— Ele não vai aguentar, já está se tremendo todo, e os cães nem chegaram perto dele ainda — o Estevão diz rindo, enquanto o Marcos se mantém encostado na grade. — Vamos dar um pouquinho de crédito a ele, afinal, ele se foi bem esperto se passando por morto todos esses anos — respondi irônico. O homem está quase borrando as calças de tanto medo.— Vocês dois seus desgraçados, eu vou matar vocês quando eu sair daqui — ele diz com a voz tremida, fazendo eu e o Estevão rir. — A afirmação correta seria: se você sair daí, você pode tentar revidar, mas não será possível realizar seu desejo — digo rindo, o que o faz olhar-me com um misto de ódio e medo, o que me diverte bastante. — Você não tem chance, claro, milagres podem acontecer, mas eu duvido muito que Deus queira salvar uma escória como você, portanto, acostume-se com a sua derrota. Olha só, o Gorila está vindo te recepcionar — apontei para o cão, que se aproxima lentamente, encarando o homem, que agora se agarra nas grades numa tent
— Não, ou melhor, ela disse que tinha um casamento para ir, mas não queria, e só estava indo porque a mãe dela praticamente a obrigou. A Marina está cada dia mais estranha e a situação com o Léo está cada dia pior — suspira preocupada e eu a abraço. — Não se preocupe, se nós dois estamos juntos e bem agora, eu acredito que eles vão se entender também. — Eu espero, porque a minha amiga está sofrendo muito. Assim que chegamos ao aeroporto, já estão todos lá nos esperando. — Desculpem o atraso, eu tentei me arrumar mais rápido, mas não consegui — a Jules se adiantou, desculpando-se. — Não precisa se preocupar, nós também demoramos bastante, e chegar no horário hoje foi uma exceção. — Minha mãe respondeu, abraçando-a. Eu fico parado, olhando feito um bobo a interação delas, isso, com certeza, é um resultado melhor do que o esperado para tudo o que aconteceu. — O piloto já está pronto para partir, vamos? — O Edu avisou, depois de olhar o telefone. Mesmo sob os protestos da Sara, ele
JULES MONTEZ As coisas estão em paz agora, eu estou me adaptando bem às mudanças que aconteceram em minha vida nos últimos dias. Infelizmente nem todos tiveram mudanças boas. O Marcos foi surrado pelo Estêvão, lá naquela cela improvisada, e depois de uma semana acabou morrendo. Não sei os detalhes de como sua morte aconteceu, mas sei que o Samuel e o Estêvão tem o dedo nisso. Eu sei que o Marcos teve apenas o que merecia, seja lá o que ele passou antes da sua morte, ele deve ter feito pior com suas vítimas, é o olho por olho, dente por dente, que falam, mas eu senti quando soube. Claro que não foi doloroso como anos atrás, em sua falsa morte, mas ainda sim, eu fiquei triste, só que dessa vez também fiquei aliviada. Pode ser errado sentir alívio com o fim de alguém, mas nesse caso esse alguém já tinha colocado um fim na própria vida, então isso só se concretizou de verdade. Agora finalmente eu posso seguir meu caminho sem nenhuma culpa relacionada a ele. Esse é mais um ciclo que se
— Eu também desejo que você seja feliz, Edu. Você já falou com a Sara? — Eu estou tentando, mas ela não facilita muito para mim — sorri irônico — Ela acha que a condição dela é um empecilho para o meu sentimento. Jules, você me conhece e sabe que eu jamais ficaria com uma pessoa por pena, eu realmente gosto dela e há anos, mas ela simplesmente não acredita em mim. — Você lembra da nossa conversa sobre encontrar um tratamento para ela? — confirma, balançando a cabeça — Então, eu achei, nós só temos que conversar com ela. — Mas qual de nós vai fazer isso? — Arqueia a sobrancelha. — Bom,isso tudo começou comigo, nada mais justo que eu ter essa conversa, né! — Falei tentando mostrar confiança, mas a verdade é que eu estou apreensiva, minhas mãos gelam só de pensar no quanto será tenso esse diálogo. Convencer a pessoa, a quem você machucou, de ir para uma mesa de cirurgia, correr novos riscos, passar novas dores, e tudo isso sem uma certeza de cura? É... Eu preciso ter muita coragem pa
