até os pés da cama e fingi não estar nua da cintura para cima, recebendo um olhar desconfiado dele misturado com uma curiosidade que eu também sentia.Ben colocou o livro no aparador ao lado da cama enquanto eu
Eu não conseguia parar de pensar nele e me odiava por isso.David deveria ter saído da minha mente da mesma maneira que eu tinha saído da vida dele, mas era claro que não seria assim. A culpa me dominou assim que os braços de Ben se enrolaram em meu corpo e fui impedida de voltar para o meu quarto, Ben não merecia isso, ser usado para amenizar meus problemas com o mundo.No entanto, voltei para o meu quarto no meio da madrugada e foi ainda pior deixa-lo sozinho. Me sentia uma ingrata e talvez eu fosse mesmo.Ben era adulto e tenho certeza de que conseguiria lidar com as minhas limitações no momento, mas era difícil pensar em dizer a ele que não passou de sexo e que eu esperava que ele pensasse o mesmo.Não demorou para amanhecer e eu quase não tive tempo de dormir no meu próprio quarto, então desci para a cozinha e não fiz nada além de um caf&ea
Então, com a ajuda do meu precioso Jack eu abri a porta. A sala estava vazia e nenhuma das flores que eu trouxe do dia que David tinha me surpreendido estavam aqui, não tinha resquício algum do medo que eu senti naquele dia.Coloquei minha bolsa no armário e tirei meu celular antes de passar o cadeado, algumas mensagem cobriam a tela mas as ignorei colocando o aparelho dentro do bolso. Eu não queria saber de nada além dos prontuários e dos meus pacientes hoje.Jack me ajudou a me inteirar do que estava acontecendo na ala, haviam alguns pacientes novos e outros tinham sido transferidos para a enfermaria. Elai era um dos pacientes que permanecia na ala e mesmo sendo ruim que ele ainda estivesse lá, me trouxe um pouco de alivio, eu não estava completamente sozinha com pacientes novos.— Ah, que ótimo. — Sra. Jones resmungou passando de frene a minha sala.Ela não preciso
Ele puxou as abas do papelão e a cada segundo que passava entre ele olhar o conteúdo e fixar os olhos ali, sentia meu corpo desfalecer lentamente. Ben respirou fundo e travou o maxilar olhando para o conteúdo, eu demorei para tomar coragem e quando tomei, Ben puxou um bilhete de dentro da caixa.Eu aproveitei para olhar o que estava embaixo e não tinha nada além de um pacote da mesma bala fina e comprida que Mike adorava comer enquanto fazia a ronda comigo pelo hospital. Olhei para Ben e mesmo o conteúdo não sendo nada escandalosamente bizarro, eu sabia que não era coisa boa.— Filho da puta. — Ele falou alto. — Pirralho filha da puta.Peguei o bilhete que Ben olhava com tanto ódio e havia apenas algumas palavras." Quatro..."Era apenas um número, mas de alguma forma parecia fazer sequência com as mensagens que eu tinha recebido dias atrás