Continuei olhando para a tela do notebook e digitando tudo o que ele dizia freneticamente, meus dedos tremiam, meu peito palpitava insuportavelmente e nada doía mais do que ainda querê-lo e saber que ele não era quem tentou me mostrar todas aquelas vezes.
— Vocês não podem errar, não podem pensar na possibilidade de dar um diagnóstico errado, de dizer o que não deveria. — Eu fechei os olhos, a saudade de estar nos braços dele estava me machucando. — Mas infelizmente isso vai acontecer em algum momento e devem saber reconhecer, abrir o jogo e dizer tudo o que precisam para que seja levado a sério.
Eu já não estava conseguindo aguentar, meus olhos ardiam com tanta força que estava difícil de controlar a onda de lágrimas que estavam prestes a sair.
Foi a primeira aula dele que não fui incomodada por Jess, que o burburinho não existi
— Talvez não esteja segurando a língua suficientemente. — Ele riu e aproximou o rosto.— Ah, fica tranquila, eu estou. Se fosse em outras circunstancias, ela estaria bem acomodada no meio das suas pernas. — Arregalei os olhos me afastando do olhar que ele me lançava. — Mas não se preocupe, vou esperar pelo dia que irá invadir o meu quarto e me deixar entender melhor o porque esses dois infernizam tanto a sua vida.— Você conseguiu dar um novo sentido para a palavracanalha, Ben.Ele piscou para mim e saiu do carro, pelo menos com Ben, eu podia esperar pela sinceridade, ao menos ele vinha me mostrando isso desde o dia em que nos conhecemos.Depois que eu consegui me instalar no quarto de hóspedes, Ben me mostrou a casa dos fundos, o espaço era maior do que eu estava imaginando e isso me deixou completamente aliviada. Tinha mais privacidade que meu apart
Desencostei da porta e puxei o gancho que prendia a camisola às minhas costas, ele percebeu a maior movimentação e abaixou o livro mantendo toda a atenção em mim. Isso me fez arrepiar suavemente, vendo como ele me analisava sem precisar mover um músculo. Em seguida soltei as alças e deixei que ela caísse no chão, ouvi um suave suspiro vindo dele e o peito definido mover lentamente.Por um momento, eu poderia me esquecer de David, não é? Esquecer o quanto ele me dominava com simples palavras e olhares necessitados, eu poderia me perder em alguém que não tinha uma maldita obsessão, que estava ali desimpedido tanto quanto eu.Caminhei até os pés da cama e fingi não estar nua da cintura para cima, recebendo um olhar desconfiado dele misturado com uma curiosidade que eu também sentia.Ben colocou o livro no aparador ao lado da cama enquanto eu
Eu não conseguia parar de pensar nele e me odiava por isso.David deveria ter saído da minha mente da mesma maneira que eu tinha saído da vida dele, mas era claro que não seria assim. A culpa me dominou assim que os braços de Ben se enrolaram em meu corpo e fui impedida de voltar para o meu quarto, Ben não merecia isso, ser usado para amenizar meus problemas com o mundo.No entanto, voltei para o meu quarto no meio da madrugada e foi ainda pior deixa-lo sozinho. Me sentia uma ingrata e talvez eu fosse mesmo.Ben era adulto e tenho certeza de que conseguiria lidar com as minhas limitações no momento, mas era difícil pensar em dizer a ele que não passou de sexo e que eu esperava que ele pensasse o mesmo.Não demorou para amanhecer e eu quase não tive tempo de dormir no meu próprio quarto, então desci para a cozinha e não fiz nada além de um caf&ea