— Samuel, por ela ter feito você mudar de ideia, eu achei que ela fosse um pouco mais desenvolta, mas ela nem mesmo consegue responder — faz um estalo com a língua, com certeza, para deixar explícito seu desgosto. — Dá um desconto para ela, padrinho, ela está grávida e passou por muitas coisas nesses últimos dias — o Daniel diz, me deixando um pouquinho mais aliviada. Um alívio que durou só até as próximas palavras do homem, que continua parado na minha frente, avaliando-me. — Pelo menos o Samuel não hesitou em dar um fim àquele verme metido a bandido, ele virou mesmo comida de cachorro foi? — não consegui segurar um murmúrio de surpresa. O homem ri olhando minha expressão — Não me diga que você não sabia? Samuel, você não falou a verdade com a sua esposa — diz, enfatizando a última palavra com uma ironia que me deixa ainda pior do já estava. Já estou me arrependendo de ter vindo, e eu nem cheguei direito. — É claro que ela sabe a verdade, todos sabem. Jules, esse é o Jason Bishop,
— Jules, você não é idiota e já sabe bem que nós não somos assim tão diferentes do Marcos, não somos baixos como ele, nos nossos negócios, nós jogamos limpo, mesmo fora da lei da constituição, nós jogamos limpo com aqueles que estão dispostos a negociar conosco. Fazemos troca de favores, mercadorias, oferecemos serviços de mão de obra para limpeza — faz aspas com os dedos, me dando a noção de que essa limpeza é tirar do caminho aqueles que atrapalham — Nós jogamos com as nossas cartas, mas tudo dentro da justiça do que propomos. O Marcos usava as pessoas, ele enganava os mais humildes com propostas de crescimento e no final ameaçava-os para fazer deles seus laranjas, aquele verme definitivamente teve o fim que mereceu. — Passa as mãos nos cabelos, mostrando um certo cansaço. — Eu sei disso. — Não, Jules, você não sabe. Eu tenho consciência de tudo que eu já fiz nesse mundo que eu decidi entrar, e vou ficar porque eu me sinto mais confortável aqui. Eu já senti algumas vezes quando ti
— Samuel… — gemi seu nome, segurando forte seus cabelos. Mal consigo sustentar minhas pernas quando sua língua brinca com meu clitóris e depois faz um caminho lento até minha entrada.— Você é uma delícia! — Diz nos espaços entre as carícias. — E está sempre pronta para mim. — Sua voz sai rouca, isso só aumenta ainda mais o meu tesão.Seus dedos me invadem, e ele começa um vai e vem, a cada vez que entra, vai mais forte. Sua boca continua me fazendo delirar com as sugadas que ele dá. — Ahhh! Samuel… eu vou… — minha voz sai arrastada, enquanto sinto meu corpo amolecer chegando ao ápice. — Eu adoro te ver assim, tão entregue, com essa cara satisfeita e, o melhor de tudo, é que eu sei que você quer mais — me beija, sua mão segura meus cabelos, prendendo-os com firmeza, enquanto ele me carrega até a cama. — Eu sou completamente louca por você — digo, quando sua boca deixa a minha, mas logo volta, beijando-me novamente, engolindo os gemidos que saem quando ele me penetra forte.[...]—
MARINA "Cuidado com aquilo que desejas."Esse é um bom conselho e eu deveria ter ouvido. Mas não, eu tinha que ir contra a realidade e sonhar com algo que nunca será meu. Pelo menos, não do jeito que eu sonhei. Depois daquela noite em que eu e o Léo ficamos juntos, a minha vida virou uma grande bagunça. Não que fosse certinha, eu sendo eu nos meus melhores dias, sempre arrumo uma confusão ou outra, mas com o Léo, o negócio é mais complicado do que eu posso dar conta, um bom exemplo disso é que eu fiquei grávida e agora estou mais enrolada do que nunca. Eu juro que não planejei nada disso, a nossa transa na noite em que ele bebeu, as seguintes… eu queria, eu sou louca por ele e óbvio que não rejeitei as oportunidades que o destino me apresentou, mas eu não fui calculista, isso não, eu sou inocente nessa acusação. O problema é provar que essa situação é só uma grande ironia do destino, provar que as coisas foram acontecendo e eu só fiz o que meu coração pediu, não foi planejado,