MARINA "Cuidado com aquilo que desejas."Esse é um bom conselho e eu deveria ter ouvido. Mas não, eu tinha que ir contra a realidade e sonhar com algo que nunca será meu. Pelo menos, não do jeito que eu sonhei. Depois daquela noite em que eu e o Léo ficamos juntos, a minha vida virou uma grande bagunça. Não que fosse certinha, eu sendo eu nos meus melhores dias, sempre arrumo uma confusão ou outra, mas com o Léo, o negócio é mais complicado do que eu posso dar conta, um bom exemplo disso é que eu fiquei grávida e agora estou mais enrolada do que nunca. Eu juro que não planejei nada disso, a nossa transa na noite em que ele bebeu, as seguintes… eu queria, eu sou louca por ele e óbvio que não rejeitei as oportunidades que o destino me apresentou, mas eu não fui calculista, isso não, eu sou inocente nessa acusação. O problema é provar que essa situação é só uma grande ironia do destino, provar que as coisas foram acontecendo e eu só fiz o que meu coração pediu, não foi planejado,
Ele respira fundo e morde o lábio inferior tentando acalmar sua raiva, o que parece funcionar, ele não solta, mas ao menos afrouxa o aperto no meu braço. — Em que merda você pensou quando resolveu inventar essa história de vir aqui falar com nossos pais e assumir responsabilidade, hein, Marina? — perguntou, encarando-me. — Eu só fiz o que tinha que fazer. Filho não é algo que dê para esconder, a minha barriga vai crescer e, conhecendo os nossos pais, você sabe que a identidade de quem contribuiu com os espermatozóides tinha que aparecer, então eu só adiantei as coisas e, ainda livrei você de qualquer culpa nisso, você deveria estar me agradecendo ao invés de brigar comigo — fecho a cara, mostrando toda a minha insatisfação. — Agradecer — ri nervoso — é claro que eu tenho que agradecer por ser taxado como um moleque incapaz de assumir as próprias merdas. — Mas segundo você, foi eu que planejei tudo, então eu só concordei com suas palavras, não precisa se preocupar, eu lido com isso
LEONARDO — Fale — digo assim que fecho a porta atrás de mim. — Vamos conversar em um lugar mais confortável, eu não dialogo bem de pé — ela responde com puro sarcasmo. Uma coisa é certa, se a Jules tinha admiração pela minha pessoa, essa diminuiu catastroficamente, ela me olha com um rancor bem evidente.— Vamos — aponto a porta no final do corredor — Eu reservei esse quarto caso tivesse alguma reunião fora de hora como a de hoje foi. — expliquei ao notar sua desconfiança. — Não temos suco por aqui, quer uma água? Ou você bebe álcool mesmo com a gravidez? — ofereço, servindo-me de uma dose de uísque. — Não quero nada. Obrigada.— Fale. Agora você pode se acomodar confortavelmente — tento me controlar, mas mesmo assim meu tom ainda é irônico. — Léo, qual é a sua, hein?— Qual é a minha em qual sentido? — bebo um gole generoso da bebida. — Pode parar com esse sarcasmo, por favor! — bufa irritada.— Que história é essa de você e a Marina estarem morando juntos? E pior, você insistiu
JULES MONTEZ — Idiota! — Entro no quarto batendo a porta com força, estou quase explodindo de tanto ódio daquele infeliz. Como ele pode ser tão frio, tão insensível? — Posso saber quem deixou a minha esposa assim, nessa explosão de raiva? — O Samuel perguntou, parando na minha frente. — Aquele idiota! Vontade de matar aquele filho da puta! — sinto até minhas mãos tremendo de tanto nervoso. — Quem? É só me dizer e eu vou lá matá-lo pra você, não precisa sujar essas lindas mãos com essa escória — ele diz em tom divertido, mas a firmeza nas suas palavras mostra que ele é muito capaz de fazer exatamente isso. — Infelizmente não pode fazer isso, não quero que o filho da Marina nasça órfão — o desamparo em minha voz o faz rir. — Então o culpado é o Leonardo. Não posso matar, mas posso dar uma surra nele se você quiser, um bom corretivo vai te deixar menos nervosa? — Agora sou eu quem rir com a seriedade que ele diz as palavras. — Acredite em mim, aquele desgraçado merece, mas se algo