Então, com a ajuda do meu precioso Jack eu abri a porta. A sala estava vazia e nenhuma das flores que eu trouxe do dia que David tinha me surpreendido estavam aqui, não tinha resquício algum do medo que eu senti naquele dia.Coloquei minha bolsa no armário e tirei meu celular antes de passar o cadeado, algumas mensagem cobriam a tela mas as ignorei colocando o aparelho dentro do bolso. Eu não queria saber de nada além dos prontuários e dos meus pacientes hoje.Jack me ajudou a me inteirar do que estava acontecendo na ala, haviam alguns pacientes novos e outros tinham sido transferidos para a enfermaria. Elai era um dos pacientes que permanecia na ala e mesmo sendo ruim que ele ainda estivesse lá, me trouxe um pouco de alivio, eu não estava completamente sozinha com pacientes novos.— Ah, que ótimo. — Sra. Jones resmungou passando de frene a minha sala.Ela não preciso
Ele puxou as abas do papelão e a cada segundo que passava entre ele olhar o conteúdo e fixar os olhos ali, sentia meu corpo desfalecer lentamente. Ben respirou fundo e travou o maxilar olhando para o conteúdo, eu demorei para tomar coragem e quando tomei, Ben puxou um bilhete de dentro da caixa.Eu aproveitei para olhar o que estava embaixo e não tinha nada além de um pacote da mesma bala fina e comprida que Mike adorava comer enquanto fazia a ronda comigo pelo hospital. Olhei para Ben e mesmo o conteúdo não sendo nada escandalosamente bizarro, eu sabia que não era coisa boa.— Filho da puta. — Ele falou alto. — Pirralho filha da puta.Peguei o bilhete que Ben olhava com tanto ódio e havia apenas algumas palavras." Quatro..."Era apenas um número, mas de alguma forma parecia fazer sequência com as mensagens que eu tinha recebido dias atrás
— É realmente isso o que quer? — Eu não respondi e David sorriu com o canto dos lábios. — Quantas vezes pensou em mim na cama dele, Sarah? Ele sabe que seu corpo só responde verdadeiramente a mim? — Eu ofeguei sentindo a parede chegar as minhas costas e David fechar a distância entre nós. — Consegue me contar quantas vezes a sua boca salivou lembrando de um beijo meu? Você sabe que não pode fugir disso e mesmo que demore dias, você vai voltar para mim.— Você é louco, David. — Eu sussurrei perdendo o ar quando o corpo dele me segurou contra a parede. — Não...— Acho que você se esqueceu de uma coisa que eu disse a você antes de sair com aquele moleque, mas não se preocupe, sabe que eu faço questão de repetir para você. Todas as vezes que você deixar tocarem em você vou precisar tirar cad
— Você me manipulou... — Gemi quando ele forçou aquele ponto interno que ele adorava tocar. — Me enganou e me perseguiu... E, céus...David não disse nada, mas me segurou em seu colo sem deixar a nossa conexão se desfazer, sem se separar de mim. Eu estava destruída, meus muros haviam caído outra vez e tudo o que eu queria era que ele fosse normal, que ele não me perseguisse dessa forma.— Meu bem... — Ele chamou e eu hesitei em olhar para ele, em me perder novamente naqueles olhos que me consumiam desde que nos conhecemos. — Por favor, olhe para mim.Eu olhei.Não existiam sombras e nem mentiras, era um cinza claro como o céu após uma longa e pesada tempestade, quando estava prestes mostrar aquele azul límpido. Eu não queria ceder, não era a minha intenção me deixar cair nos braços dele outra vez. No ent
Meu telefone voltou a tocar e eu sorri vendo a mensagem."Gosta de sorvete, Cinderela? Vou pedir para quando você voltar"Eu suspirei, Ben estava sendo um raio de sol no meio de toda essa tempestade."Chocolate com menta e não esqueça a cobertura."— Respondi."Somos o que comemos, mulher gostosa"Eu gargalhei sozinha na rua, pelo jeito, Ben aprovava meu gosto por sorvete de menta.Voltei a olhar em direção ao parque e por alguns momentos senti inveja, todos pareciam tão bem e longe de tantos problemas. Apenas se divertiam e não se importavam com nada além disso.— Isso me lembra do dia que você finalmente me deu uma chance. — Eu suspirei, já estava começando a me acostumar com as aparições de David quando eu menos esperava.— Quando você mostrou que era uma pessoa normal. &mdash