— Jules! — Minha mãe, em seu lindo vestido vinho, aparece acompanhada do Estevão. — Como vocês demoraram, achei que estava até se sentindo mal.— Não exagera, mãe, não demoramos. Tanto que os noivos ainda nem chegaram. — Já estão chegando. Pelo menos foi isso que os seguranças informaram ao Estevão. — Você está trabalhando hoje, Estevão? — pergunto e ele confirma com a cabeça — seu chefe não é o Samuel? — Na verdade, não exatamente. Eu sou o chefe da equipe de segurança que cuida da proteção de todos do grupo, então eu trabalho para todos ao mesmo tempo e estou em serviço sempre que precisam de mim.— Nossa, deve ser bem cansativo essa vida — comentei, fazendo os três rirem. — Nem é tanto assim. Eu também vim preparado para trabalhar, no entanto estou curtindo a festa até meus serviços serem necessários. O único que está de boa hoje é o Samuel — o Daniel diz, fazendo uma careta. — Mas eu também vou ser padrinho igual a você, isso conta como trabalho? — o Samuel respondeu ainda so
SAMUEL MILLER — Você tem certeza que vai mesmo fazer isso, meu filho? — Minha mãe perguntou, ao me ver fazendo minhas malas. — A senhora sabe que sim, mãe — respondi, decidido — aqueles monstros merecem receber um castigo e a Sarah merece receber justiça. — Pela sua cara, eu sei que minha mãe não está muito satisfeita com minha decisão, porém eu não vou mudar de ideia. Dez anos, foram dez longos anos planejando a minha vingança contra aqueles assassinos covardes, e hoje eu finalmente vou começar a cobrá-los. Um por um, eu vou fazer todos pagarem, principalmente a chefe da turma, a Jules Montreal, aquela m*****a vadia* vai sofrer. Meu nome é Samuel Miller Adams, hoje uso só o sobrenome da minha mãe nos negócios, então sou conhecido como o CEO Samuel Miller, tenho trinta anos e moro em Nova Iorque com a minha família. Eu cresci em São Paulo, éramos eu, minha mãe e minha irmã, éramos felizes, mesmo depois da morte do meu pai, que morreu em serviço, ele era tenente-coronel da Marin
JULES MONTEZ— Anda, levanta dessa cama, hoje é a inauguração da nova loja da Santorine vinhos e você vai! — Ela puxou minhas cobertas. — Por favor, mamãe! Eu não quero ir! — Reclamei, mas foi em vão. — Eu não estou afim de sair e também estou sem ânimo até para levantar desta cama. Quero dormir mais, aliás, eu nem dormi ainda — murmurei, bocejando. — Jules, você não precisa ficar presa ao passado pelo resto da vida, isso já acabou — minha mãe acariciou minha cabeça.— Mãe, eu estou tentando, mas eu simplesmente não consigo parar de sonhar com isso! — Falei, pensando nos pesadelos que me atormentam. — Você precisa apagar aquele maldito vídeo e parar de olhar aquilo. Jules, você só faz isso para se torturar, você gosta de ter insônia, de ter pesadelos, ter crise de pânico, do contrário você não ficaria olhando aquela porcaria até hoje! Dez anos, dez anos já passaram, Jules! Está na hora de seguir em frente e perdoar a si mesma. Nós pagamos uma indenização milionária para a famí
— Algum problema? — Perguntei.— Não, nenhum problema. Eu estou sozinho aqui, ao menos, por enquanto. Minha mãe e o resto da família estão em Nova Iorque, não gostam muito do Brasil — sorriu, um sorriso que não alcançou seus olhos.— Por quê? — Oi? — Perguntou. Ele pareceu meio distante agora. — Por que sua família não gosta do Brasil? — Fiz minha pergunta novamente. — É muito violento aqui. Eles não querem nem mesmo visitar. — Que pena — falei, sinceramente. — Realmente é uma pena. Eu tomei mais uma taça de vinho e senti minha cabeça começar a rodar, fazia tempo que não bebia álcool e acabei exagerando. — Eu acho que preciso ir ao banheiro — disse, enquanto me levantava. Eu tentei me manter ereta, mas falhei miseravelmente — me desculpe! — pedi, totalmente constrangida, pois tive que me apoiar nele para não cair de cara no chão. — Sem problemas — Sorriu, me estendendo a mão — eu ajudo você. O vinho em excesso já está fazendo efeito. —Disse, com um sorriso divertido. Eu s